Se virando pela noite.
Lucy já tinha ido embora há alguns minutos quando Bucky entrou correndo pela porta do apartamento que eles "alugaram". Não achou Steve de cara, mas assim que ouviu o barulho do chuveiro, Bucky resolveu esperar.
Tanto Hotel por Nova York, tanta gente para se hospedar… Tinha que ser Sarah e Matteo. Claro que não tinha nada contra o menino e, sendo racional, nem contra a mãe.
Mas ter sido chamado de Mau Humorado por uma desconhecida antipática tinha ferido o pouco ego que ainda restava em Bucky.
-Ai, cacete!
Bucky ergueu o olhar do chão e encarou Steve na porta do banheiro, amarrando uma toalha na cintura, com pressa..
-Argh,mas que nojo, Steve! Agora está praticando nudismo?
-Eu não fazia idéia que você voltou, okay? - Steve bufou, pegando umas roupas em cima da cama.
Bucky franziu a testa, observando o amigo retornar ao banheiro, trancando a porta. Esperou por cinco minutos e assim que Steve saiu, vestindo roupas típicas do ano em que estavam, Bucky ergueu uma sombrancelha.
-Onde conseguiu?
-A Lucy pegou no achados e perdidos. - Steve explicou.
-Ah… A Lucy…
Bucky se apoiou no cotovelos, sorrindo de leve. Steve revirou os olhos e ignorou a provocação.
-Onde foi você foi?
Bucky deu de ombros.
-Andar por aí. Reconhecer o bairro. Tomar café. Sei lá.
Steve estreitou os olhos na direção do moreno, percebendo a careta dele. Não teve que esperar muito tempo por uma nova informação.
-Ela e o bambino estão hospedados aqui. Acredita? Tanto lugar no mundo…
Steve ergueu uma sombrancelha e preferiu fazer o sonso.
-Ela quem?
-A mulher que te atropelou ontem. - Bucky explicou. Sarah… O Matteo me chamou quando eu estava voltando e começou a falar direto, aí disse que eles estavam hospedados aqui… Acho que ela trabalha aqui também.
Steve controlou a vontade de rir e encarou o amigo.
-Quem trabalha aqui?
-A Sarah, Steve.
-Ah… A Sarah…
Bucky, enfim, percebeu a provocação e pegou um travesseiro, jogando da direção de Steve, com força, o que fez o loiro rir.
-Ela trabalha, é?
-Acho que sim. - Bucky revirou os olhos, encarando o teto. - Ele disse que ela estava trabalhando, aí a doida apareceu com um avental e voltou para essa direção.
-Então, ela trabalha para a Lucy. - Steve observou a careta de Bucky, confuso. - A Lucy é neta da dona do Hotel, mas a avó dela está doente. É ela quem toma conta do Hotel, por isso parou o trabalho como enfermeira.
Bucky ergueu uma sombrancelha, assentindo.
-E como ela reagiu ao saber que somos duas pessoas do passado em um futuro que voltamos para o passado?
Steve uniu as sombrancelhas, mas desistiu de tentar entender segundos depois. Suspirou.
-Na verdade… Muito bem.
Bucky fez um segundo de silêncio.
-É agora que eu devo me preocupar com a sanidade dela ou ainda posso esperar?
Steve não aguentou a risada e negou com a cabeça.
-Bucky, claramente, não somos os mesmos e estamos vivos. Acho que qualquer pessoa acreditaria. Mas se serve de consolo, ela adora tecnologia! Segue de perto todas as inovações das indústrias Stark e o Hotel tem vários eletrodomésticos!
Bucky o encarou, franzindo os olhos.
-Ela ia adorar o século XXI, então…
-Ia ficar doida! - Steve concordou. Percebeu o olhar de Bucky. - Hey, cara… Que foi?
Bucky desviou o olhar para o céu azul na janela, pensando. Depois, suspirou e negou com cabeça.
-Só estou pensando… O Howard ainda está vivo, não é?
Steve assentiu, coçando a nuca. Bucky suspirou e começou a puxar uma linha da calça.
-Não me olha assim! Eu não vou tentar fazer nada, Steve! Só… Nesse ano, eu ainda estava "morto" e todas as pessoas… Vivas. Sei lá. É estranho. Mas… Enfim… O Café da manhã foi de graça também? Ou preciso roubar outra carteira?
Steve fuzilou Bucky com os olhos, censurando silenciosamente o amigo, que deitou na cama e o encarava.
-Precisamos de um emprego. - Steve declarou, de repente.
-Jura?! Eu nem tinha pensado nisso… Achei que o Negócio das Carteiras Assaltadas seriam interessantes!
Steve bufou ao mesmo tempo que Bucky revirava os olhos.
-Antes disso, precisamos de documentos falsos. - Bucky o encarou, sério. - E eu acho que sei onde arranjar alguns. Mas vou precisar de grana.
Steve assentiu.
-É por isso que precisamos do emprego .
-Estamos presos em um paradoxo, Steve. - Bucky sentou. - Se não temos documentos, não arranjamos empregos decentes o suficiente para sobrevivermos e pegarmos os documentos falsos. Se não temos dinheiro, não temos os documentos. Mas se não temos os documentos, não temos dinheiro!
Steve franziu a testa, claramente confuso. Bucky revirou os olhos e o mandou raciocinar, já que não era tão difícil. Steve ignorou a provocação.
-Tá… E onde você vai arranjar a grana?
Bucky suspirou.
-Vou me prostituir na esquina. - Pausa. - Onde você acha, Steve?! Na carteira de alguém, né?
-Mas isso é errado!
-Estarmos aqui ou no século XXI também! - Bucky explicou.
-Okay. E onde você vai arranjar a carteira, Bucky?
Bucky deu de ombros.
-Acho melhor a gente ir em algum bar mais tarde. É início de mês… Vamos ficar perto dos ex-combatentes de Guerra! Eles devem estar bêbados e querendo se gabar demais para notarem que estão sendo afanados.
Steve concordou, sem achar outra saída. Eles esperaram, alternando o tempo entre conversas, momentos de silêncio, hora do almoço e cochilos. Esperaram até que o relógio analógico na parede em formato de cuco batesse oito horas da noite.
Bucky se recusou a usar as calças daquele século novamente, já que tinha passado por vários homens que começavam a popularizar o Jeans nas ruas de Nova York.
Mas aceitou o sobretudo verde e a camisa de botão. Havia séculos que não colocava uma camisa de botão. Mesmo assim, achou mais seguro continuar com o moletom preto que combinava com as luvas em sua mão.
Eles foram conversando despreocupadamente pelas ruas de Nova York, quase como se estivessem passeando. Acabaram atraindo vários olhares já que não era comum ver tantos homens daquela estrutura e porte, mas conseguiram ignorar.
Passaram uma boa parte da noite migrando de bar em bar até achar algum "cheio o suficiente para se afanado". Steve parecia que ia acabar tendo um treco do coração quando Bucky saiu de perto de alguns rapazes e sentou na mesa.
-Relaxa, Steve. Vamos passar um tempo aqui para disfarçar e vamos embora. Se continuar com essa cara de bunda, vão suspeitar.
Steve se remexeu na cadeira, aceitando a cerveja que Bucky pediu.
-Não consigo acostumar… - Os dois se encararam. - Foi na Hydra também?
-Na Romênia. - Bucky corrigiu. - Esse serviço era "leve demais" para o Soldado Invernal, entende? Na Romênia eu tinha que me virar para sobreviver. Aprendi a técnica observando uns pivetes. Não é tão difícil, Steve.
Se inclinando para frente e olhando nos olhos de Steve, Bucky continuou falando.
-Se quiser, eu posso ensinar a você. Vai que por algum motivo isso acaba sendo útil?
-Não, obrigado. - Steve negou. - Deixo para você!
Bucky sorriu e se inclinou para trás com um sorriso safado. Contou até quinze, pausando no momento em que Steve olhou para o próprio pulso e começou a vasculhar o ambiente com os olhos.
Bucky continuou bebendo a cerveja, olhando "distraidamente" ao redor e tentando controlar a vontade de rir. Steve continuava virando a cabeça de um lado a outro.
Bucky apoiou a mão na mesa e fez barulho contra o tampo, atraindo o olhar do amigo. O relógio de Steve estava firme, entre os dedos de metal. Bucky não aguentou a risada quando Steve puxou o relógio e enfiou no pulso de novo.
-Idiota!
A risada de Bucky ecoou pelo recinto, se misturando a das outras pessoas, enquanto ele olhava ao redor. Vendo que o rapaz que tinha acabado de "perder" a carteira ergueu as mãos e chamou o garçom, Bucky tirou uma nota do bolso e piscou para Steve, prendendo a nota embaixo do porta guardanapos.
Os dois levantaram e deixaram o bar, caminhando quase em passos normais e seguiram de volta para o Hotel.
Lucy estava na recepção quando eles voltaram e, ao perceber que Lucy queria falar com Steve mas o amigo não reparou, Bucky inventou de Steve ir perguntar qual seria o almoço do dia seguinte.
Steve achou estranho mas caiu igual a um patinho e foi perguntar. Bucky esperou ele chegar no balcão, piscou para Lucy e deu meia volta com o corpo, correndo para o quarto.
-Seu amigo é um pouco estranho, não? - Lucy revirou os olhos.
-É, um pouquinho…
Bucky ainda chegou a escutar o fragmento da conversa enquanto se direcionava a escada, mas não ligou. Entrou no apartamento e trancou a porta, indo direto ao quarto.
Sentou na cama e conferiu o dinheiro, já que tinha se livrado da carteira na rua ainda. Se o homem ainda existia, seria fácil e em quatro dias, no máximo, ele estaria com os documentos em mãos e sem perguntas.
Afinal, tinha sido assim que arranjou identidade falsa para beber em alguns bares quando era mais novo.
Finalmente, sentindo seu corpo se apoderar de um cansaço físico (Não mental, como normalmente, acontecia), deitou na cama e em segundos, dormiu.
Mas acordou, de qualquer forma, mais cedo que Steve no dia seguinte, ouvindo batidas contra a porta. Por um momento, quase esqueceu que estava sem camisa e foi atender, mas ao constatar que era Lucy, pediu um minutinho para se vestir e só depois, deixou ela entrar.
-Sabe, eu não preciso saber se você estava dormindo pelado ou não! -Lucy reclamou, entrando na salinha e pondo a bandeja na mesa.
-Eu não disse que estava pelado! - Bucky cruzou os braços depois de amarrar o cabelo no alto da cabeça. - Eu disse que ia vestir uma roupa decente.
Lucy se jogou na cadeira e o encarou, de cima à baixo.
-Todos os caras do século XXI são assim? Cabelo grande, barba, fortão…?
Bucky deu de ombros, sentando na frente dela.
-Eu não sou do Século XXI, Lucy. Mas acho que não, embora eu tenho visto vários assim.
-Interessante. - Lucy continuou o encarando, curiosa, parando o olhar em seu braço.
Bucky tinha certeza que Steve havia contado a ela sobre isso. Só não sabia o quanto. Bucky serviu café para três, já que tinha ouvido a descarga, indicando que Steve tinha levantado da cama.
Com o canto dos olhos, viu Lucy apontar para o braço e abrir a boca.
-Você nem pense nisso!
Lucy suspirou e apoiou o cotovelo na mesa, o encarando. Bucky bebericou o café.
-Por quê?
-Porque não.
-Tá. Mas por que não?
-Porque não. - Bucky suspirou. - Você e o Steve são muito amigos? Eu nunca ouvi falar de você…
Lucy estreitou os olhos para ele e sorriu, debochada. Os olhos de Bucky bateram no crachá sobre o seio esquerdo dela, lendo o nome "Sarah D'Angello".
-Teoricamente, a Guerra aproxima as pessoas e nos aproximamos depois que você morreu. Não éramos exatamente amigos, mas eu g… - Lucy calou a boca.
Bucky usou a xícara de café para esconder o sorriso.
-Você...?
Se ajeitando na cadeira e ficando vermelha, Lucy pegou o café e bebeu, dando de ombros.
-Quer dizer, não éramos amigos mas conversávamos bem! Enfim… Era isso. Ah… Oi, Steve!
Bucky virou para trás e sorriu.
-Ah, não morre tão cedo! Estávamos falando sobre como iniciaram a amizade depois da minha trágica morte!
Steve sentou ao lado de Lucy depois que Bucky apoiou os pés na cadeira livre ao lado dele.
-Você está engraçado hoje, não acha, Bucky? Se eu soubesse, tinha te deixado para trás com o Sam…
Bucky fuzilou Steve com os olhos.
-Eu não duvido nada!
-Que?!
-Nada, amigo. Nada.
Lucy alterou o olhar entre os dois e tentou se controlar, mas a pergunta já tinha escapulido por sua boca quando ela percebeu.
-Quem é Sam?
-Meu amigo.
-Um imbecil.
Bucky e Steve se entreolharam e suspiraram, desgostosos e entediados.
-Ele não é um imbecil.
-E eu sou o Papai Noel!
Lucy mordeu a boca, segurando a risada.
-Entendi… Me contem um pouco sobre o pessoal? Vocês podem?
Bucky e Steve trocaram um longo olhar melancólico. Por fim, o loiro suspirou e assentiu. Como Bucky não estava afim de ficar triste naquele momento lembrando de quem deixou para trás e morreu, avisou que ia resolver o problema deles e saiu de cena.
Levou alguns minutos para se situar depois de se perder nas ruas do Brooklyn, mas enfim, achou o colega de classe que estudou com ele e Steve e que usava a padaria do pai como fachada.
Se identificou e levou mais alguns minutos para entrar até os fundos, seguindo um rapaz até lá.
Explicou de uma forma discreta que eles tinham fugido da Guerra e precisavam de documentos e discrição total. Deixou metade do pagamento adiantado e mais uma gorjeta gorda, além de pegar alguns brioches.
Por alguns segundos, enquanto enfiava uma brioche inteira na boca, Bucky se deparou com olhos conhecidos e percebeu quando Sarah desviou o olhar e sumiu pela rua na direção do Bordel.
-Ai, Deus… - Bucky murmurou, a boca cheia e os olhos revirados. - Só falta a louca achar que tô seguindo ela! Mereço…
Ooie, Pessoal! ❤
Cheguei com mais um capítulo para vocês! 💖
Eu tô amando muito escrever essa fanfic e tô amando demais ver vocês interagindo e comentando! 🥺
Muito obrigada!
No próximo capítulo vamos ter uma interação maior entre a Sarah e o Bucky e eu acho que vocês vão amar!
Até lá! 💖
Bjs! 💋💋
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