Quatro
I wanna hold you when I'm not supposed to
When I'm lying close to someone else
You're stuck in my head
And I can't get you out of it
If I could do it all again
I know I'd go back to you
(Eu quero te abraçar quando não deveria
Quando estou deitada ao lado de outro alguém
Você está preso na minha cabeça
E eu não consigo te tirar dela
Se eu pudesse fazer tudo outra vez
Eu sei que eu voltaria para você)
Quatro anos se passaram e tudo na minha vida mudou mais uma vez. Em um dos vários projetos que fiz para a universidade, acabei levando uma das minhas músicas ao sucesso. E desde então os frutos vem aparecendo cada vez mais.
Durante o primeiro ano que se passou Dustin e eu namoramos e foram dias incríveis, mas assim como a minha vida, a dele acabou indo por outra direção o levando para a França novamente. Enquanto eu, me mudei para Los Angeles com um contrato em uma das maiores gravadoras do país e com o convite para participar de um filme musical.
A vida pareceu sorrir para mim e além das minhas músicas, o filme também foi muito assistido alavancando a minha carreira internacional.
Dustin e eu estávamos felizes mesmo separados, ele disse ter começado a namorar uma modelo e eu não fiquei triste por sua notícia, fiquei feliz por estarmos bem, seguindo em frente verdadeiramente pela primeira vez.
Eu também não poderia negar e dizer que não o quero mais, que não desejo estar em seus braços novamente, mas aceitei que minha vida não é ao seu lado, mesmo que por teimosia, eu voltaria para ele se pudesse.
Não sumimos da vida um do outro e isso fez uma certa diferença nas coisas, só que no começo admito que foi difícil olhar para a minha cama, ver que tem outro cara ao meu lado e não o mesmo anjo que entra e sai da minha vida mais vezes do que gostaria.
Tive alguns affairs e todas as vezes me sentia nas nuvens durante algumas semanas, mas sempre acabava acordando no meio da noite morrendo de vontade de pegar meu celular e ligar para Dustin. Então quando esse sentimento de saudade aparecia e estragava o que eu achava sentir por outra pessoa, o romance acabava e algumas mínimas vezes iam parar nos sites de fofoca.
E pelo visto está na hora de acabar com mais um, já que a imagem de Dustin e eu juntos voltou dentro de um sonho e se manteve pela madrugada inteira sem me deixar dormir novamente. Deixando o sentimento que eu pensava ser paixão sumir e só restar o corpo dormente ao meu lado.
Decidi mexer no meu celular e responder mais alguns dos fãs que me enchem de carinho todos os momentos do dia. Porém, antes que eu pudesse entrar em alguma rede social, meu instinto me levou a abrir a caixa de mensagens, então acabei percebendo que a conversa com meu pai estava com duas mensagens não vistas.
"Esqueceu que a senhorita tem um pai?"
"Estou com saudade da minha princesa"
Abri um sorriso com aquelas mensagens, mesmo que meu pai continue na cidadezinha em que nasci, nunca ficamos mais de uma semana sem trocar uma única mensagem.
Tentando fazer o mínimo de movimentos possíveis, saio de baixo dos cobertores e ando até outra parte da cobertura, ligando para meu pai logo em seguida.
— Oi pai como está? – pergunto assim que a ligação é atendida.
— Estou bem, apenas lotado de afazeres. – meu pai solta um longo suspiro — Danielle pediu licença maternidade, eu vi aquela garota crescer, agora está gravida e me abandonando uma semana antes do evento.
— Por que não pede ajuda a senhora Nitchel? Ela sempre nos ajuda em qualquer coisa. – abro a porta da varanda e sinto a brisa da manhã passar pelo meu corpo.
— Esqueceu quem é o pai da criança? Josh está com o treinamento de verão do time de lacrosse e a mãe dele está cuidando da Danielle como se fosse um bem precioso e frágil. – um barulho soa nos fundos — Aquela menina pode ser tudo, menos frágil! Eu vi ela cair daquela casa na árvore e sair de lá sem nenhum arranhão.
— Dani e eu tínhamos oito anos pai.
— E muda alguma coisa? – mais alguns barulhos acontecem no fundo — Vocês! Podem ir montar as coisas da entrada? Estou querendo falar com a minha filha aqui! – os barulhos param e segundos depois ele volta com a nossa conversa — Preciso de você aqui filha.
— Não sei se tenho tempo pai. – digo desanimada.
— É a ONG da sua mãe querida, ela iria gostar que estivesse ao meu lado.
— Preciso consultar o Berry, mas eu estarei ai. – decido ceder ao pedido de meu pai quando cito meu agente.
— Ele me deve, eu o apresentei ao noivo dele! Use essa cartada.
Ouço passos e então me viro em direção a parte de dentro do apartamento.
— Max, pode ligar pro Berry e avisar que estou cancelando minha semana inteira? Tenho que ir para AshValle. – peço quando vejo o cara que dormiu ao me lado encostado na parede me observando com um sorriso no rosto.
— Ele vai nos comer vivos. – Max avisa soltando uma risada curta e então volta para o quarto em busca de seu celular.
— Max? Você irá me apresentar esse aí? – meu pai pergunta ainda na ligação.
— Acho que não, ainda não é o certo pai. – ele solta uma risadinha descontraída.
— Nunca é o certo...
— Pai, estarei aí no máximo amanhã a tarde, vou ver se consigo algum voo hoje mesmo, mas não vamos entrar nesse assunto novamente.
— Mas eu quero um netinho! – ele parece dizer como uma criança mimada.
— Como você disse, Danielle está prestes a ter um bebê e ela é como uma filha para você, então ganhará um netinho nas próximas semanas. – rio.
— Nos falamos mais tarde pode ser? Tenho que organizar mais algumas coisas aqui. – resmunga meu pai percebendo que perdeu mais uma batalha.
— Tudo bem, te vejo em breve. – a ligação termina e solto um suspiro cansado.
O tempo depois dessa ligação pareceu correr como se estivesse numa maratona. Os dias se passaram e lá estava eu, em mais uma noite estrelada na adorável colina da pequena AshValle.
Meu visual parecia impecável graças a Berry, que viajou junto a mim e trouxe mais uma pequena equipe de pessoas para ajudar na organização. Parece que a cartada do meu pai serviu perfeitamente como uma luva, meu agente assim que terminou a ligação com Max, marcou um horário com a equipe responsável pelos jatinhos e saímos naquela mesma tarde.
Sobre Max e eu, naquela manhã já estava decidido, não teríamos mais outra noite e nosso lance rapidamente chegou ao fim. E me senti mais relaxada ao saber que desta vez nada cairia na mídia.
Aproveitei as horas de descanso que teria no dia da viagem e liguei para Mandy, Carter e Turner. Decidi convida-los para o leilão e de primeira Mandy aceitou, mas Carter e Turner não prometeram vir, teriam alguma coisa relacionada ao hóquei super importante, mas disseram que tentariam chegar a tempo.
Turner e eu dormimos juntos algumas vezes quando ele estava de passagem por Los Angeles, mas assim como eu, ele também queria apenas a amizade.
Carter e sua noiva também acabaram me visitando uma vez e assim como ele, a garota é doida e incrivelmente engraçada.
Já minha melhor amiga é mais uma que não para num lugar só, suas fotografias são tiradas por todo o mundo e sua alma voa livre junto ao vento.
Pensei em convidar Dustin, mas a coragem que eu tinha aos quinze anos sumiu e decidi deixá-lo longe de mim para o nosso próprio bem, eu estou feliz e ele também está.
— Você está linda! – minha amiga diz ao entrar no quarto.
— Fale isso para o pessoal no quarto ao lado, eles acham que eu deveria me vestir como num tapete vermelho. – solto uma leve risada e então me olho pela última vez pelo espelho.
— Turner e Carter me ligaram e não vão conseguir vir, mas nos convidou para o próximo jogo. – Mandy se joga na cama posta ao centro — Faz tanto tempo que não os vejo, sinto falta de acordar com a casa cheirando a queimado quando o Turner tentava cozinhar, ou dos seus berros quando o Carter desligava o registro da água no meio do seu banho.
— E aquela vez que fizemos a escada de escorregador e descemos com o colchão do Turner? – começamos a rir sem parar.
— Ele ficou tão bravo quando viu nós três acabando com o colchão dele, – Mandy se colocou de pé na cama — Eu saio por um minuto e as crianças roubam o meu colchão? Onde vou dormir Elena?! – Mandy imita o surto de Turner.
Estávamos rindo feito loucas, querendo ou não, os anos em que passei ao lado deles foram os melhores.
— Meninas, precisam participar da festa. – meu pai entra sem bater na porta e nos pega desprevenidas.
— Já estávamos descendo pai, como está lá embaixo? – perguntei cessando minhas risadas e indo até o senhor vestido com seu terno escuro e gravata vermelha.
— Já leiloamos dois quadros e o leilão juvenil vai começar daqui meia hora. – dou um beijo em sua bochecha e limpo o resquício de batom vermelho que deixei. — Sua ideia foi incrível, Mandy. Todos os jovens da cidade estão aqui para participar do leilão de encontros.
— Eu falei senhor Cortez, os garotos daquela idade só querem saber de garotas e as garotas só querem se sentir desejadas, o que seria mais incrível do que saber que o cara com quem vou sair, doou no mínimo cem dólares para a caridade só para poder falar comigo? – ela saiu de cima da cama e andou em passos rápidos até a porta — E como uma boa fotógrafa que sou, quanto mais cedo começar a ajustar minhas lentes mais cedo registro essa noite.
Ao sair minha amiga abandonou a porta aberta e nos deixou a vista de qualquer um que passasse.
— Vamos descer juntos? – perguntei dando meu braço ao meu pai, que com um balanço de cabeça entrelaçou seu braço ao meu e fomos para o andar de baixo.
— Tem um rapaz, filho dos Hanson's que desejo lhe apresentar, acho que você vai gostar dele. – ele abriu um sorriso esperançoso e então eu já sabia que não teria como falar não.
Meu pai desceu a grande escadaria junto a mim e me deixou na sala ao lado da principal na companhia do rapaz que disse minuto antes querer me apresentar.
— O que você faz da vida? – perguntei tentando puxar algum assunto.
— Eu estou entrando no ramo da política, você sabia que... – a partir daí já não prestava mais atenção na conversa.
Isso me parece ser um loop repetitivo, começa numa festa, somos felizes e acabamos separados e nos reencontrando nesse exato lugar.
E por que digo isto logo agora? Porque como num deja-vu ou num loop incrivelmente perfeito, Dustin Barnes entra pela mesma porta, vestindo um terno cinza, o cabelo arrumado na medida certa e sua gravata azul, contrastando com os olhos mais bonitos que já vi.
E como sempre, algo dentro de mim começou a queimar todo o meu corpo, como se todo o meu ser estivesse morto e simplesmente ressuscitasse como uma fênix, queimando por inteiro.
O garçom passou e fiz a mesma coisa que fiz aos quinze anos, virei a taça com a bebida cara num gole só, porém dessa vez na tentativa de apagar o fogo, mas ele só aumentou. Coloquei a teça de volta na bandeja e a coragem decidiu aparecer logo que nossos olhares decidiram se encontrar. Nos levando mais uma vez ao meio do salão, um de frente ao outro.
— Quer sair daqui? – um sorriso estampa nossos rostos.
— Claro. – ele responde e, no mesmo instante, pego sua mão e "corro" para o elevador o levando junto a mim.
— Para onde deseja ir? – sua voz animada, como da outra vez, surgiu assim que a porta do elevador se abriu.
— Me surpreenda! – seus olhos estavam grudados aos meus, sabíamos que mais uma vez, iriamos enfrentar o mesmo loop interminável.
— Se quer ser surpreendida então não poderá ver até chegarmos lá. – ele solta a sua gravata e acabo sendo vendada novamente pela cor azul do tecido.
Minutos depois já estávamos parados em frente ao terraço e a gravata azul sendo tirada de meus olhos.
— Senhorita Cortez, – ele se abaixa numa reverência — me concede esta dança?
Como resposta, retribuo a reverência me abaixando enquanto seguro a saia de meu vestido. Sua mão vai de encontro a minha, e nos juntamos a mesma dança lenta a qual nos acostumamos dançar.
— Por que voltou dessa vez? – quebro nosso silêncio.
— Seu eu pudesse refazer tudo de novo, eu sei que voltaria para você. – ele responde sem desgrudar um segundo nosso olhar — E mais uma vez, eu voltei.
— E a França? Você terá que voltar para lá. – o vento nos acompanha a cada passo, transformando o momento numa bela cena de cinema.
— Decidimos abrir uma nova sede nos Estados Unidos, meu primo será o interino por lá com a ajuda do meu pai, enquanto permaneço aqui.
— A ideia foi sua, não foi? – ele soltou uma leve risada e então movimentou sua cabeça em afirmação — Você fez isso por mim?
— Eu só decidi parar de lutar contra isso, o que adianta levar minha vida para outro lugar sendo que sempre acabo voltando pra esse mesmo terraço. – ele me gira e ao voltar ao ponto inicial volta a falar — É como sempre dissemos, estamos conectados.
— Para sempre?
Pergunto mesmo sem esperar por uma resposta ao óbvio, nos beijamos mais uma vez tendo as estrelas de plateia, de iluminação e de cúmplices do nosso amor.
Eu não sabia se dessa vez daríamos certo, ou se mais uma vez meu coração seria partido em dois, mas nada poderia me tirar daquele loop, eu me sentia especial dentro dele, como se fosse o meu próprio conto de fadas.
E eu continuaria voltando a esse exato momento quantas vezes fosse necessário, só para ter Dustin Barnes junto a mim.
— Para sempre.
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