Capítulo 19
ISABELLA MARTINS
Quando cheguei em casa já estava de noite, fiquei conversando com Teresa e Zach até tarde e depois fui dormir. Harrison não voltou durante a noite, e nem na manhã seguinte. Provavelmente ainda estava com a tal da Sarah curtindo esse domingo ensolarado, ou seja, ela só poderia ser mesmo algum tipo de namorada, e bem, era um pouco óbvio o que eles provavelmente ficaram todo esse tempo fazendo. Bom pra ele, eu acho.
Decidi não pensar muito sobre isso, ou sequer sobre ele em si, por mais tempo. Ele mal olhou na minha cara para se despedir ontem quando chegamos no prédio dela, apenas me deu boa noite da forma mais seca possível e desceu do carro. Eu não queria ter ficado incomodada, mas fiquei. Depois de ele ter me mostrado o seu lado mais gentil, receber o Harrison grosseiro de volta foi no mínimo irritante.
— Isabella? — Zach bateu na porta do meu quarto. — Você ainda vai?
— Sim, claro! — Avisei, terminando de passar o gloss nos lábios.
Kaylin havia me convidado para uma reunião social na sua casa agora a noite e Zach iria me levar. Peguei a minha bolsa em cima da cama e a pendurei pela corrente no ombro. Zach, que estava me esperando no corredor, me guiou para fora da mansão e até o carro, e então, nós partimos.
— Me liga quando quiser ir embora que eu venho te buscar, ok? — Informou ao me deixar em frente a mansão de Kaylin.
— Ok. Obrigada, Zach.
Toquei o interfone e a voz da minha nova amiga soou.
— Quem é?
— Sou eu, Isabella.
— ISABELLA! — Ela gritou, animada.
Os portões abriram e eu entrei. Acenei rapidamente para Zach, que estava esperando apenas eu entrar para ir embora, e então continuei. Assim como a maioria das mansões por aqui, havia uma caminhada um pouco longa do portão de entrada até de fato chegar à porta principal da casa, mas o seu jardim cheio de flores foi uma visão agradável. A mansão em si era grande, não tanto como a de Harrison, mas era linda.
— Oi! — Acenei para ela, que já me esperava na porta.
— Vem, estamos lá trás na piscina.
Ela entrelaçou seu braço no meu e me guiou por dentro da casa para a parte de trás da mansão. Estava tocando uma música animada, mas não muito alta, não era uma daquelas festas exageradas, e sim, uma social mesmo. Haviam apenas umas quinze pessoas ali, entre elas, Dean e Noah, os únicos que eu conhecia. Dean estava sentado na beirada da piscina com os seus pés dentro da água e um copo vermelho de bebida na mão, já Noah, estava completamente dentro da água. Os dois estavam sem camisa, apenas de calção, e sorriram ao me ver.
— Hey, você veio! — Noah comemorou.
— Sim! — Acenei, sorrindo em resposta. — Você não me falou que era uma festa na piscina. — Comentei para Kaylin ao meu lado.
— E não era.
Ela deu uma risada e se afastou para ir pegar uma bebida. Olhei em volta, prestando atenção nas pessoas, e foi quando percebi que nenhuma das garotas ali estava de biquíni, e sim, de roupa íntima. Entrar na piscina deve ter sido algo improvisado do momento. Kaylin voltou e me entregou um copo com bebida.
— O que é? — Cheirei o copo, tentando descobrir.
— Ponche de frutas com só um pouquinho de vodka, afinal, ainda temos aula amanhã. — Ela piscou para mim.
Dei um gole e o gosto era extremamente agradável, ao contrário da vodka pura que descia ardendo, o ponche de frutas era doce e descia levemente, sem a queimação na garganta. Observei Kaylin retirar o seu vestido para pular na piscina e pensei se deveria fazer o mesmo. Eu nunca tive muitos amigos, costumava ficar mais na minha, pois tinha medo deles descobrirem o que acontecia na minha casa e o que Jack poderia fazer comigo em retaliação. Minha única amiga era a Dana, ela era bastante parecida comigo, tanto na aparência como na personalidade, e vinha de uma família mexicana, o que inicialmente foi o que nos aproximou mais. Nos dávamos super bem, eu realmente a adorava, no entanto, depois da minha festa, do incêndio, e da minha mudança para o orfanato, acabamos nos afastando. Me pergunto como ela deve estar agora... espero que bem. Depois que eu fui para o orfanato, eu acabei me afastando de todos, cheguei a ser convidada para festas algumas vezes, mas eu sempre negava. Com o tempo, os meus colegas de classe simplesmente pararam de me convidar e eu me tornei invisível naquele colégio. O que para mim era bem melhor do que ser zoada ou tratada como um caso de caridade.
Quando Joana me tirou do orfanato do Estado e me levou para o orfanato das freiras, eu mudei de bairro e de escola, indo parar em uma bastante religiosa. Fiz uma amiga, Marina, mas quando comecei a namorar com Luke, fiz a péssima escolha de me afastar dela, e começar a passar todo o meu tempo com ele. Luke tinha dezenove anos e era o filho da irmã da Madre Joana, nos conhecemos durante uma visita da sua família lá no orfanato para tratar de uma adoção de uma das garotas mais novas. Nos damos super bem logo de cara, e após trocarmos algumas mensagens, decidimos começar a sair. Na época ele já deveria estar na universidade, mas estava tirando um ano sabático para se encontrar. Ele tinha toda essa personalidade de bad boy e eu o achava incrível, queria ir para todos os cantos com ele, mas como eu tinha dezessete anos, tive que manter o nosso namoro em segredo. Nem mesmo as irmãs sabiam, já que se soubesse, iriam tentar nos afastar, então, eu precisava fugir toda noite do orfanato para ir me encontrar com ele.
Como não podíamos ser vistos em público, nossos encontros eram sempre em estacionamentos vazios, parques desertos e na sua casa. Pensando melhor agora, isso era a receita para um desastre, mas eu não estava pensando com a minha cabeça na época, e sim, com o coração. Ele me apresentou a bandas como The Clash e The Cure, ouvíamos os clássicos do rock no rádio do seu carro, bebíamos cerveja que ele comprava com sua identidade falsa, e nos divertimos como conseguimos juntos. No entanto, o namoro não durou muito mais do que dois meses. Luke foi um namorado perfeito, o primeiro que eu tive e realmente adorável, mas apenas até conseguir o que queria: minha virgindade.
Depois de tudo o que rolou com o Jack, eu não me sentia pronta para me envolver dessa forma com ninguém, apenas pensar nisso me causava ansiedade. Então, o máximo que eu conseguia ir com o Luke era até a segunda base. Dávamos uns beijos, estimulamos um ao outro, mas ir até o fim era algo que sempre me dava crise de ansiedade, até que uma noite, entre uma cerveja ou outra, eu me senti bem e leve o suficiente para ir até o fim. Pensei que transar com ele resultaria em nós nos aproximando mais ainda, mas para a minha surpresa, acabou tendo o efeito oposto. Luke mudou da água para o vinho comigo. Ou melhor, ele revelou quem ele realmente era. Se tornou grosseiro, começou a me dar perdido, mentir, até que o filho da mãe finalmente me largou para ir atrás de outra garota mais velha, mais alta, mais magra, e mais popular que eu.
Todas as minhas fantasias de romance adolescente morreram no estacionamento da loja de conveniência em que ele literalmente me abandonou. Eu tive que andar no meio da noite por uns trinta minutos até chegar no orfanato, mas quando enfim cheguei ao meu quarto, após ter chorado o caminho todo até ali, eu jurei que nunca mais deixaria alguém me usar daquele jeito novamente. Com isso, eu me fechei totalmente e voltei a ser a garota isolada de antes. Marina já havia arranjado novas amigas e esquecido de mim, e todo o meu tempo passou a ser gasto entre o colégio e o orfanato. E isso meio que me aproximou mais das garotas do Sun Valley, assim como da Nora. Elas eram as únicas coisas que de fato me mantinham sã. Quatro meses se passaram nessa rotina entediante, mas segura, até que o dia do meu aniversário de dezoito anos chegou e tudo mudou novamente para mim.
Agora eu estava vivendo uma vida bastante diferente e não tinha ideia de como ser legal como Kaylin, Dean e Noah. E se eles não gostassem de mim? E se eles se aproximaram de mim apenas por causa do meu falso sobrenome "Flint" e eu acabasse sendo usada de novo? Era involuntário não pensar nisso. Eu não tinha ideia de como ser uma boa pessoa, uma boa amiga, pois afinal.... nem mesmo uma boa filha eu fui!
Droga. Aqui estava eu mais uma vez me culpando. Eu precisava parar com isso. Não queria ter que quebrar a promessa que fiz a ele. Harrison podia até ter seus momentos grosseiros e irritantes, mas eu nunca havia quebrado uma promessa em toda a minha vida, logo, não estava prestes a começar agora. Expulsei todos aqueles pensamentos de auto sabotagem da minha mente e me esforcei para mantê-los fora. Estava mais do que na hora de eu me libertar, tomar coragem, mesmo que fosse líquida, e me tornar quem eu realmente era, ou no mínimo, queria ser. Essa era uma nova vida, uma nova chance, e eu tinha que aproveitar. Eu não precisava mais ter medo de nada, e nem de ninguém. Não sei se foi por causa da conversa que tivemos de madrugada no seu quarto, mas eu de fato me sentia completamente protegida por Harrison agora. Era involuntário, eu apenas... confiava nele.
Bebi o restante da bebida e deixei o copo junto com a minha bolsa e saltos em uma espreguiçadeira. Abaixei o zíper do meu vestido ao som de alguns assobios feitos por Noah e Kaylin, e animadamente pulei na piscina. A água estava morna e perfeita. Mergulhei fundo e nadei até onde eles estavam. A piscina era bem grande.
— Então, qual o motivo dessa festinha em pleno domingo à noite?
Kaylin abriu um enorme sorriso, animada com o que tinha a dizer.
— Nós conseguimos! Entramos para as líderes de torcida!
— O que? Como assim? — Perguntei em choque. — Os nossos nomes não estavam na lista que liberaram sexta. — A lembrei.
Kaylin ficou super triste e mal se concentrou nas aulas pelo resto do dia. Já eu, nunca me senti tão aliviada em não ler meu nome em um pedaço de papel antes.
— Sim, eu sei, mas Mia me ligou hoje. Duas pessoas que estavam na lista desistiram, como nós éramos as próximas, conseguimos entrar! — Ela bateu palmas comemorando. — Ela não te ligou para avisar, pois não tinha o seu número, aparentemente você esqueceu de escrever na folha de aplicação, mas enfim, isso não é ótimo?
Não esqueci, apenas não escrevi, pois tinha certeza de que não conseguiria entrar mesmo se quisesse. Isso só poderia ser brincadeira do universo!
— Sim. Claro! — Forcei um sorriso.
Bizarramente, eu me sentia mais nervosa agora do que sexta à noite quando literalmente matei alguém. Contudo, esse era o meu último ano de colégio, então, que se foda! O plano era me libertar, não? Então eu iria apenas seguir o ritmo da música e aproveitar ao máximo, faria novas memórias, sejam elas boas, ou extremamente embaraçosas, e viveria a minha nova vida.
— Caramba, você entrou para as líderes de torcida ou voltou de um enterro? — Noah brincou, passando o seu braço pelos meus ombros em um abraço de lado. Seus braços eram largos e fortes, ele não era bombado como o Dean, já que os dois treinavam esportes diferentes, mas ele definitivamente era atraente. Não dava para ver nada disso com o uniforme do colégio, mas agora, quase sem roupas e praticamente colado a mim, era um pouco impossível não perceber. — Que cara é essa?
— Nervosismo, medo. Eu não sou a pessoa mais atlética do mundo. — Expliquei. — Não tire onda da minha cara se na minha primeira apresentação eu for horrível! — O ameacei.
— Você vai ser ótima! — Dean entrou na conversa, piscando para mim.
Não conversávamos desde que ele e Noah foram embora da minha casa ao terminarmos o trabalho no outro dia. Tiramos um A, aliás, mas eu não sabia mais como me comportar com ele desde então. Quase nos beijamos! Olhei para Kaylin, mas ela parecia não ter visto, ou simplesmente não ligado para o que Dean havia feito.
— Eu vou buscar mais bebidas, vem comigo? — Noah pediu.
— Tá bem.
Saímos da piscina juntos e fomos para a mesa onde o ponche de frutas estava. Tirei quatro copos da torre de copos na mesa e fui entregando-os ao Noah, que ia enchendo um por um.
— Se você se incomodar com o Dean, me fale, ok? Eu posso falar com ele.
— C-como? — Ele tinha percebido?
— Os olhares. Os flertes. Tá bem na cara. — Ele riu. — Dean e Kaylin possuem um tipo de acordo, volta e meia eles ficam com outras pessoas, às vezes até mesmo juntos, mas nunca se separam. — Explicou, parecendo até um pouco incomodado.
Um acordo? Isso era novidade. E na real, explicava o porquê de Dean estar tão confiante em flertar comigo na presença da Kaylin.
— Então... ela não ligaria se eu ficasse com ele? — Quis ter certeza do que estava ouvindo.
— Você quer ficar com ele? — Ele levantou uma sobrancelha.
— Se eu quisesse, ela ligaria? — Tentei fugir da pergunta.
— Você quer? — Insistiu.
— Eu perguntei primeiro!
Noah começou a rir ao invés de me responder e foi algo tão natural e contagiante que eu não consegui segurar uma pequena risada também. Eu estava claramente dando voltas para tentar evitar de lhe responder e ele sabia disso.
A verdade é que, nem mesmo eu sabia bem o que eu queria. Apenas transar com alguém, talvez? Tirar o atraso? Eu não fazia nada com ninguém desde o Luke, e essa vontade adormecida em mim estava começando a acordar. Talvez fosse culpa da bebida... tá, tá bem, não era culpa da bebida. Eu não estava bêbada quando quase sequei o corpo do Zach no outro dia na porta da sua casa, e definitivamente não estava bêbada quando observei o Harrison da varanda do seu escritório. A verdade é que ultimamente parecia ter um fogo queimando mais e mais dentro de mim, e estava ficando cada vez mais difícil de agir como uma pessoa normal. E para dificultar ainda mais a minha vida, como se tudo o que aconteceu nos últimos dias já não fossem ruins o suficiente, ninguém à minha volta parecia ser uma boa escolha para resolver esse meu "probleminha".
Zach praticamente trabalhava para mim. Dean era um cafajeste. E Harrison, apesar de eu já ter pensado nisso, sequer era de fato uma opção. Ele tinha a tal da Sarah e nunca nem me olhou como mais do que uma assistente que ele literalmente comprou. Eu não queria transar com alguém que havia me comprado... queria? Revirei os olhos e expulsei todos esses pensamentos inconvenientes da minha cabeça. Eu tinha decidido não pensar nele essa noite e conseguiria ao menos isso.
— Eu respondo se me responder outra pergunta antes. — Ele me entregou um copo cheio e eu coloquei tudo para dentro.
— Qual? — Devolvi o copo a ele para que ele enchesse novamente.
— O que você acha de mim?
O encarei em silêncio, sem saber bem o que responder. Ele tinha sido tão direto e estava tão sério.
— Você está brincando? — Quis ter certeza mais uma vez do que estava ouvindo.
— Não, realmente quero saber. Você ficaria comigo?
Caramba, eu não tinha considerado o Noah! O corpo forte, os olhos pretos definitivamente eram encantadores e chamativos, e a sua personalidade era engraçada e agradável. Ele era um cara e tanto! A resposta era fácil.
— Sim... eu ficaria. — Umedeci os lábios, me preparando para um possível beijo.
— Certo? Eu não sou perfeito, mas tenho meus pontos altos!
Ele desviou a atenção de mim para a piscina e eu fiz uma pequena careta, sem entender bem o que estava acontecendo, até seguir o seu olhar e perceber que ele estava olhando para a Kaylin na piscina com o Dean, então, tudo começou a fazer sentido.
— Oh, meu Deus. Você é afim da Kaylin? — Soltei em choque.
Em pânico, ele me puxou pelo braço para o lado. Havia uma porta de vidro ali que dava direto em uma cozinha arejada feita apenas para churrascos. Ele me soltou assim que entramos e olhou em volta para garantir que estávamos sozinhos.
— Não quer fazer logo um stories e postar? — Ironizou. — Caralho, eu preciso ficar bêbado...
Ele abriu a geladeira e tirou de dentro uma garrafa de vodka já aberta. Derramou um pouco direto na sua boca e eu estiquei a mão para que ele me passasse a garrafa.
— Foi mal, eu vou falar mais baixo. — Garanti. — Foi só que eu fiquei surpresa, pensei que você estivesse dando em cima de mim.
— Se eu conseguisse tirar a Kaylin da minha cabeça, acredite, eu definitivamente estaria. — Comentou me entregando a vodka. — Você é gostosa pra caralho.
— Você também. — Elogiei de volta. Minha autoestima estava muito bem alimentada para eu sequer sentir bobagens como "vergonha" agora. Sem falar que era bem mais fácil de elogiar e aceitar elogios de alguém que você sabe que não quer te comer. — Então, você e Kaylin, hm? Como é isso?
Bebi alguns goles e sentindo o líquido descer queimando, eu tossi e devolvi a garrafa para ele.
— A gente já ficou duas vezes. Mas como eu disse, ela não larga o Dean por nada neste mundo. — Ele revirou os olhos.
— Espera um pouco, você pediu pra ela fazer isso? — O olhei incrédula.
— É claro, não deveria?
— É claro que não, Noah! Vocês só ficaram duas vezes! Você precisa fazer ela se apaixonar e ficar doida por você primeiro! — Alertei.
— Mas eu estou tentando! Sempre estou disponível quando ela liga, sou super carinhoso também e...
— Meu Deus, esse é o problema! — O interrompi. — É um pouco fodido se for parar para pensar, mas gostamos do que não podemos ter. Se você está sempre disponível para ela, por que ela largaria o Dean por você se pode ter os dois ao mesmo tempo? Entende?
Ele me olhou em choque por alguns segundos, finalmente entendendo, e então bebeu um pouco mais de vodka.
— O que eu faço então? — Perguntou, ansioso.
Balancei a cabeça, sem conseguir acreditar que eu estava mesmo o ajudando com conselhos amorosos. Euzinha que só tive um namorado em toda a minha vida e por menos de dois meses! Meus olhos se focaram na porta de vidro atrás dele e percebi que Kaylin havia saído da piscina e estava vindo na nossa direção.
— Me beije!
— Como? — Se assustou.
— Kaylin está vindo, me beija!
Assim que entendeu o que eu queria fazer, ele segurou o meu rosto e me beijou. Pensei que ele iria vir com um beijo simples, um selinho longo, mas depois do primeiro toque, ele simplesmente me empurrou contra a mesa atrás de nós e enfiou sua língua na minha boca. Eu perdi o fôlego na mesma hora. Eu não esperava nada do Noah e do seu jeito quieto e engraçado, mas ele até que mandava super bem no beijo.
— Nossa! — Ouvimos Kaylin falar.
Noah interrompeu o beijo e se virou para olhar.
— Kaylin! Nem vimos você chegar! Certo, Isabella?
— ...Certo.
Apenas concordei com ele, ainda sem fôlego para pensar no que estava acontecendo. Eu não beijava alguém há um bom tempo, e esse beijo havia despertado bastantes.... sensações pelo meu corpo.
— Estavam bem ocupados. — Ela comentou com um sorriso no rosto, mas os seus olhos diziam outra história. Era claro que no fundo ela estava um pouco incomodada. Resta saber se havia mesmo algum tipo de sentimento ali, ou ela só não queria perder o seu brinquedinho. — Nós vamos começar alguns jogos, se quiserem se juntar a nós lá fora.
— Claro. Já estamos indo. — Noah concordou.
Kaylin saiu e nos deixou sozinhos novamente.
— Acha que ela sentiu algo? — Me olhou esperançoso.
— Ela definitivamente sentiu algo. Eu vou investigar melhor e te avisar depois, talvez você tenha uma chance afinal de contas.
— Isso! — Comemorou com um golpe no ar. — O que fazemos agora? Você vai continuar me ajudando, certo?
Isso parecia uma loucura total, mas o meu plano agora era fazer memórias e me divertir, certo? Fazer ciúmes na Kaylin para ajudar o Noah, além de divertido, seria um belo gesto de amizade.
— Acho que vou. — Dei de ombros, seguindo o ritmo da música.
Ele me abraçou agradecido, e nós saímos dali, voltando para a área da piscina. Todos já estavam sentados no chão em um círculo, nos juntamos à roda e entramos no jogo que já estava rolando. Eu nunca.
— Eu nunca.... dei um beijo triplo! — Uma das garotas presente falou. Seu nome era Alice, se não me engano.
Dean e Kaylin se entreolharam rindo e beberam juntos.
— Eu nunca passei o número errado para alguém. — Um garoto falou.
Todas as garotas presentes beberam, inclusive eu. O garoto que falou olhou para a garota ao seu lado e balançou a cabeça negativamente enquanto ela apenas ria. Os dois deveriam ter alguma coisa rolando... a não ser que ele é quem tenha recebido o número de celular errado, então, no caso, não.
— Eu nunca.... vi alguém morrer. — Dean falou na sua vez.
Minha mão fez o movimento de levantar o copo involuntariamente, mas rapidamente abaixei o copo antes que alguém pudesse perceber. Todos ficaram tensos com o desafio, olharam em volta desconfiados, mas ninguém bebeu. O que resultou em todos rindo aliviados, menos eu, pois apesar de não estar olhando na sua direção, eu conseguia sentir os olhos de Dean em mim. Era difícil não pensar que isso de alguma forma tenha sido direcionado para mim. Era loucura pensar que ele sabia o que havia acontecido na última sexta-feira? Sim! E eu provavelmente só estava sendo paranoica!
Foi a minha vez de falar, e eu pensei em algo que pudesse o atingir de volta, mas sem dar muito na cara que era essa a minha intenção.
— Eu nunca traí um namorado ou namorada.
Quatro garotos e uma garota beberam, todos com a maior cara de culpados. Dean apenas piscou para mim e abaixou o seu copo, como se soubesse que o que eu tinha falado fosse para ele.
Ele nunca tinha traído? Ah tá, bastante difícil de crer! Ele e Kaylin tinham o tal do acordo, mas e quanto a alguma namorada antiga? Dean definitivamente não era do tipo de cara santo, logo, ele só poderia estar mentindo no jogo. Contudo, quem era eu para julgá-lo por isso quando tinha acabado de fazer o mesmo? Se ele não fosse um completo canalha, diria até que nós éramos um pouco parecidos. Porém, eu me amava o suficiente para não falar uma merda dessas nem brincando!
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