❦Chapter Forty Nine - Damn Greek drama
001🌹 ━━ Apenas apreciem esse capítulo e comentem muito, obrigada.
002🌹 ━━ Para quem gosta de Harry Potter, estou lançando short fic de cada irmão Weasley, a do Ron já está completa e agora estou trabalhando na do Charlie!
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Capítulo Quarenta e Nove: MALDITO DRAMA GREGO
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Primrose Stuart
EU CONSEGUIA ME VIRAR COM AS COBRAS, mas o guia de Hércules para o Mare Nostrum não ajudava muito com todo o resto, como os mosquitos, que pareciam ter feito Piper como o seu alvo.
— Se esta é uma ilha mágica — resmungou Piper — por que não podia ser uma ilha mágica agradável?
Olhei para a garota, com certa pena.
— Sabe, depois de alguns anos nessa coisa de semideus, você vai perceber que nunca temos sorte o suficiente para ganhar uma ilha mágica que seja agradável.
Ela me encarou desanimada.
— Ótimo.
Nós subimos uma colina e descemos até um vale com bosques cerrados, tomando cuidado para evitar as cobras de listras pretas e vermelhas que tomavam sol nas pedras. Nuvens de mosquitos pairavam sobre poças de água parada nas áreas mais baixas. As árvores eram em sua maioria pequenos pinheiros, oliveiras e ciprestes.
Até ali não tínhamos encontrado nenhum rio.
— Podíamos voar — tornou a sugerir Jason.
Ele parecia extremamente desconfortável entre nós duas, mas eu realmente não me importava;
— Podemos deixar alguma coisa passar — disse Piper. — Além disso, não sei se quero despencar em cima de um deus hostil. Qual é mesmo o nome dele? Aquele o quê?
— Aqueloo. — Jason tentava ler o guia enquanto caminhavam, de forma que a todo instante dava de cara com árvores e tropeçava em pedras. — Aqui diz que ele é um potamus.
— Ele é um hipopótamo? — perguntei, confusa.
Jason me encarou.
— Não. Potamus. Um deus-rio. Segundo isto aqui, ele é o espírito de algum rio da Grécia.
Ajeitei Salazar ao redor do meu pescoço, ele não estava muito feliz com o nosso passeio, eu tinha quase certeza que ele preferia estar no navio, deitado no meu quarto ou infernizando o treinador, como era o seu novo passatempo favorito.
— Como não estamos na Grécia, vamos presumir que ele tenha se mudado — falou Piper — Não parece que este livro vai ser muito útil. Algo mais?
— Diz aqui que Hércules lutou contra ele uma vez — relatou Jason.
Revirei os olhos.
— Hércules lutou contra noventa e nove por cento de tudo na Grécia Antiga.
— É. Vamos ver. Pilares de Hércules... — Jason passou uma página. — Diz aqui também que a ilha não tem hotéis, restaurantes, ou meios de transporte. Atrações: Hércules e dois pilares. Hã, isso é interessante. Acredita-se que o símbolo do dólar... sabe, o cifrão?... tenha vindo do brasão espanhol, que mostrava os Pilares de Hércules com uma bandeira ondulando entre eles.
Olhei para o loiro, mordendo o lábio inferior e percebendo mais uma coisa em comum que eu tinha com Percy: nós dois somos apaixonados por loiros nerds.
— Alguma coisa útil? — perguntou Piper.
— Espere. Eis uma minúscula referência a Aqueloo: O deus-rio lutou contra Hércules pela mão da bela Dejanira. Durante a luta, Hércules quebrou um de seus chifres, que se tornou a primeira cornucópia.
— Corno o quê?
— Aquele enfeite que se usa no dia de Ação de Graças — expliquei para ela — Sabe aquele chifre cheio de frutos e flores? Temos alguns no refeitório do Acampamento Júpiter.
Piper franziu a testa.
— E nós temos que arrancar o outro — afirmou Piper. — Estou sentindo que isso não vai ser muito fácil. Quem foi Dejanira?
— Hércules se casou com ela — falou Jason. — Acho... aqui não diz, mas acho que algo ruim aconteceu com ela.
Olhei para mais uma das cobras que estava no nosso caminho, tendo uma ideia.
— Na verdade... Elas devem saber onde está o rio.
Jason me encarou e então, seu olhar foi para as cobras, considerando a ideia.
— Tem razão, quer perguntar para ela?
Me aproximei de uma das cobras e me abaixei, ganhando a sua atenção.
— Oi, eu sou a Prim — sussurrei — Sou filha de Proserpina, eu e os meus amigos aqui estamos em uma missão, você saberia nos informar onde está o Aqueloo?
Hércules deu essa missão para vocês? Há! Coitados... A cobra sibilou.
Fiz uma careta.
— Você vai nos ajudar...?
Me sigam.
— Ela vai nos levar até lá — expliquei — basta a gente a seguir.
Nós percorremos uma crista entre duas colinas, tentando permanecer na sombra, Piper e eu já estávamos encharcadas devido ao calor, parecia que não chegávamos nunca no nosso destino. Enquanto descíamos em direção ao vale seguinte, eu comecei a amaldiçoar Jason por ter mencionado aquela deusa desgraçada e infeliz.
— Nada disso teria acontecido se Jason aqui não tivesse mencionado Hera.
O loiro fez uma careta.
— Eu já pedi desculpas... Como eu ia saber que ele ainda a odeia?
— Bom, eu odeio ela e olha que Hera não infernizou a minha vida como fez com a do seu irmão ali.
Piper suspirou.
— Brigar não vai adiantar muito — resmungou — e amanhã é primeiro de julho, o nosso último dia para salvar Trice e Nico, também evitar que Roma seja destruída.
Olhei para a garota.
— Eu sei que amanhã é o último dia para salvar a minha melhor amiga — retruquei — caso você não lembre, Trice era a minha melhor amiga, irmã, muito antes de você a conhecer.
Ela estremeceu.
Antes que eu pudesse me desculpar por ter sido grossa demais, a cobra sibilou, então eu comecei a ouvir o barulho de água corrente.
— Pessoal, acho que estamos perto.
Nós seguimos com cuidado entre as árvores e acabamos na margem do rio. Talvez tivesse mais de dez metros de largura, mas poucos centímetros de profundidade, uma faixa de água prateada correndo sobre um leito liso de pedras. Alguns metros rio abaixo, corredeiras mergulhavam em um poço azul-escuro.
Alguma coisa naquele rio me perturbava. As cigarras nas árvores tinham ficado quietas. Nenhum pássaro gorjeava. Era como se a água estivesse falando e só permitisse a própria voz.
No entanto, quanto mais eu ouvia, mais convidativo o rio parecia. Eu queria beber um gole daquela água. Talvez devesse tirar os sapatos; faria bem molhar os pés. E aquele poço... seria tão bom mergulhar ali com Jason e relaxar à sombra das árvores, flutuando na água fresca e agradável.
Piper me sacudiu, chamando a minha atenção.
— Tem algo errado aqui — sussurrou.
Concordei devagar, eu nem sabia nadar, como iria mergulhar com Jason ali?
Jason sentou-se em uma pedra e começou a tirar os sapatos. Ele sorriu ao olhar para o poço, como se mal pudesse esperar para entrar ali.
— Pare com isso! — gritou Piper para o rio.
Jason pareceu se assustar.
— Parar com o quê?
— Não estou falando com você — disse Piper. — Estou falando com ele.
Ela apontou para o rio, parecendo nervosa.
— Perdoem-me. Cantar é um dos únicos prazeres que me restam.
Uma figura emergiu do poço, como se subisse em um elevador. Um touro com o rosto humano, sua pele era tão azul quanto a água. Os cascos levitavam sobre a superfície do rio. Em cima do pescoço bovino havia a cabeça de um homem, com cabelos pretos encaracolados, barba cacheada no estilo grego, olhos tristes e profundos atrás de óculos bifocais e uma boca que parecia congelada em um biquinho permanente. Brotando do lado esquerdo da cabeça havia um único chifre de touro — preto e branco e curvo, do tipo que guerreiros transformavam em copos. A assimetria levava sua cabeça a inclinar-se para a esquerda, fazendo parecer que ele queria tirar água do ouvido.
— Olá — cumprimentou ele, tristonho. — Vieram me matar, suponho.
Jason, depois de calçar os sapatos, levantou-se devagar.
— Hã, bem...
Dei uma cotovelada na barriga de Jason, fazendo ele perder ar e dando tempo o suficiente para Piper salvar a nossa vida, antes que o loiro falasse outra bobagem enorme.
— Não! — interveio Piper. — Sinto muito. Isto é constrangedor. Não queríamos importuná-lo, mas Hércules nos mandou aqui.
Forcei um sorriso.
— Você sabe, aquela coisa de sempre envolvendo semideuses.
Ele nos encarou.
— Hércules! — O homem-touro suspirou. Seus cascos rasparam a água, como se estivesse prestes a atacar. — Para mim, ele será sempre Héracles. É o nome grego dele, vocês sabem: a glória de Hera.
— Um nome engraçado — observou Jason. — Considerando que ele a odeia.
Depois eu que vivia dizendo bobagem para deuses.
— De fato — concordou o homem-touro. — Talvez seja por isso que ele não protestou quando os romanos o rebatizaram de Hércules. Naturalmente, esse é o nome pelo qual a maioria das pessoas o conhece... sua marca, se preferirem. Hércules é extremamente preocupado com a própria imagem.
O homem-touro falava ao mesmo tempo com amargura e familiaridade, como se Hércules fosse um velho amigo que perdera a razão.
— Você é Aqueloo?
O homem-touro dobrou as patas dianteiras e baixou a cabeça em uma mesura.
— Ao seu dispor. Notável deus-rio. No passado, fui o espírito do rio mais poderoso da Grécia. Hoje, condenado a viver aqui, nesta ilha, lado a lado com meu velho inimigo. Ah, os deuses são cruéis! Mas, se nos colocaram tão próximos com o propósito de punir a mim ou a Hércules, nunca tive certeza.
— Eu sou Piper — falou ela. — Este é Jason e essa é a Prim. Não queremos lutar. É só que Héracles... Hércules... quem que quer que seja. Ele ficou furioso com a gente e nos mandou aqui.
Ela explicou sobre a expedição às terras antigas para impedir que os gigantes acordassem Gaia. Descreveu como sua equipe de gregos e romanos havia se reunido e como Hércules tivera um ataque ao descobrir que Hera estava por trás daquilo. Aqueloo ficava inclinando a cabeça para a esquerda, e eu não sabia se ele estava cochilando ou sofrendo uma crise muscular por ter um chifre só.
Quando ela terminou, Aqueloo a olhou como se ela estivesse desenvolvendo uma terrível alergia.
— Ah, minha querida... as lendas são verdadeiras, sabe. Os espíritos, os canibais aquáticos.
— C-como...?
Olhei confusa para a garota, Piper parecia em pânico.
— Deuses-rios sabem muitas coisas — falou ele. — Aliás, você está se concentrando na história errada. Se tivesse chegado a Roma, a história da enchente teria lhe servido melhor.
— Piper? — disse Jason. — Do que ele está falando?
— Eu... eu não sei — respondeu ela — Aqueloo, não estou entendendo...
— Não, você não entende. — O deus-rio falou, então se virou para mim. — E vocês... Coitadinha. Outra garota presa a um filho de Zeus.
Franzi a testa, já estava cansada de todo mundo me achando uma idiota porque havia me apaixonado por Jason, ele não era um monstro maldito que ia quebrar meu coração e me trair com qualquer um que passasse em sua frente.
— Espere aí — disse Jason. — Na verdade, é Júpiter. E por que isso faz dela uma coitadinha?
Aqueloo o ignorou.
— Eu não preciso da sua maldita pena, obrigado.
Ele me encarou.
— Minha menina, você sabe o motivo da minha luta com Hércules?
— Foi por causa de uma mulher — murmurei — Dejanira?
— Sim. — Aqueloo deixou escapar um suspiro. — E você sabe o que aconteceu com ela?
— Hã...
Olhei para Jason, que imediatamente pegou o guia e começou a folhear as páginas.
— Na verdade, aqui não...
Aqueloo bufou, indignado.
— O que é isso?
Jason piscou.
— É só... O guia de Hércules para o Mare Nostrum. Ele nos deu o livro para...
— Isso não é um livro — insistiu Aqueloo. — Ele deu isso a vocês para me irritar, não foi? Ele sabe que eu odeio essas coisas.
Fiquei confusa com aquilo.
— Você odeia... livros? — perguntou Piper.
— Bah! — O rosto de Aqueloo ficou afogueado, fazendo com que sua pele azul ficasse cor de berinjela. — Isso não é um livro.
Ele passou o pé na água. Um pergaminho enrolado saiu a toda velocidade do rio como um minifoguete e pousou diante dele. Aqueloo o abriu com os cascos. O pergaminho amarelo curtido se abriu, mostrando o texto desbotado em latim e elaboradas ilustrações feitas à mão.
— Isto é um livro! — falou Aqueloo. — Ah, o cheiro da pele de cordeiro! A fina sensação do pergaminho se desenrolando sob meus cascos. Não se pode simplesmente copiar essas sensações em uma coisa assim.
Com a cabeça, indicou, indignado, o guia na mão de Jason.
— Vocês, jovens de hoje, e suas engenhocas ultramodernas. Páginas encadernadas. Pequenos blocos compactos de texto que não são favoráveis a quem tem casco. Isso é um livro encadernado, mas não um livro tradicional. Nunca substituirá o bom e velho rolo!
— Hã, vou guardar isso agora.
Jason guardou o guia no bolso de trás, como se pusesse uma arma perigosa no coldre. Aqueloo pareceu acalmar-se um pouco, o que me fez suspirar aliviada.
— Bem — disse Aqueloo, batendo em uma imagem de seu rolo de pergaminho. — Esta é Dejanira.
Me aproximei para conseguir ver. O retrato pintado à mão era pequeno, mas dava para ver que a mulher tinha sido muito bonita, com olhos e longos cabelos escuros e um sorriso brincalhão que provavelmente enlouquecia os homens.
— Princesa de Calidão — falou o deus-rio, pesaroso. — Ela estava prometida para mim, até Hércules aparecer. Ele insistiu no combate.
Coitada dessa mulher.
— E quebrou o seu chifre? — deduziu Jason.
— Sim — respondeu Aqueloo. — Jamais o perdoarei por isso. É horrivelmente incômodo ter apenas um chifre. Mas a situação foi pior para a pobre Dejanira. Ela poderia ter tido uma vida longa e feliz se fosse casada comigo.
— Um homem com cabeça de touro — disse Piper — que mora em um rio.
Forcei um sorriso, a situação estava cada vez pior.
— Exatamente — concordou Aqueloo. — Parece impossível que ela tenha recusado, não é? No entanto, ela foi embora com Hércules. Preferiu o herói bonito e vistoso ao marido bom e fiel que a teria tratado bem. O que aconteceu? Bem, ela deveria saber. Hércules estava envolvido demais nos próprios problemas para ser um bom marido. Ele já havia matado a primeira esposa, vocês sabem. Hera o amaldiçoou, então ele teve um acesso de loucura e matou a família inteira. Uma coisa horrível. Foi por isso que teve que realizar os doze trabalhos, como penitência.
Piper estava horrorizada.
— Espere... Hera o enlouqueceu e Hércules teve que pagar a penitência?
Bufei, sem conseguir me aguentar.
— Ela roubou meu namorado e a memória dele, você está surpresa com isso? — resmunguei.
Aqueloo deu de ombros.
— Parece que os olimpianos nunca pagam por seus crimes. E Hera sempre odiou os filhos de Zeus... ou Júpiter. — Ele olhou com desconfiança para Jason. — Seja como for, minha pobre Dejanira teve um fim trágico. Ela começou a ter ciúme dos muitos casos de Hércules. Ele passeava pelo mundo todo, vocês sabem, exatamente como o pai, Zeus, flertando com todas as mulheres que encontrava. Por fim, Dejanira ficou tão desesperada que deu ouvidos a um péssimo conselho. Um centauro astuto chamado Nesso lhe disse que, se quisesse que Hércules fosse fiel para sempre, ela devia espalhar um pouco de sangue de centauro na camisa favorita de Hércules. Infelizmente, Nesso estava mentindo, porque queria vingar-se de Hércules. Dejanira seguiu suas instruções, mas, em vez de tornar Hércules um marido fiel...
— Sangue de centauro é como ácido — falou Jason.
— Sim — confirmou Aqueloo. — Hércules teve uma morte dolorosa. Quando Dejanira percebeu o que tinha feito, ela...
O deus-rio traçou uma linha de um lado ao outro do pescoço.
— Isso é horrível.
— E a moral, qual é, minha querida? — perguntou Aqueloo. — Tome cuidado com os filhos de Zeus.
Dei um passo para frente.
— Nem todos os filhos de Zeus e Júpiter são iguais.
Ele me ignorou.
— Hércules é um deus agora — continuou Aqueloo. — Ele se casou com Hebe, a deusa da juventude, mas ainda assim raramente está em casa. Ele mora aqui, nesta ilha, guardando aquelas colunas tolas. Diz que Zeus o obriga a fazer isso, mas acho que ele prefere estar aqui a ficar no Monte Olimpo, alimentando sua amargura e lamentando a perda de sua vida mortal. Minha presença o faz lembrar seus fracassos... principalmente com a mulher que por fim o matou. E a presença dele me faz lembrar a pobre Dejanira, que poderia ter sido minha esposa. — O homem-touro tocou o pergaminho, que se enrolou e mergulhou na água. — Hércules quer meu outro chifre para me humilhar. Talvez saber que estou infeliz também o faça se sentir melhor em relação a si mesmo. Além disso, o chifre se tornaria uma cornucópia. Boa comida e bebida sairiam dele, assim como meu poder faz o rio fluir. Sem dúvida Hércules ficaria com a cornucópia para si. Seria uma tragédia e um desperdício.
Jason se mexeu, desconfortável.
— Sinto muito, Aqueloo. Sinceramente, você não está em uma situação muito invejável. Mas talvez... bem, sem o outro chifre, talvez sua cabeça não ficasse mais torta. Talvez você se sentisse melhor.
— Jason!
O garoto ergueu as mãos.
— Foi só uma ideia. Além disso, acho que não temos outra opção. Se não dermos esse chifre para Hércules, ele vai nos matar e a nossos amigos.
— Ele tem razão — disse Aqueloo. — Vocês não têm escolha. E por isso espero que me perdoem.
Agarrei o pulso de Jason, com medo do que poderia acontecer.
— Perdoá-lo por quê?
— Também não tenho escolha — respondeu Aqueloo. — Sou obrigado a detê-los.
O rio explodiu.
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