Eu pensei nesse reencontro MUITAAAS vezes e de mais formas que vocês podem imaginar, então vamos considerar algumas coisas: 

a) A Prim passou OITO MESES preocupada com o Jason, sem notícias, sem conseguir dormir ou se alimentar direito (como a Annabeth). Nesse tempo, ela praticamente assumiu o cargo de pretora junto com a Reyna pra ajudar ela com as coisas.

b) Ela foi numa missão suicida onde Fineu ficou provocando ela sobre o Jason ter traído ela, então, isso é uma dúvida enorme da Prim.

c) O pai dela morreu, isso abalou mais ela do que a gente vai ver nesse primeiros capítulos, isso fodeu o psicológico da Prim num nível----, psicológico esse que já não estava muito bom. 

Então aqui vamos ver a forma da Primrose de lidar com as coisas.

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Capítulo Vinte e Quatro: O REENCONTRO

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Primrose Stuart

Atualmente

O FRIO PARECIA CONGELAR MEUS OSSOS, a sensação era terrível e mesmo meu casaco não conseguia esquentar minimamente meu corpo.

Não havia mais lágrimas para escorrer pelo meu rosto.

O anel do meu pai agora estava na corrente de prata junto com a minha aliança, a aliança do namorado que havia sumido há oito meses atrás e que não estava do meu lado quando eu mais precisei, que foi na noite passada, doía, mesmo que eu soubesse que não era culpa dele.

Analisei minhas botas de salto uma última vez antes de enfim me juntar ao meu estranho trio de amigos, pelas expressões de Hazel e Frank, aparentemente Percy já havia contado o que havia acontecido para eles, agradeci mentalmente por isso, pois eu duvidava que teria forças para falar uma única palavra sobre o assunto. Os braços de Hazel me envolveram e lentamente retribui, ainda me sentindo uma estranha dentro do meu próprio corpo.

Por todo o caminho do dormitório até aqui, rosas negras cresciam pelas ruas sem que eu conseguisse controlar, as pessoas me olhavam com cuidado, como se olhassem para uma bomba prestes a explodir.

A bomba era eu.

Reyna estava junto de seus dois cães, a roupa de pretora e a postura, me lembrando de sua irmã, Hylla, a rainha das amazonas. Ela pegou uma das rosas negras que haviam crescido e girou cuidadosamente entre seus dedos, em seguida, me enviou um olhar preocupado que eu logo desviei o olhar.

Ah, os olhares de pena eram os piores.

As tropas começaram a soar e o resto dos romanos saíram do Senado, olhei para cima, tentando entender o que parecia preocupar todos além de mim, uma filha do submundo em seu pior humor.

Então eu vi o navio voador voando diretamente para Nova Roma.

O alvoroço começou, todos os romanos em suas armaduras, formando as formações, prontos para lutar contra mais um inimigo.

— Devo chamar Salazar?

Percy me encarou, parecendo um pouco tenso.

— Não. Esses são amigos — comentou e em seguida, sorriu para mim — Preparada para conhecer minha namorada?

— Já sinto como se ela fosse minha cunhado.

Ele sorriu ainda mais, parecendo satisfeito com minhas palavras. O Pretor bagunçou meus cabelos e como eu havia percebido durante a madrugada caótica, Percy realmente me via como uma irmã mais nova.

Eu sempre quis um irmão mesmo.

Percebi que minha falta de palavras havia o preocupado muito e mesmo que eu apenas quisesse ficar parada, olhando para a minha própria dor que ainda não sabia como lidar, aparentemente o mundo precisava de mim. Percy também já havia passado por tanta coisa e simplesmente não era justo lhe dar mais preocupação, então tentei forçar as palavras para fora de mim, para fora da minha mente caótica.

Alguns dias atrás eu estaria contando os segundos para ver Jason, mas agora eu não conseguia sentir nada.

Um vazio doloroso que apertava meu peito.

Términus havia atacado o navio, me afastei minimamente de Hazel e peguei uma das rosas que crescia ao nosso redor, olhando com cuidado para as pétalas negras que pareciam ter sido feitas com as sombras mais escuras da terra de Hades.

Percy passou os braços pelos meus ombros e pelos de Hazel, nos arrastando assim como Frank até onde Términus estava fazendo seu show.

O navio paralisou e uma corda foi jogada lá de cima, me afastei do meu estranho trio de amigos e tomei meu lugar ao lado de Reyna, que não perdeu tempo antes de me avaliar de cima a baixo como se estivesse considerando que eu fosse uma ameaça maior do que aquele navio.

Talvez eu fosse.

— Depois iremos conversar.

Dei de ombros, sem sentir necessidade de me forçar a falar.

Os semideuses abriram um caminho para Reyna e eu passarmos, todos dando um passo para trás e evitando nos olhar. Ainda havia uma tiara de ouro em meus cabelos, que havia ganhado na noite passada por ter ajudado a salvar o acampamento e toda aquela bobagem.

Observei os semideuses que desceram do navio, a garota loira na frente foi impossível de não reconhecer, aquela definitivamente era Annabeth, a namorada de Percy. Um olhar confiante brilhava em seu rosto, havia algo ali, uma postura parecida com Reyna que mostrava que ela era a líder do acampamento grego, mas mais do que isso, me fez entender porque aquele mar de rebeldia que existia em Percy havia se apaixonado completamente por aquela garota.

Atrás dela estava Jason, usando uma falha tentativa de parecer romano, algo nele havia mudado ao longo dos meses... Ele não era mais o garoto que conheci, fingi não ver a maneira como seus olhos focaram exclusivamente em mim, como se mais nada importasse. Havia uma garota ao seu lado, perto demais, na minha opinião, eu não precisei olhar duas vezes para ver a aura irritante de filha da deusa do amor.

Passei os olhos por todo o grupo e congelei ao não achar Beatrice, demorou algum tempo para que eu me lembrasse da nossa última conversa, onde ela disse que iria numa missão junto com Nico.

Percy surgiu ao meu lado, parecendo prestes a explodir de felicidade, mas ocultando isso com um sorriso sarcástico.

— Jason Grace, meu antigo colega... — Ela disse a palavra colega como se isso fosse algo perigoso — Eu lhe dou as boas vindas ao lar. E esses, seus amigos...

Então sem conseguir se conter, Annabeth se impulsionou para frente ao mesmo tempo que Percy corria em sua direção, a multidão ficou tensa e alguns tentaram sacar suas espadas. Brinquei com as pétalas da rosa negra que segurava,considerando dar uma ajudinha para meu amigo e fazer um buquê de rosas vermelhas para Annabeth.

Percy jogou os braços ao redor dela, eles se beijaram e por um momento parecia a cena do meu filme favorito, cheio de romance e emoção, ele a puxou e estudou seu rosto.

— Deuses, eu nunca pensei...

Annabeth o agarrou pela cintura e o virou por cima de seu ombro. Ele bateu no piso de pedra. Os Romanos exclamaram. Alguns se arremessaram para frente, mas eu fiz sombras rodearem o casal e todos hesitaram.

— Eu não atacaria a namorada do nosso Pretor, se fosse vocês.

A ameaça teve o efeito desejado e todos me encararam com medo mal disfarçado, recuando para suas posições originais.

Annabeth colocou o joelho sobre o peito de Percy. Ela pressionou o antebraço na garganta dele e eu facilmente entendi como ele havia se apaixonado, se fosse outro momento, antes de ontem, eu provavelmente estaria me divertindo com aquela cena toda.

— Se você me deixar de novo — Ela disse, os olhos dela faiscavam — Eu juro por todos os deuses...

Percy teve a ousadia de rir.

— Considere-me avisado — Percy disse — Eu também senti sua falta.

Annabeth se ergueu e o ajudou a se levantar, fiz a rosa em minha mão se transformar num buquê e alcancei para o filho de Poseidon, que sorriu para mim antes de pegar e dar para a garota loira.

Pisquei para ele, que riu baixinho enquanto abraçava Annabeth, que olhava encantada para o buquê, ela só encontraria rosas tão belas no jardim da minha mãe.

Jason limpou a garganta.

— Então, sim... É bom estar de volta. Essa é Piper, filha de Afrodite, esse é o Leo, filho de Hefesto.

O garoto que me lembrava o elfo do Papai Noel sorriu e fez um sinal de paz, um contraste com a filha da deusa do amor que parecia mal humorada, em seguida ele me olhou e seu sorriso se transformou em malicioso, enquanto ele dava um passo para frente e estendia a mão.

— Prazer, Leo Valdez.

Lhe encarei com tédio, Salazar surgiu das sombras e se enrolou em meus ombros, fazendo o garoto arregalar os olhos e saltar para trás.

— Esse é meu amigo, Salazar.

— Um... Basilisco?

Oh, eu enfim vou ganhar um petisco? Salazar cantarolou, animado.

— E essa é Annabeth — Jason disse apontando para a loira — Hã, normalmente ela não aplica golpes de judô nas pessoas.

Os olhos de Reyna brilharam.

— Tem certeza de que você não é Romana Annabeth? Ou uma amazona?

Annabeth não sabia se isso era um elogio, mas ela estendeu a mão.

— Eu só ataco meu namorado desse jeito — ela prometeu — Prazer em te conhecer.

Reyna apertou a mão dela com firmeza.

— Parece que nós temos muito a discutir. Centuriões!

Jason enfim pareceu sair um pouco do personagem e se aproximou de mim tão rapidamente quanto Annabeth se lançou para Percy, suas mãos envolveram meu rosto e ignorando totalmente o perigo do basilisco mal humorado em meus ombros, o filho de Júpiter me beijou com tanta saudade e amor que eu quis chorar.

Não percebi o quão tensa estava até aquele momento, onde eu fechei os olhos e suspirei baixinho por enfim estar junto com ele, o beijo durou até que lembrasse de algo e simplesmente o empurrei bruscamente para trás, fechei minha mão e no segundo seguinte, meu punho atingiu seu rosto, não tão forte para machucar, mas o suficiente para passar a mensagem.

Ele me encarou em choque, assim como todo o acampamento, eu não precisava me virar para ver que Percy sufocava a risada.

— Nós temos muito o que conversar, Jason Grace.

— E essa é a minha melhor amiga, Prim — Percy diz sem esconder a diversão — Eu queria poder dizer que ela não sai por aí ameaçando pessoas, mas seria mentira.

Salazar sibilou.

A filha de Afrodite me encarava como se eu fosse louca enquanto o filho de Hefesto me olhava como se estivesse vendo uma deusa, revirei os olhos e foquei no filho de Júpiter em minha frente, que enfim havia se recuperado do choque.

— Eu senti sua falta.

Não fiz questão de forçar um sorriso.

— Não tanto quanto a pessoa que passou oito meses sem conseguir dormir direito ou se alimentar porque estava desesperada pelo namorado ter sumido do nada — retruquei sem esconder meu mal humor — Oito meses, Grace. Eu espero que você tenha uma ótima explicação sobre esse tempo, porque eu tenho muitas perguntas.

Ele se encolheu e eu fingi não perceber a culpa em seu olhar.

— Beatrice...

— Eu já falei com a minha melhor amiga, obrigado.

Percy parou ao meu lado junto com Annabeth, sua linguagem corporal era clara, ele estava ali para caso tivesse que me conter. Respirei fundo e me afastei de Jason, enfiando as mãos dentro dos bolsos do meu sobretudo.

Enquanto isso, Reyna estava dando ordens para seus oficiais.

— ...Diga à legião para se retirar. Dakota, alerte os espíritos na cozinha. Diga- lhes para preparar uma festa de boas vindas. E Octavian...

— Você está permitindo que esses intrusos entrem no acampamento? — ele perguntou, abrindo caminho à cotoveladas — Reyna, os riscos à segurança...

— Nós não estamos levando-os ao acampamento, Octavian. — Reyna o fulminou com o canto dos olhos — Nós vamos comer aqui, no fórum.

Frank se colocou ao meu lado e Hazel ao de Percy, os dois se posicionando protetoramente enquanto observavam Annabeth e Percy com atenção, decidindo o que fazer com os dois.

— Ah, muito melhor — Octavian retrucou — Você quer que nós relaxemos à sombra do navio de guerra deles.

— Eles são nossos convidados. — Reyna grifou bem cada palavra — Nós vamos recebe-los e conversar com eles. Como sacerdote, você devia queimar alguma oferenda para agradecer aos deuses por nos trazerem Jason de volta em segurança.

— Boa idéia — Percy se meteu — Vá queimar seus ursinhos, Octavian.

Reyna parecia que estava tentando não rir.

— Você tem minhas ordens. Vá.

Os oficiais dispersaram. Octavian disparou um olhar de absoluta repugnância para Percy e eu. Depois olhou com suspeita para Annabeth de novo e então finalmente se afastou.

Percy deslizou sua mão sobre a de Annabeth.

— Não se preocupe com Octavian — ele disse — A maioria dos Romanos é gente boa, como Frank, Prim e Hazel aqui, e Reyna. Nós vamos ficar bem.

— Nós vamos ficar bem — Annabeth repetiu, baixinho.

— Excelente — Reyna disse — Vamos conversar e vamos ter uma reunião apropriada.

Todos começaram a seguir para o Fórum, Jason não se moveu nem um único centímetro, me observando preocupado.

— Prim... Eu te amo.

Suspirei baixinho, encarando o chão.

— Eu também, tanto que chegava a doer — sussurro, me sentindo exausta — Mas...

— As últimas horas foram longas — Percy explicou por mim, o que agradeci — É melhor todos irmos almoçar.