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❦Chapter Eighty - Fear




001🌹 ━━ Uau, 80 capítulos, ainda fico chocada com essas coisas.

002🌹 ━━ Quero 15 comentários para o próximo, ok?









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Capítulo Oitenta: MEDO

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Primrose Stuart


EU SABIA O QUE ERA medo, mas aquilo era diferente.

Ondas de terror quebravam sobre o meu corpo. Minhas juntas se transformaram em gelatina e o meu coração se recusava a bater.

Minhas piores lembranças inundaram a minha mente: a manhã que descobri que Trice e Jason tinham desaparecido, o desespero quando achei que ia morrer afogada no Alasca, a morte do meu pai...

Vi o gigante erguer o martelo para nos esmagar, no último minuto, saltei para o lado, levando Piper e Annabeth junto.

O gigante riu.

— Ah, isso não foi justo!

Ele ergueu outra vez o martelo e Piper se recuperou.

— Annabeth, levante-se!

Piper a ajudou a ficar de pé e a arrastou para a extremidade mais distante da câmara, mas Annabeth se movia de modo letárgico, com os olhos arregalados e vidrados.

Eu entendia o porquê. O templo amplificou os nossos medos, Piper e eu tínhamos visto algumas coisas ruins, mas não eram nada em comparação ao que Annabeth havia experimentado. Se ela estivesse tendo lembranças do Tártaro, realçadas e somadas a outras recordações ruins, sua mente não seria capaz de resistir. Ela podia ficar literalmente louca.

Troquei um olhar preocupado com Piper.

— Eu estou aqui — prometeu Piper, tentando transmitir em sua voz o máximo de segurança. — Nós vamos sair dessa.

O gigante riu.

— Uma filha de Afrodite liderando uma filha de Atena! Agora eu já vi de tudo. Como você planeja me derrotar, menina? Com maquiagem e dicas de moda?

Bufei, chamando a atenção dele.

— Tem uma filha de Proserpina aqui, você não está vendo seu cego idiota?

O idiota apenas riu ainda mais.

— Annabeth, confie em mim — disse Piper.

— Um... um plano — gaguejou ela. — Eu vou para a esquerda. Você vai para a direita. Então a Prim...

— Annabeth, chega de planos.

— O q-quê?

Olhei para Piper, surpresa.

— Você realmente acabou de dizer para uma filha de Atena não fazer planos?

— Chega de planos. Só me sigam!

O gigante golpeou com o martelo, mas nos esquivamos com facilidade. Piper saltou para a frente e cortou a parte de trás do joelho do gigante com sua espada. Enquanto ele urrava de raiva, Piper puxou Annabeth e eu para o túnel mais próximo. Imediatamente fomos engolidas pela escuridão.

— Suas tolas! — gritou o gigante, de algum lugar atrás delas. — Esse é o caminho errado!

Fiz algumas plantas crescerem na entrada do túnel, o que poderia atrasar o gigante, caso ele decidisse nos seguir, o que eu estava rezando para não acontecer.

— Não pare. — Piper segurava firme a mão de Annabeth. — Está tudo bem. Vamos.

A gente não conseguia enxergar nada, até o brilho da espada havia se apagado, mas Piper mesmo assim seguia em frente rapidamente e sem hesitar, confiando em algo que eu não tinha a mínima ideia do que era.

— Piper, é como a Mansão da Noite — disse Annabeth. — Precisamos fechar os olhos.

— Não! — exclamou Piper. — Mantenha os olhos abertos. Não podemos tentar nos esconder.

— Eu realmente espero que você saiba o que está fazendo, rainha da beleza.

A voz do gigante veio de algum lugar à nossa frente.

— Perdidas para sempre. Engolidas pelas trevas.

Annabeth congelou, nos forçando a parar.

— Por que nós simplesmente entramos aqui? — perguntou Annabeth. — Estamos perdidas. Nós fizemos exatamente o que ele queria! Devíamos ter aguardado um pouco, conversado com o inimigo, pensado em um plano. Isso sempre funciona!

— Annabeth, eu nunca ignoro seus conselhos. — Piper mantinha a voz firme. — Mas, desta vez, preciso fazer isso. Não vamos conseguir derrotar este lugar usando a razão. Você não tem como escapar de suas emoções raciocinando.

— Prim, porque você está tão calma? — a loira perguntou, um tanto desesperada.

Eu respirei fundo.

— Isso pode parecer realmente bizarro, mas eu confio na Piper.

O riso do gigante ecoou como uma detonação subterrânea.

— Desespere-se, Annabeth Chase! Eu sou Mimas, nascido para matar Hefesto. Sou o algoz dos planos, o destruidor das máquinas bem-lubrificadas. Nada dá certo em minha presença. Mapas são lidos equivocadamente. Aparelhos quebram. Dados são perdidos. As melhores mentes viram mingau!

— E-eu já enfrentei piores que você! — exclamou Annabeth.

— Ah, sei! — Dessa vez, a voz do gigante soou muito mais próxima. — Você não está com medo?

— Nunca!

— Claro que estamos com medo — corrigiu Piper. — Aterrorizadas!

Bem a tempo, Piper nos empurrou para o lado.

CRASH!

De repente, estávamos de volta à câmara circular. A luz fraca agora era quase cegante. O gigante estava ali bem perto de nós, tentando arrancar o martelo do chão onde ele o cravara. Piper se lançou sobre ele e enfiou sua lâmina na coxa do gigante.

— UGHHHHH!

Mimas soltou o martelo e arqueou as costas.

Nós nos escondemos atrás da estátua acorrentada de Ares, que ainda pulsava com um som metálico: tum-tum, tum-tum, tum-tum.

O gigante Mimas se virou para nós. O ferimento em sua perna já estava se curando.

— Vocês não podem me derrotar — rosnou ele. — Na última guerra, foram necessários dois deuses para me derrotar. Eu nasci para matar Hefesto, e teria feito isso se Ares não tivesse se aliado a ele! Vocês deveriam ter ficado paralisadas de medo. Teriam tido uma morte mais rápida.

Piper foi para a frente da estátua e encarou o gigante.

— Este templo — disse ela. — Os espartanos não acorrentaram Ares para que seu espírito ficasse na cidade.

— Ah, não?

Os olhos do gigante brilharam de divertimento. Ele agarrou o martelo e o arrancou do chão.

— Este templo é dos meus irmãos, Deimos e Fobos. — A voz de Piper tremia, mas ela não tentou esconder isso. — Os espartanos vinham aqui se preparar para as batalhas, encarar seus medos. Ares foi acorrentado para lembrá-los de que a guerra tinha consequências. O poder dele, os espíritos da batalha, os makhai, não deveriam ser libertados a menos que se entendesse como eles eram terríveis, a menos que se sentisse medo.

Mimas riu.

— Uma filha da deusa do amor me dando uma lição sobre guerra. O que você sabe sobre os makhai?

— Você já vai descobrir.

Piper correu direto para o gigante, fazendo-o se desequilibrar. Quando viu a espada dentada vindo em sua direção, os olhos dele se arregalaram, e Mimas cambaleou para trás e bateu a cabeça na parede. Uma rachadura irregular se abriu e subiu pelas pedras. Poeira choveu do teto.

— Piper, este lugar é instável! — alertou Annabeth. — Se não sairmos...

Agarrei a mão de Annabeth.

— Não acho que seja uma boa ideia a gente tentar fugir.

Piper correu na direção da corda delas, que pendia do teto. Pulou o mais alto que podia e a cortou.

— Piper, você ficou maluca?

— Isso doeu! — Mimas esfregou a cabeça. — Você sabe que não pode me matar sem a ajuda de um deus, e Ares não está aqui! Da próxima vez que eu enfrentar aquele idiota petulante, vou fazê-lo em pedaços. Para começar, eu nem teria que lutar contra ele se Damásen, aquele tolo covarde, tivesse feito seu trabalho...

Annabeth soltou um grito gutural:

Não fale mal de Damásen!

Ela correu para cima de Mimas, que por pouco não conseguiu desviar a lâmina de drakon com o cabo de seu martelo. Ele tentou agarrar Annabeth, mas eu avancei sobre ele, cortando o rosto do gigante com as minhas adagas.

— AHHH!

Mimas cambaleou.

Uma pilha de dreadlocks caiu no chão com mais uma coisa: algo grande e carnudo que jazia em uma poça de icor dourado.

— Minha orelha! — gritou Mimas, cheio de dor.

Antes que o gigante pudesse se recuperar, Piper puxou Annabeth pelo braço e agarrou minha mão, entramos correndo pelo segundo túnel.

— Eu vou derrubar este templo! — urrou o gigante. — A Mãe Terra vai me libertar, mas vocês serão esmagadas!

O chão tremeu. O som de pedras se quebrando ecoava por toda a nossa volta.

— Piper, pare — implorou Annabeth. — C-como você está lidando com isso? O medo, a raiva...

— Não tente controlá-los. Este lugar é para isso. Você tem que aceitar o medo, se adaptar a ele, se deixar levar como se estivesse nas corredeiras de um rio.

— Como você sabe disso?

— Eu não sei. Eu apenas sinto.

Em algum lugar ali perto, uma parede desmoronou com o barulho de tiros de canhão.

— Você cortou a corda — disse Annabeth. — Agora nós vamos morrer aqui embaixo!

— Não dá para ser racional com o medo. Nem com o ódio. Ambos são como o amor: são emoções quase idênticas. É por isso que Ares e Afrodite gostam um do outro. Seus filhos gêmeos, Medo e Pânico, foram gerados tanto pelo amor quanto pela guerra.

— Mas eu não... Isso não faz sentido.

— Não — concordou Piper. — Pare de pensar sobre isso. Apenas sinta.

— Eu odeio isso.

— Eu sei. Você não pode planejar seus sentimentos, Annabeth. É como sua relação com Percy, e sobre o futuro... É impossível controlar todas as possibilidades. Você precisa aceitar isso. Deixe que assuste você. Confie que vai ficar tudo bem mesmo assim.

Annabeth balançou a cabeça.

— Não sei se consigo.

— Então, por enquanto, se concentre em vingar Damásen, e Bob.

Um momento de silêncio.

— Eu estou bem agora.

— Ótimo, porque preciso da ajuda de vocês duas. Vamos sair correndo daqui juntas.

Até aquele momento eu estava em silêncio para não atrapalhar o momento delas, mas o que Piper disse chamou a minha atenção.

— Vamos sair correndo? Legal, mas... E depois?

— Não tenho ideia.

Annabeth suspirou exasperada.

— Pelos deuses, odeio quando é você que está liderando

Piper riu, o que me surpreendeu.

— Vamos lá!

Nós corremos para nenhum lugar em especial e nos vimos de volta na câmara principal, às costas do gigante. Annabeth e Piper avançaram, cada uma cortou uma das pernas de Mimas, fazendo-o cair de joelhos. O gigante uivou. Mais pedaços de pedra caíram do teto.

— Mortais fracas! — Mimas lutou para se levantar. — Nenhum de seus planos pode me derrotar!

Avancei na direção dele, cortando sua mão.

— Isso é bom — disse Piper. — Porque eu não tenho um plano.

Ela correu na direção da estátua de Ares.

— Mantenham nosso amigo ocupado!

— Ah, ele está ocupado!

— ARGHHHH!

A câmara tornou a trepidar. Surgiram mais rachaduras nas paredes. Enquanto Annabeth e eu tentávamos distrair o gigante, Piper olhava para as imagens esculpidas acima dos portais: os rostos gêmeos carrancudos de Medo e Pânico.

— Meus irmãos — disse Piper. — Filhos de Afrodite... Eu lhes ofereço um sacrifício.

Ela pôs sua cornucópia aos pés de Ares.

— Estou apavorada — confessou ela. — Não quero fazer isso. Mas aceito que seja necessário.

Piper girou sua espada e decepou a cabeça de bronze da estátua.

— Não! — berrou Mimas.

Um jato de fogo jorrou violentamente do pescoço cortado da estátua. As chamas giraram em torno de Piper e encheram a câmara com o que eu imaginei ser um turbilhão de emoções: ódio, medo e sede de sangue, mas também amor, porque ninguém podia encarar uma batalha sem amar alguma coisa — os companheiros, a família, o lar.

Piper abriu os braços; os makhai a colocaram no centro de seu rodamoinho.

As chamas desapareceram com a cornucópia, e a estátua de Ares se transformou em pó.

— Menina tola! — Mimas correu na direção dela, com Annabeth e eu o seguindo logo atrás. — Os makhai a abandonaram!

— Ou talvez eles tenham abandonado você! — gritou Piper.

Mimas levantou o martelo, mas tinha se esquecido de Annabeth. Ela deu uma estocada em sua coxa, e o gigante cambaleou para a frente, desequilibrado. Piper avançou com calma até ele e enfiou a espada em sua barriga.

Mimas deu de cara no portal mais próximo. Ele virou de costas no momento em que o rosto de pedra de Pânico se soltou da parede e caiu em cima dele para um beijo de uma tonelada. O grito do gigante foi interrompido no meio. Seu corpo ficou imóvel. Depois ele se desintegrou em uma pilha de pó de oito metros de altura.

Olhei para Piper.

— O que acabou de acontecer?

— Não sei direito.

Annabeth suspirou aliviada.

— Piper, você foi maravilhosa, mas esses espíritos de fogo que você evocou...

— Os makhai...

— Como isso vai nos ajudar a encontrar a cura que estamos procurando?

— Não sei. Eles disseram que eu posso invocá-los quando chegar a hora. Talvez Ártemis e Apolo possam explicar...

De repente, um pedaço da parede despencou como se fosse uma geleira. Annabeth tropeçou na orelha decepada do gigante e quase caiu.

— Temos que ir embora daqui.

— Estou trabalhando nisso — disse Piper.

Cutuquei a orelha do gigante com minha bota.

— E, hum, acho que essa orelha é seu espólio de guerra.

— Que nojo.

— Daria um escudo lindo — Annabeth concordou, trocando um sorriso comigo.

— Cale a boca, Chase e Stuart. — Piper olhou fixamente para o segundo portal, o que ainda tinha o rosto de Medo esculpido. — Obrigada, irmãos, por me ajudarem a matar o gigante. Mas preciso de mais um favor: uma saída. E podem acreditar em mim, estou devidamente apavorada. Eu ofereço a vocês essa, hum, bela orelha como sacrifício

O rosto de pedra não respondeu. Outro pedaço da parede se soltou e caiu. Abriram-se ainda mais rachaduras no teto.

Piper agarrou a minha mão e a de Annabeth.

— Vamos passar por este portal. Se isso funcionar, nós talvez saiamos na superfície.

— E se não funcionar?

Piper levantou a cabeça e olhou para o rosto de Medo.

— Vamos descobrir.

A câmara desmoronava em volta de nós quando a gente mergulhava na escuridão.

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