(27) what would you say?
raven.na boyd !¡
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ACORDEI SENTINDO O PESO DO BRAÇO
de Vincent na minha barriga. Ele estava com o rosto na curva do meu pescoço, respirando entrecortado enquanto dormia. Ele parecia um bebê.
─ Oi. ─ ele diz, e eu me assusto. ─ Bom dia.
─ Bom dia. ─ respondo, baixinho. Riley está dormindo na cama dela, de costas para nós.
─ Que horas são?
Estico o braço para pegar o celular e olhar o display.
─ Onze e vinte. ─ respondo, colocando o aparelho de volta no lugar. ─ Compromisso?
─ Não, nenhum. ─ ele responde, circulando mais o braço na minha barriga e me puxando para ele. ─ E você?
Dou risada.
─ Desde quando eu tenho compromisso no sábado, Hacker? ─ ele balança a cabeça. ─ Terça-feira eu vou me encontrar com uma colunista da Elle, ela quer conversar sobre uma possível divulgação de imagem. ─ tento não soar muito animada, mas é impossível. ─ É surreal. Até algumas semanas eu não tinha nenhuma visão do meu futuro, e hoje eu recebo convites para aparecer em revistas, propagandas e banners.
Ele levanta a cabeça apenas para me dar um beijinho na mandíbula.
─ Eu sabia que você conseguiria. Você é tipo a Marilyn Monroe, só que ruiva. E escocesa.
Dou risada.
Alguns segundos depois, ele suspira e se levanta.
─ Tô morrendo de fome. Quer tomar café? ─ faço que sim, e me levanto atrás dele.
─ Só vou dar uma passadinha no banheiro primeiro, e depois...
─ Não precisa. A gente vai pro meu apartamento e pede alguma coisa pra comer no caminho. Lá você usa o banheiro.
Reviro os olhos, mas não contestei.
Pedi uma porção de batata-frita com cheddar pra mim, e uma de bacon pra ele, além de um refrigerante de um litro.
Só consegui usar o banheiro meia hora depois que acordei, na casa dele. Tive que abrir uma escova de dentes nova no sábado passado, então não precisei trazer a minha do dormitório.
Apesar das duas conversas que tive ontem, com Riley e Isla, eu não fazia ideia de como contar – ou, pelo menos, insinuar – para Vincent sobre os meus... sentimentos?
Outra palavra que eu odeio.
Mas minha irmã está certa. A dúvida vai me comer aos poucos, e, até o momento, não tem sido uma experiência muito boa.
Como eu vou trazer o assunto à tona? Eu não posso, simplesmente, chegar nele e dizer 'então, eu andei pensando ultimamente, e eu acho que talvez eu goste de você um pouquinho além desse lance de amizade'.
Cacete, que coisa difícil!
─ Tô começando a me preocupar, ruivinha! Você ainda tá aí ou escapou pela janela? ─ ouço a voz de Vinnie vinda da sala de estar, e detecto o seu bom humor.
Talvez seja uma vantagem.
Quando apareço na sala, vejo que nosso café da manhã – nada saudável – já chegou. As duas porções e o refrigerante estão sobre a mesinha de centro, e Vincent está apertando repetidamente no controle remoto.
─ Nunca consigo encontrar nada interessante na Netflix. ─ ele resmunga. ─ Você quer assistir alguma coisa?
─ Eu ainda não vi aquele filme novo, de Natal, que acabou de sair. ─ falo, me sentando no sofá.
─ Você não é a garota dos filmes de terror? ─ ele zomba.
─ Sou, mas até a garota dos filmes de terror tem seus dias de romance. ─ empurro ele com o ombro antes de me esticar e pegar a cestinha com as minhas batatas.
Vinnie faz o mesmo, assim que põe o filme pra rodar. Ele reclama exatas cinco vezes nos primeiros quinze minutos de filme, mas depois as coisas começam a fazer sentido, e ele se cala, concentrado.
Perdi o interesse no filme há um tempo, e não consigo passar mais de um minuto sem desviar os olhos da TV para olhar pra ele.
─ Até que é interessante. ─ ele comenta, e viro a cabeça para frente com rapidez. ─ Eu entendo o cara.
Pelo que eu entendi, o casal principal começou exatamente como nós dois.
Ok, não exatamente – não teve nada de transa em um banheiro público, nem a surpresa de trabalhar juntos. Eles começaram como amigos, é o que eu quero dizer. E depois evoluíram para amigos coloridos. E, depois, isso se tornou algo a mais, e o foco da história nesse momento é em como o cara vai contar para a garota.
Espera aí... Vincent acabou de dizer que entende ele.
─ Como assim? ─ pergunto, um pouco tardiamente, mas ele não me responde. Vinnie apenas sorri de canto e continua assistindo.
Isso me atormentou até o final do maldito filme. O desfecho foi: o cara contou, a garota surtou, eles se resolveram uma semana depois, no Natal, as famílias de ambos fizeram festa e, meses depois, eles adotaram um cachorro e foram morar juntos. É o pior filme de Natal que eu já vi em toda a minha vida.
Sério, o pior mesmo. Praticamente não teve história, nem emoção, e nem um plot twist, que normalmente tem. Mas Vinnie parece ter gostado.
─ Deveríamos ter pulado para um filme de terror. ─ reclamo, virando a cabeça para olhá-lo.
Em certo momento, quando já tínhamos acabado de comer, Vinnie ligou o ar condicionado no frio, pegou uma coberta, fechou as persianas e me puxou para deitar com ele no sofá. Ele ficou entre eu e o estofado, enquanto eu estou com as costas em seu peito, me espremendo para não ficar muito na ponta.
─ Noventa minutos jogados fora.
─ Não fala assim! Eu gostei. ─ ele diz, e eu ergo as sobrancelhas. ─ Foi ruim? Horrível. Mas porque retratou uma situação real, que várias pessoas passam ou passaram. A realidade deixou o filme chato, porque já estamos acostumados com ficção fora de alcance. Quer ver? Qual é o seu filme favorito?
Não tenho um fixo no pódio, então escolho o que me vem na mente.
─ Jogos Mortais.
─ Você gosta de Jogos Mortais porque sabe que não vai acordar, em um belo dia, presa em um banheiro, com o tornozelo acorrentado e correndo contra o tempo pra salvar a própria vida. E isso deixa tudo mais emocionante, porque você se coloca naquela situação, e é reconfortante saber que é inalcançável. ─ fico espantada com o quanto isso faz sentido. ─ Enquanto o filme que acabamos de ver retrata a vida de dois adultos, completamente normais, que se apaixonam um pelo outro e não fazem a mínima ideia de como contar ou lidar com isso. Se colocar no lugar deles pode ser chato e entediante, e isso deixa o filme desagradável. Mas não porque é ruim, mas porque é real.
Sorrio para ele.
─ Uau.
─ Profundo, né?
─ Pra cacete. Mas fez total sentido pra mim. ─ falo. Então coço a garganta, sem olhar para ele quando eu pergunto: ─ Você disse que entende o cara?
Vincent não me responde de imediato. Quando resolvo olhar para ele mais uma vez, o encontro já me encarando.
─ Vamos jogar um jogo. ─ franzo a testa. ─ O nome é o que você diria?
─ Como funciona?
─ É simples. Um exemplo: o que você diria se visse o Jigsaw agora? ─ dou risada. ─ Entendeu?
─ Acho que sim. Vai lá, você começa.
─ O que você diria se encontrasse o seu ex-namorado.
Sorrio.
─ Eu não tenho um ex-namorado. Minha vez. ─ penso um pouco, mas não consigo formular nada bom, então só repito. ─ O que você diria se encontrasse a sua ex-namorada?
─ Nada. Cortamos contato um minuto depois de terminar, e eu não tenho planos de mudar isso. ─ ele dá de ombros. Sinto que a real pergunta que ele quer me fazer está vindo, porque ele está calado por mais tempo. ─ O que você diria... se eu te dissesse que eu não aguento mais ser só o seu amigo?
Meu coração erra as batidas.
Não respondo ele. A brincadeira acabou agora. Me sento no sofá, encarando o seu rosto.
Decido finalizar.
─ O que você diria se eu te dissesse que eu sinto a mesma coisa?
É a vez dele se levantar.
─ Você tá falando sério?
─ Totalmente. ─ respondo. ─ Pensei nisso a tarde toda ontem. Conversei com Riley, e até com a minha irmã, Isla, sobre isso. As duas me aconselharam a contar e descobrir se estamos na mesma página.
Ele está sorrindo agora. Bem largo.
─ E o que você acha que devemos fazer? ─ ele questiona.
─ O que você sugere?
─ O que você quiser eu tô dentro, ruivinha. Desde que isso signifique que estamos juntos. ─ me surpreendo com a sua honestidade.
─ Então estamos juntos.
─ Juntos tipo namorada e namorado ou juntos tipo a gente fode às vezes?
Dou de ombros.
─ Juntos. É a minha primeira vez nesse lance de namoro, então eu não quero acabar me apressando, ok? ─ ele assente. ─ Estamos em caráter experimental. Se der certo...
─ E vai dar.
─ ... vamos ser promovidos a namorada e namorado. De acordo?
─ Isso significa que você ainda vai ficar na minha casa, fazer aquele doce de chocolate e coco e transar pra cacete sempre que der?
Dou risada. Alto. E faço que sim com a cabeça.
─ Então, sim, completamente de acordo.
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27. . .cute cute mamain
vão ler minha fic nova!! é beeem mafia style, o nome é bloody red :)
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