❦Chapter Sixty One - Nightmares and bad days
001🌹 ━━ Eu sei que demorei, mas aqui estou eu com o primeiro capítulo de A Casa de Hades.
002🌹 ━━ Não esqueçam de votar e comentar, isso me incentiva muito.
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Capítulo Sessenta e Um: PESADELOS E DIAS RUINS
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Primrose Stuart
EU NÃO ERA CAPAZ DE FECHAR os meus olhos, mesmo que estivesse completamente exausta e sem um pingo sequer de energia em todo o meu corpo.
Ao invés de estar deitada na cama da minha cabine, eu estava deitada no tapete fofinho que havia no chão, junto com Jason, enquanto Beatrice ocupava a cama. Eu descobri rapidamente que o tártaro havia deixado mais traumas na minha melhor amiga do que eu poderia imaginar, o que fez com que eu não permitisse que ela ficasse sozinha, Leo e eu havíamos entrado em um acordo sobre aquilo, para garantir que ela ficasse bem.
Como a gente havia pegado o turno da noite e Leo agora estava com os outros no turno do dia, Beatrice era minha responsabilidade e de Jason. O loiro foi o primeiro a dormir, me abraçando como se eu fosse um ursinho de pelúcia, então depois de alguma conversa, Beatrice foi vencida pelo cansaço e adormeceu.
Senti o navio balançar e suspirei baixinho, sabendo que estávamos sendo atacados novamente, fechei os olhos e rezei para que Hazel, Nico e Leo conseguissem resolver isso sem precisar nos chamar, porque eu não achava que tinha forças nem mesmo para invocar uma rosa murcha. Quando não estava lutando para proteger o navio, estava curando alguém que havia se machucado.
Ouvi Hazel gritar e eu sabia que era novamente os numina montanum, malditos deuses das montanhas.
Ao que parecia, de poucas em poucas horas um monstro romano resolvia que o Argo II era na verdade uma guloseima deliciosa. Percy e Annabeth estavam fazendo falta, meu coração doía só de lembrar que eles haviam caído no tártaro.
Eu não consegui os salvar, da mesma maneira que não consegui salvar meu pai.
O navio parou de balançar, me fazendo acreditar que havia grandes chances deles terem conseguido lidar com aqueles deuses malditos.
— Vai dormir — Jason resmungou, fazendo carinho no meu cabelo.
O olhei surpresa, não percebi que ele havia acordado, os olhos dele estavam quase fechados e Jason parecia realmente estar fazendo um esforço para se comunicar comigo.
— Não consigo.
Ele suspirou e me abraçou mais forte.
— Você pensa demais.
Eu sabia que não era uma crítica, Jason não era o tipo de pessoa que julgava ou algo do tipo, ele só estava preocupado comigo.
— Vou pegar um chá.
Me inclinei e lhe dei um selinho rápido, então me levantei e saí da cabine o mais silenciosamente que consegui. Fui para a cozinha e comecei a preparar meu chá, enquanto a água esquentava, sentei no balcão.
Tomei minha xícara de chá e voltei para o quarto, Jason havia apagado novamente e até estava roncando, então eu olhei para Beatrice, que estava tremendo como se estivesse tendo convulsões. Me aproximei dela e a empurrei um pouquinho para o lado, então a abracei o mais forte que consegui.
— Shhh, está tudo bem — sussurrei, desejando que ela ficasse bem — você está segura.
Beatrice abriu os olhos e então respirou fundo, como se estivesse tentando não chorar, ela se aconchegou no abraço, demorou alguns minutos para ela finalmente se acalmar e conseguir voltar a adormecer, dessa vez, eu também tive sucesso e meus olhos começaram a pesar.
Eu tive pesadelos, mas aquilo já era esperado.
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EU ESTAVA SENTADA NA BEIRADA do navio, o que era extremamente perigoso, já que estávamos voando e eu poderia facilmente cair. Fechei os olhos e apenas senti o vento contra o meu rosto, por um momento, quase consegui imaginar que estava novamente no Acampamento Júpiter, em uma tarde simples de verão.
Aqueles tempos não voltariam, eu sabia disso.
Um pensamento sombrio rondava a minha mente, sussurrando que talvez eu nunca mais voltasse para o acampamento.
— Você vai acabar caindo — Piper disse, séria.
Lancei um rápido olhar para ela, a garota me olhava com os olhos estreitos, claramente me julgando.
— Você deveria tentar relaxar, afinal, conseguimos passar das montanhas e estamos quase chegando em Bolonha, graças a ajudinha que Hazel conseguiu — comentei, tentando soar positiva.
— Vá para a cozinha, está na hora da reunião.
— E você?
Piper deu de ombros.
— Vou ficar aqui com o treinador.
Sem muitas opções, eu apenas concordei e pulei para dentro do navio, andando até a cozinha, onde os outros já estavam me esperando.
— Então — disse Jason — agora que estamos aqui...
Ele se sentou à cabeceira da mesa meio que de modo automático. Desde que perdemos Annabeth, Jason vinha se esforçando ao máximo para assumir o papel de líder do grupo, eu percebia o que isso vinha custando dele: ele parecia abatido, seu cabelo estava desarrumado e sua camiseta parecia ter sido mastigada por uma vaca.
Me sentei ao seu lado e peguei sua mão que estava em cima da mesa, Jason me enviou um pequeno sorriso de agradecimento.
Dei uma olhada para o resto da mesa, Hazel também estava com os olhos vermelhos, mas ela passou a noite em claro, guiando o navio pelas montanhas, seu cabelo encaracolado cor de canela estava preso por uma bandana que eu tinha quase certeza que era minha.
Ao lado dela estava sentado Frank, vestindo calça preta de ginástica e uma camiseta romana de turista com a palavra: CIAO! (Aquilo chegava a ser uma palavra?). Trazia sua antiga medalha de centurião presa à camiseta, apesar de os semideuses do Argo II serem agora os Inimigos Públicos Números 1 a 7 do Acampamento Júpiter. Em seguida vinha Nico, que usava uma jaqueta de couro de aviador, camiseta e calça jeans pretas, aquele anel de prata sinistro em forma de caveira no dedo e trazia ao seu lado a espada de ferro estígio.
Beatrice estava sentada ao meu lado, usando uma jaqueta de couro, uma camiseta do acampamento esfarrapada, jeans e coturnos, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo bagunçado e ela encarava seu prato de café da manhã, Leo havia feito uma carinha sorridente com pão, ovos e bacon. Falando no garoto, ele estava sentado ao lado de Trice, olhando para a garota como se ela fosse uma deusa, eu ainda estava me acostumando em ver os dois juntos, mas uma coisa já havia percebido: Leo realmente a amava.
Eu me distraí por um momento, tentando decidir qual seria o meu café da manhã, tarde demais percebi que Jason continuava falando.
— ... a Casa de Hades — dizia. — Nico?
Nico inclinou-se para a frente.
— Fiz contato com os mortos na noite passada.
Percebi rapidamente pela careta de Trice que ela não havia sido convidada para aquela sessão espiritual, o que foi um alívio, pois ela dormiu a noite inteira, algo que realmente estava precisando.
— Descobri mais a respeito do que vamos enfrentar — prosseguiu Nico. — Nos tempos antigos, a Casa de Hades era um importante lugar de peregrinação para os gregos. Eles iam até lá para falar com os mortos e homenagear os antepassados.
Leo franziu a testa.
— Parece com o Día de los Muertos. Minha tia Rosa levava esse negócio a sério.
Frank resmungou:
— Os chineses também fazem isso: adoram os antepassados e varrem as sepulturas na primavera. — Ele olhou para Leo. — Sua tia Rosa teria se dado bem com a minha avó.
Leo fez uma expressão estranha, mas Trice deu uma cotovelada nele e o garoto rapidamente se recuperou e sorriu.
— É — disse Leo. — Tenho certeza de que teriam sido melhores amigas.
Nico pigarreou e eu acabei decidindo que meu café da manhã seria panquecas, um clássico. Com chantily, fiz presas de vampiro na panqueca, lembrando de um dos meus episódios favoritos de The Vampire Diaries.
— Muitas culturas têm tradições sazonais para honrar os mortos, mas a Casa de Hades ficava aberta o ano inteiro. Os peregrinos podiam realmente falar com os fantasmas. Em grego, o lugar era chamado de Necromanteion, o Oráculo da Morte. Você atravessava diferentes níveis de túneis, deixando oferendas e bebendo poções especiais...
— Poções especiais — murmurou Leo. — Que delícia.
Jason lançou-lhe um olhar tipo já chega, cara.
— Prossiga, Nico.
— Os peregrinos acreditavam que cada nível do templo os aproximava mais do Mundo Inferior, até os mortos aparecerem diante deles. Se ficassem satisfeitos com as oferendas, respondiam às perguntas, talvez até mesmo revelassem o futuro.
Frank deu um tapinha em sua caneca de chocolate quente.
— E se os espíritos não ficassem satisfeitos?
Fiz uma careta, sem conseguir me controlar.
— É uma ótima pergunta... O que acontecia daí, Nico?
— Alguns peregrinos não encontravam nada — disse Nico. — Alguns enlouqueciam ou morriam após saírem do templo. Outros se perdiam nos túneis e nunca mais eram vistos.
— O fato — acrescentou Jason rapidamente — é que Nico encontrou uma informação que pode nos ser útil.
— É. — Nico não parecia muito animado. — O fantasma com que falei ontem à noite... ele era um ex-sacerdote de Hécate. Ele confirmou o que a deusa disse para Hazel ontem na encruzilhada. Na primeira guerra contra os gigantes, Hécate lutou ao lado dos deuses. Ela matou um dos gigantes, um que fora concebido como o anti-Hécate. Um sujeito chamado Clítio.
— Sujeito tenebroso — adivinhou Leo. — Envolto em sombras.
Hazel se voltou para ele, estreitando os olhos dourados.
— Como é que você sabe disso, Leo?
— Tive uma espécie de sonho.
Leo contou seu sonho enquanto Trice segurava sua mão, às vezes ele lançava rápidos olhares para ela, como se estivesse tentando garantir que ela ainda estava ali. Quando ele finalmente terminou de contar sobre o sonho, Jason afastou o seu prato de panquecas.
— Então o gigante é Clítio. Acho que ele vai estar nos esperando, guardando as Portas da Morte.
Frank enrolou uma das panquecas e começou a mastigar.
— E a mulher no sonho de Leo?
— Ela é problema meu. — Hazel passou um diamante entre seus dedos em um truque de mágica. — Hécate mencionou um inimigo poderoso na Casa de Hades, uma bruxa que só poderia ser derrotada por mim, por meio da magia.
— Você sabe magia? — perguntou Leo.
— Ainda não.
— Ah.
Leo pareceu se esforçar para tentar ser otimista com aquilo.
— Tem alguma ideia de quem ela é?
Hazel balançou a cabeça.
— Só que... — Ela olhou para Nico e para Trice, e algum tipo de discussão silenciosa ocorreu entre eles.
Não era surpreendente que os três tivessem tido discussões secretas sobre a Casa de Hades, mas eu estava chateada que Beatrice não tivesse me contado.
— Só que ela não vai ser fácil de derrotar.
— Mas temos algumas boas notícias — disse Nico. — O fantasma com quem conversei explicou como Hécate derrotou Clítio na primeira guerra. Ela usou as suas tochas para pôr fogo no cabelo dele. Clítio morreu queimado. Em outras palavras, o fogo é a sua fraqueza.
Todos olharam para Leo.
— Ah — disse ele. — Tudo bem.
Jason assentiu, animado, como se aquela fosse uma ótima notícia, como se esperasse que Leo avançasse em direção a uma gigantesca massa de trevas, disparasse algumas bolas de fogo e resolvesse todos os seus problemas.
— É um bom começo — insistiu Jason. — Pelo menos a gente sabe como matar o gigante. E essa feiticeira... bem, se Hécate acredita que Hazel pode derrotá-la, então eu também acredito.
Hazel baixou os olhos.
— Agora, só precisamos chegar à Casa de Hades, abrir caminho em meio às forças de Gaia...
— Além de um bando de fantasmas — acrescentou Nico, sombrio. — Os espíritos naquele templo podem não ser amigáveis.
— ... e encontrar as Portas da Morte — completou Beatrice — Supondo que de alguma forma a gente consiga chegar ao mesmo tempo que Percy e Annabeth e resgatar os dois.
Frank engoliu um pedaço de panqueca.
— Nós podemos fazer isso. Precisamos conseguir.
— Então, com este desvio — disse Leo —, estimo quatro ou cinco dias de viagem até chegarmos a Épiro, presumindo que não haja atrasos como, vocês sabem, ataques de monstros e outras coisas assim.
Jason sorriu amargamente.
— É. Isso nunca acontece.
Leo olhou para Hazel.
— Hécate disse que Gaia estava planejando a sua grande Festa do Despertar para primeiro de agosto, certo? O Festim de Sei Lá o Quê...
— Spes — disse Hazel. — A Deusa da Esperança.
Tentei ser otimista, mas ultimamente estava sendo uma tarefa extremamente difícil.
— Teoricamente, temos tempo suficiente. Ainda é cinco de julho. Devemos conseguir fechar as Portas da Morte e, depois, encontrar o quartel general dos gigantes e os impedir de despertar Gaia antes de primeiro de agosto.
— Teoricamente — concordou Hazel. — Mas eu ainda gostaria de saber como vamos entrar na Casa de Hades sem enlouquecer ou morrer.
Ninguém deu qualquer sugestão.
Frank largou a sua panqueca como se subitamente ela não tivesse mais um gosto tão bom.
— É cinco de julho. Ah, droga, eu nem me lembrei...
— Ei, cara, tudo bem — disse Leo. — Você é canadense, certo? Eu não estava esperando que me desse um presente de Dia da Independência ou algo assim... a menos que você fizesse questão...
— Não é isso. A minha avó... ela sempre me disse que sete era um número de azar. Era um número fantasma. Ela não gostou quando contei que haveria sete semideuses em nossa missão. E julho é o sétimo mês.
— É, mas... — Leo tamborilou nervosamente sobre a mesa. — Mas é só uma coincidência, não é?
A expressão de Frank não tranquilizou ninguém.
— Lá na China, as pessoas chamavam o sétimo mês de mês fantasma. Era quando o mundo dos espíritos e o mundo dos homens ficavam mais próximos. Os vivos e os mortos podiam atravessar de um para o outro. Acha mesmo que é uma coincidência estarmos procurando as Portas da Morte no Mês Fantasma?
Ninguém disse nada.
Jason apoiou as mãos nos braços da cadeira.
— Vamos nos concentrar no que podemos resolver. Estamos chegando a Bolonha. Talvez tenhamos mais respostas quando encontrarmos esses anões que Hécate...
O navio adernou como se tivesse batido em um iceberg. O meu prato deslizou pela mesa. A cadeira de Nico tombou para trás e ele bateu a cabeça no aparador. Então caiu no chão, com uma dúzia de taças e pratos mágicos virando em cima dele.
— Nico!
Hazel e Trice correm para ajudá-lo.
— O que...? — Frank tentou se levantar, mas o navio adernou para o outro lado.
Ele tropeçou na mesa e caiu de cara no prato de ovos mexidos de Leo.
— Vejam! — Jason apontou para as paredes.
As imagens do Acampamento Meio-Sangue piscavam e mudavam.
— Impossível — murmurou Leo.
Não havia como aqueles encantamentos exibirem algo além de cenas do acampamento, mas de repente um enorme rosto distorcido preencheu toda a parede de bombordo: dentes amarelos e tortos, uma barba vermelha desgrenhada, nariz cheio de verrugas e olhos assimétricos: um muito maior e mais alto do que o outro. O rosto parecia estar tentando entrar na sala.
As outras paredes piscaram, mostrando cenas do convés. Piper estava no leme, mas havia algo errado. Do pescoço para baixo ela estava enrolada em fita adesiva, e tinha também a boca amordaçada e as pernas amarradas ao painel de controle.
No mastro principal, o treinador Hedge também estava amarrado e amordaçado, enquanto uma criatura de aparência bizarra — uma combinação de gnomo com chimpanzé sem muito bom gosto para roupas — dançava ao redor dele, fazendo pequenas tranças no cabelo do treinador e prendendo-as com elásticos cor-de-rosa.
Na parede de bombordo, a enorme cara feia recuou para exibir seu corpo: era outro gnomo chimpanzé com roupas ainda mais malucas. Ele começou a saltitar pela plataforma, enfiando coisas em um saco de estopa — a adaga de Piper, o controle de Wii de Leo. Então, arrancou a esfera de Arquimedes do painel.
— Não! — gritou Leo.
— Ai — gemia Nico no chão.
— Macacos! — gritou Frank.
— Não são macacos — resmungou Hazel. — Acho que são anões.
— Estão roubando as minhas coisas! — gritou Leo, e correu para a escada.
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