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Capítulo 24

     ISABELLA MARTINS

— Aqui está! — Kaylin sorriu ao me entregar o meu uniforme de líder de torcida. — Era para eu ter te entregado três dias atrás na segunda, mas você faltou. Aliás, até sumiu da minha casa na madrugada. O que houve?

— Nada. Harrison foi me buscar. Eu esqueci de avisar que iria dormir lá, então quando ele apareceu, eu apenas fui. Desculpa. — Inventei qualquer coisa.

— Harrison Flint esteve na minha casa? — Ela arregalou os olhos. — Em carne e osso? E não o tal do Zach? — Assenti, achando hilária a sua reação. — Por que você não me acordou? — Choramingou.

— Fica para a próxima. — Respondi, rindo.

— Tá, tá, mas e na terça e ontem?

— Eu fiquei doente. — Menti novamente. Não é como se eu pudesse falar o que realmente aconteceu nos últimos dias.

— Ah. Ainda bem que já está melhor. — Ela sorriu. — Temos treino hoje, você tem que participar já que perdeu o primeiro. Assim que se apresentar, Mia te passa os horários.

— Tudo bem.

Eu não tinha ideia de como iria conciliar isso com o que eu tinha que fazer com Harrison, mas como ele ainda não estava recuperado e não tinha formulado um plano ainda, eu teria alguns dias para viver normalmente, antes de mergulhar na vida secreta e criminosa que ele vivia.

***

Mia Reyes era extremamente bonita, com descendência filipina, ela tinha a pele bronzeada, cabelo castanho claro e um corpo de dar inveja. Contudo, assim como sua beleza, sua personalidade também era extrema, só que para o lado negativo da balança. Uma perfeccionista, devo dizer, e com uma péssima atitude. Estávamos repetindo a mesma coreografia há umas duas horas, mas nunca estava perfeito o suficiente. O mínimo dos erros era o suficiente para ela cortar a música, e nos mandar começar novamente.

— Por hoje é só. — Ela finalmente anunciou.

Todos saíram da pose final extremamente cansados, e os sorrisos que éramos obrigados a manter durante toda a coreografia morreram.

Eu estou morta. — Sussurrei para Kaylin, que me lançou um olhar cansado.

Nem me fale! — Ela passou a mão pela testa suada.

— Treinem a coreografia em casa, ainda não está perfeito. — Mia ordenou. — Principalmente você, Isabella. — Eu assenti prontamente. — É isso, nos vemos no sábado!

Treino no sábado. Só de pensar, eu já estava cansada. Mas segundo os horários que ela me passou no início do treino, tínhamos treinos todas as segundas, quintas e sábados. Os jogos normalmente eram feitos nas sextas ou nos domingos, alguns eram aqui no Saint Angels, mas também teríamos que ir para os outros colégios em certas ocasiões para competir.

— O que você vai fazer à noite? Podemos nos encontrar, tem uma lanchonete aqui perto que é ponto de encontro de alguns dos nossos colegas. — Kaylin perguntou.

— Acho melhor deixar para amanhã, não acha? Na sexta é melhor, já que não temos que acordar cedo para aula na manhã seguinte.

— Tudo bem. Então amanhã à noite vamos sair, combinado?

— Sim.

Nos despedimos e ela foi em direção ao seu carro que ficava no estacionamento do colégio. Já eu, fui para a saída principal, Zach estava me esperando como sempre, em pé encostado no capô do carro. Ele sorriu ao me ver, seus olhos percorrendo completamente o meu corpo, mas eu não sabia exatamente com o que ele estava tão impressionado, eu estava toda suada e até mesmo descabelada.

— Esse uniforme fica bem em você. — Elogiou, ao abrir a porta traseira para mim.

— São seus olhos, pois eu estou uma bagunça!

Ele apenas riu e fechou a porta, fazendo a volta para entrar no banco de motorista. Assim que chegamos, subi para o meu quarto para tomar um bom banho, e então andei pela mansão em busca de Harrison, ou Gwen, que sim, ainda estava por aqui. As roupas para dois dias que havia trazido já haviam acabado, e agora, ela estava usando as minhas. O que não era exatamente um problema, já que o meu closet era todo novo e maioria das roupas eu nunca havia usado mesmo, o problema era que ela estava sempre por perto, Harrison e eu nunca mais tivemos a oportunidade de ficarmos a sós desde o que rolou no seu quarto e isso estava me enlouquecendo!

Encontrei os dois no jardim da casa. Estavam a mais ou menos quatro metros de distância um do outro, ele de costas para mim e ela mais a frente, de frente para ele, havia um grande quadro atrás dela. Ele ergueu um pouco a mão e eu vi algo reluzir na luz... calma, ele estava segurando uma faca? Soltei um grito de susto quando o vi jogar o objeto na direção de Gwen. Harrison se virou, surpreso com a minha presença ali, e Gwen apenas riu, retirando a faca que ele havia jogado do quadro atrás de si. Tinha atingido o quadro bem ao lado do seu braço, mas não havia lhe acertado.

— Você deveria ter visto o seu rosto! — Ela gargalhou.

— O que está fazendo aqui? — Harrison perguntou.

— Estava procurando por vocês! O que... — Tentei recuperar o fôlego que havia perdido com o susto. — O que estão fazendo? Eu pensei que... caramba, eu nem sei o que pensei!

— Estamos treinando. — Ele explicou. E eu expirei, finalmente entendendo a situação.

— Temos que movimentar esse ombro e braço para que ele volte logo a ativa. — Gwen completou. — Quer tentar?

Arregalei os olhos. Ela estava doida?

— Não! Eu não quero te matar acidentalmente!

Ela apenas riu.

— Não, bobinha. Tentar tomar o meu lugar. Eu estou muito apertada e preciso ir ao banheiro.

— Tampouco! Eu não quero morrer tão cedo!

— Você não vai. Até ferido o H tem uma ótima pontaria, você mesma viu.

Ela veio até mim e segurou minha mão, me levando em direção ao quadro. Ela me posicionou parada, e eu olhei para Harrison completamente aflita. Ele estava movimentando o seu braço para frente e para trás, concentrado. Assim que terminou de se alongar, olhou para mim. Não havia nada em seus olhos, medo, nervosismo, aflição, nada. E eu não sabia se ficava tranquila por ele ser assim tão concentrado, ou, ainda mais aflita com sua falta de emoção.

— Não se mexa. — Ele ordenou.

E o meu corpo, que até então estava completamente congelado, começou a se mexer involuntariamente. Oh, droga. Gwen lhe entregou três facas, e eu me desesperei.

— Três? Não é melhor apenas uma? — Supliquei.

— Shii. — Ela me silenciou. — Você nem vai notar. É rápido!

Gwen acenou brevemente e saiu correndo para dentro da mansão, me deixando sozinha para o abate... ou eu estava exagerando? Prendi a respiração para conseguir ficar completamente parada, e então veio a primeira faca. Ela entrou cravada no quadro atrás de mim, bem ao lado do meu braço direito. Voltei a respirar, vendo que ainda estava intacta e então prendi a respiração novamente quando o vi manusear a segunda faca. Esta acertou o quadro no lado esquerdo, um pouco mais perto do meu braço que a primeira. E a realização de que eu só poderia estar ficando doida para ter aceitado fazer isso, bateu. Quero dizer, nem aceitar de fato eu aceitei, eu apenas fui! Deveria ter negado mais! Harrison começou a brincar com a terceira faca, jogando para cima e a pegando com firmeza, e então, eu prendi a respiração pela terceira vez.

Os olhos dele mudaram de foco do quadro para mim por um breve momento, e então ele jogou a faca. Fechei os olhos dessa vez, mas logo os abri ao escutar o impacto da faca e perceber que nada havia me acontecido. Olhei para o lado, vendo a faca a milímetros do meu pescoço e respirei aliviada. Ele se aproximou para retirar as facas, e quando retirou a última, uma pequena mecha do meu cabelo, que havia sido cortada e ainda estava presa entre a faca e o quadro, caiu no chão.

— Você quase me acertou! — Olhei assustada para os fios no chão.

— Se eu quisesse te acertar, acertaria.

Levantei o olhar para ele, ficando irritada. Que tipo de desculpa era essa?

— Então foi proposital?

— Eu não disse isso. Só quis dizer que não sou um amador.

Ele passou a mão pela testa para limpar uma camada de suor, apesar de ser uma tarde fria e nublada, como quase todas por aqui.

— Mas seu ombro não está cem por cento recuperado. — Destaquei. — Você poderia ter me acertado.

— Meu ombro não está me incomodando tanto assim. — Ele movimentou os ombros para frente e para trás, mostrando não sentir dor.

— Ainda assim, você precisa descansar, Harry, não parece bem. Já tomou seus remédios hoje?

— Não precisa se preocupar comigo, Isabella, eu estou perfeitamente bem! — Falou, já sem paciência. — E para de me chamar assim, caralho!

Eu engoli em seco, sem reação imediata. Dessa vez eu realmente não fiz para provocar, o nome apenas saiu.

— Desculpa.... Você está suando. Está com calor? — Não apenas a sua testa, como a sua camisa também estava molhada de suor. Não parecia ser algo normal.

— Não. — Respondeu, indiferente.

Era tão irritante essa sua postura de que nada lhe afetava. Era normal sentir dor, ele havia levado um tiro, pelo amor de Deus! Eu tinha vontade de gritar com ele por isso, mas no momento, minha preocupação falava mais alto.

— Não é o que parece. Você está todo suado.

— Eu estava treinando, deve ser isso, pois eu estou com frio, na verdade.

— Então, você deve estar com febre. — Levantei a mão para tocar a sua testa, mas ele se afastou, negando o toque. — Há quanto tempo você está assim, Harrison? Deveria deitar um pouco, não pode ficar se esforçando assim. Pode até estourar os pontos e...

— Você pode parar com essa merda? — Me cortou. — Eu não te contratei para ser minha babá!

— Eu paro no momento que você parar de agir como um completo idiota sem escrúpulos! Qual o seu problema? Eu só estou preocupada com você! — Rebati, ficando irritada também.

— Eu já disse que não precisa! Você não é nada minha pra ficar se importando tanto assim comigo!

— E nem quero ser, se é esse o seu problema! — Respondi rapidamente. — Quem você acha que é? O rei da Inglaterra?

— Não era o que parecia. — Ele levantou a mão, destacando o seu dedo. O mesmo que eu havia chupado durante o nosso momento em seu quarto.

— Você que começou me puxando e depois quase me beijando. Se não consegue aguentar o calor, não acenda a fogueira, Harry!

Ele passou a língua pelos lábios com um meio sorriso no rosto, claramente ainda estava irritado, mas parecia estar se divertindo com toda situação. Esse era o problema com as nossas brigas, pois por mais irritante e estressante que fossem, bem lá no fundo... era prazeroso entrar nessas provocações.

— Você só tem dezoito anos, Isabella, não tem a menor ideia do que seja uma fogueira de verdade!

Foi a minha vez de sorrir. Pelo visto, ele ainda não me conhecia tão bem.

— Talvez não. Mas eu com toda certeza sei brincar com fogo, Harrison.

Ele se aproximou de mim, cheguei a pensar que fosse me beijar, mas ele apenas levantou as sobrancelhas de forma debochada, me olhando com desdém.

— Sua mãe que o diga.

Isso já era muito baixo. Sem pensar duas vezes, dei um tapa estalado na sua cara, e quando fui dar um segundo, já que apenas um não seria o suficiente, ele segurou o meu pulso antes que eu alcançasse seu rosto. Todo deboche havia desaparecido e seus olhos transbordavam de raiva, assim como os meus.

— Me solta! — Ordenei.

— O que foi? Não gostou? Pensei que soubesse brincar.

Tentei me soltar usando a outra mão, mas ele segurou meu outro pulso também, me imobilizando.

— Você é um babaca!

— Sim, eu sou! E é melhor que você entenda isso, antes que comece a ter ideias sobre mim. Você trabalha pra mim, Isabella. Apenas isso!

Eu tive vontade de cuspir nele de tão irritada que estava. Mas me restringi a apenas cuspir palavras.

— Pode ficar tranquilo, pois eu não tenho qualquer tipo de ideia em relação a você! Você e um pano de chão sujo são a mesma coisa para mim. Nada!

Ele finalmente me soltou, de forma brusca, e se afastou alguns passos.

— Ótimo, pois eu certamente não estava em meu juízo normal naquele dia no meu quarto, e o que quase aconteceu foi um erro terrível. Algo que nunca mais voltará a acontecer, isso eu te prometo!

— Ótimo! — Dei de ombros, ajeitando as minhas roupas que haviam amassado.

Um erro terrível? Não estava em seu juízo normal? Pff, ele queria me beijar e isso estava claro! Mas se ele queria continuar com essa desculpa ridícula, então, eu também não estava, e pra ser sincera, ainda não estou em meu juízo normal perfeito. Pois apesar de ter ficado puta com ele, seu comportamento, e esse seu comentário estupido envolvendo a minha mãe, eu não sabia o que pensar ou sentir em relação a sua promessa.

Promessas eram algo que eu levava super a sério, mas essa sua fez com que eu me sentisse estranha... decepcionada, até. Era difícil, até mesmo ridículo de admitir, afinal, apenas algumas semanas atrás, quando cheguei nessa mansão, eu praticamente rezei para que ele não me tocasse. Nos últimos dias, no entanto, ser tocada por ele da forma mais imprópria possível havia se tornado um desejo crescente em meu corpo, praticamente um sintoma. Meus pensamentos e sonhos eram até preocupantes!

Mas se ele não sentia o mesmo, ou no mínimo, fingia não sentir, eu é que não iria ferir o meu orgulho e amor próprio ao insistir nisso. Ele que se exploda! Era muito mais fácil para mim ir encontrar outra pessoa para suprimir meus desejos sexuais, do que me rebaixar a ele. Se era uma relação profissional que ele queria, que seja.

— Pode parar de ser um completo babaca agora? — Perguntei, tentando quebrar aquele clima ruim entre nós.

— Claro. — Concordou, já sem toda aquela áurea irritada de antes. — Me desculpe se eu te machuquei.

Encarei os meus pulsos, eles estavam vermelhos, mas não passaria disso. Ele não me segurou com muita força, eu é que fiquei me remexendo e tentando sair.

— Está tudo bem, não vai marcar nem nada.

— Eu estava me referindo ao que falei sobre a sua mãe.

Suspirei, tentando não ficar irritada novamente ao lembrar, afinal, ele estava se desculpando e isso já era algo, um começo. Sem falar que o tapa que eu havia conseguido dar havia sido bem dado. O lado do seu rosto onde eu havia acertado ainda estava vermelho.

— Foi um comentário bem maldoso e baixo, mas tudo bem eu acho. Você pode me compensar me ensinando como jogar facas como você. — Ele me olhou em dúvida. — O que foi? Você não vai surtar e me acusar de estar apaixonada por você novamente, vai? Se for, eu juro que vomito aqui mesmo!

Apontei para o chão e aquele gramado perfeitamente verde, e ele abriu a boca para responder, mas a fechou em seguida, reprimindo um pequeno sorriso com uma leve careta.

— Engraçado. Muito engraçado, Isabella. Vamos lá, primeiro, me mostre o que consegue fazer. — Ele me entregou uma faca.

Nós nos afastamos alguns metros do quadro, e ele ficou ao meu lado, observando cada movimento meu. Olhei para o quadro, concentrada, e mirei bem no meio antes de jogar a faca. Prendi a respiração em expectativa, mas a faca apenas bateu no quadro e caiu no chão... pateticamente.

— Uau, isso foi horrível. — Fiz careta. Nem mesmo para ter sorte de principiante?

— Você tem uma boa mira, o problema está no jeito que você segura e joga a faca, aqui...

Ele se aproximou, colocando outra faca em minha mão, dessa vez, no entanto, ele ajeitou o objeto e colocou a lâmina na minha mão ao invés do cabo da faca.

— Mas você não jogou desse jeito. — Notei.

— Como eu disse, eu não sou um amador. — Falou, presunçoso. — Precisa treinar muito para chegar onde eu estou.

— Entendi, John Wick!

Ele deu uma rápida e sincera risada, e eu sorri, feliz por o ver assim tão... feliz.

— Quando jogar a faca, faça esse movimento com a mão...

Ele segurou minha mão e mostrou o movimento. Eu teria que inclinar levemente a mão para junto de mim e jogá-la com o impulso. Harrison se afastou, ficando ao meu lado para observar, e eu fiz exatamente como ele mostrou, joguei a faca, que até acertou o quadro corretamente, mas caiu no chão logo em seguida.

— Não acredito! Eu quase consegui! — Comemorei.

— Você só precisa usar mais força agora para que a faca consiga se firmar melhor no quadro e não cair.

Ele me entregou a terceira faca e eu assenti, confiante. Olhei para o quadro, concentrada, respirei fundo algumas vezes, e então joguei. A faca atingiu o quadro e nele se firmou com maestria. Esperei alguns segundos para ter certeza de que não iria cair novamente, e então, comemorei.

— Isso! — Sem nem pensar duas vezes, pulei nele e o abracei. — Obrigada!

— Sem problemas...

Ele me abraçou de volta, mas logo senti o seu corpo ficar tenso, por isso, me afastei.

— Caramba, eu te machuquei? Desculpa... — Olhei para o seu ombro, preocupada. Havia esquecido completamente.

— Não, está tudo bem. — Ele deu alguns passos para trás e eu quis me enfiar em um buraco. Ele tinha acabado de surtar sobre isso e eu ia lá e o abraçava. — Você conseguiu, parabéns.

— Obrigada. — Sorri, feliz por ele não ter ficado irritado novamente, e ainda mais feliz por ter conseguido acertar a faca. — Só espero que não tenha sido sorte de principiante.

— Eu posso... — Ele se auto interrompeu e suspirou, como se não tivesse certeza do que estava prestes a falar. — ...Você pode treinar comigo daqui em diante se quiser.

— Sério? — O olhei surpresa.

— Sim... como eu disse, se quiser.

— É claro que eu quero! — Dei alguns passos em sua direção e quase pulei nele de novo, mas me segurei. Voltei para onde estava e expressei toda a minha felicidade e animação através de um enorme sorriso. — Obrigada, Harry.

— Eu retiro o que disse. Convite anulado. — Bufou, frustrado.

— Não, não, não! Desculpa, desculpa! — Agarrei o seu braço bom para impedir que ele se afastasse. — Obrigada, Harrison! — Me retratei.

Ele nada falou, apenas assentiu e foi até o quadro para pegar as facas. Eu via em seus olhos que ele ainda não estava completamente certo sobre mim e essa ideia, mas não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Eu manteria minhas mãos longe dele se ele mantivesse as suas longe de mim. Caso contrário...

— Harrison? — Gwen chamou, se aproximando de nós com uma cara nada boa, algo não estava certo.

— O que foi? — Ele voltou para perto de mim já com as três facas na mão.

— Temos visitas. — Informou, nada feliz.

— Quem? Charles?

— Não. É um detetive da polícia, perguntou por você.

Harrison olhou para mim e depois de volta para sua irmã, pensativo, então, me entregou as facas e seguiu para dentro da mansão a passos pesados. Olhei para Gwen em busca de alguma informação, mas ela parecia tão confusa quanto eu.

***

O clima estava extremamente pesado naquela sala de estar, era possível até cortar a tensão com uma faca de tão grande e incômoda. Mas o detetive, Jake O'Brien, parecia indiferente a isso. Teresa havia nos servido um pouco de chá antes de se retirar e ele tomava o líquido tranquilamente, assim como Harrison e Gwen. Enquanto eu só faltava morrer de tanta curiosidade.

— Você era amigo de Seth Abrells, não era? — O detetive finalmente se pronunciou, descansando a sua xícara de chá na mesinha ao lado da sua poltrona.

Seth Abrells... O nome não me era estranho, já tinha o visto em algum lugar antes, mas não conseguia me lembrar onde.

— Éramos apenas conhecidos. Fomos em alguns eventos em comum e ele me convenceu a comprar algumas ações da sua empresa de perfumes. — Harrison explicou mantendo sua expressão calma e séria. — O suicídio dele foi uma surpresa, ele me parecia um cara tão alegre.

— Não estamos mais seguindo a linha de suicídio. Tudo nos leva a crer que foi um homicídio. — O detetive falou.

— Oh, não sabia disso. — Harrison expressou surpresa. — Andei bastante ocupado ultimamente e não tive tempo de acompanhar o caso. Mas... o que o trás aqui?

— Estamos conversando com todos os conhecidos dele para tentar entender melhor o que houve. Se ele tinha inimigos, estava envolvido em algo ilegal, coisas desse tipo.

— Sinto muito não poder ajudar, detetive O'Brien, realmente não o conhecia tão bem assim. — Harrison disse de forma impassível.

— Tudo bem. — O policial assentiu, anotando algo em seu pequeno caderno. — Você esteve envolvido em um trágico incidente recentemente, não? — Perguntou de repente.

— Sim. Também está encarregado dessa investigação? Gostaria de uma atualização o quanto antes. — Harrison comentou, sem se deixar abalar.

— Não, não faz parte da minha jurisdição. Mas achei bastante interessante o seu carro ter explodido assim do nada, faz alguma ideia do que pode ter acontecido? Conhece alguém que queira te fazer mal, Harrison Flint?

Harrison abriu um sorriso indecifrável, e eu não tive a menor ideia do que ele estava pensando ou falaria a seguir.

— Nenhuma. Mas acho que é o trabalho da polícia descobrir, não?

Eu quase engasguei com o meu chá, mas tomei cuidado para não tossir ou chamar atenção para mim.

— Verdade. — O detetive soltou o ar pelo nariz e sorriu brevemente sem mostrar os dentes. — Para finalizar, onde estava na noite do dia vinte e três do mês passado?

— Hum, deixe-me pensar... se não me engano, eu estava aqui em casa. É, acho que é isso.

— Alguém pode confirmar? — Investigou.

— Sim. Meus funcionários, assim como a Isabella.

Ele apontou para mim e o detetive me encarou.

— Sim, se me recordo bem, ele estava em casa. — Menti.

Nessa data, nem mesmo eu estava nessa mansão ainda, afinal, sequer havia sido "adotada" por ele, o que deixava óbvio que assim como eu, ele também estava mentindo. Com isso em mente, me lembrei imediatamente de onde conhecia o nome Seth Abrells, do jornal que ele estava lendo quando me ignorou na cozinha. Reprimi um sorriso para que o policial não desconfiasse e levei a minha xícara à boca para beber um pouco de chá e disfarçar. Harrison era um ótimo mentiroso. Conseguiu mentir a conversa toda sem nem transparecer qualquer nervosismo ou emoção, até mesmo eu acreditaria em tudo se não estivesse tão envolvida.

— Acho que é só isso por enquanto, obrigado por ajudar. Posso ligar se precisar de mais detalhes, certo? — O detetive foi o primeiro a se levantar.

— Não sei se vou ser de muita ajuda, pois como disse, não conhecia Abrells tão bem, mas sim, ligue quando quiser.

Harrison acompanhou o detetive para fora da sala de estar e em seguida da mansão, e quando retornou para a sala, todo o seu semblante estava diferente. A pessoa despreocupada e despretensiosa que ele havia mostrado ao policial havia desaparecido e ele estava completamente sério agora. Gwen balançou a cabeça preocupada.

— Mais um? Pensei que o seu único problema era em relação ao Brad e Charles Crawford!

— Seth Abrells não é um problema, a polícia não tem nada que me ligue a porra alguma! — Ele esclareceu, voltando a se sentar no sofá.

— Eles podem até não ter nada, mas um detetive esteve na sua casa, H. Isso já é o mais perto que eles já chegaram de você. — Gwen falou, realmente preocupada com a situação. — Talvez seja a hora de fazer uma pausa, tirar uns meses de férias, sei lá, deixar as coisas se acalmarem um...

— Eu tirarei férias quando Charles Crawford estiver morto! — Ele interrompeu a irmã.

Havia uma sombra em seu rosto. Uma sombra extremamente obscura e diferente. Era como se eu estivesse vendo uma nova pessoa na minha frente, não era o Harrison debochado, e muito menos o Harrison sério e profissional. Era outro, esse parecia até mesmo mais.... emocional. E me lembrava bastante o jeito que ele ficou quando espancou aquele bêbado no motel depois que eu fugi.... Se é que isso fazia qualquer sentido, pois eu não o conhecia tão bem assim para ter certeza, era apenas uma sensação que eu tinha. Mas matar Charles parecia ser mais uma vingança pessoal dele do que um simples trabalho como Brad foi.

— Depois não diga que eu não o avisei. — Gwen finalizou, levantando e saindo da sala de estar.

E então, aquele assunto morreu.

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