15. sᴜᴘᴇʀ ʙʀᴏ
"...Eu sou um idiota, esperando por você?..."
Insomnia - ZAYN
PARK JIMIN
— Tudo que eu sei é que Lisa estava muito distante da gente nas últimas semanas. A gente mal conversava, e quando a Júlia começou a sair com o... — Roseanne parou de falar, pensativa. — Tudo ficou diferente depois da Júlia sair com o Jungkook. Ela não falou nada nem pra mim, que sou amiga dela há um tempo. Não sei se deveria dizer amiga...
Jennie xingou algo baixo, mas o suficiente para todos ouvir. Estávamos reunidos na sala, depois da discussão, apenas tentando fugir do assunto diversas vezes, sem sucesso. Jungkook havia se revoltado com Jennie depois de seus insultos, mas ela estava totalmente certa, ele merecia ouvir tudo pela segunda vez.
— Nossa, que cuzão! — Hoseok soltou, com um semblante decepcionado.
Não que não estivéssemos surpresos com aquela atitude, sabíamos como Jungkook era previsível e que trocava de mulher a todo tempo, só não esperávamos que fosse tão burro.
— Não sei quem é pior, sua amiga ou Jungkook — Jennie retrucou, novamente, sem paciência. — A pressão da garota ali até caiu, o negócio foi sério. Ela com toda certeza não desconfiava.
Ficamos parados por minutos só tentando entender, mas tudo que sabíamos era que Lalisa havia sido uma falsa, que estava transando com Jungkook por todo esse tempo, enquanto ele saía com a outra. Bem do jeitinho que fez com a Jennie.
A morena estava de braços cruzados, com uma expressão que eu não sabia se queria chorar ou socar a parede. E talvez ver essa história se repetir novamente tenha desbloqueando alguns traumas, que eu juro por tudo, que eu faria de tudo para que eles sumissem. Ela me olhou, notando que eu a encarava. Sibilei um "tudo bem?" e ela apenas concordou.
— Como vai ficar agora? — Jin questionou, se sentando ao lado de Namjoon, outro super preocupado. — O Jungkook não disse nada além de "a vida é minha". Ele tá pouco se fodendo para ela...
O olhar de Seokjin e dos outros seguiram para trás de mim, E eu imaginei que fosse ela, mas não ousei olhar para trás, trocando de assunto.
— Sobre o baile, acho melhor que outra pessoa cante. Se o Yoon ficar o tempo todo sendo DJ, vai ficar cansado. — Todos olharam estranho para mim. — Você vai, não é? — Virei-me para a cacheada atrás de mim.
— Claro, não poderia faltar. — A garota sorriu, se aproximando. Ela puxou uma cadeira, e com o sorriso mais falso do mundo, se sentou com a gente. — Não comeram as pizzas?
Nossa, como ela é péssima escondendo.
Quando eu a encontrei na cozinha, eu meio que esperava que ela estivesse chateada, eu no lugar dela ficaria também, mas não era só isso. Júlia tinha ficado realmente mal com aquilo. Ela chorava e tentava respirar fundo, e quando eu fui ajudá-la, ela havia apagado nos meus braços.
E foi uma das piores sensações que já tive, meu peito apertou, e eu só consegui erguê-la e levá-la, e pedir ajuda aos outros.
— Tá ligada que tu acabou de ser traída, né?
— Yoongi! — falamos em um uníssono.
Júlia soltou uma risada. Como ela podia rir?
— Ele está certo. — Ela respirou fundo, travando seu olhar em mim. — Estou arrasada por causa da situação com a Lisa... acho que perceberam.
Revirei os olhos, ouvindo mais uma de suas mentiras. Uma péssima mentirosa tentar ser convincente.
— Só com a Lisa? — Jennie interviu. — Você é uma burra, sabia?
— Nossa que reconfortante, Jennie. Pode dizer algo não tão óbvio? — Júlia soltou, deixando Jennie pela primeira vez sem graça por ter aberto o bico sem que fosse necessário. A cacheada arrumou a postura. — Em todo caso, eles não devem nenhum tipo de satisfação para mim.
Imediatamente, virei-me para ela, sem conseguir controlar minha cara.
— Acho que devam sim — soltei. — Primeiro, foi você falando que não teve nada entre vocês dois quando todos nós vimos ele de gracinha com você, e agora do nada, sua amiga estava trepando com ele. Acha mesmo que não deve satisfações? Acha que tudo o que estava acontecendo era uma ilusão? Não somos cegos. — Cruzei os braços, encarando-a. — Pode parar de se fazer de otária e finalmente concordar com o fato de Jeon Jungkook ser um filho da puta?
A sala entrou em um silêncio mortal. Eu sentia todos os olhares deles sobre mim, me julgando, mas eu estava pouco me fodendo. Não deveria ser tão difícil assumir aquilo. Taehyung levantou-se, me olhando feio.
— O baile é daqui a duas semanas, acho melhor vocês não acabarem com a minha graça!
E foi assim que Tae mudou totalmente de assunto.
Júlia permaneceu quieta, sorrindo às vezes com a loucura de Tae e o Jin sobre o baile. Não falava nada, não opinava em nada e tão pouco se mexia. Jennie não parava de encará-la, perguntando várias vezes a ela se queria água ou qualquer outra coisa para se sentir bem, mas na verdade não havia nada que podíamos fazer.
Os mais velhos acabaram seguindo para casa às onze da noite, e logo depois Rosé e Jennie. Júlia, por sua vez, permaneceu sentada por um tempo. Tae decidiu ir dormir enquanto eu continuei na sala, fingindo ler alguma coisa.
— Não precisa ficar aqui, eu já vou embora.
Levantei o olhar para encará-la.
— Eu estou esperando o Jungkook.
A cacheada se encostou no sofá, olhando para a varanda. Respirou fundo, e lentamente fechou os olhos. Eu permaneci olhando os mínimos segundo de meditação que ela havia feito.
— Que bom, porque eu também estou.
— Parece que você quer tirar satisfações — retruquei, vendo-a sorrir pequeno, virando seu rosto em minha direção
— Na verdade, eu nem sei por que estou aqui. — Ela se levantou, puxando sua bolsa. — Já está tarde, eu preciso...
Levantei-me, indo com ela até a porta.
— Olha — ela parou —, sei que você não é a melhor pessoa para eu falar sobre isso agora, porque eu praticamente neguei todos os seus conselhos...
— Eu sei que está arrependida, e hoje foi um dia agitado. Você precisa descansar. Eu até pediria para ficar, mas...
— "Garotas não dormem na república" — ela soltou, me fazendo rir.
— Não — respondi, mergulhando as mãos nas calças. — Não quero que escute uma discussão.
Ela sorriu, caminhando até o portão.
— Até mais!
Ela saiu, e eu continuei ali, parado, vendo-a se afastar. Permaneci ali até ter certeza de que ela havia ido.
— Até mais...
❉
— "Você é mesmo péssimo com mulheres. Por isso não namora ninguém, Jimin" — Jessi berrou do outro lado da linha.
— Eu não me aproximo de mulheres para namorar, Jessi. Isso é sério demais. E você não pode falar nada.
— "Tudo bem. Quem sou eu para falar, fui abandonada no altar. Não há nada melhor". — A mais velha riu do outro lado, enquanto eu me jogava no meu maravilhoso colchão. — "Só acho que deveria ser um pouco paciente com a novata. "
A imagem de Júlia surgiu na minha mente, me fazendo sentir um resquício de culpa
— Eu estou melhorando, okay? — me defendi, ouvindo dois toques na porta. — Jessi, tenho que desligar.
Eu havia passado a noite em claro esperando Jungkook voltar. Sabia que ele voltaria a qualquer instante, julgando seu vício por jogos e silêncio absoluto. Mas eu estava mesmo afim de tirar dele alguma resposta cabível para toda a situação que foi criada.
A porta foi aberta por ninguém mais que Jeon Jungkook. Era de fato uma surpresa ao vê-lo na minha porta àquela hora. Ele estava vestido do mesmo jeito que saiu na noite passada, com o cabelo todo emaranhado.
— Dormiu com os mendigos? — falei, o vendo sorrir ladino. — Sinceramente, eu tenho vontade de socar a sua cara.
— Eu também tenho.
Jungkook permaneceu em pé, encostado na soleira da porta.
— Cara, eu quero muito socar a tua cara — falei novamente, ficando frente a frente com ele, que soltou uma risadinha, inclinando a cabeça. — Não tem a menor graça! — Peguei sua camisa, querendo realmente acabar com ele ali. — Como você pôde fazer isso?
Seu rosto não tinha expressão nenhuma de remorso, e mais parecia estar gostando da situação do que fugindo dela.
— O que eu fiz? — indagou ele. — Vocês estão todos chorando de compaixão pela novata, sendo que sempre foi assim. Eu sempre fui assim. — Jungkook me empurrou. — Tenho certeza que você avisou a ela sobre mim. Mas ela gosta de brincar, meu amigo. Eu não tive nada a ver com isso.
Já estava sentindo meu rosto esquentar de raiva.
— Eu não consigo entender, pra que caralhos você fez isso?
Ele cruzou os braços.
— Você não sabe de nada mesmo, não é? Nunca ouviu ela cantar? Não sabe como ela é legal e como ela gargalha... — Por alguns instantes, ele pareceu se perder em seus pensamentos, mas logo voltou a si, continuando: — Você não sabe todas as coisas que ela faz bem. E sim, mano, eu estava muito afim dela, muito mesmo, mas isso acabaria com tudo. Inclusive com os planos para o projeto.
O quê? Que monte de merda ele está falando?
— Você está tentando me dizer que não ficou com ela por causa dos talentos que ela tem? Usar uma pessoa não é do meu caráter, Jungkook. Tudo isso para se beneficiar dela?
— Ah, certo! Okay! E essa é a parte da história que você me expulsa daqui e banca o herói. — Ele bate palmas. — Adivinha quem faz isso? Você!
Analisei-o, cruzando meus braços. Eu tinha que tirar algumas coisas dele, porque nada estava se encaixando. E eu vou parecer uma péssima pessoa fazendo isso, eu sei que vou.
— E aquela garota? — perguntei, vendo-o se sentar na minha cama. Ah, como eu odeio gente na minha cama! — O que ela tem para te oferecer?
— Ah, está falando da Lisa? Eu gosto dela há um tempo. Na verdade, estou julgando se ainda gosto dela. Desde que a Júlia chegou, temos andado bem confusos... — Ele me encarou, sorrindo minimamente. — Eu gosto da Júlia, mas esse meu caso com ela é para outra hora...
Os olhos dele perderam o brilho, assim que a frase se concluiu. Como se no fundo de sua alma e por baixo de todo aquele mau-caráter, houvesse algum tipo de sentimento verdadeiro por Júlia.
— Você definitivamente não gosta dela — soltei. — Você não pode simplesmente dizer que gosta depois do que fez.
— Não tem como você saber, não é? — Ele semicerrou os olhos, me analisando. — Para te esclarecer, eu não tive coragem de usar os sentimentos dela, quando tive oportunidade. Eu sabia o que ela sentia, e mesmo assim escolhi não foder com ela quando ela mesma queria. E não sei por que isso me fez parecer um completo imbecil. Todos vocês me olhando e supondo coisas que mal sabiam.
— Continua errado — sibilei, atônito.
— Claro que sim. Mas isso vai passar, e ela vai esquecer isso. Todos vocês vão. É sempre assim que acaba.
— Você passou dos limites, como amigo e como pessoa, ao pensar que isso seria apenas uma rachadura superficial. — Abri a porta do quarto. — Você não toca nada com a banda até o baile passar. A Jennie vai ficar na bateria até lá.
— Jimin, você sabe que é burrice, ela não sabe as...
— Ela aprende. Inclusive, você também. Já que esqueceu seus modos na puta que pariu. — Respirei fundo. — Só vaza daqui, cara.
Jungkook saiu, sem ao menos retrucar.
Se em todo aquele tempo Jungkook havia planejado deixar Júlia na AP, é porque realmente queria algo dela. E agora, graças às suas confissões, sei exatamente o que posso fazer agora.
❉
Depois de subir toda aquela escadaria, parei para pensar na merda que estava fazendo e o quanto aquilo parecia estranho.
Faltava uma semana para o baile, todos nós estávamos nos preparando para o melhor momento do AP no evento, por mais que não tivesse só a gente nele. Depois que Jungkook foi suspenso, Jennie não parou mais de treinar na sala de música, e era impossível não ouvir a bateria à distância da sala.
A notícia da suspensão do Jungkook chegou longe, e algumas pessoas chegaram a implorar para que ele voltasse, com a desculpa besta de que "Ele é o melhor baterista". Porém, aquelas eram apenas as consequências de todas as merdas que estavam acontecendo envolvendo seu nome, e ele aceitou, porque sabia que era o certo.
Vinte e um, vinte e quatro...
Taehyung conseguiu finalmente terminar uma de suas músicas com a ajuda de Roseanne, o que foi uma bela surpresa, já que os dois têm pouco tempo saindo, e o Tae está tão... enfim.
— Olá, meu jovem? — Olhei imediatamente o homem de aparência cansada. — Precisa de ajuda? — indagou ele, pondo suas compras no chão.
O mais velho estava bem vestido, roupas sociais aparentemente caras e um penteado com gel nos seus fios grisalhos.
— Na verdade, parece que o senhor quem precisa de ajuda. — Sorri, me aproximando e apanhado algumas de suas compras. — Eu ajudo o senhor.
O homem sorriu, me guiando até uma porta preta e sem número. Aquela altura eu já havia desistido da ideia que estava me tirando a paz.
— Minha filha tem um mal costume de não trancar a porta — ele abriu a porta —, está vendo? Tenho que colocar uma fechadura eletrônica aqui, com certeza.
Entrei, colocando as compras na ilha da cozinha e me afastando lentamente do mais velho.
— PAI? — Uma voz familiar berrou, e logo o corpo de Júlia Parker saiu de uma porta, se assustando e me assustando. — Jimin? O-o que está fazendo aqui? — gaguejou ela.
Eu me pergunto a mesma coisa. Ela estava com uma toalha embrulhada na cabeça e um pijama fofo de... cocô?
— Vocês se conhecem? — O grisalho apontou para nós dois. — QUE ÓTIMO? — Ele se direcionou a Júlia, com um sorriso orgulhoso. — Olha que garoto bonitão, filha. Você tem namorada, garoto?
Olhei para a cacheada antes de negar, esboçando o melhor sorriso que pude, vendo Júlia fazer um sinal silencioso.
— Papai, ele não pode ficar aqui. Como o senhor pode pegar qualquer um para te ajudar? Que feio, papai! — ela pôs as mãos na cintura, falando de um jeito que me faz rir.
— Na verdade, eu vim aqui pra falar com você — soltei, fazendo os dois olharem para mim com os olhos arregalados.
É, eu deveria ter pensado melhor antes de ter falado isso. Assim que o pai de Júlia deu as costas, fez questão de me mandar para a casa do caralho.
— Venha comer com a gente! — chamou o mais velho, e eu não pude recusar, ainda mais vendo Júlia fingir simpatia comigo. Era tão satisfatório.
O mais velho, senhor Kim, preparou algumas coisas enquanto eu e Júlia ficamos encarregados de arrumar a mesa e limpar. Foi legal escutá-lo falar sobre seus novos estudos biomédicos. E como eu não entendia nada, só conseguia perguntar as coisas mais obvias que viam a minha mente, como "Deve ser foda fazer isso, dá um trabalhão, não é, senhor Kim?". Mas o melhor de tudo, com certeza, era ver Júlia Parker pedindo silenciosamente para que eu calasse a boca.
— Mas fala aí, Jimin, como é a minha filha?
Poxa, senhor...
— Ela é irr... — Irritante. — Irresistível, senhor Kim. — Sorri para a cacheada, que esboçou o sorriso mais falso que já vi na face da terra.
O mais velho sorriu para a filha, como se olhasse a coisa mais preciosa do mundo.
— Jimin, ela havia dito que algumas coisas acabaram acontecendo nessa semana, por isso estou aqui. Ela estava meio tristinha, acabadinha, a minha coisinha... — o senhor falou, pondo mais comida na boca, e imediatamente encarei Júlia, que olhava para o pai sem graça.
— Mais alguma coisa para dizer, papai?
Acabei deixando escapar outra risada, até ela me direcionar um olhar.
— É uma pena, senhor Kim — falei, retornando para ele.
— Ela nunca teve experiências boas com namoro, rapaz.
— Pai! — Júlia resmungou enquanto tossia, minimamente engasgada.
Como vim parar aqui mesmo?
— Mas é verdade, minha filha — falou o pai, enchendo seu copo de refrigerante.
— Também nunca tive boas experiências com namoro — falei, calmo. — Não sei se posso dizer que namorei de verdade — completei, recebendo um olhar debochado de Júlia.
— Não fode — soltou ela rindo. — E a Jennie?
Dessa vez, fui eu quem riu.
— Não que eu te deva satisfações, mas ela é minha amiga — rebati.
— Não importa. — Ela virou o copo de refrigerante tão rápido que seu pai, que até então eu havia esquecido que estava lá, arregalou os olhos. — O lanchinho estava gostoso, mas eu tenho que conversar com o Jimin, pai. Lá fora. — A garota me olhou com todo o ódio do mundo, e foi tão... fofo.
Despedi-me rapidamente, com um agradecimento pelo lanche e assim que ela fechou a porta, me encostei na soleira da porta, cruzando os braços.
— Fala logo o que veio fazer aqui.
Eu sorri, olhando para seu pijama.
— Seu pai estava se divertindo, você o deixou sem graça... — brinquei, a vendo ficar emburrada.
— Não tem graça — rebateu. — Nada justifica isso. Só fala o que você quer e vaza daqui.
Parece que o karma voltou pra mim.
Gargalhei.
— Quero que você vá ao baile comigo — falei e imediatamente Júlia fez uma cara feia. — O quê?
— Não.
O quê? Que doida!
— Vai por mim, essa é a melhor oportunidade que você tem...
Ela fez outra cara feia, me olhando de cima a baixo — me julgando.
— Não.
Sem dizer mais nada, Júlia entrou, batendo a porta na minha cara.
— E eu sou um idiota... — Passei a mão pela nuca, me sentindo envergonhado. — Ela vai reconsiderar. Eu sei que vai!
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