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Capítulo 16

     ISABELLA MARTINS

Merda, merda, merda, merda, merda!

Eu havia matado alguém novamente.

Deus...

Você é uma má pessoa, Isabella. Uma má pessoa!

De todas os cenários que eu imaginei quando decidi seguir Harrison escada acima para descobrir para onde ele e Brad estavam indo, acabar atirando em alguém definitivamente não entrava nessa lista. A única coisa! A única bendita coisa que eu não queria que acontecesse, aconteceu novamente.

Eu alternava o olhar do corpo no chão para Harrison ainda em choque sobre o que tinha feito enquanto tentava entender o que estava acontecendo à minha frente. A única coisa que eu sabia, ou melhor, sentia, era que eu não estava triste ou arrependida. O que definitivamente me assustava e tornava tudo ainda pior. Bradley Crawford era um nojento filho da puta que teve o que mereceu..., mas isso não significava que eu é que tinha que ser a agente do seu carma.

— É o que eu faço. Me pagam para isso.

Isso só poderia ser uma piada. Por que um cara rico como ele se prestaria a isso?

— Isso não faz sentido! Por que fariam isso?

— Não precisa fazer sentido se é a verdade. Pessoas matam umas às outras todos os dias. Não há explicação. A única diferença é que eu recebo para isso.

Tudo bem, ele não estava errado. Apesar de ter meus motivos, eu era uma prova viva disso. Pessoas matam. Seja qual for o motivo, dinheiro, amor, vingança, isso parece estar impregnado no DNA de algumas pessoas. Eu não queria ser uma delas, mas o meu passado, e agora o meu presente, me condenam.

— Então, o que está me dizendo? Que... que você é um assassino de aluguel? É isso? — Ele assentiu.

Comecei a pensar em tudo o que aconteceu nos últimos dias, em como ele me "comprou" e possuía tanto dinheiro, apesar de eu nunca de fato o ter visto trabalhando. Ele dizia que era no mercado de ações, mas qualquer um poderia dizer isso, não? Era uma boa fachada, eu não tinha como verificar! O que me levava a pensar que talvez ele de fato estivesse envolvido em coisas ilegais. Pensando melhor agora, mercado de ações o meu cu! Eu deveria ter percebido que isso era uma grande mentira! Ele era um mentiroso, um criminoso, e um assassino... uma má pessoa, assim como Jack. Assim como... não, não éramos nada parecidos!

— Se isso é mesmo verdade... então... então, o que me impede de apertar esse gatilho agora? Eu estaria matando um assassino, certo?

— Você não tem ideia de como sair desse prédio sem mim. Seria presa em um piscar de olhos, e quem sabe até condenada a uma cadeira elétrica! E esse seria o fim de Isabella Martins... Quer mesmo perder sua vida assim?

Ele tinha razão. Droga, ele tinha completa razão! Sem ele eu estaria perdida, e eu havia passado por coisas demais para simplesmente desistir de tudo agora. Ir presa estava fora de cogitação! Principalmente por culpa de alguém como o Brad. Eu precisava de ajuda, eu precisava da sua ajuda. Pelo menos até sairmos daqui.

— Você tem outro jeito?

Sua voz era quase melódica ao falar, hipnotizante, tanto, que eu nem percebi ele se aproximando até sentir o seu peitoral se chocar contra o cano da arma erguida entre nós.

— Você ter matado o Brad não estava nos planos, mas eu consigo nos tirar daqui em segurança. A escolha é sua. Você só precisa confiar em mim.

Olhei para ele, pensando no que fazer. O que o impedia de me matar no instante em que eu abaixasse a arma? Confiança? O nível de confiança que sentíamos um pelo outro era o mesmo: inexistente! Ele era um assassino e eu tinha uma arma apontada para ele. Carinho? Amizade? Fora de questão! Eu era um produto para ele. Alguém que ele havia comprado. E ele ainda fez questão de jogar isso na minha cara. Dinheiro? Talvez...

Talvez ele não quisesse jogar fora o dinheiro que gastou em mim, ou o que eu tinha roubado e perdido. Talvez... ele não quisesse mais um corpo para ter que se livrar essa noite? Talvez! Até onde sabíamos, um baile ainda estava acontecendo lá embaixo, e cada segundo que perdíamos era crucial. Eu não tinha muita escolha.

— Tudo b...

Em um movimento rápido, ele tirou a arma da minha mão, e segurou o meu pulso, me virando de costas para ele. Puxei o meu braço, tentando me soltar, mas isso só o fez apertar ainda mais o meu pulso e me puxar com força contra o seu corpo, colocando a arma em minha bochecha. Por um segundo, eu esqueci de como respirar. Tudo no que eu conseguia pensar, ou sentir, era naquele cano frio em minha pele. Eu poderia deixar de existir a qualquer momento.

— Essa foi a única e última vez que você me ameaçou, está me ouvindo?

Sua voz saiu baixa, rouca e ameaçadora. Eu conseguia sentir nela o quão irritado ele estava comigo, e isso fez com que o medo ressurgisse em meu peito, medo esse que eu havia enterrado dentro de mim, mas que agora abria a porta para uma avalanche de más memórias. Fechei os olhos, tentando me forçar a não pensar naquilo, mas a voz de Jack soou em minha mente tal qual um murro em meu estômago. "Se você contar para alguém, seu castigo vai ser mil vezes pior, está me ouvindo?" Tentei me soltar, me sentindo quase sufocada ali, mas isso só fez com que Harrison empurrasse ainda mais a arma contra a minha bochecha. — Entendeu?

Sim... — Respondi, quase sem voz.

Ele me soltou quase de imediato e eu me afastei dele, abraçando os meus próprios braços para tentar me recuperar. Lembrar do meu passado não era nada fácil, por isso eu tentava ao máximo o enterrar.

— Você escondeu o seu rosto das câmeras no começo do corredor?

Eu não tinha a menor ideia de onde ficavam as câmeras, e sequer pensei nisso ou fiz algum esforço para me esconder delas. Eu não sabia que ele pretendia matar alguém aqui em cima!

— Eu não sei...

— Perfeito. — Ele expirou alto, claramente irritado. — Eu falei que era para ficar lá embaixo!

— Você me deixou lá sozinha! — Deixei escapar, também irritada com ele.

Ficar sozinha lá embaixo foi terrível. A cada segundo que passava eu sentia como se as pessoas à minha volta estivesse cochichando sobre mim. Como se eu não pertencesse ao ambiente, não fosse digna de estar entre elas. Os olhares, os sussurros. Pode ser apenas paranoia da minha cabeça, mas a sensação em meu peito é real!

Ele apenas me ignorou e eu decidi fazer o mesmo, não queria me estressar e ficar mais nervosa do que já estava. Isso, até ele começar a limpar uma faca com a maior tranquilidade e depois ir mexer em alguns limões no bar como se tivéssemos todo o tempo do mundo em nossas mãos, aí foi quando eu não consegui mais ficar calada.

— O que está fazendo? Você disse que tinha um plano! Você disse que...

— Cala a boca, Isabella! — Esbravejou, me fazendo estremecer completamente. Eu quis gritar com ele, rebater, quis dizer que ele não tinha direito algum de gritar comigo depois de eu literalmente ter salvado sua vida! Mas, não consegui expressar qualquer reação. Apenas o encarei incrédula. —Procura um isqueiro!

Harrison começou a procurar pelo cômodo e eu parei para pensar. Olhei para as poltronas e havia um cinzeiro na mesinha de centro, mas nada de isqueiro por lá. Talvez... olhei para Brad. Ele tinha a maior cara de quem fumava. Era isso, ou essa era só a sua cara de morto mesmo. Fui até o seu corpo e foi tiro e queda! Ha! Expressão bem irônica dada as circunstâncias, mas quem se importa? Peguei o isqueiro que havia no bolso do seu smoking e me afastei.

— Achei um.

As cenas seguintes se passaram quase como flashes em minha mente. O lugar em chamas. Harry segurando a minha mão. E então, nós dois no banco de trás do seu carro. Eu olhava tudo ainda em choque e surpresa por termos conseguido mesmo sair de lá vivos e impunes. Porém, o nervosismo ainda me comia por dentro, assim como o medo de a polícia nos encontrar e nos prender a qualquer momento. Era um sentimento estranho, mas..., quase que eletrizante. Era a segunda vez que eu me sentia assim em toda a minha vida. Na primeira, eu pensei ser um sentimento ruim, que eu deveria evitar a qualquer custo, mas agora... eu não tinha tanta certeza disso. Não com o homem que eu deveria odiar me olhando dessa forma tão protetora à minha frente. Ele olharia assim para um produto?

Meus olhos se focaram nele enquanto ele falava algo com Zach que para mim era inaudível, tudo o que eu conseguia prestar atenção era em seu rosto começando a relaxar após momentos tão estressantes, e nas nossas mãos ainda juntas. Harrison pareceu se dar conta do nosso contato apenas quando olhou para baixo, e como se estivesse tocando em brasa, ele rapidamente desvinculou sua mão da minha. No mesmo momento em que perdi o seu toque, tudo pareceu voltar aos eixos e todos os sons voltaram com tudo à minha volta. Sirenes, gritaria. Meu Deus, eu queria desaparecer!

— ...senhorita Isabella? Parece um pouco pálida...

Ouvi Zach falar, mas não conseguia reunir forças o suficiente para desviar o olhar de Harrison para ele. E aparentemente, Harrison sofria da mesma exaustão, pois tampouco desviava os seus olhos de mim.

— Estou. — A palavra saiu como um suspiro.

— Para casa? — Zach voltou a falar.

— Não... vamos para a casa da minha família.

— Tudo bem.

Se me perguntassem quanto eram dois mais dois, eu provavelmente não conseguiria responder no momento. Tudo no que eu pensava era no homem ao meu lado, e em como agora parecíamos estar conectados por um sujo segredo. Algo bem maior que nós dois. Eu deveria me sentir mal. Enjoada. Eu deveria odiá-lo! Ele era um criminoso que matava pessoas por dinheiro, pelo amor de Deus! Isso deveria estar me incomodando, me corroendo..., mas não estava. Pelo menos não tanto quanto eu pensei que estaria. O que isso dizia sobre mim? Tudo o que eu sentia era uma sintonia entre nós. Como se finalmente estivéssemos conhecendo a verdadeira face um do outro. Os nossos "eu" verdadeiros... Eu devo estar enlouquecendo!

Ele foi o primeiro a sair da bolha, desviando o olhar para a janela enquanto balançava a cabeça levemente como se negasse algo. Parecia incomodado. Por esse e inúmeros outros motivos, decidi não me importar ou incomodá-lo com nada. Não queria ter que aguentar suas grosserias tão cedo novamente. Virei o meu rosto para o outro lado e fixei o meu olhar na janela, acompanhando as ruas da cidade.

Eu não sabia o que esperar quando chegássemos a casa da sua família. Eu imaginei que seria uma mansão enorme como a dele, ou até maior, e de certa forma ainda era, pois um apartamento de dois andares no Upper East Side não era nada pequeno, barato, ou, acessível. Era até estranho o quão ricos eles eram.

Apesar do cabelo grisalho, o pai de Harrison se assemelhava bastante a ele, principalmente pela atitude séria e intimidante que ele passava. Assim como uma certa elegância, apesar de ele estar de roupão. Contudo, a tensão que eu sentia emanando entre eles dois me dizia que havia algo a mais acontecendo. Harrison estava extremamente tenso e mil vezes mais mal humorado aqui do que lá no carro. E o uso dos seus nomes ao invés de "pai" e "filho", deixava claro que eles não tinham um bom relacionamento.

Deverell olhou para mim, ainda em silêncio atrás de seu filho, e foi como se ele pudesse ver dentro de mim. Como se conseguisse sentir e sugar parte da minha energia. O que dada as circunstâncias, e a hora, já não era muita coisa, eu estava exausta. Mas, se eu tivesse que explicar a sensação de ter sua alma sugada por um daqueles dementadores de Harry Potter, ser encarada por esse homem seria a minha primeira escolha.

— Fez alguma merda, não foi? Só assim para voltar tão cedo. — Uma mulher falou no topo das escadas assim que nos viu entrar. Então, desceu correndo e pulou nos braços de Harrison. Ela era loira, e extremamente bonita... será que era a tal da Sarah? — Você voltou! — Comemorou. — Estava com saudades!

— Eu também. — Harrison respondeu, seus ombros relaxaram um pouco e ele abraçou a mulher de volta.

Eles pareciam íntimos. Ela havia conseguido acalmá-lo, isso não me parecia ser nada fácil. Ele parecia outra pessoa, e não o cara desagradável que eu conhecia.

— Quem é essa? — Ela me encarou curiosa. Eu apenas sorri levemente, esperando ser apresentada. — Namorada?

— Não. Isabella é minha nova acompanhante.

Senti meu rosto todo esquentar de vergonha e eu quis estrangular ele. Custava dizer "assistente" ou "amiga"? O que eles pensariam de mim agora? Que eu era uma prostituta? Garota de programa? Estranhamente, eles aparentavam ter entendido perfeitamente o que Harrison quis dizer, pois apenas assentiram sem grande alarde.

— Você nunca trouxe uma acompanhante aqui em casa antes. — A loira claramente insinuou algo.

O que até foi um pouco reconfortante. Eu tinha sido a primeira e a única a conhecer a sua família, e não, apenas mais uma das várias acompanhantes que ele provavelmente teve antes.

— Deve estar precisando de algo. — Deverell fez pouco caso. — Vamos conversar no meu escritório.

Será que eles sabiam? Se sim, o que era isso? Uma família de criminosos? A porra de uma máfia?

— Isabella, essa é a minha irmã, Gwen, e Gwen, essa é a Isabella... Poderia levar ela até um dos quartos para que ela possa descansar e dormir um pouco?

— Claro. — Ela concordou sem impedimentos, e me lançando um olhar rápido e sem qualquer significado, Harrison se retirou da sala, indo se juntar ao pai no escritório. — Prazer em conhecê-la, Isabella. Vem, vou te apresentar a casa.

— Prazer em conhecê-la também, Gwen.

— Você é extremamente bonita! — Elogiou, me olhando de cima a baixo. — Depois me passa o contato de quem fez esse vestido!

— Obrigada... — Ela me esperou dizer mais nada.

— Vem comigo! — Entrelaçando o seu braço com meu de uma forma até um pouco invasiva para quem acabou de conhecer, ela me puxou e começou a me mostrar tudo.

O apartamento era enorme e extremamente luxuoso. Se eu já achava Harrison rico, isso aqui era coisa de outro mundo! Era possível alguém ser tão rico assim? O lugar era quase um labirinto de tão grande. Mal parecia um apartamento e sim uma obra de arte de tão esteticamente agradável. Desde as cores até a estrutura e os móveis luxuosos. Passamos pela sala da TV, e entramos em um corredor que era cheio de pinturas famosas nas paredes.

— Isso é um Pollock original? — Olhei impressionada para um dos quadros.

— Você entende de arte? — Me olhou impressionada.

— Não tanto quanto você deve entender, mas eu estudei um pouco e fiz algumas aulas de pintura quando era bem mais nova. — Expliquei, olhando para todos os quadros impressionada.

— Que interessante. E sim, é original, meu pai ganhou há alguns anos atrás.

— Isso foi um presente? Meu Deus, deve valer milhões! — Ela riu, como se eu tivesse contado uma piada ou o que eu comi no café da manhã.

— Provavelmente. Mas você se acostuma. Pra mim mesmo, é só um quadro cheio de riscos. — Deu de ombros. — Vem, vou te mostrar onde você vai ficar. — Entramos em um quarto e ela soltou o meu braço, indo até uma das portas no canto. — Aqui é o banheiro. E ali é um closet, mas não acho que tenha roupas femininas, então eu vou trazer algumas minhas para você se trocar, ok?

Eu assenti, vendo-a se retirar do quarto. Olhei em volta pelo quarto, era grande e bem organizado. Os móveis eram em tons marrons, e as paredes brancas e azuis. Notei uma prateleira em cima da cama com alguns troféus, mas era muito alta para eu alcançar, então, fui até a cômoda ao lado onde haviam alguns porta-retratos para ver a quem o quarto pertencia.

Harrison. Sorri. Ele era tão diferente nas fotos. Mais magro, jovem, e com o cabelo mais longo, deveria ter a minha idade nas fotos. No entanto, não parecia nenhum pouco feliz. Meu sorriso foi desaparecendo do rosto quando fui percebendo que na maioria das fotos, ele estava sério, ou com no máximo, um sorriso fraco no rosto. O problema com o seu pai não deveria ser algo novo.

Pai... Meus momentos mais felizes foram com o meu pai quando ainda estávamos todos juntos e felizes. Contudo, eu não gostava de pensar muito sobre isso agora, pois uma pergunta sempre aparecia em minha mente quando eu fazia isso. "Se ainda estivesse vivo, o que ele pensaria de mim agora?" Fernando Martins era um promotor respeitado no Brasil, aqui nos Estados Unidos ele não exercia sua profissão, mas era incrivelmente respeitado por todos onde morávamos. Uma pessoa realmente do bem. Enquanto que eu.... bem, com apenas dezoito anos já possuía três mortes em minhas mãos.

Deixei os porta-retratos onde estavam, e fui até a cama, me sentando. A maciez foi reconfortante, e eu tive que me deitar para sentir aquele conforto por todo o meu corpo. Eu sabia que estava cansada, mas ao deitar, um alívio percorreu pelo meu corpo e um peso foi retirado dos meus ombros. Eu precisava dormir urgentemente. Fechei os olhos, e quase que automaticamente comecei a chorar. Eu não queria, enxuguei as primeiras lágrimas em resistência, mas mais vieram logo em seguida. Pensar no meu pai não tinha sido a melhor das ideias, mas não era como se eu pudesse controlar meus pensamentos.

— Você está bem, Isabella? — A voz de Gwen me assustou, e eu me sentei rapidamente, vendo-a parada perto da porta com algumas roupas nas mãos.

— Estou, é só que... foi uma noite difícil.

— Você pode me contar o que aconteceu. — Ela veio até mim e se sentou ao meu lado, colocando as roupas na cama atrás de nós.

— Acho que não. Não sei se o seu irmão gostaria disso.

Eu não tinha certeza se ela sabia ou não, ela saber sobre as acompanhantes não significava muita coisa. E se eu contasse e ela não soubesse? Harrison me mataria. Literalmente! Gwen ficou me olhando em silêncio por alguns segundos, até finalmente falar.

— Eu sei o que ele faz. Se for sobre isso.

Olhei para ela. Não sabia o que pensar sobre isso. Será que era sobre esse trabalho que ele e o seu pai brigavam? Será que Deverell e ela eram contra isso? Eu não tinha como saber. Mas Gwen tinha um olhar complacente no rosto, um olhar que me garantia que não haveria qualquer julgamento da sua parte. Ela exuberava gentileza e benevolência, tanto que eu simplesmente quis abrir meus sentimentos para ela. Quis, pela primeira vez em muito tempo, ter alguém para me consolar.

— Não era para isso ter acontecido de novo. Eu não queria! Mas na hora... eu simplesmente atirei.

As lágrimas vieram com mais força e ela colocou a sua mão em meu ombro, assentindo.

— Está tudo bem. Não tem problema.

— Brad iria atirar nele, então eu tive que pensar rápido. Mas depois eu descobri os reais planos de Harrison, e agora, eu não sei o que pensar de tudo o que está acontecendo. Não sei se fiz a coisa certa, mas também não me sinto culpada caso tenha sido a coisa errada.

Ela me puxou para um abraço. Fazendo círculos reconfortantes com a sua mão em minhas costas.

— Você fez o certo. Não se preocupe. Meu irmão está vivo e bem por sua causa. Não tema, pois tudo irá se resolver. — Eu assenti. Aceitando suas palavras e deixando que o seu abraço me consolasse. — Tome um banho, vista um dos pijamas que eu trouxe e tente dormir um pouco, ok? Prometo que isso vai ajudar. — Ela se afastou para me olhar. — Amanhã é um novo dia.

— No caso, hoje. São umas quatro da manhã. — Comentei, fazendo-a sorrir.

— Durma bem, Isabella.

— Obrigada, Gwen.

Ela se levantou da cama e fechou a porta do quarto ao sair. Fiquei um tempo sentada, apenas para me recuperar um pouco, e então, fui para o banheiro. Em frente ao espelho, tirei o vestido de Kai, colocando-o em cima da pia com cuidado, e tomei um banho quente no chuveiro mesmo, já que não aguentaria esperar a banheira encher. Decidi lavar a minha calcinha e deixá-la pendurada dentro do box para que secasse e eu pudesse usar amanhã. Nora odiava quando eu fazia isso no orfanato, dizia que não era nada bom para a saúde, e de fato, eu parei de fazer, mas agora não tinha outra opção. Eu não iria vestir a calcinha da Gwen, era estranho demais!

Quando saí, vesti um dos pijamas que ela trouxe, que era constituído de uma blusa de alça preta e um short vermelho. O tecido era maravilhoso de tão macio e confortável, além de ter ficado bem folgadinho e confortável em mim. Fechei todas as janelas para impedir que o sol invadisse quando amanhecesse, apaguei a luz e me deitei na cama, caindo em um pesado sono em poucos minutos.

Não sei quanto tempo dormi, mas acordei ainda completamente cansada. Me sentei para procurar pela minha bolsa, onde estava o celular, ou qualquer outra coisa que eu pudesse ver as horas, quando notei uma figura sentada no final da cama. Após o susto inicial, forcei os olhos para enxergar no escuro do quarto, e reconheci o Harrison.

— Está tudo bem? — Perguntei preocupada. Ele estava tão quieto, era um pouco sinistro.

Não. — Respondeu baixinho.

Joguei o cobertor para o lado e escorreguei pela cama, indo me sentar mais perto dele. Ele estava sem o terno, vestia apenas a camisa social e a calça, enquanto retirava os seus sapatos sociais e os empurrava para debaixo da cama.

— O que aconteceu?

— Você não é quem diz ser, não é, Isabella?

Ele se virou para mim, revelando sua expressão cansada. Não deveria ter dormido ainda. Será que era por eu estar em seu quarto? Na sua cama? Esse lugar é tão grande e cheio de quartos, eu imaginei que ele apenas iria para outro.

— Você também não. — Dei de ombros.

Ele sorriu fraco e assentiu lentamente, concordando. Então, começou a desabotoar os primeiros botões da camisa.

— Quando Joana falou sobre você, eu pedi que o meu primo investigasse sua vida. Precisava saber quem eu estava comprando. — "Comprando" respirei fundo, tentando não iniciar uma briga sobre isso, ele não parecia estar no clima e nem eu. — Você tinha uma vida perfeita antes de ir parar naquele orfanato. Não tinha nada sobre você já ter matado alguém antes. A não ser...

Ele parou de falar, me encarando profundamente, e eu engoli em seco. Não. Isso não estava certo. Não havia como ele saber! Absolutamente ninguém sabia, e eu não havia contado para ninguém. Nem mesmo para as irmãs do orfanato. Isso só poderia ser um sonho. Ou melhor, um pesadelo! Eu provavelmente ainda estava dormindo, era isso!

— Você está cansado, Harry. Precisa dormir.

Levei a minha mão até o seu rosto e fiz um leve carinho, sentindo a sua barba por fazer furar levemente minha pele. Não houve qualquer reação da sua parte. Nem pelo toque, nem pelo apelido. O que significava que isso só poderia ser mesmo fruto da minha imaginação.

— Por que você os matou, Isabella? — Perguntou seriamente.

— Amanhã eu te digo. — Propus com um leve sorriso, afinal, não haveria amanhã. Isso era coisa da minha cabeça! — Agora vem, vamos dormir.

Voltei para onde eu estava deitada na cama, e ele se juntou a mim, se deitando ao meu lado. Estávamos deitados de lado, mas de frente um para o outro do mesmo jeito que ficamos no motel, só que agora, na mesma cama. E assim como antes, ele foi o primeiro a adormecer. Fiquei olhando cada detalhe do seu rosto, rezando para não os esquecer quando o sonho acabasse, e então, acabei dormindo também.

Quando acordei, eu estava virada para o outro lado e Harrison estava deitado atrás de mim. Sua respiração batia levemente em meu pescoço e o seu braço caía por cima da minha cintura, me abraçando junto de seu corpo. Sua pele era quente se comparada a minha, e me deixava aquecida. O sentimento de estar assim tão perto dele foi algo novo para mim, e apesar da sensação ser boa, foi passageira, pois se ele estava mesmo aqui comigo, isso significava que o que havia acontecido antes tinha mesmo sido real, e não, imaginação minha. De alguma forma, Harrison havia conseguido descobrir o meu maior e pior segredo. E agora, eu estava devendo a ele uma explicação sobre o meu passado.

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