❦Chapter Two - Where I decide to support Dory's project
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Capítulo Dois: ONDE EU DECIDO APOIAR O PROJETO DE DORY
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Primrose Stuart
Atualmente
ENTRO NA ALA DA QUINTA COORTE onde ficava meu dormitório e vejo um garoto loiro brincando com uma bola de basquete, fazendo movimentos e simplesmente se exibindo para o nada, já que o local estava vazio.
— Filhos do deus do sol, porque sempre tão necessitados de atenção?
Logan Fall me encarou irônico, jogando a bola de basquete num passe perfeito na cestinha que havia pendurada na parede do outro lado do local.
— Digno de uma cesta de três pontos, não acha? — ele riu, passando as mãos pelos cabelos loiros antes de se jogar na minha cama — soube que chegou um semideus novo, filho de Netuno e que, saca só, a minha melhor amiga ai quase socou a cara de Juno.
Reviro os olhos e tiro meus saltos, jogando no chão e me jogando ao lado dele na pequena cama de solteiro do beliche.
— Oito meses, três dias e dezessete horas que eles desapareceram — sussurro cansada — e ela não foi capaz de me dar uma resposta decente, apenas me mandar proteger um filho de Netuno idiota que não lembra de nada!
Logan suspira, me encarando com atenção.
— Prim...
Me nego a encarar seus olhos azuis que eram tão diferentes de Jason e foco meu olhar no teto do beliche, onde eu havia pendurado uns adesivos brilhantes em formato do sol e algumas estrelas.
— Não ouse dizer aquilo novamente.
Ele passou a mão pelo meu pulso, desenhando círculos imaginários numa tentativa falha de me distrair.
— Você precisa considerar essa opção — pediu num sussurro — talvez eles não estejam falando nada por Jason estar... Morto. Acontece, semideuses morrem a todo o momento.
— Eu saberia se ele estivesse morto, ou Beatrice.
O garoto suspirou novamente, frustrado.
— Você pode ter poderes de uma filha de Plutão, mas não é, então você não saberia se eles estivessem mortos — retrucou — só... Lembra que eu estou aqui, ok?
Enfim encaro Logan, vendo ele me olhar com atenção enquanto continua acariciando meu pulso, tento me convencer de que ele só estava falando isso porque ele e Jason não se davam bem, nunca se deram bem, na verdade.
Se Logan e eu havíamos nos dado bem de cara, Jason e ele haviam se odiado de cara, Beatrice resmungou algo sobre ser óbvio que era ciúmes, mas acho que isso era totalmente ridículo, francamente. As coisas haviam piorado potencialmente depois do meu namorado ter desaparecido, quando Logan começou a dizer coisas como "E você realmente achou que podia confiar num filho de Júpiter?".
— Nunca mais fale isso de novo — digo séria — Jason não está morto, ele não pode estar morto, ou Beatrice.
— Desculpa, Prim.
Concordo lentamente e afasto meu pulso de sua mão quentinha, focando novamente no teto.
— Vou encontrar Jason e Trice, então vamos fugir dessa loucura dos deuses — sussurro sentindo um nó na minha garganta — nunca mais vamos arriscar nossas vidas por causa deles.
— As coisas não funcionam assim — Logan retrucou — Você me deixaria? Deixaria Hazel? Frank?
Não o respondo, pois nem eu sabia a resposta para aquelas perguntas... Mas sabia que faria qualquer coisa por Beatrice e Jason.
— Acho que temos que nos arrumar para os jogos de guerra, eu definitivamente preciso de um banho quentinho antes de mostrar quem manda aqui.
Logan gargalhou e levantou da cama, me puxando junto com ele.
— Definitivamente, me recuso a deixar outra corte ganhar — concordou rapidamente — Só, sério, não coloque aqueles saltos, você ainda vai acabar quebrando o tornozelo.
Lhe lanço um olhar fuzilante, fazendo o sorriso sarcástico voltar ao seu rosto.
— Eu luto melhor de saltos, pensei que já soubesse disso, loirinho — retruco — não aceito nada com menos de quinze centímetros.
Logan respirou fundo, desviando o olhar como se pedisse aos deuses por um pouquinho de paciência, o que eu achei engraçado, mas logo meu sorriso sumiu quando lembrei da conversa com Beatrice.
"Talvez ele goste de você".
— Nos vemos nos jogos? — pergunto mudando de assunto rapidamente.
Ele concordou e beijou minha testa.
— Até daqui a pouco, Prim.
Foco em procurar minhas roupas, aproveito e escolho botas de salto limpinhas, pretas de couro e que iam até meus joelhos, um presente de papai no último natal, ele as mandou fazer especialmente para que fossem mais resistentes e eu pudesse usar enquanto lutava e o melhor: havia lâminas escondidas dentro dos saltos.
Sempre pensando em tudo, não é papai?
Vou para a área dos banhos junto com minha bolsinha especial e tomo um delicioso banho quente antes de voltar para o quarto, ajeitando minhas calças jeans escuras e a camiseta roxa do acampamento, coloquei a armadura por cima e peguei meu elmo de centurião, por último peguei a caixa onde havia todas as medalhas e comecei as colocar organizadamente em meu peito, suspiro frustrada pensando que isso era muito mais divertido quando Beatrice e Jason estavam aqui.
Logan polia seu arco pelo o que eu achava ser a décima vez no dia, Dakota colocava sua roupa preguiçosamente enquanto reclamava sobre suco de uva.
— Dakota, você deveria dar o exemplo e ao menos fingir que gosta dos jogos de guerra — reclamo terminando de prender a última medalha — para os mais novos.
Ele revira os olhos e me encara com tédio, enquanto colocava uma espada nas costas.
— Para quê? Todos acham que a Quinta Coorte é uma piada de qualquer jeito — resmungou — Do que adianta eu fingir que estou animado para ser totalmente humilhado?
Logan suspirou.
— Dakota, o rei dos discursos motivacionais.
— Você nem ao menos tenta — resmungo.
Dakota arqueou as sobrancelhas, bufando baixinho.
— Não fui eu que passei os últimos meses depressiva porque o namorado e a amiguinha desapareceram.
Tiro meus anéis e rapidamente girei as adagas em que eles se transformaram, jogando uma diretamente em Dakota e o prendendo pelo seu manto a parede atrás dele, ele me encara com os olhos arregalados enquanto eu sorrio, ironicamente.
— Acho que você se esquece com quem está falando — retruco me aproximando e parando em sua frente, levanto a cabeça, o encarando nos olhos — parece que você se esqueceu completamente de todas as vezes que Jason, Beatrice e eu salvamos essa sua bunda mole, evitando que você morresse, seu idiota.
Tiro minha adaga que estava lhe prendendo na parede e ouço Logan soltando a respiração.
— Começamos com um ótimo espírito — meu melhor amigo murmurou.
Dakota rapidamente termina de se arrumar e sai, Logan me encara cuidadosamente enquanto eu tiro o baú cheio de armas que havia debaixo da minha cama e começo a pegar as adagas e as esconder pela minha armadura.
— Você é o pior tipo de adversário — ele brincou, tentando aliviar o clima — o que sempre tem mais alguma arma escondida.
Peguei o elmo de centurião e suspiro, cansada.
— Você acha que eu tenho sido ridícula desde que Jason e Trice desapareceram?
Logan se aproximou, colocando a mão em meu ombro e dando um de seus sorrisos extremamente brilhantes.
— Eu acho que ninguém pode julgar você — respondeu cuidadosamente — ninguém teve seu namorado sequestrado ou sei lá o que junto com a melhor amiga no meio da noite, e francamente, autopiedade não combina você.
Concordo cansada e coloco o elmo, ele pega sua aljava e juntos saímos do dormitório, caminhando até onde as cortes se organizavam em filas, a nossa era a última.
Passo os olhos pela fila e fico confusa ao não encontrar Hazel, droga, ela sabia que era péssimo se atrasar. Parei em frente à fila junto de Dakota e Logan, enquanto o garoto viciado em tang uva começou a ler os nomes na lista que carregava, para a chamada.
Quando ele já havia passado da metade da lista, vejo Hazel correndo pelas ruas junto de Nico di Ângelo, outro filho de Plutão que a maioria da legião não era extremamente fã, contive uma risada ao ver as caras desanimadas de todos ao verem o garoto magrelo e extremamente pálido, mamãe havia praticamente me obrigado a me dar bem com o garoto, mas acabou surgindo uma amizade verdadeira entre a gente, mesmo Nico não sendo exatamente alguém sociável... Ainda mais que ele era o irmãozinho mais novo de Beatrice.
Mordi o lábio inferior, será que Nico tinha notícias dela?
Hazel passou correndo por Reyna, que estava indo pra frente e pra trás no pégaso Scipio — apelidado de Skippy. Os cães de metal, Aurum e Argentum, trotavam ao seu lado.
Sua capa roxa de comandante ondeava atrás dela.
— Hazel Levesque — ela chamou. — Estou feliz que tenha podido se juntar a nós.
A garota não respondeu, o que achei inteligente e se juntou a Frank na fila, faço uma careta ao perceber que havia esquecido a maioria de seus equipamentos, Logan suspirou ao meu lado.
— Porque você defende tanto essa garota? — resmungou.
O ignoro, Dakota chama o nome de Hazel, que para a sorte dela, era o último da lista.
— Presente! — ela gritou.
Nico se juntou a Percy Jackson, que estava fora da linha com um bando de guardas. O cabelo de Percy estava molhado por causa da casa de banho.
Ele colocou roupas limpas, mas ainda parecia desconfortável.
Os Lares foram os últimos a tomar posição. Suas formas roxas bruxuleavam enquanto brigavam por lugares. Eles tinham o hábito irritante de ficar metade dentro, metade fora de pessoas vivas, fazendo com que as pessoas parecessem uma fotografia borrada, mas, finalmente, conseguimos aquietá-los.
— Cores! — Octavian gritou.
Os porta-estandartes deram um passo à frente. Eles vestiam capas de pele de leão e seguravam mastros decorados com os emblemas de cada Corte. O último a apresentar seu estandarte foi Jacob, o portador da legião da águia. Ele segurava um longo mastro com absolutamente nada no topo. O trabalho deveria ser uma grande honra, mas Jacob obviamente o odiava.
Embora Reyna insistisse em seguir a tradição, toda vez que o mastro sem águia era erguido, eu podia sentir a vergonha encrespando-se na legião.
Reyna fez o pégaso descansar.
— Romanos! — ela anunciou. — Vocês provavelmente ouviram sobre a incursão hoje. Duas górgonas foram levadas pelo rio por causa deste recém-chegado, Percy Jackson. Juno o guiou até aqui, e o proclamou como filho de Netuno.
As crianças nas filas de trás estenderam o pescoço para ver Percy.
— Ele procura se juntar à legião — Reyna continuou. — O que os augúrios dizem?
Encaro Logan ao meu lado que nem conseguia disfarçar a careta em seu rosto.
— Como você pode ser parente desse cara?— pergunto num sussurro — tem certeza que ele é descendente de Apollo? Aposto um denário que se confundiram.
Logan soltou um suspiro pesado.
— Toda a vez que alguém me lembra que somos parentes, eu sinto como se estivessem tentando me ofender educadamente — respondeu baixinho, desanimado — deuses, alguém mata essa cara, por favor.
Encaro o assassino de bichinho de pelúcia.
— Eu li as entranhas! — Octavian anunciou, como se tivesse matado um leão com as próprias mãos ao invés de rasgar uma pelúcia. — Os augúrios são favoráveis. Ele está qualificado para servir!
Os campistas deram um grito: Ave! Salve!
Frank estava um pouco atrasado com seu ' ave', então seu grito pareceu um eco muito alto. Os outros legionários deram risadinhas.
Dou um suspiro pesado.
Reyna acenou para os comandantes seniores para que dessem um passo a frente — um de cada Corte. Octavian, como um dos centuriões mais velho, se virou para Percy.
— Recruta — ele perguntou, — você tem credenciais? Cartas ou alguma referência?
Uma boa carta podia te dar um lugar nas melhores Coortes, às vezes, até trabalhos especiais como mensageiro da legião, o que o isentaria de trabalhos duros como cavar trincheiras ou conjugar verbos latinos.
Felizmente mamãe me mandou uma quando cheguei.
Percy trocou de pé.
— Cartas? Hum, não.
Octavian torceu o nariz.
Infelizmente a família do assassino de ursinhos de pelúcia envia crianças para o acampamento por mais de um século. Ele adorava lembrar aos recrutas que eles eram menos importantes que ele.
— Sem cartas — Octavian disse pesarosamente. — Algum legionário irá apoiá-lo?
— Eu irei! — Frank deu um passo à frente. — Ele salvou minha vida!
Logo houve gritos de protesto das outras Coortes. Reyna ergueu a mão por silêncio e encarou Frank;
— Frank Zhang — ela disse, — pela segunda vez, só hoje, lhe lembro de que você está em probatio. Seu parente divino ainda nem lhe reclamou. Você não está qualificado a apoiar outro campista até que tenha recebido sua primeira faixa.
Hazel abriu a boca, mas fiz um gesto discreto para que ela ficasse em silêncio.
— Eu, Primrose Stuart, apoio o novato — digo chamando a atenção da pretora, que parece desanimada com isso.
Alguns campistas ficam surpresos, Octavian me encara com tédio.
— Muito bem — Reyna anunciou. — Primrose Stuart, você pode apoiar o recruta. Sua Coorte o aceita?
As outras Coortes começaram a tossir, tentando não rir. Era óbvio o que eles estavam pensando: Outro perdedor para a Quinta.
Será que Reyna ficaria brava se eu delicadamente os lembrasse que eu salvei a bunda de todos esses inúteis na última guerra? Alguns pareceram se lembrar desse detalhe, pois me encararam e imediatamente ficaram em silêncio.
Frank bateu seu escudo no chão. A Quinta Coorte o seguiu, embora não parecessem muito animados. Como centuriões, Dakota e eu, nos entreolhamos ele me encarou aflito como se perguntasse: "Você tem certeza dessa idiotice?". Concordo e ele suspira pesadamente.
— Minha Coorte falou — Dakota disse. — Nós aceitamos o recruta.
Reyna olhou para Percy com uma raiva disfarçada.
— Parabéns, Percy Jackson. Você está agora em probatio. Você receberá uma placa com seu nome e sua Coorte. Em tempo de um ano, ou até que complete um ato valoroso, você se tornará um membro integral da Duodécima Legião Fulminata. Sirva a Roma, obedeça às regras da legião e defenda o acampamento com honra. Senatus Populusque Romanus!
O resto da legião ecoou o viva.
Reyna guiou o pégaso para longe de Percy , como se estivesse aliviada por ter terminado com ele. Skippy expandiu suas belas asas.
— Centuriões — Reyna disse, — vocês e suas tropas têm uma hora para jantar. Depois nos encontraremos no Campo de Marte. A Primeira e Segunda Coorte irão defender. A Terceira, a Quarta e a Quinta irão atacar. Boa sorte!
Todos gritaram vivas — pelos jogos de guerra e pelo jantar. As Coortes saíram da fila e correram para o refeitório.
Procuro Percy e o encontro caminhava pela multidão com Nico ao seu lado, me aproximo dos dois e paro ao lado do filho de Plutão, que sorri discretamente para mim, Hazel também se junta ao nosso pequeno grupo.
— Interessante a sua escolha — Nico comentou.
Um dos guardas deu a Percy sua placa de probatio, que Percy enfiou em seu colar de couro com as pérolas estranhas.
— Valeu, Primrose — ele disse — Hum, o que exatamente significa... você ter me apoiado?
— Eu garanto o seu bom comportamento — explico devagar — Eu te ensino as regras, respondo suas perguntas, me certifico de que você não envergonhe a legião.
Nico me lançou um olhar que me dizia que eu teria trabalho.
— E... se eu fizer alguma coisa errada?
Passo os braços por seus ombros, dando meu melhor sorriso animado.
— Eu lhe mataria antes que conseguisse fazer — sussurro tranquilamente e ele me encara como se não soubesse se duvidava ou não daquilo — com fome? A comida daqui é maravilhosa, meu caro projeto de Dory.
— Dory?
Frank Zhang riu baixinho, me fazendo notar sua presença enquanto Percy e Hazel me encaravam confusos.
— Continue a nadar, continue a nadar — cantarolei os ignorando — Continue a nadar...
Os três continuam a andar, mas seguro o pulso de Nico, o fazendo ficar um pouco mais para trás comigo.
— Oi.
Ele sorriu verdadeiramente para mim.
— Oi, Prim.
— Você... Tem alguma noticia dela? — sussurro nervosa.
Nico parou de andar, me olhando com pesar.
— Eu...
Ele parecia estranhamente dividido, o encarei ansiosamente, uma pequena faísca de esperança nascendo dentro de mim, mas então ele suspirou.
— Desculpe, Prim — murmurou desviando o olhar — mas tenho certeza que ela está viva, não senti sua morte.
Sinto meus olhos lacrimejarem.
— Tudo bem.
Para minha total surpresa, Nico di Ângelo me abraçou apertado, o que eu prontamente retribui.
PELO MENOS A COMIDA DO ACAMPAMENTO ERA BOA.
Espíritos do vento invisíveis — aurae — serviram os campistas e pareciam saber exatamente o que cada um queria. Eles sopraram pratos e copos na mesa tão rapidamente que o refeitório parecia um furacão delicioso. Se você se levantasse muito rápido, provavelmente seria acertado por feijões ou carne assada.
Eu havia pedido uma lasanha de frango que se eu fechasse os olhos, conseguia imaginar que era idêntica a que papai fazia quando jantávamos juntos, ele iria rir e dizer que o tempero especial era secreto, se eu insistisse mais um pouquinho, ele iria acabar revelando o que era: amor. Depois de revirar os olhos, iria sorrir que nem boba, meu coração apertou.
Estava com saudades.
Não havia sido fácil sair do acampamento para visitar papai desde que Jason e Beatrice sumiram, Reyna parecia que havia jogado toda a responsabilidade dele em mim e a informação de uma guerra que parecia aproximar definitivamente não ajudava. Havia visto papai apenas duas vezes naqueles oito meses, lembro que ele parecia mais magro do que o normal e derrepente eu empurrei a lasanha para longe, sentindo meu estômago dar uma reviravolta gigante, quando papai me mandou pela primeira vez para a Casa dos Lobos, descobri quando o vi, um ano depois, que ele estava com Câncer.
Liam Stuart havia conseguido se curar depois de um longo tratamento doloroso, a imagem de quando eu o visitei em uma das sessões de quimioterapia era vivida em minha mente e me assombrava em meus piores dias.
Todos os dias antes de dormir, eu rezava silenciosamente para Prosérpina, implorando que o Câncer nunca voltasse e papai nunca tivesse que passar por aquilo de novo, nos últimos meses, inclui que achasse Jason logo durante minhas sessões de pedidos.
O refeitório parecia particularmente barulhento naquela noite. Risos ecoavam nas paredes. Bandeiras de guerra sussurravam das vigas de cedro do teto enquanto as aurae sopravam, mantendo os pratos de todo mundo cheios. Os campistas comeram no estilo de Roma, sentados em divãs ao redor de mesas baixas. As crianças a toda hora se levantavam e trocavam de lugar, espalhando rumores sobre quem gostava de quem e todas as outras fofocas.
Como sempre, a Quinta Coorte sentava no lugar de menos honra.
Suas mesas eram no final do refeitório, próximo à cozinha. A minha mesa normalmente era a primeira, onde eu sentava junto de Logan, Dakota e Gwen, rindo e bebendo junto de alguns campistas mais velhos.
Meu melhor amigo suspirou, comendo animadamente sua pizza.
— Então você decidiu apoiar o novato?
Dou de ombros, brincando desanimadamente com a minha lasanha que infelizmente, já começava a ficar um tanto fria.
— É.
Gwen fez uma careta, sem nem ao menos tentar disfarçar.
— E acha que isso foi uma boa ideia? — perguntou temerosa — tipo, a gente já é ridicularizados e...
— Pelo Olimpo, você é pior que o Dakota.
Ela se encolheu e Logan me cutucou com o cotovelo, lançando um olhar de aviso.
— Você está sendo uma vadia má de novo.
Antes que eu responda, meu olhar acaba focando na última mesa, onde Percy está junto de Hazel e Frank.
Vejo Nico sair puxando Dakota — que havia preferido se sentar lá — e levanto, deixando minha lasanha totalmente esquecida enquanto me aproximo do grupo e deslizo ao lado de Percy, que me encara curioso.
— Sobre o que falam?
— Eu iria perguntar —Percy disse, — por que é ruim ficar na Quinta Coorte? Vocês são legais.
Hazel corou pelo elogio.
— É... complicado. Além de ser filha de Plutão, eu quero cavalgar.
— Então é por isso que você usa a espada de cavalaria?
Ela balançou a cabeça.
— É idiotice, eu acho. Pensamento sonhador.
— São eles quem perdem — Percy disse. — E você, Frank?
— Arco e flecha — ele murmurou. — Eles não gostam disso também, a não ser que você seja filho de Apolo. Então você tem uma desculpa. Espero que meu pai seja Apolo, mas não sei. Não sei fazer poesia muito bem. E não tenho certeza se quero ser parente de Octavian.
Pensei em Logan, na cara que ele fazia toda a vez que alguém o lembrava daquele parentesco.
— Não posso te culpar — disse Percy. — Mas você é muito bom com o arco — o jeito em que você acertou aquelas górgonas. Esqueça o que os outros falam. Primrose?
— Sou filha de Proserpina, ela normalmente não tem filhos semideuses — explico dando de ombros — eles olham para mim como se eu fosse uma filha de Plutão, entendo Hazel... Praticamente cresci aqui, cheguei muito nova, fiz todos aprenderem a me respeitar.
Percy sorriu.
— Você parece forte, o tipo de garota com quem eu não iria querer arrumar uma briga.
O elogio me fez sorrir.
— Você perguntou sobre a Quinta — Hazel disse finalmente. — Porque é a pior Coorte. Isso começou antes mesmo de nós chegarmos.
Ela apontou para a parede do fundo, onde os estandartes da legião estavam à mostra.
— Vê o mastro vazio no meio?
— A águia — disse Percy.
Hazel estava atordoada.
— Como você sabe?
Percy encolheu os ombros.
— Vitellius estava falando sobre como a legião perdeu sua águia há muito tempo atrás — na primeira vez, ele disse. Ele agiu como se fosse a maior desgraça. Suponho que é isso que está faltando. E o jeito que você e Reyna estavam falando mais cedo, suponho que a águia foi perdida pela segunda vez, mais recentemente, e que tem alguma coisa a ver com a Quinta Coorte.
Fico surpresa ao notar que Percy realmente prestava atenção às coisas que aconteciam à sua volta.
— Certo — ela disse. — Foi exatamente isso que aconteceu.
— Mas o que é a águia, afinal? Por que é tão importante?
Frank olhou ao redor para ter certeza que ninguém estava espiando.
— É o símbolo do acampamento — uma grande águia de ouro. Supostamente é para nos proteger na batalha e amedrontar nossos inimigos. A águia de cada legião dá todos os tipos de poderes, e os nossos vêm do próprio Júpiter. Dizem que Júlio César apelidou nossa legião de "Fulminata" — armada com raios — por causa do que a águia pode fazer.
— Eu não gosto de raios — disse Percy.
Penso em Jason e Beatrice, suspirando.
— Também não gosto — admito — nem de mar ou lugares muito altos. É, bem, a águia não nos deixa invencíveis. A Duodécima perdeu sua águia pela primeira vez nos dias antigos, durante a Rebelião Judia.
— Acho que vi um filme assim — disse Percy.
Hazel encolheu os ombros.
— Poderia ser. Existem vários livros e filmes sobre legiões que perdem sua águia. Infelizmente isso aconteceu algumas vezes. A águia era tão importante... bem, arqueólogos nunca descobriram uma águia da Roma Antiga. Cada legião guardava a sua para o último homem, porque é carregada de poder dos deuses. Eles preferem escondê-la ou derretê-la do que entregar a um inimigo. A Duodécima teve sorte da primeira vez. Nós conseguimos a águia de volta. Mas da segunda vez...
— Vocês estavam lá? —Percy perguntou.
Rapidamente negamos.
— Eu sou quase tão novo quanto você — Frank tocou em sua placa de probatio. — Só cheguei no mês passado. Mas todo mundo já ouviu a história. Dá azar até mesmo falar sobre isso. Houve essa expedição enorme para o Alasca na década de oitenta...
Giro a aliança em meu dedo.
— Jason e eu quando éramos crianças ficavámos planejando recuperar a águia, parece algo bobo agora — murmuro.
Frank me olhou solidário.
— Aquela profecia que você reparou no templo — Hazel continuou, — aquela sobre os oito semideuses e as Portas da Morte... Nosso pretor sênior naquele tempo era Michael Varus, da Quinta Coorte. Naquela época a Quinta Coorte era a melhor do acampamento. Ele achou que traria glória à legião se ele descobrisse a profecia e a fizesse acontecer — salvar o mundo da tempestade e do fogo e tudo aquilo. Ele falou com o Áugure, e o Áugure disse que a resposta estava no Alasca. Mas ele avisou a Michael que ainda não tinha chegado o tempo. A profecia não era para ele.
— Mas ele foi de qualquer forma — Percy adivinhou. — O que aconteceu?
Eu abaixei a voz, ele prestou atenção em mim.
— História longa e repulsiva. Quase todo mundo da Quinta Coorte foi varrido do mapa. A maioria das armas de ouro Imperial da legião foi perdida, e também a águia. Os sobreviventes ficaram loucos ou se recusaram a falar sobre o que os havia atacado. — murmuro — o acampamento tem ficado cada vez mais fraco. As missões são mais perigosas. Os monstros atacam nas fronteiras mais frequentemente. O ânimo das tropas está cada vez mais baixo. No mês passado, as coisas ficaram muito piores, muito mais rápido.
— E a Quinta Coorte levou a culpa — Percy adivinhou. — Agora todo mundo pensa que nós somos amaldiçoados.
Hazel suspirou.
— Nós temos sido rejeitados pela legião desde então... Bem, desde o desastre no Alasca. Nossa reputação melhorou quando Jason se tornou pretor depois da guerra...
O projeto de Dory se virou para mim.
— Os campistas que estão perdidos? —Percy perguntou — O seu namorado e melhor amiga?
— Jason era incrível, praticamente crescemos juntos na Quinta Coorte. Ele não ligava sobre o que as pessoas falavam de nós, enquanto todos me olham estranho por ser filha de Proserpina, ele virou meu melhor amigo e me defendeu. Fomos a várias missões juntos e começamos a reconstruir nossa reputação, então conhecemos Beatrice di Ângelo, a irmã mais velha do Nico, filha de Plutão, nos tornamos um trio inseparável, vencemos juntos a guerra contra Saturno... Então, uma noite, Jason e Beatrice simplesmente desapareceu.
— O que nos colocou de volta à fase um — Hazel disse amargamente. — Nos fez parecer amaldiçoados de novo... Quer dizer, a maioria dos campistas morrem de medo da Primrose, então eles não fazem tantas piadas quanto ela está por perto.
Sorri inocentemente, fazendo um dos meus anéis se tornar uma adaga e girei ela na mão.
— Eles devem saber o que eu sou capaz de fazer com uma adaga — brinco aliviando o clima — Sinto muito, Percy. Agora você sabe no que se meteu.
Percy bebericou seu refrigerante azul e observou todo o refeitório.
— Eu nem sei de onde eu vim... mas eu acho que essa não foi a primeira vez em que fui excluído — ele focou os olhos em Hazel e sorriu. — Além do mais, se juntar à legião é melhor do que ser caçado na selva por monstros. Eu fiz alguns amigos. Talvez, juntos, nós possamos mudar as coisas para a Quinta Coorte, né? Depois vamos achar o namorado e a melhor amiga da Prim, vai ficar tudo bem.
Apoiei timidamente minha cabeça no ombro de Percy, que sorriu.
— Acho que podemos ser bons amigos, você e Jason vão se dar bem quando se conhecerem.
Ele riu.
— Talvez.
Uma corneta soprou no fim do salão. Os comandantes na mesa dos pretores se levantaram — até mesmo Dakota, sua boca manchada como a de um vampiro pelo Kool-Aid.
— Os jogos começam! —Reyna anunciou.
Os campistas gritaram e correram para coletar seus equipamentos nas estantes das paredes.
— Nós somos o time de ataque, não é? —Percy perguntou apesar do barulho. — Isso é bom?
Hazel encolheu os ombros.
— Boa notícia: nós ficamos com o elefante. Má notícia...
— Nós sempre perdemos — disse Percy
Frank deu um tapa no ombro de Percy.
— Eu amo esse cara. Vamos presenciar minha décima terceira derrota consecutiva!
Suspiro desanimada trocando um olhar com Hazel.
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