❦Chapter Seventy Four - Athena
001🌹 ━━ Falta só mais um, eu vou choraaaaaar.
002🌹 ━━ Quero MUITOS comentários, ok?
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Capítulo Setenta e Quatro: ATHENA
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Primrose Stuart
O NOVO SISTEMA DE IÇAMENTO MECÂNICO de Leo tinha baixado a estátua pela encosta com facilidade surpreendente. Agora, a deusa de mais de dez metros olhava serenamente para o Rio Aqueronte. À luz do sol, seu vestido parecia feito de ouro líquido.
— Incrível — reconheceu Reyna.
Ela ainda estava com os olhos vermelhos de choro. Logo depois de aterrissar no Argo II, seu pégaso Cipião desabou, sucumbindo ao veneno das garras de um grifo que os atacara na noite anterior. Reyna sacrificou o cavalo para acabar com seu sofrimento. Com sua faca de ouro, transformou o pégaso em uma poeira que se espalhou pelo ar perfumado da Grécia. Talvez não fosse um final tão ruim para um pégaso, mas Reyna tinha perdido um amigo leal.
Desconfiada, a pretora andou em torno da Atena Partenos.
— Parece nova.— É — disse Leo. — Nós tiramos as teias de aranha e usamos um bom produto de limpeza. Não foi difícil.
O Argo II pairava logo acima. Com Festus de vigia, atento a ameaças no radar, toda a tripulação tinha resolvido almoçar na colina enquanto planejavam oque fariam a seguir.
Eu estava sentada entre Jason e Percy, uma parte minha estava com medo de perder o filho de Poseidon de novo. Nós dois não nos conhecíamos há muito tempo, mas era inegável a conexão que tínhamos estabelecido, Percy e eu éramos como irmãos agora.
— Ei, Reyna — chamou Annabeth. — Tem comida aqui. Venha sentar coma gente.
A pretora os olhou com a testa franzida, como se não conseguisse processar direito a frase Venha sentar com a gente. Eu entendia aquilo, Reyna já tinha passado por muita coisa. Reyna vestia jeans e uma camiseta roxa do Acampamento Júpiter, e parecia quase uma adolescente normal, a não ser pela faca no cinto e a expressão cautelosa, como se estivesse esperando um ataque vindo de qualquer direção.
— Está bem — disse por fim.
Nós chegamos um pouco para o lado e abrimos espaço para ela na roda. Reyna sentou de pernas cruzadas ao lado de Annabeth, pegou um sanduíche de queijo e começou a comê-lo devagar.
— E então... — disse Reyna. — Frank Zhang... pretor.
Frank se mexeu, desconfortável, e limpou farelos do queixo.
— Pois é. Fui promovido durante a batalha.
— Para comandar outra legião — observou Reyna. — Uma legião de fantasmas.
Hazel deu o braço a Frank em um gesto protetor. Depois de uma hora na enfermaria do barco, os dois pareciam muito melhor. Eu havia tentado curar eles, mas os dois insistiam que eu tinha que usar minha energia com Percy e Annabeth, foi o que fiz.
Infelizmente não consegui curar todos os ferimentos e o cansaço causado pelo tempo em que ficaram no Tártaro, mas ao menos os dois pareciam um pouco melhor.
— Reyna — disse Jason. — Você tinha que ver o Frank na batalha.
— Ele foi incrível — concordou Piper.
— Frank é um líder — insistiu Hazel. — Ele é um grande pretor.
Reyna continuou observando Frank, como se estivesse tentando adivinhar seu peso.
— Muitas coisas aconteceram nas últimas semanas — falei, chamando a sua atenção — Frank se tornou um guerreiro impressionante, você ficaria orgulhosa se o visse em ação, tenho certeza.
Ela me encarou, franzindo a testa.
— Acredito em vocês — disse por fim. — Eu aprovo.
— É mesmo? — perguntou Frank, surpreso.
Reyna deu um sorriso seco.
— Um filho de Marte, o herói que ajudou a recuperar a águia da legião... Posso trabalhar com um semideus assim. Só não descobri ainda como convencer a Décima Segunda Fulminata.
Frank pareceu preocupado.
— É, eu tenho me perguntado a mesma coisa.
— A legião vai escutá-la, Reyna — disse o novo pretor. — Você atravessou as terras antigas sozinha e chegou até aqui.
Reyna mastigava o sanduíche como se fosse um pedaço de papelão.
— Ao fazer isso, quebrei as leis da legião.
— César não seguiu as leis quando atravessou o Rubicão — argumentou Frank. — Grandes líderes às vezes precisam ir além do que se espera.
Ela balançou a cabeça.
— Não sou César. Depois de encontrar o bilhete de Jason no palácio de Diocleciano, seguir seu rastro foi fácil. Só fiz o que achei necessário.
Percy não conseguiu evitar um sorriso.
— Reyna, você é modesta demais. Voar sozinha metade do mundo para atender à súplica de Annabeth porque você sabia que era a melhor chance de garantir a paz? Isso é heroico pra caramba.
Reyna deu de ombros.
— Falou o semideus que caiu no Tártaro e conseguiu voltar.
— Ele teve ajuda — lembrou Annabeth.
— Ah, obviamente — disse Reyna. — Sem você, duvido que Percy conseguisse sair de um saco de papel.
— É verdade — concordou Annabeth.
— Ei! — reclamou Percy.
Todo mundo começou a rir, o clima estava leve, mas talvez fosse apenas porque todo mundo estava feliz de ter sobrevivido mais um dia naquela jornada maluca. Apoiei minhas costas contra o peito de Jason e ele passou o braço ao meu redor, apoiando o queixo em cima da minha cabeça.
Beatrice estava ao lado de Leo, ele pegou uma pequena chave de fenda de seu cinto de ferramentas, espetou um morango coberto de chocolate e o entregou para a namorada, que sorriu. Em seguida, pegou outra chave de fenda e espetou um segundo morango para si mesmo.
— Bom, vamos então à pergunta que vale vinte milhões de pesos — disse Leo. — Nós temos essa estátua seminova de mais de dez metros de Atena. O que vamos fazer com ela?
Reyna mirou Atena Partenos com certa desconfiança.
— Por mais bela que fique nesta colina, não viajei até aqui para ficar admirando sua beleza. Segundo Annabeth, a estátua deve ser devolvida ao Acampamento Meio-Sangue por um líder romano. Eu entendi direito?
Annabeth assentiu.
— Eu tive um sonho lá embaixo... você sabe, no Tártaro. Eu estava na colina Meio-Sangue, e a voz de Atena disse: Devo ficar aqui. Os romanos devem me trazer.
— Faz sentido — disse Nico.
O filho de Hades estava sentado do outro lado da roda, comendo apenas uma romã, a fruta do Mundo Inferior, assim como eu. Para mim, era a minha fruta favorita, me lembrava a minha mãe, mas eu não sabia qual significado aquilo tinha para Nico.
— A estátua é um símbolo poderoso — continuou o garoto mais novo. — Se um romano a devolvesse aos gregos... isso poderia acabar com a desavença histórica, talvez até mesmo curar as personalidades divididas dos deuses.
O treinador Hedge engoliu o morango junto com metade da chave de fenda que Leo tinha lhe dado.
— Agora esperem aí. Gosto da paz tanto quanto qualquer sátiro...
— Você odeia a paz — interrompeu Leo.
— Valdez, a questão é... Estamos a apenas... o quê? Alguns dias de Atenas?Temos um exército de gigantes lá à nossa espera. Enfrentamos vários obstáculos para salvar esta estátua.
— Eu encarei a maioria dos obstáculos — lembrou Annabeth.
— ... porque a profecia a chamava de a ruína dos gigantes — prosseguiu o treinador. — Então, por que não a levamos para Atenas com a gente? Obviamente, é nossa arma secreta. — Ele olhou para Atena Partenos. — Para mim, parece um míssil balístico. Talvez se Valdez prendesse algumas engenhocas a ela...
Piper pigarreou.
— Hã, é uma excelente ideia, treinador, mas muitos de nós tivemos sonhos e visões de Gaia despertando no Acampamento Meio-Sangue...
Ela desembainhou a adaga Katoptris e a pôs em seu prato. Naquele momento, a lâmina apenas refletia o céu.
— Desde que voltamos ao navio — disse Piper — tenho visto coisas muito ruins na adaga. A legião romana está quase perto o bastante para atacar oAcampamento Meio-Sangue. Eles estão reunindo reforços: espíritos, águias,lobos.
— Octavian — resmungou Reyna. — Eu disse que era para ele esperar.
Olhei para ela, sem acreditar no que tinha ouvido.
— E você acreditou?
— Quando assumirmos o comando — sugeriu Frank —, uma de nossas prioridades vai ser botar Octavian na primeira catapulta que a gente encontrar emandá-lo para o mais longe possível.
— Concordo — disse Reyna. — Mas por enquanto...
— Ele quer a guerra — interveio Annabeth. — E vai conseguir, a menos que a gente impeça isso.
Piper virou a lâmina de sua adaga.
— Infelizmente, essa não é a pior parte. Vi imagens de um futuro possível... o acampamento em chamas, semideuses gregos e romanos mortos. E Gaia... — ela não conseguiu terminar a frase.
— Então, Reyna leva a estátua — disse Percy. — E nós seguimos para Atenas.
Leo deu de ombros.
— Por mim, tudo bem. Mas há, hã... alguns pequenos problemas logísticos.Temos o quê? Duas semanas até o dia do banquete em Roma quando Gaia pretende despertar?
— O Banquete de Spes — disse Jason — é em primeiro de agosto. Hoje é...
— Dezoito de julho — interveio Frank. — Então são, a partir de amanhã, catorze dias exatos.
Hazel fez uma careta.
— A gente demorou dezoito dias para vir de Roma até aqui, uma viagem que deveria ter levado no máximo dois ou três dias.
— Então, considerando nossa falta de sorte habitual — disse Leo — talvez tenhamos tempo suficiente de chegar a Atenas, encontrar os gigantes e impedir que eles despertem Gaia. Talvez. Mas como Reyna vai conseguir levar essa estátua enorme de volta para o Acampamento Meio-Sangue antes que os gregos e romanos se matem? Ela nem tem mais seu pégaso. Hã, desculpe...
— Tudo bem — respondeu Reyna, um pouco ríspida.
Meus olhos encontraram os de Trice, que comia lentamente seu morango com uma expressão sombria em seu rosto.
Reyna respirou fundo.
— Infelizmente, Leo tem razão. Não sei como transportar algo tão grande. Eu achava... bem, esperava que todos vocês tivessem um plano.
— O Labirinto — sugeriu Hazel. — Eu... eu quero dizer, se Parsifae o reabriu mesmo, e eu acho que sim... — Ela olhou com apreensão para Percy. — Bem, vocês disseram que o Labirinto podia levá-los a qualquer lugar. Por isso, talvez...
— Não — disseram Percy e Annabeth em uníssono.
— Não é nada pessoal, Hazel — disse Percy. — É só que... Em primeiro lugar, as passagens no Labirinto são pequenas demais para Atena Partenos. Não tem como levá-la lá para baixo...
— E mesmo que o labirinto esteja reabrindo — prosseguiu Annabeth. — Não sabemos como ele pode estar agora. Já era bem perigoso antes, sob o controle de Dédalo, e ele não era maligno. Se Pasifae refez o labirinto como ela queria... — Ela sacudiu a cabeça. — Hazel, talvez seu senso de orientação no subterrâneo possa guiar Reyna, mas nenhuma outra pessoa teria a menor chance. E precisamos de você aqui. Além disso, se você se perdesse lá embaixo...
— Tem razão — disse Hazel, chateada. — Deixa pra lá.
Reyna passou os olhos por todo o grupo.
— Mais ideias?
— Eu podia ir — ofereceu-se Frank, sem parecer muito animado com a sugestão. — Se sou um pretor, eu devo ir. Talvez consigamos montar uma espécie de trenó, ou...
— Não, Frank Zhang. — Reyna deu um sorriso desanimado para ele. — Espero que trabalhemos lado a lado no futuro, mas agora seu lugar é com a tripulação deste navio. Você é um dos sete da profecia.
Beatrice comeu o último morango e trocou um olhar com o irmão.
— Eu não sou, nem Nico.
Todos olharam para a dupla, tentando descobrir se era algum tipo de piada, mas eu os conhecia o suficiente para saber que não era. Leo tinha os olhos arregalados e por um momento achei que ele fosse surtar.
Hazel pousou o garfo.
— Vocês...
— Nós vamos com Reyna — Nico disse — Podemos viajar pelas sombras levando a estátua.
— Hã... — Percy levantou a mão — Quer dizer, sei que vocês trouxeram todos nós oito para a superfície, e isso foi incrível. Mas há um ano Nico disse que transportar apenas ele era perigoso e imprevisível. Algumas vezes você foi parar na China. Transportar uma estátua de mais de dez metros e duas pessoas para o outro lado do mundo... E eu não sei o talento de Beatrice para viagens nas sombras.
— Mudei muito desde que voltei do Tártaro.
— Nico — interveio Jason. — Não estamos questionando seu poder. Só queremos ter certeza de que você não vai se matar tentando fazer isso.
Beatrice respirou fundo.
— A gente consegue, vamos ser duas pessoas que sabem viajar pelas sombras, então vamos conseguir — ela disse, séria — Vamos fazer pequenas viagens. Apenas alguns quilômetros de cada vez. É verdade que nós não estamos nas melhores condições para enfrentar monstros. Por isso vamos precisar de Reyna para defender a gente e à estátua.
Reyna tinha uma expressão indecifrável. Ela estudou o grupo, examinou nossos rostos, mas era impossível saber o que estava pensando.
— Alguma objeção?
Leo bufou, dava para ver que ele não estava feliz com a hipótese de depender de Reyna para cuidar de Trice.
— Isso é loucura — resmungou.
— Ótimo — concordou ela, ignorando Leo — Não vejo alternativa melhor. Mas haverá muitos ataques de monstros. Eu ia me sentir melhor se levasse uma terceira pessoa.
— O treinador Hedge — disse Frank na hora.
Percy e eu o encaramos.
— Hã, o quê, Frank?
— O treinador é a melhor opção — disse Frank. — A única opção. Ele é um bom lutador. Um protetor experiente. Vai dar conta.
— Um fauno — disse Reyna.
— Sátiro! — corrigiu o treinador, irritado. — E, é, eu vou, sim. Além disso, quando chegarem ao Acampamento Meio-Sangue, vão precisar de alguém com contatos e diplomacia para evitar que os gregos ataquem vocês. Deixem-me só mandar uma... quer dizer, pegar meu taco de beisebol.
Ele se levantou e encarou Frank, dizendo sem palavras algo que eu não consegui entender direito.
Nico levantou junto com Beatrice.
— Precisamos ir, também, e descansar antes da primeira viagem. Vamos nos encontrar perto da estátua ao pôr do sol.
Leo observou a namorada se afastar com uma expressão tensa, Hazel suspirou.
— Eles estão agindo de modo estranho. Não sei se pensaram direito no assunto.
— Eles vão ficar bem — disse Jason — Beatrice é uma guerreira experiente, Nico é poderoso, vão ficar bem.
— Espero que tenha razão. — Ela passou a mão por cima do chão. Diamantes irromperam na superfície, uma Via Láctea de pedras cintilantes. — Estamos em uma nova encruzilhada. A Atena Partenos vai para oOeste. O Argo II, para o Leste. Tomara que tenhamos tomado a decisão certa.
— Só tem uma coisa que me incomoda — disse Percy — Se o Festival de Spesé daqui a duas semanas, e Gaia precisa do sangue de dois semideuses para despertar... Como foi que Clítio chamou? O sangue do Olimpo? Será que não estamos fazendo justamente o que Gaia quer, indo para Atenas? Se não formos, e ela não puder sacrificar nenhum de nós, não seria impossível para ela despertar por completo?
Annabeth segurou a mão dele.
— Percy, as profecias são uma faca de dois gumes. Se não formos, podemos perder nossa chance de detê-la. Nossa batalha está em Atenas. Não temos como evitá-la. Além disso, tentar impedir profecias nunca funciona. Gaia pode nos capturar em algum outro lugar, ou derramar o sangue de outros semideuses.
— É, você está certa — disse Percy. — Eu não gosto disso, mas você tem razão.
O estado de espírito do grupo ficou sombrio até que Piper quebrou a tensão.
— Bem! — Ela guardou sua lâmina na bainha e deu um tapinha na cornucópia. — Foi um ótimo piquenique. Quem quer sobremesa?
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