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Capítulo 44

     HARRISON FLINT


— Então... namorada, não é?

Minha mãe perguntou assim que Isabella deixou o quarto, os olhos cobertos em descrença.

— Sim.

— Deu para mentir para a sua mãe agora? — Questionou, impaciente.

— Eu não estou mentindo, mãe.

Ela cerrou os olhos de forma debochada.

— Acha que eu não a vi exibindo o colar de pérolas que você costuma dar a todas as suas acompanhantes?

Franzi a testa, completamente abismado. Primeiramente, pois eu não esperava que ela se lembrasse disso, desde que foi internada, sua memória tinha bons e maus dias, acho que estávamos em um dos bons... segundamente, pois Isabella não estava usando o colar hoje. Acho que ela sequer o trouxe para cá quando viajamos.

— Eu nunca menti sobre ela não ser minha acompanhante, apenas disse que era a minha namorada. Como você sabe que ela tem um colar?

— Mary me mostrou uma foto dela no celular.

Revirei os olhos, eu deveria ter imaginado isso.

— Mary deveria aprender a cuidar da vida dela. — Resmunguei.

E seu olhar se tornou de puro desgosto.

— É isso o que viver com o seu pai está fazendo com você? O transformando nele? "Namorar" jovenzinhas ingênuas até se cansar delas e arrumar uma outra depois é o que faz agora? Pensei ter te criado melhor do que isso, Harrison.

— Eu não moro com ele, tenho minha própria casa, você sabe muito bem disso. — Deixei isso claro pela milésima vez, já que sabia que ela não esquecia, apenas gostava de implicar comigo por escolher não morar de vez aqui na Inglaterra. — E Isabella está longe de ser uma jovenzinha ingênua. Se der uma chance a ela, verá isso.

— Toda vez que você vem visitar está cada vez mais parecido com ele... o que aconteceu com o rapaz que disse que nunca foderia uma de suas acompanhantes? — Ela riu sem qualquer humor. E o pior? Eu não consegui responder nada, pois parte de mim concordava com ela. — O que veio fazer aqui, menino? Pedir a minha aprovação? Pois perdeu o seu tempo.

Eu estava ciente de que ela nunca aceitaria a Isabella se soubesse da verdade sobre como nós nos conhecemos, até mesmo eu tinha problemas com isso, então, sua reação não era surpresa alguma para mim. Talvez até por isso eu tenha escolhido não lhe contar desde o início, preferindo apresentá-la apenas como namorada. No entanto, nada disso realmente importava agora. Eu tinha assuntos mais sérios a tratar.

— Eu não vim pedir aprovação ou sequer falar sobre a Isabella... Gwen foi sequestrada, mãe.

Ela largou toda a sua pose de indiferença e me olhou em completo choque.

— Como?

— Eu recebi a ligação hoje. Charles Crawford a pegou como vingança pela morte de seu filho.

— Espera um pouco... — Ela levantou a mão, pensando. — Você matou o filho dele?

— Sim. — Seu rosto ficou pálido, e ela fechou os olhos, colocando a mão sobre o peito como se não se sentisse bem. — Mãe?

— Eu... eu preciso de ar fresco. Me tira daqui! — Ordenou, apressada.

Fui até ela e a ajudei a se levantar. Ela segurou forte em meu braço, e juntos, saímos do quarto, indo para um jardim aberto que ficava no coração da clínica. As árvores eram incrivelmente verdes ali, mesmo de noite, e o par de fato parecia mais puro. Nos sentamos em um dos bancos de madeira e ela respirou fundo algumas vezes, se acalmando.

— Está melhor?

Ela ignorou a minha pergunta.

— Por que a sua irmã ainda está viva, Harrison? Se é mesmo um ato de vingança, por que ele não a matou?

— Ele quer fazer uma troca. Ele devolve a Gwen, mas em troca, eu lhe entrego a Isabella. Se eu não concordar, ele disse que iria matar mais pessoas à minha volta.

— Isso não faz sentido. Ele deve saber que ela é apenas uma acompanhante, não? Ele conhece o seu pai, sabe como vocês trabalham.

— Isabella estava lá na hora, ela sabe.

Escolhi com cuidado as minhas palavras. Tentando não revelar demais. Se ela descobrisse que na verdade foi Isabella quem o matou, tudo estaria perdido para nós.

— O que? — Ela me olhou em choque.

— Ela descobriu o que eu faço. Estava lá durante esse trabalho.

— E ela não fugiu? Ela deve ser mais interessante do que eu pensava. — Falou, de forma debochada. Mas ela não tinha ideia do quanto! — Mas e você? Como deixou essa situação chegar a esse ponto? Por que não a matou? Como foi tão descuidado?

— Eu não vim aqui falar sobre...

— Já entendi. — Ela me interrompeu. — Veio pedir conselhos sobre o que fazer, certo? — Ela não esperou por uma resposta. — O que você tem que fazer aqui é óbvio, meu filho. Você deveria ter matado a Isabella assim que ela descobriu tudo. Agora é a sua segunda chance de se livrar dessa garota e ainda ter a sua irmã de volta.

— Eu não posso fazer isso, tem que haver outro jeito. — Neguei de imediato. Eu não conseguiria entregar Isabella dessa forma. Só a ideia me causava repulsa.

— É ela ou a sua irmã, Harrison, não há o que ponderar! — Ela se alterou.

— Não é tão fácil assim, mãe. Eu não posso simplesmente entregar a Isabella para o Charles!

— Pode e vai. Ou quer que a sua irmã morra? Que eu morra?... É uma equação simples. Você pode encontrar outra acompanhante depois, não há nada de especial nessa garota!

Havia sim algo de especial. Havia a nossa conexão. Eu poderia tentar várias e várias vezes ao longo dos anos, mas eu tinha certeza de que nunca encontraria alguém como Isabella novamente. Eu tinha certeza disso. O que ela estava me pedindo... o que Charles estava me pedindo, era demais. Estavam pedindo que eu sacrificasse meus sentimentos, meu coração... uma parte de mim que eu pensei que nunca fosse precisar, mas que agora batia forte por Isabella.

— Mãe... — Ela me cortou.

— Não me diga que você está mesmo apaixonado por essa coitada, Harrison, é isso?

Eu queria poder dizer que sim, queria poder dizer que eu tinha cometido esse terrível erro e agora estava aqui, preso nesse maldito impasse. Ela era a minha mãe, eu queria poder compartilhar meus sentimentos com ela. Mas minha mãe não acreditava mais no amor, logo, eu não poderia fazer isso.

Por muito tempo, Annelise foi a luz sobrevivendo a toda a negatividade que Deverell me ensinava. Ela sempre o contrariava quando ele dizia que sentimentos eram inúteis, sempre cuidava de mim após os duros treinamentos que passei a enfrentar quando fiz quatorze anos, minha mãe sempre tentou me criar de uma forma mais... humana e normal, apesar de tudo.

Mas quando Deverell a traiu e depois a trancou nesse maldito lugar, tudo mudou. Ela agora, mais do que ninguém, acreditava que o amor e os sentimentos eram uma cilada. Algo feito para machucar, te deixar burro, vulnerável. Ela agora, mas do que ninguém, não me entenderia se eu tentasse ser honesto, com ela ou comigo mesmo.

— Não, é claro que não.

— Então, está decidido. Entregue Isabella ao Charles o quanto antes e pegue a Gwen de volta. A família vem sempre em primeiro lugar, filho, nunca se esqueça disso!

Ouvimos um barulho estranho à nossa direita e olhamos na direção. Isabella estava parada há alguns metros de nós, me olhando com os olhos marejados e a mesma expressão que a minha mãe tinha no rosto quando eu contei a ela sobre a traição do meu pai.

Apenas um olhar, um olhar de partir qualquer coração. Um olhar que deixava claro que ela havia escutado tudo.

— Isabella... — Me levantei, tentando formular algo para tentar contornar a situação. Mas ela, no entanto, não quis saber e apenas saiu correndo. — Isabella, espera!

— Não a deixe fugir, Harris...

Ouvi minha mãe falar algo, mas não dei atenção e fui atrás de Isabella. Não consegui alcançá-la nos corredores, perdendo-a de vista em meio aqueles corredores brancos que mais parecia um labirinto, entretanto, fiz o meu caminho até a entrada da clínica e a encontrei lá, do lado de fora, em frente a um carro preto.

— Isabella!

Ela se virou, olhou para mim e depois virou para falar com quem estava dirigindo o carro. Eu não conseguia ver quem era.

A porta do carro foi aberta, e ao ver que ela iria mesmo entrar, a chamei de novo. Não poderia deixar que ela partisse assim.

— Isabella... Você prometeu que nunca mais fugiria de mim, lembra?

Ela se virou para me encarar. Seus olhos estavam vermelhos, assim como todo o seu rosto, ela estava chorando, estava em pedaços, e a culpa novamente era minha.

— Eu menti.... Acho que assim como você, eu também sou boa nisso.

Balancei a cabeça, tentando controlar o nó que se formava em minha garganta.

— Me deixa explicar...

— Não precisa explicar, eu entendo... realmente entendo, é a sua irmã. Droga, quem não faria o mesmo? — Ela parou de repente, receosa em continuar. — Só me responde uma coisa, Harrison... nesses dias que passamos juntos... você realmente não chegou a sentir nada por mim?

Olhei para o chão à minha frente. Como eu poderia responder isso? Como eu poderia lhe dizer que sim? Que eu tinha sido tolo o suficiente para me apaixonar por ela e que esses últimos dias aqui na Inglaterra foram alguns dos melhores dias da minha vida, apenas para depois ter a audácia de lhe trair e lhe entregar para o Charles? Eu faria isso? Eu não faria isso? Eu não sabia o que fazer!

— Eu estou apaixonada por você, Harrison. — Olhei para ela, sentindo o meu coração se perder no próprio ritmo em meu peito. — Por isso, seja honesto e me responda... pois se você estiver sentindo o mesmo, eu fecho a porta deste carro agora e fico. Me coloco em suas mãos e deixo você decidir o meu futuro.

Eu queria ir até lá. Queria poder senti-la em meus braços e lhe garantir que tudo ficaria bem, que eu a escolheria. Até dei um passo na sua direção pronto para fazer exatamente isso, no entanto, eu parei... pois a vida da minha irmã também estava em jogo. Minha irmã, meu sangue.... Eu simplesmente não seria capaz de sacrificar uma das duas pela outra. Eu não conseguiria. Preferia ser um covarde a ter que fazer isso.

— ... Você deveria entrar nesse carro agora, Isabella.

Mais lágrimas escorreram pelo rosto dela, e naquele momento, eu me senti como o pior dos monstros, me odiei por estar fazendo isso com ela.

— Harrison...

— Eu não sinto o mesmo.

Eu vi o exato momento em que o seu coração se quebrou. Foi o mesmo momento em que eu jurei nunca me perdoar por isso. Ela ficou parada ali, a poucos metros de mim, e tudo o que eu via em seus olhos eram mágoa e decepção. Mesmo depois de tudo, mesmo depois de eu praticamente ameaçar a sua vida, ela ainda não me odiava. Pelo contrário, estava tão apaixonada ao ponto de deixar a sua vida nas minhas mãos. E eu estava fodendo com tudo.

Isabella era corajosa. Eu era o covarde ali.

Sem aguentar mais a imagem dela chorando por minha causa, dei um passo em sua direção, apenas para que ela voltasse a si e fizesse o que eu imaginei que faria: entrasse naquele carro.

O motorista mal esperou a porta bater e já acelerou com tudo, sumindo no final da rua. E todas as lágrimas que eu estava segurando até então, caíram.

Eu era um imbecil, um covarde. Deixei a dona do meu coração ir embora por medo de não conseguir salvar a sua vida... ou pior, ser o responsável pelo fim da sua.

— Você não deveria ter deixado Isabella ir embora, Harrison.

Me virei abruptamente. Débora estava parada atrás de mim, perto da porta de entrada. Passei as mãos pelos olhos e rapidamente enxuguei as lágrimas. Sem querer deixar que alguém me visse assim.

— Você ouviu? Me desculpe por isso. Briga de casal, sabe como é. — Tentei fazer uma piada.

— Não é comigo que você tem que se desculpar.

— Não? — Estranhei o seu tom. — Com quem então?

— Com o senhor Crawford.

Eu pisquei. Olhando para ela sem qualquer ação. Mas que merda?

— O que você disse?

— Eu sinto muito mesmo. Não sabia que eles iriam pegar a sua...

Não esperei que ela falasse mais nada e passei como um furacão por ela, entrando na clínica. Fui o mais rápido que pude para o jardim, mas o lugar estava totalmente vazio, sem qualquer sinal da minha mãe ou de ninguém. Então, corri até o quarto dela.

Com o coração na boca, parei na porta ao ver que a mesma estava entreaberta e tirei a minha arma das costas, tirando a trava de segurança e colocando o cano do silenciador. Apenas então, eu empurrei e abri totalmente a porta.

O quarto estava vazio, a não ser por Debora, que estava sentada na cama de minha mãe. Apontei a arma na sua direção, sentindo o meu sangue ferver.

— Onde está a minha mãe?

Ela se levantou da cama, ficando de frente para mim.

— Para onde a Isabella foi?

— Você escutou a conversa, eu não tenho ideia! Onde caralhos está a minha mãe?

Dei alguns passos, me aproximando dela com a arma mirada em sua cabeça. Isso pareceu realmente assustá-la, a realidade do que poderia acontecer ali finalmente batendo.

— Ela foi levada. Não sei para onde.

— Tem certeza? — Aproximei ainda mais a minha arma dela e eu a observei engolir em seco. Rapidamente perdendo toda a sua pose.

— S-sim. Não sei.

— Então descubra, Débora. Pensei que fosse apenas uma médica inocente, mas pelo visto me enganei. Deverell se enganou. — Ouvir o nome dele parece ter a assustado ainda mais. — Pois quando ele souber que você deixou alguém levar a esposa dele daqui, mesmo após os milhões de euros que ele pagou para que fizessem o contrário, a coisa vai ficar feia para o seu lado.

Ela suspirou pesadamente, gotas de suor começando a surgir em seu rosto.

— Eu sou só u-uma... — Ela começou a gaguejar. — Eu não tenho o poder...

— Eu não dou a mínima, porra! — A interrompi. — Descubra!

O cano do silenciador encostou na sua testa e ela assentiu rapidamente, tirando o celular do bolso.

— Eu vou ligar para o senhor Crawford e você fala com ele, pode ser?

Eu assenti, esperando que ela continuasse. Débora mexeu rapidamente no seu celular e o levou até a orelha, esperando.

— Desde quando trabalha para ele?

— Acho que uns dez dias. Mas eu não tive que fazer nada com a sua mãe, meu trabalho era apenas o contatar se você e Isabella aparecessem por aqui, e foi o que eu fiz agora a pouco quando vocês apareceram.... droga, ninguém está atendendo, eu vou tentar ligar de novo.

Dez dias. Dez malditos dias! Ele ter contratado a Débora tão cedo assim me mostrava que ele realmente estava desconfiado de mim e se preparando já a algum tempo. Eu tinha que parar de reagir e começar a me preparar também.

— Quanto ele está te pagando ou pagou?

— Cem mil euros... Alô? Senhor Crawford? Sim, eu sei... Eu estou com o Harrison, ele quer...

Tirei o celular da sua mão e o levei até a orelha.

— Onde está a minha mãe, seu porra?

— Você a terá de volta assim que me entregar a Isabella, Flint. Pensei ter sido claro. Três di... na verdade, dois dias e meio é o que lhe resta agora. Tic-toc, tic-toc...

Ele desligou.

— Filho da puta!

Joguei o celular no chão, sentindo puro ódio correr em minhas veias, e voltei a minha atenção para Débora. Segurando a arma com firmeza em sua direção.

— Eu te pago duzentos mil se me disser para onde levaram ela.

— Eu não tenho ideia, Harrison!

— Porra, quinhentos mil! Transfiro para você agora mesmo!

Ela se desesperou ainda mais ao me ver tão agitado.

— Pelo amor de Deus, se eu soubesse, eu te diria, eu juro! Eu não tinha ideia de que eles iriam pegar a Annelise, o trabalho era apenas ligar se vocês...

Puxei o gatilho.

A bala atravessou a cabeça de Débora, e junto de alguns respingos de sangue, atingiu a parede atrás de nós, enquanto o corpo dela caía na minha frente já sem vida.

Tirei o meu celular do bolso da calça e liguei para Deverell. Tocou algumas vezes, e eu estava quase desistindo, quando ele finalmente atendeu a ligação.

— Charles Crawford sequestrou a Gwen e a minha mãe. Achei que você deveria saber.

— C-como? — Sua voz falou. Não sei se por ele mesmo, ou instabilidade da conexão.

— O que você ouviu.

— Mas que porra? O que ele quer agora?

Respirei fundo, já imaginando a sua reação assim que soubesse.

— Isabella.

— Caralho, Harrison! E o que você está esperando para entregar logo a porra dessa menina a ele?

— Eu não estou mais com a Isabella. Ela fugiu, não sei para onde foi.

Ouvi ele soltar o ar pelo nariz de uma forma quase debochada do outro lado da linha.

— Que conveniente, não?

Apesar da ironia, era mais do que claro que ele estava puto.

— Liga para os seus contatos e tenta descobrir para onde levaram a minha mãe. Ela foi levada aqui da clínica há uns dez ou quinze minutos, ainda deve estar aqui na Inglaterra.

— Vou ver o que eu consigo...

— E eu preciso que peça uma limpeza aqui na clínica a um dos seus contatos.

Pedi, já que não conhecia bem quem ainda trabalhava nessa área por aqui. Deverell tinha mais alcance e mais contatos nessa área por causa dos anos trabalhando nisso.

— Quem?

— Charles conseguiu comprar uma das médicas. Acho que você não estava pagando o suficiente.

— Muito engraçado, Harrison. Só espero que ele não desconte na sua mãe ou irmã.

Ele não esperou por uma resposta e desligou. Guardei o celular de volta no bolso e me sentei na cama, olhando para o porta-retrato com a minha foto na cômoda logo à frente.

Foi irresponsável demais da minha parte matar Débora, além de não afetar em nada o Charles, ainda poderia respingar na minha mãe ou irmã. Débora não tinha muita culpa, estava apenas tentando ganhar algum dinheiro.... contudo, mesmo com todas essas variáveis, eu ainda não conseguia me arrepender da decisão. Meu corpo todo pedia por sangue, por vingança, e ter matado Débora fez toda essa ânsia ser acalmada... eu só não sabia até quando.

Peguei o celular dela que eu havia jogado no chão e dei o fora dali. Estava torcendo para que Logan conseguisse encontrar alguma informação no aparelho, pois era a única coisa que eu tinha que poderia me ajudar a rastrear Charles no momento.

***

Dezesseis horas depois, Deverell abriu a porta do seu apartamento e se deslocou para o lado, permitindo que eu entrasse. A expressão no seu rosto totalmente fechada.

— Onde está Isabella?

— Ela fugiu. Eu te disse na ligação.

— Está me dizendo que não há nenhuma forma de rastreá-la? Você sempre foi precavido nesse...

Lhe cortei.

— Pai, vamos esquecer a Isabella e focar em pensar em um plano para recuperar a nossa família!

— Já existe um plano, seu filho da puta! E é achar e entregar a porra daquela garota para o Charles o quanto antes! — Esbravejou. — Como você foi capaz de deixá-la fugir?

— Eu não vim aqui discutir isso... — Tentei passar por ele, mas ele me agarrou pelo braço.

— Aposto que não! Mas agora você vai ouvir o quão decepcionado eu estou em te chamar de meu filho. De verdade. Agora eu entendo o que você deve sentir quando não me chama de pai, pois agora, finalmente, eu realmente sinto que não sou!

Eu suspirei, tentando não deixar que o furacão de emoções que eu havia sufocado durante as últimas horas explodisse e eu perdesse totalmente o controle. Por boa parte da minha vida, ouvir essas exatas palavras vindo dele foi tudo o que eu desejei, mas agora, com esse "sonho" se tornando realidade, eu não sentia nada além de... um vazio. Algo ruim. Quase uma dor.

Não era a sensação libertadora que tanto imaginei.

Ele soltou o meu braço e esbarrou contra o meu corpo de propósito ao caminhar até o bar. Voltando de lá com um copo de vidro e uma garrafa de bourbon que colocou na mesinha de centro quando se sentou no sofá.

— Vai ficar aí parado me olhando? — Perguntou com desgosto, enchendo o copo.

— Pensei que iriamos formular um plano, mas você decidiu beber.

— Você deveria fazer o mesmo. É assim que eu penso com clareza.

Não dei bola para ele e subi as escadas, indo para o meu antigo quarto.

Os contatos do meu pai conseguiram rastrear a minha mãe até um aeroporto clandestino no interior da Inglaterra. Mas quando eu cheguei lá, já era tarde demais, não havia mais nenhum sinal dela. Consegui tirar a informação de que o avião tinha vindo para Nova York de um dos responsáveis pelo lugar, e peguei o primeiro voo que consegui encontrar de volta.

No caminho para o apartamento de Deverell, passei no Logan para deixar o celular de Débora e o pré pago que eu estava usando para ver se ele conseguia alguma informação sobre o número com qual Charles havia nos contatado. E então, aqui estava eu.

Fechei a porta do meu quarto, e por um breve momento, eu vi a Isabella deitada dormindo tranquilamente na minha cama ao me virar. Mas foi algo tão rápido que quando eu pisquei, buscando por aquela miragem como água no deserto, ela já não estava mais lá. Era apenas a minha mente brincando comigo.

Fechei os olhos, extremamente cansado. Eu não dormia a quase dois dias, o máximo que consegui foi alguns cochilos no avião até aqui. Decidi parar de pensar em tudo isso e me sentei no final da cama para tirar os sapatos. Poucos segundos depois, ouvi ela se mexer na cama, mas não me virei para conferir.

— Está tudo bem? — Ouvi sua voz dizer.

— Não.

Terminei de tirar os sapatos e os empurrei para debaixo da cama. Encontrando Isabella agora sentada ao meu lado.

— O que aconteceu?

— Você não é quem diz ser, não é, Isabella?

Olhei bem para ela. O brilho dos seus olhos castanhos parecia mil vezes mais intenso... Ou talvez isso fosse o resultado de estarmos em um quarto escuro. Sombras se formavam em seu rosto, mas o brilho em seus olhos ainda era notável. Ela andou chorando.

— Você também não.

O som da campainha tocando me trouxe de volta a realidade e eu abri os olhos, encontrando um quarto escuro e vazio à minha volta.

— Harrison, é para você. — Deverell chamou.

Não me sentei, não tirei os sapatos, não descansei. Aquele quarto foi unicamente meu por quase duas décadas, e agora, tudo nele me lembrava dela.

Saí dali e voltei à sala. Deverell estava sentado no sofá com uma pequena caixa embrulhada nas mãos.

— O que é isso?

— Chegou para você.

Ele jogou a caixinha na minha direção e eu a peguei no ar, me sentando em uma das poltronas ao lado do sofá para abrir.
Destinada a mim, mas sem remetente. Estranho.

Não me preocupei com o conteúdo, pois todas as correspondências que recebemos aqui eram passadas pelo raio-X lá embaixo antes de serem entregues a nós. No entanto, o fato de não haver remetente definitivamente me chamou a atenção, e mesmo sem saber, no fundo, eu sabia quem havia enviado aquilo.

Tirei toda fita adesiva que lacrava a pequena caixa de papelão e a abri. Dentro, havia um cartão e uma outra caixinha menor, essa, no entanto, era de isopor. "Isso é pela Débora" o cartão dizia, deixando ainda mais claro quem havia enviado isso.

Abri a segunda caixa, e engoli em seco ao ver o seu conteúdo. Era um dedo. Um dedo mindinho. E junto a ele havia um anel que eu rapidamente reconheci como sendo o anel de debutante da minha irmã. Merda...

Claramente curioso com a minha reação, Deverell se levantou e veio olhar por cima do meu ombro o que havia dentro da caixa. Ao reconhecer o anel e entender do que se tratava, ele jogou o copo com Bourbon na parede à nossa frente, completamente fora de si.

— PORRA!

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