❦Chapter Four - Where the teddy bear killer tries to manipulate me
OITO MIL PALAVRAS! Aiaiai.
Eu adoro a relação de ódio e... Ódio entre a Prim e o Octavian KKKKK
A gif é totalmente a cara da Prim quando o Octavian fica fazendo discurso na frente do senado, ela está tipo "alguém faz esse ser calar a boca antes que eu cale" e isso é basicamente eu sempre que o assassino se ursinhos aparece KKKKKKKKKKK
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Capítulo Quatro: ONDE O ASSASSINO DE URSINHOS TENTA ME MANIPULAR
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Primrose Stuart
Atualmente
EU NÃO SEI EM QUE MOMENTO ADORMECI, mas apenas sei que quando abri os olhos, estava no meu quarto na casa do papai, os portas retratos enfeitavam minha penteadeira, alguns ursinhos de pelúcia decoravam prateleiras junto com alguns livros que eu jurei para mim mesma que ainda leria.
Papai estava parado próximo a sacada, com um porta retrato dourado onde tinha uma foto de nós dois, quando eu era pequena e ele me carregava em seus ombros por aí, havia uma expressão triste em seu rosto e ele estava visivelmente mais magro do que na última vez que eu havia lhe visto, o que fez meu estômago dar uma volta de 360° graus.
— Papai?
Liam Stuart se virou na minha direção e deu um sorriso triste, balançando a cabeça para que eu me aproximasse de onde ele estava parado.
— Rezei para sua mãe para que eu pudesse falar com você, mas não sabia se ela iria me atender, você sabe como deuses podem ser ocupados — confessou e suspirou — como você está, minha princesinha?
Senti meus olhos lacrimejando, a saudade de papai apertando meu peito enquanto eu me aproximava e jogava os braços ao seu redor, mesmo sendo um sonho e eu não estivesse realmente ali, senti seus braços me envolverem num abraço de urso extremamente apertado, porém eu nunca iria reclamar daquilo.
— Desculpe não ter ido lhe visitar, as coisas no acampamento estão loucas e agora vou ter que ir numa missão, papai... Eu estou com muitas saudades de você...
Ele se afastou minimamente, colocando uma mecha do meu cabelo castanho atrás da minha orelha carinhosamente.
— Também estou com saudades, minha princesinha.
— Papai, como você está? O senhor está mais magro, tem ido ao hospital fazer seus exames de rotina? Tem conseguido descansar do trabalho?
Liam riu, os olhos castanhos brilhando em minha direção.
— Sempre tão preocupada com as pessoas que ama... Eu estou bem, princesinha — respondeu tranquilamente — não temos tanto tempo quanto eu gostaria, que tal me contar sobre essa missão? Conseguiu achar Jason? Beatrice? Eles são com filhos para mim, espero que ele esteja sendo um bom namorado.
Senti meus olhos lacrimejarem ainda mais.
— Jason e Prim ainda estão desaparecidos, mas descobri onde eles estão e logo vamos estar juntos e eu prometo os arrastar eles para irem almoçar com o senhor!
Ele sorriu, concordando.
— E a missão?
— Vou ter que ir até o Alasca salvar o tenente do meu querido padrasto que está preso e tentar não morrer no caminho, nada com que eu já não esteja acostumada.
Liam arqueou uma sobrancelha, analisando lentamente meu rosto.
— Lá é frio, está levando seus casacos de inverno? Armas o suficiente? Aquela bota que tem lâminas nos saltos que eu comprei para você? As adagas que a sua mãe lhe deu?
— Os que cabem na mochila, sim, sim, óbvio papai, sempre estão estão nos meus dedos — levanto as mãos mostrando os anéis para dar ênfase naquilo — e entre roupas e armas, levarei roupas, pois ainda consigo conjurar adagas de sombras então não preciso levar tantas armas assim.
Ele suspirou aliviado.
— Confio em você, tente não se machucar muito — pediu sério — da última vez, se não fosse Jason me contar que você quase morreu naquela guerra, eu nem saberia!
Faço uma careta lembrando daquele dia, eu quase matei meu namorado por ter sido um fofoqueiro idiota, papai nos prendeu na casa dele por uma semana inteirinha e nos encheu de mimos para garantir que estávamos realmente bem.
— Relaxa papai, não estou indo sozinha na missão. Hazel, Frank e Percy estão indo comigo.
Liam me encarou desconfiado.
— Não conheço nem um Percy e Frank, são novatos? Pelo amor dos deuses, mandaram você numa missão perigosa com novatos? — arregalou os olhos, me encarando nervosamente — O que eles tem na cabeça?
Não consigo evitar uma risada com a preocupação do papai.
— Frank é novato, Percy não, aliás, o Percy luta melhor que o Jason até, mas por favor, nunca diga isso para o meu namorado.
Isso pareceu deixar ele mais calmo, mas em seguida ele me puxou novamente para outro abraço de urso.
— Tente não morrer — sussurrou — você é o milagre da minha vida, Prim, o motivo que me faz acordar todos os dias, eu não sei o que seria de mim se você acabasse ferida...
Eu tinha total noção de que algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto, porque infernos aquilo parecia uma despedida?
— Vou voltar para você papai, nós dois vamos comer aquela lasanha incrível que o senhor faz e rir de toda essa bagunça, eu prometo.
Liam fez carinho em meus cabelos, suspirando.
— Vou estar esperando você, princesinha — prometeu — podemos até convidar a velha da sua avó, tenho certeza que ela iria adorar um jantar para poder implicar com esse seu cabelo que só os deuses sabem a última vez que viram um salão.
O encaro incrédula.
— Hey! Não tem nem cinco meses, ok?
Ele riu baixinho, beijando minha testa em seguida.
— Te amo, papai.
— Também amo você, meu pequeno milagre.
O sonho começou a se dissolver e depois, me vejo num campo estranho onde vi uma mulher dormindo que parecia ser feita de terra.
Primrose Stuart, a princesinha do submundo.
Fico confusa ao ouvir sua voz na minha mente, quem ela era afinal?
Você quer seu namorado de volta? Quer manter seu pai em segurança? Me ajude a acordar e eu irei manter todos aqueles que você ama em segurança, terá seu namorado de volta... Você só precisa me ajudar.
— Quem é você?
Antes que ela responda, o sonho muda novamente e eu vejo Jason parado numa colina, ao lado de um pinheiro enquanto olhava para a nossa aliança.
— Eu vou encontrar você, Prim.
Tento ir em sua direção desesperadamente, mas sou acordada bruscamente por Gwen que me encarava deitada ao meu lado na cama, após os acontecimentos da noite anterior, acabamos dormindo juntas numa cama de solteiro.
— Precisa se arrumar.
A encaro confusa, vendo a agitação que estava no dormitório ao nosso redor.
— Para?
Gwen levantou da cama e me estendeu uma camiseta roxa, me fazendo fechar os olhos e resmungar um palavrão baixinho ao lembrar da reunião do senado, que seria longa e chata.
Pulo para fora da cama e começo a me vestir, se eu estava desanimada, Gwen parecia... Bom, como qualquer pessoa que morreu na noite anterior e agora estava viva, vendo sua amiga ir numa missão suicida, desanimada era um eufemismo dos grandes.
Cedo demais para piadas de enterro?
— Você não é exatamente obrigada a ir.
— Acho que Marte deixou bem claro que na verdade, sim, eu sou obrigada a ir — resmungo sentando na beirada da cama e calçando meus all star — Preciso urgentemente de café.
Gwen suspirou e Logan surgiu usando uma toga amassada, seu cabelo loiro estava completamente despenteado.
— Ouvi a palavra café? Aliás, Gwen, você está bem?
A garota concordou.
— Não precisa se preocupar, Logan — respondeu tranquilamente — deveríamos focar em Prim sendo mandada para uma missão suicida com um... Filho de Netuno.
O tom de Gwen para se referir ao fato de Percy ser filho do deus dos mares parecia um xingamento, conti a estranha vontade de defender o projeto de Dory.
— Prim não pode ir contra as ordens diretas de um deus, Gwen — Logan retrucou — você sabe disso.
Me levanto da cama e puxo os dois para um abraço em trio, o que os pega de surpresa, mas poucos segundos mais tarde eles acabam retribuindo a demonstração de afeto.
— Relaxem, não é a minha primeira missão suicida.
Gwen se acalmou, mas Logan se afastou e mirou seus olhos azuis em mim num aviso silencioso.
— Ainda não entendo o porquê da deusa do amor querer lhe obrigar a ir numa missão suicida — resmungou a garota — você não fez nada para ela! Pelo contrário, você teve seu namorado sequestrado junto com sua melhor amiga e...
Logan se remexeu, inquieto.
O preço de infelizmente saber a resposta para aquilo.
— Que tal irmos tomar café da manhã?
Não espero a resposta dos dois e já começo meu caminho para fora do dormitório, vendo Percy e Frank no caminho, meus futuros companheiros de missão suicida.
Me aproximo dos dois que logo notam a minha presença, Frank sorri nervosamente enquanto Percy apenas parece com fome, o que sinceramente, não julgo ele, pois eu realmente queria um enorme prato de panquecas naquele momento... Com calda de chocolate! Morangos! Minha boca chega a salivar com o pensamento.
— Sabe, já que eu tenho que ir numa missão suicida, fico feliz que seja com vocês.
Percy sorriu, passando o braço pelos meus ombros.
— Eu pensei num apelido! — o projeto de Dory anunciou animadamente — Hera Venenosa, você faz roseiras e plantas crescerem e...
Frank engasga com uma meia risada enquanto eu foco meus olhos no garoto que parecia orgulhoso de si mesmo naquele momento, como se tivesse acabado de anunciar a cura do Câncer.
— Eu não sou ruiva.
Percy fez uma careta.
— E eu não sou um peixe, mas mesmo assim você me chama de Dory — retrucou — o apelido fica até eu pensar num melhor.
Cara, onde eu me meti?
— Tecnicamente você é filho do deus do mar, então é praticamente um peixe... Um peixe sem memória, ou seja, Dory. O apelido que eu criei faz muito mais sentido.
Sento na mesa com eles e logo sirvo meu prato com uma pilha considerável de panquecas, coloco chocolate por cima junto com alguns morangos e rapidamente dou uma garfada generosa, enfiando tudo na boca enquanto Frank parece tentar conter a ansiedade e o nervosismo.
Notei que diversas pessoas sussurravam em nossa direção, mas decidi ignorar, pois nada iria estragar meu café da manhã.
— Então, meu bebe asiático favorito — começo lentamente, ganhando a sua atenção — Não falei ontem, mas... Sei lá, parabéns por ser filho do deus da guerra? Você é foda.
Frank fez uma careta.
— Eu sou canadense — corrigiu — e obrigado, eu acho.
Dou de ombros, focando novamente nas minhas deliciosas panquecas.
Eu provavelmente teria comido mais, mas Reyna anunciou que o senado deveria se reunir na cidade e todas as pessoas em togas se levantaram para sair.
— Aqui vamos nós — Só naquele momento notei Hazel, que mexia em uma pedra que mais parecia um rubi de dois quilates.
O fantasma Vittelius apareceu perto da gente em um tremeluzir roxo.
— Boa sorte, para vocês quatro! Ah, reunião do senado. Eu lembro daquela em que César foi assassinado. Aquela enorme quantidade de sangue em sua toga...
— Obrigado Vittelius, — Frank interrompeu. — Nós devemos nos apressar.
Reyna e Octavian lideraram a procissão dos senadores através do acampamento, com os autômatos dela correndo na frente e ao longo da estrada. Hazel, Frank e Percy caminhavam logo atrás.
Notei Nico di Angelo no grupo, usando uma toga negra e conversando com Gwen.
Dakota tropeçou em sua túnica vermelha manchada. Um monte de outros senadores pareciam estar tendo problemas com suas togas também - caminhando e levantando suas bainhas, tentando manter o pano sem escorrer de seus ombros.
— Como os romanos podiam se mover dentro destas coisas? — Percy perguntou.
— Elas eram apenas para ocasiões formais. — Falou Hazel — Como smokings. Aposto que os romanos antigos odiavam togas tanto quando nós odiamos. Então, você não trouxe nenhuma arma, não é?
A mão de Percy foi até seu bolso imediatamente.
— Por quê? Não devemos?
— Não são permitidas armas dentro da Linha Pomeriana. — Hazel respondeu.
Faço uma careta e olho para meus anéis, tirar eles era como ficar sem uma parte de mim.
— Linha o quê?
— Pomeriana — Frank disse. — Os limites da cidade. O interior é como uma sagrada 'zona segura'. Legiões não podem marchar por aí. Não são permitidas armas. Isto é para as reuniões do senado não serem sangrentas.
— Como quando Júlio César foi assassinado?
Percy definitivamente não parecia animado com a ideia, o que me fez rir baixinho.
Frank acenou com a cabeça.
— Não se preocupe. Nada parecido com isso acontece faz meses.
À medida que se aproximavam da cidade, eu podia apreciar como era bonita. Os telhados e cúpulas brilhavam ao sol. Jardins floresciam com madressilva e rosas. A praça principal era pavimentada com pedras brancas e cinzas, decorada com estátuas de mármore, fontes e colunas douradas. Nos arredores dos bairros, as ruas estavam cheias de casas recém-pintadas, lojas, cafés e parques. À distância, estava o coliseu e a arena de corrida de cavalos.
Os senadores à sua frente começaram a parar. Ao lado da estrada erguia-se uma estátua de mármore branco – um homem em tamanho real com cabelo crespo, sem braços, e uma expressão muito irritada.
Talvez ele parecesse zangado por ter sido esculpido apenas da cintura para cima. Abaixo disso, era apenas um grande bloco de mármore.
— Fila única, por favor! — A estátua falou. — Tenham os seus ID's preparados.
Uma fila idêntica de estátuas cercavam a cidade em intervalos de cem metros cada. Os senadores passaram facilmente pela estátua, que chamava cada senador pelo nome:
— Gwendolyn, senadora, Quinta Coorte, sim. Nico di Angelo, embaixador de Plutão – muito bem. Reyna, pretora, é claro. Hank, senador, Terceira Coorte – oh, belos sapatos, Hank! Logan, senador, Quinta Coorte, seu cabelo parece mais loiro. Ah, o que temos aqui?
Frank, Hazel, Percy e eu éramos os últimos.
— Términus, — falou Reyna, —este é Percy Jackson. Percy, este é Términus, Deus dos limites.
— Novo, é? — disse o Deus, — Sim , placa de probatio. Certo. Ah, uma arma em seu bolso? Tire isso! Tire isso!
Percy não sabia como Términus descobriu, mas ele levou embora sua caneta.
— Muito perigoso, — disse Términus. — Deixe-a na bandeja. Espere, onde está minha assistente? Julia!
Tirei meus anéis rapidamente antes que eu me tornasse o foco, depois de tantos anos, sabia perfeitamente como o deus agia quando o provocavam e francamente, não era tão legal assim.
Uma menina de cerca de seis anos de idade espiou por trás da base da estátua. Ela tinha tranças, usava um vestido rosa e tinha um sorriso travesso com dois dentes faltando.
— Julia? — Términus olhou para trás, mas Julia correu para a outra direção. — Para onde foi aquela garota?
O deus olhou para a outra direção e pegou-a em seu campo de visão antes que ela pudesse se esconder. A menina gritou em deleite.
— Ah, aí está você, — falou a estátua. — Em frente, e traga a bandeja.
Julia se retirou e afastou o vestido. Ela pegou uma bandeja e a apresentou para Percy e eu. Nela haviam várias facas, um saca rolhas, um enorme pote de protetor solar e uma garrafa d'água.
— Você pode pegar sua arma no caminho de volta, — falou Términus. — Julia irá tomar conta muito bem disso. Ela é uma profissional treinada.
A menininha concordou.
— Pro-fis-sio-nal. — Ela falou cada sílaba com muito cuidado, como se estivesse praticando.
Percy não pareceu achar a ideia animadora, mas eu apenas dei de ombros e depositei meus dois anéis na bandeja, ao lado do protetor solar, minha língua coçou para perguntar como infernos aquilo poderia ser uma arma, mas me conti.
— O problema é que, — o projeto de Dory começou, desanimado — a caneta volta automaticamente para o meu bolso, então mesmo se eu a deixar aqui...
— Não se preocupe — Términus assegurou — Nós mesmos cuidaremos para que isto não aconteça. Não é mesmo Julia?
A garotinha sorriu.
— Sim, Senhor Términus.
Relutante, Percy colocou sua caneta na bandeja.
— Agora, algumas regras, já que vocês são novatos, — Falou Términus. — Vocês estão entrando nos limites da cidade propriamente dita. Mantenham a paz dentro da linha. Dêem preferência ao tráfego de carruagens enquanto estiverem em estradas públicas. Quando chegarem na casa do senado, sentem-se no lado esquerdo. É lá embaixo, vêem onde eu estou apontando?
— Hum, — o projeto de Dory diz — Você não possui nenhuma mão.
Dei uma cotovelada em Percy que me olha incrédulo, como se ele não tivesse culpa.
Este era um ponto sensível para Términus. Sua face de mármore se tornou em um tom escuro de cinza.
— Mais um espertinho, é? Muito bem, senhor quebrador de regras, lá no fórum, Julia aponte por mim, por favor.
Julia baixou obedientemente a bandeja de segurança e apontou para a praça principal.
— A loja com o toldo azul — continuou Términus — Aquela é a loja geral. Eles vendem fitas métricas. Compre uma! Eu quero estas calças exatamente um centímetro acima dos tornozelos e esse cabelo devidamente cortado. E também coloque a camisa para dentro.
Hazel o interrompeu.
— Obrigada, Términus. Nós precisamos nos apressar.
— Certo, certo, vocês podem passar, — o deus disse com irritação — Mas fiquem no lado direito da estrada! E aquela rocha logo ali. Não, Hazel, olhe onde eu estou apontando. Aquela rocha está muito perto da árvore. Mova-a duas polegadas para a esquerda... Primrose! Não se atreva a se meter em uma briga!
Hazel fez o que ele havia mandado, e eles continuaram o seu caminho, Términus continuava gritando ordens para eles enquanto Julia fazia piruetas pela grama.
— Ele é sempre assim? — Perguntou o projeto de Dory.
— Não, — admitiu Hazel. — Hoje ele está um pouco descontraído. Normalmente ele é mais obsessivo-compulsivo.
Só para constar, Hazel estava sendo fofinha.
— Ele habita cada pedra na fronteira ao redor da cidade, — disse Frank. — É a nossa última linha de defesa se a cidade for atacada.
— Términus não é tão ruim, — Hazel concluiu. — Apenas não o faça ficar irritado ou ele te forçará a reverenciar a cada lâmina de grama de todo o vale.
Fiz uma careta.
— E isso não é um exagero.
Percy fez uma careta.
— E a criança? Julia?
Hazel sorriu.
— É, ela é uma gracinha. Seus pais vivem na cidade. Agora vamos... Vamos alcançar os senadores.
Apressei meu passo para alcançar Logan que não estava tão distante assim, ele se virou para mim enquanto eu me aproximava e olhou ao redor, me puxando para ficar um pouco mais ao lado, levemente afastados dos outros senadores.
O filho do deus do sol estava tenso.
— Vênus está tentando se vingar de você por causa de... Bom, você sabe — sussurrou nervoso — então por favor, tome cuidado.
Me mexi desconfortável com o assunto.
— Eu sei, eu sei!
Logan bufou, mas ficou em silêncio pelo resto do caminho.
O interior da casa do senado parecia uma sala de aula do colegial. Um semicírculo de assentos enfileirados diante de um trono com um pódio e mais duas cadeiras. As cadeiras estavam vazias, mas em uma havia um pequeno pacote de veludo no assento.
Percy, Hazel e Frank sentaram no lado esquerdo do semicírculo e eu logo me juntei a eles. Os dez senadores e Nico di Angelo ocuparam o resto da fila da frente. As fileiras superiores foram ocupadas por vários convidados e alguns velhos veteranos da cidade, todos em togas formais.
Octavian ficou na frente com uma faca e um bebe leão de pelúcia, apenas no caso de alguém precisar consultar o deus das fofuras colecionáveis. Reyna andou até o pódio e levantou a mão para chamar a atenção de todos.
— Certo, essa é uma reunião de emergência, — disse ela. — Nós não vamos ficar em formalidades.
— Eu amo formalidades! — Um fantasma reclamou.
Reyna lhe lançou um olhar cortante.
— Primeiro de tudo, — disse ela. — Não estamos aqui para votar na busca em si. A busca foi emitida por Marte Ultor, padroeiro de Roma. Vamos obedecer a seus desejos. Também não estamos aqui para debater a escolha dos companheiros de Frank Zhang.
— Todos os quatro da Quinta Coorte? — Perguntou Hank da Terceira.
— Isso não é justo.
— E não muito inteligente. — Disse o rapaz ao lado dele. —Nós sabemos que a Quinta vai atrapalhar. Eles devem ter alguém bom... Quer dizer, além de Primrose, óbvio.
Logan o lançou um olhar cortante.
— Eu diria que a gente foi muito bem ontem quando... Humilhamos a sua corte.
Reyna os ignorou.
— Como líder da busca, Frank tem o direito de escolher seus companheiros. Ele escolheu Percy Jackson, Primrose Stuart e Hazel Levesque.
Um fantasma da segunda fileira gritou:
— Absurdus! Frank Zhang não é nem mesmo um membro pleno da legião! Ele está em probatio. Deve ser liderado por alguém do centurião ou superior. Isto é completamente...
— Cato — Reyna vociferou. — É preciso obedecer à vontade de Marte Ultor. O que significa certos... ajustes.
Reyna bateu palmas e o assassino de ursinho de pelúcia veio para frente. Ele abaixou sua faca e o bebe leão e pegou o pacote de veludo da cadeira.
ERA UMA PELÚCIA COLECIONÁVEL, SEU MERDINHA!
— Frank Zhang, — ele disse. — Apresente-se.
Frank olhou nervosamente para mim. Então ele se levantou e aproximou-se do Áugure.
— É um... prazer meu, — disse o assassino de ursinhos colecionáveis da Disney, forçando para fora as últimas palavras. — Conferir-lhe a Coroa Mural por ser o primeiro sobre as muralhas na guerra de cerco. — Octavian entregou lhe uma placa de bronze com a forma de uma coroa de louros. — Além disso, por ordem da Pretora Reyna, você está promovido ao posto de centurião.
Ele entregou a Frank outra placa, um crescente de bronze e o senado explodiu em protestos.
— Ele ainda é um novato! — um gritou.
— Impossível! — disse outro.
— Canhão d'água no meu nariz! — gritou um terceiro.
Girei a aliança em meu medo nervosamente.
— Silêncio! — a voz de Octavian soou muito mais autoritária do que na noite anterior no campo de batalha. — Nossa Pretora reconhece que ninguém abaixo do posto de centurião pode conduzir uma busca. Para o bem ou para o mal, Frank deve conduzir esta missão – então nossa Pretora decretou que Frank Zhang deve se tornar centurião.
De repente, entendi o que um orador eficaz como o assassino de ursinhos colecionáveis da Disney fazia. Ele parecia sensato e solidário, mas sua expressão era de dor. Ele elaborava cuidadosamente suas palavras para colocar toda a responsabilidade sobre Reyna.
Foi ideia dela, ele parecia dizer.
Se desse errado, Reyna seria a culpada. Se apenas Octavian fosse o responsável, as coisas seriam feitas com mais sensatez. Mas, infelizmente, ele não tinha outra escolha a não ser apoiar Reyna, porque Octavian era um soldado romano leal.
O assassino de ursinhos colecionáveis da Disney conseguiu transmitir tudo isso dizendo aquilo, simultaneamente acalmando o senado e simpatizando com eles.
Reyna deve ter percebido isso também. Um olhar de irritação passou pelo seu rosto.
— Há uma vaga para centurião, — disse ela. — Um dos nossos diretores, também um senador, decidiu renunciar. Depois de dez anos na legião, ela vai retirar-se para a cidade e frequentar a universidade. Dakota da Quinta Coorte, obrigada por seu serviço.
Dakota sorriu.
— Como pretora, — Reyna continuou. — Tenho o direito de substituir os ofícios. Admito que é incomum para um campista em probatio, subir diretamente para o posto de centurião, mas acho que podemos concordar que... ontem à noite foi incomum. Frank Zhang, seu ID, por favor.
Frank retirou a placa que estava em torno do seu pescoço e entregou a Octavian.
— Seu braço, — disse o assassino de ursinhos colecionáveis da Disney.
Frank levantou o antebraço.
Octavian levantou as mãos para os céus dramaticamente.
— Aceitamos Frank Zhang, Filho de Marte, para o XII Legião Fulminata por seu primeiro ano de serviço. Você promete comprometer sua vida com o senado e com povo de Roma?
Frank murmurou algo como;
— Ee-pomet. — Então ele limpou a garganta e conseguiu dizer: — Eu prometo.
Os senadores gritaram
— Senatus Populusque Romanus!
Fogo flamejou no braço de Frank. Por um momento seus olhos se encheram de terror. Em seguida, a fumaça e as chamas morreram, e novas marcas foram marcadas a ferro na pele de Frank: SPQR, uma imagem de lanças cruzadas, e uma única faixa, representando o primeiro ano de serviço.
— Você já pode se sentar. — Octavian olhou para o público como se dissesse: Isto não foi ideia minha, pessoal.
— Agora, — disse Reyna. — Devemos discutir a missão.
Os senadores se viraram e começaram a murmurar quando Frank voltou para seu lugar.
— Doeu? — Percy sussurrou.
Frank olhou para o antebraço, que ainda estava fumegando.
— Sim. Bastante. — Ele parecia encantado pelos emblemas na sua mão – a marca do centurião e a Coroa Mural – como se não soubesse o que fazer com eles.
— Aqui. — Os olhos de Hazel brilhavam de orgulho. — Eu arrumo.
Ela prendeu as medalhas na camisa de Frank.
— Você merece isso, cara, — disse o projeto de Dory — O que você fez na noite passada? Liderança nata.
Frank fez uma careta.
— Mas centurião...
— Centurião Zhang, — chamou Octavian. — Você ouviu a pergunta?
Frank piscou.
— Hmm... desculpe. O quê?
Octavian se virou para o senado e sorriu tolamente, como O que eu lhes disse?
Por favor, alguém me segura antes que eu bata na cara do assassino de ursinhos colecionáveis da Disney.
— O que o nosso querido Octavian estava perguntado, é se você tem um plano para a missão. Você sabe mesmo para onde está indo? — digo deixando o sarcasmo discreto fluir pelas minhas palavras, ganhando a atenção de todos — o que é estranho, pois tenho a impressão de que ele não estava prestando atenção nas ordens de lorde Marte, que foi bem claro, como todos vocês sabem.
— Estamos indo para as terras além dos deuses – Alasca. — Hazel completou.
Os senadores se contorcem em suas togas. Alguns dos fantasmas brilharam e desapareceram. Até mesmo os cães de metal de Reyna rolaram de costas e choramingaram, mas a pretora me enviou um olhar satisfeito.
Finalmente o Senador Larry se levantou.
— Eu sei o que Marte disse, mas isso é loucura. O Alasca é amaldiçoado! Eles o chamam de as terras além dos deuses por uma razão. É tão distante no norte, que os deuses romanos não têm poder lá. O lugar é cheio de monstros. Nenhum semideus tem voltado de lá vivo desde...
— Desde que você perdeu sua águia, — Percy disse.
Larry ficou tão assustado, que caiu para trás em seu podex.
— Olha, — Percy continuou. — Eu sei que eu sou novo aqui. Eu sei que vocês não gostam de mencionar o massacre da década de oitenta...
— Ele mencionou aquilo! — Um dos fantasmas choramingou.
— ...mas vocês não entenderam? — Percy continuou. — A Quinta Coorte que conduziu a expedição. Nós falhamos, e nós temos que ser responsáveis para fazer as coisas certas. É por isso que Marte está nos enviando. Esse gigante, filho de Gaia – ele foi aquele que derrotou suas forças trinta anos atrás. Eu tenho certeza disso. Agora ele está sentado lá no Alasca com um deus da morte acorrentado, e com todos os seus equipamentos antigos. Ele está reunindo seus exércitos e enviando-os para o sul para atacar este acampamento.
— Sério? — Octavian disse. — Você parece saber bastante sobre os planos do nosso inimigo, Percy Jackson.
Percy ficou tenso e respirou fundo em seguida.
— Nós vamos enfrentar esse filho de Gaia, — disse ele, conseguindo manter a compostura. — Nós vamos pegar de volta sua águia e libertar esse deus... — Ele olhou para Hazel. — Tânatos, certo?
Ela concordou.
— Letus, em Roma. Mas seu antigo nome grego é Tânatos. Quando se trata da Morte... ficamos felizes em deixá-lo em grego.
Octavian suspirou, exasperado.
— Bem, tanto faz como você o chama... como você espera fazer tudo isso e voltar para Festa da Fortuna? Que é na tarde do dia 24. É dia 20 agora. Você sabe por onde procurar? Você pelo menos sabe qual é filho de Gaia?
— Sim. — Hazel falou com tanta certeza que até mesmo eu fiquei surpresa — Eu não sei exatamente onde procurar, mas eu tenho uma boa idéia. O nome do gigante é Alcioneu.
O nome parecia ter abaixado a temperatura da sala em cinquenta graus. Os senadores estremeceram.
Reyna agarrou-se ao pódio.
— Como você sabe? — Disse à Hazel — Porque você é filha de Plutão?
Nico di Angelo estava tão quieto, seus olhos escuros miraram os meus. Agora ele se levantou em sua toga negra.
— Pretora, se eu puder, — disse ele. — Hazel e eu... nós aprendemos um pouco sobre os gigantes com nosso pai. Cada gigante foi criado especificamente para se opor a um dos doze deuses olimpianos – para roubar o domínio dos deuses. O rei dos gigantes era Porfírion, o anti-Júpiter. Mas o gigante mais velho era Alcioneu. Ele nasceu para se opor a Plutão. É por isso que nós sabemos desse particularmente.
Reyna franziu a testa.
— Verdade? Você parece bastante familiarizado com ele.
Nico pegou na borda de sua toga.
— De qualquer forma... os gigantes eram difíceis de matar. De acordo com a profecia, eles só poderiam ser derrotados por deuses e semideuses trabalhando juntos.
Dakota arrotou.
— Desculpe, você disse deuses e semideuses... lutando lado a lado? Isso nunca poderia acontecer!
— Isso já aconteceu. — Nico disse. — Na primeira guerra contra um gigante, os deuses chamaram os heróis para se juntar a eles. Se isso vai acontecer de novo, eu não sei. Mas com Alcioneu... ele era diferente. Ele era completamente imortal, impossível de ser morto por um deus ou semideus, desde que ele permanecesse em sua terra natal – o lugar onde ele nasceu.
Nico pausou para deixar o que disse afundar.
— E se Alcioneu renasceu no Alasca...
— Então ele não pode ser derrotado lá, — Hazel terminou. — Nunca. Por qualquer meio que seja. Foi por isso que a nossa expedição da década de oitenta foi um fracasso.
Outra rodada de discussões e gritos estourou.
— A busca é impossível! — gritou um senador.
— Estamos condenados! — choramingou um fantasma.
— Mais Kool-Aid! — gritou Dakota.
— Silêncio! — Reyna chamou. — Senadores, devemos agir como romanos. Marte nos deu esta missão, e nós temos que acreditar que é possível. Estes três semideuses devem viajar para o Alasca. Eles devem libertar Tânatos e voltar antes da Festa da Fortuna. Se eles conseguirem recuperar a águia perdida no processo, ainda melhor. Tudo que podemos fazer é aconselhá-los e garantir que tenham um plano.
Reyna olhou para Percy sem muita esperança.
— Você tem um plano?
Rapidamente me levantei do meu lugar, discretamente puxei Percy para fazer o mesmo enquanto ele me encarava.
— Percy e eu bolamos um plano noite passada — falei lentamente, deixando o leve charme que as filhas de Proserpina tinham fluir em cada sílaba, me concentrei nisso — Todos que estão aqui hoje me conhecem, na última guerra levantei minhas armas contra os titãs e os derrotei junto do Pretor Jason Grace e de todos vocês. Eu nunca, nem em um milhão de anos, sairia para uma missão tão importante sem ter um plano que garantiria a glória para a nossa Legião.
A última parte era apenas uma mentira, mas eles pareceram acreditar e se acalmaram um pouco, olhei para o projeto de Dory que felizmente entendeu o recado.
— Porém, para o nosso plano ter mais chance de sucesso, nós precisamos entender algumas coisas — Ele se virou para Nico. — Eu pensava que Plutão era o deus dos mortos. Agora eu ouço sobre esse outro cara, Tânatos, e as Portas da Morte daquela profecia – a Profecia dos Oito. O que tudo isso significa?
Nico tomou fôlego.
— Okay, Plutão é o deus do Mundo Inferior, mas o real deus da morte, aquele que é responsável por garantir a ida das almas para a vida após a morte e ficarem lá – é o tenente de Plutão, Tânatos. Ele é como... bem, imagine que a Vida e a Morte são dois países diferentes. Todo mundo gostaria de estar na Vida, certo? Então, há uma fronteira guardada para impedir as pessoas de atravessar para cima sem permissão. Mas é uma grande fronteira, com vários buracos na cerca que as divide. Plutão tenta fechar essas brechas, mas novas se formam o tempo todo. É por isso que ele depende de Tânatos, que é como a patrulha da fronteira, a polícia.
— Tânatos captura as almas, — Percy disse. — E as deporta de volta ao Mundo Inferior.
— Exato, — Nico disse. — Mas agora Tânatos foi capturado, acorrentado.
Frank levantou a mão.
— Hum...como você captura a Morte?
— Isso já foi feito antes, — Nico disse. — Antigamente, um cara chamado Sísifo enganou a Morte e o amarrou. Outra vez, Hércules o derrubou no chão.
— E agora um gigante o capturou, — Percy disse. — Então, se nós conseguirmos libertar Tânatos, os mortos vão continuar mortos? — Ele olhou para Gwen. — Hum... sem ofensas.
Nico suspirou.
— É mais complicado que isso.
Octavian revirou os olhos.
— Por que isso não me surpreende?
— Você quer dizer que as Portas da Morte, — disse Reyna, ignorando Octavian. — Elas são mencionadas na Profecia dos Oito, que enviou a primeira expedição ao Alasca...
Cato, o fantasma, bufou.
— Todos nós sabemos como isso acabou! Nós Lares nos lembramos!
Os outros fantasmas resmungaram em acordo.
Nico colocou o dedo nos lábios. De repente, todos os Lares ficaram em silêncio. Alguns olharam alarmados, como se suas bocas tivessem sido coladas.
— Tânatos é apenas parte da solução. — Nico explicou. — As Portas da Morte... bem, isso é um conceito que nem mesmo eu entendo completamente. Existem muitos caminhos para o Mundo Inferior - o rio Estige, a Porta de Orfeu – além de pequenas rotas de fuga que se abrem de tempos em tempos. Com Tânatos preso, todas aquelas saídas serão mais fáceis de usar. Às vezes, elas podem trabalhar ao nosso favor e deixar que uma alma amiga volte - como Gwen aqui. Mas frequentemente irá beneficiar as almas do mal e os monstros, os sorrateiros que estão à procura de escapar. Agora, as Portas da Morte – estas são as portas pessoais de Tânatos, sua via rápida entre a Vida e a Morte. Apenas Tânatos deveria saber onde elas estão, e sua localização que muda ao longo dos tempos. Se eu entendi corretamente, as Portas da Morte tem sido forçadas a se abrir. Os servos de Gaia assumiram controle delas...
— O que significa que é Gaia que controla quem pode voltar ou não dos mortos, — Percy adivinhou.
Nico concordou.
— Ela pode selecionar e escolher quem vai para fora – os piores monstros, as almas mais malvadas. Se nós resgatarmos Tânatos, significa que pelo menos ele pode pegar almas de novo e enviá-las para baixo. Monstros irão morrer quando nós os matarmos, como antigamente, e nós vamos conseguir um pequeno espaço para respirar. Mas ao menos que sejamos capazes de retomar as Portas da Morte, nossos inimigos não irão ficar lá embaixo por muito tempo. Eles têm uma maneira fácil de voltar ao mundo dos vivos.
Gaia.
O nome me atravessou como uma faca, imediatamente lembrei da mulher deitada na colina que pedia a minha ajuda.
Há! isso fica cada pior.
— Então poderemos pegá-los e deportá-los, — resumiu Percy — Mas eles simplesmente continuarão voltando.
—Em poucas palavras, deprimente, sim. — Disse Nico.
Frank coçou a cabeça.
— Tânatos sabe onde as portas estão, certo? Se nós o libertarmos, ele pode retomá-las.
— Eu acho que não, — Nico disse. — Não sozinho. Ele não é páreo para Gaia. Isso precisaria de uma missão enorme... um exército dos melhores semideuses.
— Inimigos com armas às Portas da Morte afinal — Reyna disse.
— Essa é a Profecia dos Oito...— Ela olhou para Percy — Se isso inicia a antiga profecia, não temos recursos para enviar um exército para essas Portas da Morte e proteger o acampamento. Eu não consigo nem mesmo imaginar poupar oito semideuses...
— Coisas importantes primeiro. — Percy tentou soar confiante, embora eu pudesse sentir o nível de pânico crescente na sala. — Eu não sei quem são os oito, ou o que significa a antiga profecia, exatamente. Mas primeiro temos que libertar Tânatos. Marte nos disse que só precisaríamos de quatro pessoas para a busca no Alasca. Vamos nos concentrar em ter sucesso com isso e voltar antes da Festa da Fortuna. Então poderemos nos preocupar com as Portas da Morte.
— Sim, — Frank disse em voz baixa. — Isso provavelmente é suficiente por uma semana.
— Então você tem um plano? — Octavian perguntou cético.
Respiro fundo para conter a vontade de socar o assassino de ursinhos colecionáveis da Disney e forço meu melhor sorriso, piscando meus cílios três vezes seguidas.
— Octavian, você está bem? — pergunto, fingindo estar verdadeiramente preocupada — pois essa é a segunda vez que parece que você não consegue prestar atenção nas coisas, ao contrário de Reyna, nossa pretora, que decora cada sílaba que foi falado...
Suspiro dramaticamente, colocando a mão sobre o peito enquanto me divirto ao ver o olhar de ódio que o assassino de ursinhos me enviava, Reyna sorriu agradecida.
— Como eu estava falando... — digo voltando ao assunto — Sim, nós definitivamente temos um plano, nada com que se preocupar, vai ser uma vitória garantida para a legião e eu irei adorar contar essa história para os meus netos.
Percy sorriu orgulhoso, entrando na mentira.
— Vamos partir para o Alasca, mas não iremos revelar mais detalhes do nosso plano para caso de que... Bem, informações não podem ser vazadas, não é mesmo?
Octavian sorriu falsamente.
— Muito bem, — Reyna decidiu — Nada nos resta a não ser votar em que tipo de apoio poderemos dar para a missão - transporte, dinheiro, magia, armas.
— Pretora, se eu puder, — disse o assassino de ursinhos colecionáveis da Disney.
Fiz uma careta.
— Oh, ótimo, — murmurou Percy — Lá vem ele.
— O acampamento está em grave perigo, — disse Octavian. —Dois deuses nos advertiram que seremos atacados em quatro dias a partir de agora. Nós não devemos espalhar nossos recursos tão escassos, especialmente para financiar projetos que têm uma pequena chance de sucesso.
Octavian olhou para os três com piedade, como se dissesse, Coitadinhos.
— Marte escolheu claramente os candidatos menos prováveis para esta missão. Talvez seja porque ele os considere os mais dispensáveis — o assassino de ursinhos diz.
Sinto meu sangue ferver, a vontade de ir até ele e socar a cara dele ficava cada vez maior.
— Então você está dizendo que eu sou dispensável mesmo depois de, especificamente, ter salvado sua vida? — retruco prontamente — é assim que você trata os seus colegas de legião? Como apenas algumas vidas dispensáveis? Bom, acho que isso é uma prova do motivo pelo qual a Reyna é a pretora.
O assassino de ursinhos me encarou irritado.
— Não foi isso que eu quis dizer.
— Sabemos que não — digo inocentemente — bom, estou apenas expondo minha opinião... Nós sabemos como uma pessoa é pelo jeito que ela trata quem já salvou sua vida, vocês não acham?
Vejo pessoas sussurrando e concordando prontamente com o que eu havia dito, dei um sorriso doce para o assassino de ursinhos que se mexeu desconfortável, provavelmente ele não contava com a minha doce opinião, brincando em seu próprio joguinho de manipulação.
Minha mãe é a rainha do submundo, você achou que era fácil ficar contra mim?
— Talvez Marte esteja jogando com vantagem por muito tempo. Qualquer que seja o caso, ele sabiamente não ordenou uma expedição maciça, nem ele nos pediu para financiar sua aventura. Eu digo para manter nossos recursos aqui e defendermos o acampamento. Este é o lugar onde a batalha vai ser perdida ou ganha. Se esses três forem bem sucedidos, maravilhoso! Mas devem fazê-lo com suas próprias habilidades — Octavian diz tentando mudar o assunto.
Conti a vontade de revirar os olhos, as pessoas olham de mim para o assassino de ursinhos como se fosse um jogo de ping pong emocionante.
— Então você quer nos mandar a própria sorte? Como se as vidas dos seus companheiros não fossem tão importantes? — digo lentamente, o ódio dança em seus olhos — Pensei que cada vida importa.
Um murmúrio inquieto passou no meio da multidão, Frank pulou de seu assento. Antes que ele pudesse começar uma briga que eu obviamente iria apoiar, Percy disse:
— Tudo bem! Sem problemas. Mas pelo menos nos dêem transporte. Gaia é a deusa da terra, certo? Indo por terra, através da terra - eu suponho que nós devemos evitar isso. Além disso, assim vai ser muito lento.
Octavian riu.
— Você gostaria que nós fretássemos um avião?
A ideia me fez querer vomitar.
— Não. Viagens aéreas... Eu tenho uma impressão de que não seria bom, também. Mas um barco. Você pode pelo menos pode nos dar um barco? — O projeto de Dory parecia menos animado com a ideia de um avião do que eu.
Um barco?
Como eu iria explicar que eu nem ao menos sei nadar? Seria bem humilhante morrer afogada numa missão ao invés de morta por um monstro.
— Um barco! — Octavian virou-se para os senadores. — O filho de Netuno quer um barco. Viagens marítimas nunca foram um jeito romano, mas ele não é muito romano!
— Octavian, — Reyna disse severamente. — Um barco é pequeno o suficiente para se pedir. E desde que não haja outro auxílio parece bastante...
— Tradicional, — Octavian exclamou. — É muito tradicional. Vamos ver se estes aventureiros têm a força para sobreviver sem ajuda, como romanos de verdade!
Mais murmúrios encheram a câmara. Os olhos dos senadores se mudavam de um lado para o outro entre Octavian e Reyna, assistindo o teste de vontades.
Reyna endireitou na cadeira.
— Muito bem, — disse ela com firmeza. — Vamos colocá-lo em votação. Senadores, a proposta é a seguinte: A missão deve ir para o Alasca. O Senado deve fornecer acesso completo para a marinha romana ancorada na Alameda. Nenhum outro auxílio futuro. Os três aventureiros irão sobreviver ou não por seus próprios méritos. Todos a favor?
As mãos de cada senador subiram.
— A proposta foi aceita. — Reyna virou-se para Frank — Centurião, seu grupo está dispensado. O Senado tem outros assuntos para discutir. E, Octavian, se eu puder conversar com você por um momento.
Não pensei duas vezes antes de sair logo dali, os três me seguiram e eu suspirei aliviada ao chegar ao lado de fora, o sol tocando minha pele e o ar fresco me dando boas-vindas novamente, Hazel pegou uma grande esmeralda do caminho e colocou-a no bolso.
— Então... que tal um brinde?
Frank balançou a cabeça miseravelmente.
— Se qualquer um de vocês quiser voltar atrás, eu não os culparei.
— Você está brincando? — Hazel disse — E ficar no posto de sentinela o resto da semana?
Frank conseguiu dar um sorriso e se virou para mim.
— Prim?
Sinto os olhos dos três semideuses em mim, dei de ombros e foquei nas rosas que enfeitavam os canteiros da rua, pegando uma linda rosa vermelha para mim.
— Adoro uma boa luta.
Frank pareceu mais aliviado e então focou em Percy, que parecia pensativo.
— Eu estou com você, — ele disse para Frank. — Além disso, eu quero verificar a marinha romana.
Eles estavam apenas do outro lado do fórum quando alguém chamou.
— Jackson!
O projeto de Dory se virou e fez uma careta ao ver o assassino de ursinhos correndo em nossa direção, me coloquei entre os dois e cruzei os braços.
— O que você quer? — Percy perguntou.
Octavian sorriu.
— Já decidiu que eu sou o seu inimigo? Isso é uma escolha imprudente, Percy. Eu sou um romano leal.
Frank rosnou.
— Seu traiçoeiro, viscoso...
Percy e Hazel rapidamente tiveram que o segurar, aponto o dedo na direção do assassino de ursinhos que foca a sua atenção em mim.
— Você realmente acha que alguém se importa com você? Todo mundo nesse acampamento fica falando mal de você, o ridículo descendente de Apollo que acha que tem algum dom para a profecia... Coitadinho.
O assassino de ursinhos arqueou a sobrancelha, me olhando de forma debochada.
— Você até pode ter razão, mas e você? A heroína da guerra que virou uma garotinha chorona porque perdeu o namoradinho. Se eu sou ridículo... Você é digna de pena, Primrose — retrucou dando um passo em minha direção — mas estou disposto a esquecer todo esse seu ódio se você começar a ficar ao meu lado.
O encarei incrédulo.
— Oi?
Percy colocou protetoramente o braço ao redor dos meus ombros, olhando desconfiado para o assassino de ursinhos, que não gostou da ação.
— De qualquer forma — Octavia diz mudando de assunto — Jackson, eu só o segui porque Reyna me confiou uma mensagem. Ela quer que você se reporte na principia sem seus – hã – dois lacaios aqui. Reyna irá encontrá-lo lá após o recesso do Senado. Ela gostaria de ter uma conversa em particular com você antes de sair em sua busca.
— Sobre o quê? — Percy disse.
— Tenho certeza de que não sei. — Octavian sorriu maliciosamente — A última pessoa com quem ela teve uma conversa privada foi com Jason Grace. E essa foi a última vez que eu o vi. Boa sorte e adeus, Percy Jackson.
O encaro irritada e vejo Percy suspirando, os olhos do assassino de ursinho focou em mim.
— Agora, Primrose, creio que nós dois temos muito o que conversar... A sós.
Se antes eu queria socar a sua cara, agora eu queria o assassinar e esconder seu cadáver em algum lixo qualquer.
— Não tenho nada para conversar com você.
O assassino de ursinhos zombou.
— Eu posso garantir que você tem.
Percy apertou seu braço ao meu redor, num aviso.
Reviro os olhos com tédio e me afasto, caminhando na direção do assassino de ursinhos.
— Para o seu próprio bem, espero que você seja rápido.
Octavian concordou e se virou para seguir pela rua, dei uma última olhada para meus companheiros de missão que pareciam preocupados e dei um sorriso tranquilo antes de seguir o assassino de ursinhos colecionáveis da Disney.
Ele andou até uma cafeteria que eu frequentava regularmente com Jason, o assassino de ursinhos se sentou numa das mesas da entrada, próxima a janela que dava para a rua e me encarou, o encarei desconfiada enquanto sentava em sua frente e o observei chamar a garçonete.
— Quero um café preto sem açúcar e a minha amiga...?
Faço uma careta.
— Você é definitivamente um sociopata, quem infernos toma café sem açúcar? — resmungo incrédula — quero um chocolate quente com canela e chantilly, junto com um pastel de forno com recheio de frango.
A garota assentiu e saiu, apoiei os cotovelos na mesa e foquei no assassino de ursinhos, que me observava.
— Sabe, nós dois já fomos próximos, lembra? — Octavian diz como quem não quer nada, o que eu sabia que era apenas uma máscara — eu ensinei você latim antigo.
Reviro os olhos com tédio.
— Sim, aí teve uma guerra e a sua única preocupação era se tornar pretor, mas então... Oh! A legião escolheu Jason e Reyna, você ficou bem chateado se bem me lembro.
O assassino de ursinhos fez uma careta, não parecendo contente com a minha memória.
— Claro, claro — resmungou — mas, sabe o que eu acho? Isso foi totalmente injusto, o que Jason e Reyna perderam durante a guerra? Francamente, todo mundo sempre fez o que o filho de Júpiter queria apenas por ele ser filho do rei do Olimpo, você não acha isso injusto?
Desviei o olhar, focando na janela ao meu lado.
— Octavian...
— Nós dois vimos pessoas que realmente nos importamos morrer, apenas pelo bem dos nossos irmãos romanos, fizemos coisas horríveis, eu e você... Para no final, tudo isso ser em vão e a legião decidir que Reyna e Jason eram dignos de serem pretores.Sabe quem mais perdeu alguém importante na guerra? Beatrice, ela perdeu o cara por quem era apaixonada... Mas não vejo ninguém falando sobre isso, você vê?
Os flashes daquele dia me atravessam como facas, aqueles olhos castanhos esverdeados me olhando com mágoa, traída.
— Eu não quero falar desse assunto.
O assassino de ursinhos sorri de lado, percebendo que sim, ele havia tocado em uma ferida que nós dois sabíamos que nunca fecharia, nem em um milhão de anos.
— Nós dois deveríamos ter sido os pretores, francamente, você e Beatrice lutaram em todas aquelas missões tanto quanto Jason — Octavian sussurrou lentamente — Você teve que escolher entre a vida de duas pessoas que amava apenas pelo bem do Olimpo, suas mãos estão tão manchadas de sangue quantas as minhas, sangue de pessoas que amávamos e todo o dia, quando deitamos, pensamos que deveríamos ter sido nós no lugar deles... Reyna e Jason juntos como pretores, você sabe que seria só uma questão de tempo até o herói largar você e ficar com ela.
Me encosto para trás, apoiando minhas costas no banco e fechando os olhos por breves momentos, tentando evitar que aquilo me afetasse tanto, ao menos na frente do assassino de ursinhos.
Infelizmente a parte de Jason e Reyna havia sido como um tiro.
— Eu nunca quis ser pretora... Nem Beatrice.
Octavian riu, como se eu tivesse falado uma enorme mentira.
— Mas você merecia, Primrose, você merecia a glória, merecia que todos nesse acampamento lhe respeitassem tanto quanto respeitavam Jason, mas agora aqui estamos nós dois, na beira de outra guerra... Quantas mais vidas de pessoas que amamos vamos acabar perdendo? Sendo obrigados a escolher?
Foco meus olhos no assassino de ursinhos, ele me encarava atentamente.
— Então você me chamou para ficar tentando me manipular? Você acha que ela iria gostar de ver isso?
Octavian travou por breves momentos, dor atravessando seu rosto.
— Você acha que ela iria gostar de ver você sofrendo por meses seguidos porque Jason e Beatrice sumiram? — retrucou irritado — Você acha que ela iria gostar de ver você sendo arrastada para uma missão suicida? Para mais uma guerra?
A garota surgiu colocando nossos pedidos em cima da mesa e o assassino de ursinhos lhe entregou o dinheiro, pagando pelos nossos dois pedidos e ela logo saiu, nos deixando novamente sozinhos na nossa conversa tensa, os olhos dele novamente focaram em mim.
Octavian suspirou.
— Jason Grace ainda vai ser a sua ruína Primrose, você vai perder tudo por ser inocente demais para abrir os olhos.
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