Capítulo 39
ISABELLA MARTINS
Acordei com batidas na porta. Considerei bastante ignorar e continuar deitada, mas quem é que fosse, não desistiu e continuou batendo. Levantei da cama e saí do quarto, caminhando a passos lentos até a porta. Olhei pelo olho mágico antes, já que se fosse alguém estranho, eu deixaria que continuasse batendo, mas eu acabei reconhecendo a mulher loira do outro lado da porta. Era a mulher das fotos que Harrison tinha coladas no espelho.
Já iria abrir a porta, quando ela olhou para o lado de repente e sorriu. Harrison entrou no meu campo de visão em seguida. Me afastei do olho mágico, nervosa com o que estava acontecendo, e com medo de ser pega ali, eu não deveria espiar, deveria? Minha nossa, a quem eu estava enganando? Foda-se! Coloquei o olho de volta. Eles estavam conversando. Deixei o olho mágico de lado e aproximei o ouvido da porta.
— ...já falei com Mike e Paul e eles toparam de vir hoje à noite, o que acha?
Parei para pensar, Mike e Paul deveriam ser os outros dois caras com eles nas fotos.
— Hoje não é um bom dia, Mary. — Ele soou receoso, quase impaciente.
— Qual é, Harrison? Você voltou! Temos que nos juntar! Não nos vemos há um bom tempo, todo mundo tá sempre ocupado e você longe.
— É que hoje realmente fica difícil.
Houve silêncio. Decidi olhar pelo olho mágico e vi que ele realmente estava impaciente, parecia muito nervoso. Seu cabelo estava bagunçado e suas roupas um pouco sujas, ele não parecia estar de fato bem, o que me era estranho, já que quando saiu daqui mais cedo para ir comprar algo, ele parecia bem.
— Por favor, Harrison? — Ela agarrou o braço dele, basicamente implorando.
E eu sabia que não era nada demais, era apenas um encontro com amigos..., mas toda essa intimidade que eles pareciam ter um com o outro não me descia. E deixando que a insegurança falasse mais alto, eu fui e abri a porta.
— Isabella... aconteceu algo? — Ele me olhou preocupado. E eu levei alguns segundos para pensar em algo.
— Não... eu estava dormindo, pensei ter ouvido batidas na porta. — Me fiz de desentendida.
— Ah, fui eu. Sinto muito.
A mulher olhou para mim curiosa. E quando eu digo olhou, ela realmente olhou. De cima abaixo. Seus olhos eram azuis como o céu e julgaram cada pedacinho do meu corpo. Eu estava doente, de pijama, e provavelmente parecendo um trapo. Eu mal a conhecia e já a odiava.
— Mary, essa é Isabella, minha... — Ele parou de falar de repente. Pensei em continuar e falar "prima", como dizia no seu estúpido roteiro, mas ele limpou a garganta e continuou. — ... minha namorada.
— É um p... — Quase engasguei com o ar ao me dar conta do que ele havia dito. Olhei na sua direção sem entender nada, mas ele sequer olhou para mim, apenas jogou a bomba. — ... É um prazer conhecê-la, Mary. — Me recompus.
Tentei agir normalmente, mas todo o meu corpo estava travado. Eu não esperava que ele dissesse isso, não depois de praticamente surtar comigo quando eu inventei aquela história de namorados para aquele policial. É claro que muita coisa aconteceu de lá para cá, no entanto, essa sua aversão a relacionamentos me parecia estar enraizada demais para apenas sumir assim do dia para a noite.
Eu deveria estar feliz se esse fosse de fato o caso, só que por mais que eu quisesse acreditar nas suas palavras, eu era mais esperta que isso. Meus instintos gritavam me implorando para que eu não me deixasse levar novamente. Suas palavras ainda estavam claras como o dia em minha mente "achou que eu iria mudar só por que transamos?". Ele não foi um idiota comigo dessa vez, mas isso não significava muita coisa. Ele só deve ter um bom motivo para estar mentido.
— Eu sou Mary, a melhor amiga do Harrison. Ele deve ter falado de mim.
— Na verdade, não.
O sorriso dela murchou e Harrison entrou no apartamento, passando sua mão pela minha cintura.
— Mary, podemos conversar depois? Isabella não está se sentindo bem.
— Tudo bem... Mas me mantém informada sobre quando vai ser então, okay?
— Okay.
Ela acenou para a gente e continuou andando. Harrison fechou a porta e se virou para mim.
— Ela mora aí do lado? — Perguntei baixinho. Vai que assim como eu, ela estivesse ouvindo do corredor.
Harrison acenou que sim com a cabeça e imediatamente eu revirei os olhos, deixando escapar uma expressão de nojo. No entanto, perdi completamente a linha de pensamento, quando ele, que ainda tinha sua mão na minha cintura, simplesmente me puxou de encontro ao seu corpo em um abraço.
— Você está bem? Aconteceu algo enquanto estive fora?
— Estou, foram apenas algumas horas. — Eu sorri, achando fofo essa sua preocupação.
— Isabella, eu passei o dia todo fora. Estamos na manhã seguinte. — Ele se afastou para dizer, me olhando ainda mais preocupado.
— É o que? Será que eu... Meu Deus, eu devo ter dormido esse tempo todo... eu não... — A frase ficou no ar enquanto eu tentava raciocinar o que ele havia acabado de me dizer. — Onde você foi? Você está bem?
— Fui sequestrado pela CIA. — Arregalei os olhos, sem conseguir acreditar no que estava ouvindo. — Aparentemente, eles estavam na cola do Brad no baile e nós meio que estragamos isso. — Eu abri a boca para tentar falar algo, mas não consegui formular uma palavra sequer, surpresa demais para isso. — Eles iriam tentar fazer uma armadilha para o Charles me usando como isca, o que pode significar que ele está dentro de um avião a caminho da Inglaterra nesse exato momento.
— Charles? Foda-se o Charles! Harrison, a CIA? Meu Deus! Como você escapou? — Passei as mãos pelo seu torso e braço, mas ele não aparentava estar machucado.
— Não pergunte. — Ele disse apenas, inclinando a cabeça para o lado de forma sugestiva.
Era óbvio como ele tinha escapado.
— Meu Deus... — Sussurrei, percebendo a gravidade da situação. — O que acontece agora? A gente vai fugir?
— Óbvio.
— Mas de novo? Para onde? — Me desesperei.
— Não podemos sair do país até que eu fale com o meu pai e consiga articular algo com segurança. Tenho que garantir que Charles não vai estar nos esperando assim que pusermos os pés no aeroporto.
— Você ainda não ligou para o Deverell?
— Não. Tive que vir ver você primeiro. Saber se estava tudo bem. — Ele segurou o meu rosto com as duas mãos, me olhando com carinho. — Se algo tivesse acontecido, eu nem sei o que faria...
— Algo aconteceu. Você que foi sequestrado, seu doido! — Tirei uma breve risada dele, e logo, seus lábios estavam nos meus.
— Me desculpa. — Ele sussurrou, após finalizar o beijo com um selinho.
— Pelo que? — Procurei pelos seus olhos, mas ele os manteve fechado.
— Por tudo. Imagino que não seja fácil estar vivendo assim, com medo, fugindo.
— Com medo eu já vivi por muitos anos sozinha. Agora, viver fugindo de fato é um novo estilo de vida. — Tentei brincar novamente, mas dessa vez, ele não sorriu, abrindo os olhos para me encarar sério.
— Eu vou resolver tudo isso, Isabella, prometo. — Eu assenti, sentindo segurança em sua voz, e correspondi quando ele se aproximou para mais um selinho. — Você está bem para ir fazendo as malas? Precisamos ir para um hotel o quanto antes.
— Acho que sim. Não me sinto mais tão doente. — Falei, analisando as condições do meu corpo pela primeira vez desde que acordei.
— Ótimo. Eu vou tentar ligar para o Deverell enquanto isso.
— Comprou os chips?
— Não. Mas peguei isso. — Ele pôs a mão no bolso e tirou um celular de lá. — É de Mary, peguei do seu bolso quando ela agarrou o meu braço, espero que demore a perceber que sumiu.
— Isso é tão sexy. — Deixei escapar, sentindo meu corpo reagir em resposta.
— Isabella, você tem um sério desvio de caráter. — Ele sussurrou contra a minha boca, beijando-me em seguida.
Sua mão ainda envolta da minha cintura me segurou com firmeza contra o seu corpo, e eu quis derreter ali em seus braços. No entanto, a situação era séria e urgente demais para nos distrairmos, e sabendo disso, nós nos afastamos, cada um indo lidar com a sua própria "missão".
Estava terminando de fazer a minha mala, quando ele entrou no quarto com uma expressão pensativa no rosto.
— Falou com o Deverell? — Ele assentiu. — E então?
— Charles ainda está em Nova York. Aparentemente, ele não tem plano algum de vir para cá. Está organizando um evento em homenagem ao filho.
— Que estranho... a CIA mentiu?
— Não sei. Está tudo bem estranho. Mas talvez Charles tinha simplesmente percebido que era uma armadilha?
— Pode ser... mas ainda vamos para um hotel, certo? — Me preocupei ainda mais.
— É claro. Charles pode não estar a caminho, mas a CIA, sim. Eu fiz o meu melhor para encobrir a minha presença na fuga, mas eu não tenho como garantir que eles não estão atrás de mim neste exato momento. Eles me pegaram na garagem desse prédio, logo, é perigoso demais ficar aqui por enquanto. Preciso de mais informações sobre o que está acontecendo. Estou cansado de ser surpreendido nessas situações de merda.
— O seu pai não consegue descobrir isso?
— Deverell não, mas a Gwen sim. Ela conhece alguém lá dentro. Pedi para que ele falasse com ela para que ela investigasse isso a fundo.
— Ele disse alguma coisa sobre esse pedido? Da última vez ele ficou bem irritado. — Falei, lembrando das palavras de Deverell quando Harrison apareceu comigo lá no apartamento de sua família.
— Não. A CIA saber sobre mim significa que ele e a Gwen também podem estar comprometidos, isso é tão importante para mim quanto é para ele. Deverell é teimoso e cabeça dura, mas ele não é burro.
— Isso me deixa mais tranquila. — Respirei fundo, de fato ficando mais calma. — Me ajuda com a sua mala? — Pedi, já que a minha já estava quase pronta.
— Claro. — Ele largou o celular e veio me ajudar, tirando suas roupas do armário.
— Você tem alguma fonte em algum lugar como eles? — Perguntei, curiosa sobre como funcionava todo esse mundo do crime.
— Tenho dentro da polícia de alguns estados. É difícil demais achar agentes do FBI ou da CIA que sejam corruptos.
— Um desses Estados é Nova York, não é? Seria bom, já que mora lá.
— Não. Eu costumava ter, mas ele morreu. Não me importei em conseguir outro, pois como eu moro lá, decidi evitar de aceitar trabalhos por perto.
— Não foi você, foi?
Ele soltou o ar pelo nariz, achando a pergunta engraçada.
— Ataque cardíaco durante o sexo. Ele gastava boa parte da grana que eu lhe dava solicitando prostitutas. — Harrison riu da careta que eu acabei fazendo.
— Se for pra ser um cara como esse, é melhor você ficar sem uma fonte mesmo. — Ele riu mais ainda.
Terminamos de fazer as malas e saímos do apartamento, indo nos hospedar em um hotel do outro lado da cidade. Lá, Harrison não se sentou por um segundo sequer, nervoso e paranoico em relação a tudo o que estava acontecendo. Em determinado momento, ele se trancou no banheiro para falar sobre o que aconteceu entre ele e os agentes da CIA com a Gwen, e quando saiu de lá, havia uma sombra em seu rosto. Eu queria poder ajudar, mas eu não sabia como.
— Harrison, você está me preocupando. — Revelei.
Eu sabia que a situação era perigosa, mas o jeito que ele agia piorava tudo.
— Me desculpe. — Ele veio até mim, beijando o topo da minha cabeça. — Está tudo bem, não se preocupe.
— Sério?
— Sério. Estamos seguros, a CIA não está atrás de mim. A barra está limpa, voltaremos para o apartamento amanhã de manhã.
— Então por que está tão sério? Eu não entendo.
— É a minha irmã. Ela comprometeu a fonte dela para conseguir essa informação e as coisas estão um pouco... difíceis entre nós no momento. Nada com o que precise se preocupar.
— De verdade mesmo? — Precisei ter certeza, ainda aflita.
— Eu alguma vez já menti pra você? — Ele segurou o meu queixo, erguendo o meu queixo para si.
— Inúmeras vezes. — Tentei não rir. — Ou se esqueceu de que tem um coração benevolente? — Debochei.
— Okay, erro meu. — Ele sorriu como um completo canalha. — Mas nós estamos bem. Inclusive, já mandei uma mensagem para a Mary confirmando o jantar amanhã à noite. Eu me resolvo com a minha irmã quando voltarmos para casa. — Sem perceber, eu acabei revirando os olhos em reação aquele nome. E Harrison sorriu ao notar. — O que foi isso? Não gosta dela?
— Não costumo gostar de coisas sem sal. — Dei de ombros, tentando me afastar dele, mas o mesmo envolveu a minha cintura com o braço, me prendendo contra si.
— Está com ciúmes de mim, Isabella? — Perguntou, convencido.
— Até parece! — Seu sorriso aumento ainda mais.
— Se não é ciúmes, o que foi aquilo lá no apartamento? Eu tentando ser educado ao mentir e dizer que falava dela para você, e você respondendo com "na verdade, não"? — Ele ergueu uma sobrancelha.
— Você nunca falou dela pra mim! — Me defendi, indignada. — Eu não sou tão boa mentirosa quanto você.
— Foi boa o suficiente para o FBI, acho que sobreviveria a Mary. — Foi a vez dele de debochar, e eu desviei o olhar dele, começando a de fato sentir raiva pelo jeito que ele a defendia. — Já estou até vendo o interrogatório que vai acontecer amanhã.
— Se ela é mesmo sua melhor amiga, por que disse para ela que éramos namorados? Ela deve saber que não gosta de namoros.
Tentei me soltar dos seus braços novamente, e para a minha infelicidade, dessa vez ele deixou, se afastando alguns passos.
— Ela conhece a minha mãe. Essa coisa de primos não iria rolar.
E a de namorados iria? Isso não fazia o menor sentido, tinha mais coisa aí.
— Então... você poderia dizer que eu sou uma prima adotada, não?
— Eu sequer tenho tios, Isabella. — Isso realmente complicava tudo. — Sem falar que... Mary é uma ex. — Pisquei algumas vezes, completamente chocada com essa nova informação. — ...Ou quase isso.
— Não entendi... vocês namoraram ou não?
— Saímos juntos por um tempo alguns anos atrás, e cheguei até a considerar casamento, mas desisti e voltei para os Estados Unidos.
Eu tinha total noção de que estava de boca aberta agora, mas não conseguia fazer nada para mudar isso. Mas que merda? Casamento??!! Ele chegou a considerar casamento? Meu cérebro não conseguia sequer processar tal informação. O mesmo Harrison Flint que demonstrava aversão total a relacionamentos já tinha considerado se casar com essa mulher aguada?! Como se já não bastasse a tal da Sarah, agora eu teria que me preocupar com essa Mary?
— Para... — Limpei a garganta. — Para considerar casamento, você deveria amá-la muito, não? — Minha voz quase falhou na pergunta seguinte; — Ainda a ama?
Meu estômago revirou de nervoso pela resposta. Essa nova informação mudava tudo, e me deixava ainda mais insegura. O que eu faria se houvesse mesmo outra pessoa em seu coração? Finalmente desistiria? Que ódio! Por que tudo era sempre tão difícil para mim?
— Eu amava o fato da minha mãe a amar, mas nada além disso. Não sou uma pessoa sentimental, você sabe disso.
E como sabia.
Batidas na porta interromperam a nossa conversa e Harrison me deu as costas para ir abrir. Aproveitei a sua distração para suspirar aliviada, as coisas já estavam difíceis para mim sem a Mary, com ela na jogada, nada nunca iria acontecer.
— Você vai encontrar com seus amigos amanhã? — Perguntei quando ele retornou com um pacote na mão.
— Se você estiver melhor, sim.
— Não precisa se preocupar comigo, eu posso ficar trancada no quarto. — Sugeri, com medo de parecer invasiva ou pegajosa. Pois apesar de querer a sua companhia, eu não queria que ele me visse como um empecilho, ou sentisse que eu estava me intrometendo demais na sua vida.
— Não seja ridícula, Isabella. É claro que eu não vou te deixar trancada no quarto. Aliás, a sua presença é essencial!
— Sério? — Perguntei, em um misto de surpresa e animação.
— Eu já te apresentei como namorada, se você não estiver presente eles vão encher o meu saco... Você não tem nada mais interessante para fazer amanhã à noite, tem? — Ironizou, começando a abrir o pacote de chips que ele havia comprado e pedido para entregar aqui.
— É claro que não! — Tentei disfarçar a minha animação. — Eu vou adorar conhecer seus amigos. Cheguei até a pensar que você não tinha um.
— Kai é meu amigo. — Ele fez uma careta.
— Mas você também o paga, então não conta. Assim como a Teresa e o Zach. Eu quis dizer amigos como esses daqui, de vida. Mesmo que eles não saibam a verdade sobre você.
Pensando pelo lado dele, Kai realmente era mais seu amigo do que seus amigos aqui na Inglaterra jamais seriam. Pois Kai sabia de tudo e ainda assim continuava ao lado de Harrison. Ele era um alfaiate renomado, dinheiro nenhum faria com que ele ficasse perto de alguém se não houvesse um laço de amizade presente.
— E isso deve continuar assim. Temos que agir o mais normal possível amanhã. Eles não podem desconfiar de nada. — Ele me entregou um chip. — Pode usar para ligar para amigos se quiser, é só não falar onde estamos. E não fique muito tempo na ligação também, seja rápida, ou prefira mensagens.
— Tudo bem. Obrigada.
Harrison pegou uma toalha e foi para o banheiro tomar banho. Já eu, peguei o meu celular na mala e abri o slot do chip com a chavinha, colocando o chip dentro e imediatamente ligando para a Kaylin.
— Você o que??? — Ela surtou do outro lado da linha. — Isabella, o jogo é amanhã!
— Eu sei, me desculpa... mas não é como se eu fosse a melhor das líderes de torcida. Eu sou no máximo esforçada. Vocês vão arrasar sem mim.
— Mia vai te matar!
— Lá da Califórnia? — Debochei. Afinal, ela também não participaria. — Ela que entre na fila...
Como Kaylin não sabia de Charles, ela fez o óbvio e conectou o meu comentário a si mesma.
— E eu vou mesmo, tá? Você que me aguarde quando voltar... você foi pra onde, afinal?
— Brasil. — Falei o primeiro país que me veio à cabeça. — Harrison tem negócios, e eu, alguns parentes aqui.
— Que legal! Sempre quis visitar.
— Acho que de fato você iria adorar. — Falei, após pensar sobre isso. Ela de fato tinha uma energia calorosa bem comum em brasileiros.
— Adore por mim e aproveite muito! Só não vá se esquecer de mim! — Brincou, ciumenta.
— Claro que não... — Parei de falar, começando a escutar uma segunda voz na chamada, mas sem conseguir distinguir exatamente quem era. — Onde você está? Tem alguém aí com você?
— Em casa. Não é nada, é só o Dean. — Respondeu rapidamente.
— Então por que você ficou tão nervosa de repente? — Desconfiei.
— Não é... — Ela se auto interrompeu, suspirando pesadamente. — É o Noah, ok? Pronto, falei.
Eu sorri. Eu tinha conversado por alto com o Noah sobre a situação entre Kaylin e Dean, pensei que ele iria desistir, mas pelo visto não. Eu tinha que parabenizá-lo por isso. Por seguir o seu coração e não desistir de quem ele gosta. Ele me inspirava a fazer o mesmo.
— Como fica tudo com o Dean?
— Honestamente? Eu não sei. Eu não sei de nada, só que... eu não consigo esquecer esse coreano safado! Por mais que eu tente. E eu juro que tentei, amiga! Tentei ao máximo me convencer de que era uma paixonite de adolescentes, algo corporal ou sei lá, mas quando eu olho pra ele, é diferente sabe? Meu coração acelera de um jeito que nunca acontece com o Dean. As coisas com o Dean são... cômodas.
— Eu não sou a melhor pessoa para te dar conselhos amorosos, mas vou tentar, então... segue o seu coração, Kaylin. Se ele está dizendo para pular, pula. Viva! Ame! Afinal, só se vive uma vez.
— Acho que sim... Obrigada, Isabella.
— Não há de quê. Eu tenho que desligar agora. Qualquer coisa me manda mensagem nas redes sociais, ok?
Seria muito mais fácil conversar por lá, já que não precisaria de chip para isso, apenas internet, logo, haveria menos risco de rastreio.
— Tudo bem. Até mais. Desliguei a chamada.
E com isso já resolvido, olhei para a minha mala e decidi ir escolher uma roupa para usar na pequena social com os amigos de Harrison amanhã.
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