Ressurgindo das Cinzas.
-Vai logo, Sarah!
-Eu não tenho coragem!
-Só faz!
-Não dá! Eu não consigo…
-Mulher, relaxa…
-Vai doer, Bucky!
-Sarah, pelo amor de Deus! Não dói!
-Não dói para você, porque em mim… Eu vou até chorar!
-Quer parar de drama?! É só cabelo!
Sarah suspirou e passou os dedos pelas mechas compridas do cabelo do homem. A dor em seu coração era real, mas já tinha uma semana que Bucky decidiu que queria cortar o cabelo e incubiu essa tarefa para Sarah. Sem opção, a mulher pegou uma mecha do cabelo e posicionou ela para cima, encarando Bucky pelo espelho do banheiro.
Quase sem paciência, Bucky bufou e assentiu. O som de uma tesoura ressonou pelas paredes, seguido por um gemido .
-Aaaah… O seu cabelinho!
-Sarah… - Bucky esfregou o rosto, pedindo paciência a Deus. - Corta logo, caramba!
-Está bem! Tudo bem, não precisa se exaltar! Eu faço… - Sarah posicionou a tesoura de novo e o encarou. - Assim está bom?
-Tá perfeito! Só corta!
Sarah suspirou. A cada vez que a tesoura se fechava e uma mecha ficava mole em sua mão, uma lágrima queria escapar. Amava o cabelo comprido de Bucky.
Aos poucos, o banheiro começou a ficar cheio de mechas jogadas pelo chão enquanto Bucky via seu cabelo ir perdendo comprimento.
Levou cerca de trinta minutos, mas por fim, Sarah terminou de cortar as últimas mechas, se afastando dois passos enquanto ajeitava o cabelo dele.
Bucky viu o exato segundo em que a expressão sofrida de Sarah mudou para encantada. Ela simplesmente não conseguia tirar os olhos de cima dele e parar de sorrir.
-E então? - Bucky questionou, sorrindo de lado, enquanto passava a mão pelas mechas agora curtas e sentia o vento que entrava pela janela bater em sua nuca. - Como eu estou?
Sarah não conseguiu responder a pergunta, na verdade. Bucky vestia apenas a calça do uniforme, de forma que seu corpo estava de fora e isso, por si só, já era bastante atrativo.
Mas Bucky Barnes de cabelo curto também era uma atração à parte. Seu rosto ficou mais em evidência e seus olhos contrastaram com a barba grossa. Sarah sentia seu estômago dar pulinhos só de pensar na sensação das suas mãos passando naquelas mechas.
Bucky esperou a resposta, mas assim que percebeu que Sarah estava em choque, ele levantou do banquinho e a puxou pela cintura, capturando a boca dela, usando a pia para apoiar a mão.
Sarah levou as mãos direto a nuca de Bucky comprovando que ela estava mesmo pensando no que ele achava que estava.
A mulher começou a rir entre o beijo, o quebrando com selinhos, enquanto eles se encaravam.
-É estranho não ter cabelo para puxar!
-Tem sim! Você puxou… - Bucky sorriu, esfregando a ponta do nariz no nariz de Sarah.
Suas duas mãos acariciavam a cintura da mulher, enquanto ele ainda mantinha Sarah presa ao seu corpo, de propósito. Afinal, era mais de meia noite e todos no Complexo estavam dormindo. Ele não tinha a menor pressa para sair daquele banheiro.
-Não é a mesma coisa. - Sarah deu de ombros, suspirando. - Mas você está lindo de qualquer forma!
O sorriso que Bucky deu fez o estômago de Sarah pular meio metro. Ele era lindo e parecia saber disso, sempre provocando Sarah até que ela perdesse todas as estruturas como naquele momento.
A beijando, Bucky subiu as duas mãos por dentro da blusa de Sarah, alcançando o sutiã dela e o abrindo, em segundos. Sarah rompeu o beijo, encarando o homem com os olhos arregalados.
-James! Seu tarado!
-Calma, amor! - Bucky riu, beijando o pescoço dela. - Você tá cheia de cabelo agora… Eu só ia sugerir… - A boca de Bucky sugou o lóbulo da orelha dela. - Um banho!
-Eu sei bem o que você vai fazer nesse banho…
-Sabe?
-Sei…
Bucky parou de beijar o pescoço de Sarah, observando os olhos brilhantes dela.
-E você quer?
Sarah suspirou, esfregando o rosto e deixando a testa cair sobre o ombro de Bucky. As mãos dele ainda brincavam, de leve, com o espaço nas costas dela onde o sutiã deveria estar localizado caso ele não estivesse aberto.
Sarah estava arrepiada e mole.
-E quando eu não quero você, hein, Barnes?
-Perfeito!
A pegando no colo, Bucky a arrastou para o espaço vazio do chuveiro.
Não precisava ter um super ouvido ou ser um gênio para juntar um mais um e perceber que a demora de Bucky e Sarah, em nada mais, tinha a ver com o corte de cabelo.
Enquanto eles aproveitavam a privacidade do banheiro, Steve levantou de sua cama pela segunda vez naquela noite ao ouvir o choro de Stella. Estava cansado. Em dez dias com a bebê, se sentia esgotado.
E olha que Lucy era quem passava a maior parte do dia com ela.
Mas isso não era uma vantagem para ele, já que, aparentemente, Stella gostava de dormir de dia e amava acordar a noite, quando Steve se preparava para dormir.
E embora ele soubesse que Lucy poderia e não se incomodaria em levantar de madrugada, não achava certo deixar todo o trabalho para ela. Além disso, gostava de passar um tempo com sua filha, mesmo que esse tempo o esgotasse.
Quando levantou para dar mamadeira para a filha, Sarah e Bucky ainda discutiam sobre cortar ou não o cabelo dele. Quando Stella precisou de uma troca de fraldas, eles ainda estavam no banheiro. Uma rápida ida até a porta e alguns segundos em silêncio, com o ouvido encostado nela apenas para verificar se morreram, comprovou os gemidos baixos, abafados pelo barulho do chuveiro.
Stella estava dormindo quando ele se afastou da porta e caminhou na direção do quartinho dela. Por mais que Lucy tivesse insistido que ela podia dormir no quarto dele, Natasha fez questão de dar o antigo bercinho de Steve e deixar ela ter um quarto só dela.
Naquela semana, Steve tinha pensado seriamente em ir alugar um apartamento ou ver uma kitnet próxima dalí. Afinal, por mais que estivessem lá há meses, não se sentia tão confortável assim. Todos tinham suas próprias casas fora do Complexo. Se sentia estranho sabendo que aquele era o único lugar para morar.
Talvez, ele conversasse sobre esse assunto com Lucy, no dia seguinte.
Steve colocou Stella cuidadosamente no berço depois de dar um beijo na testa dela. Virou as costas e saiu, passo por passo. Então, fechou a porta e suspirou, aliviado.
Finalmente, ia dormir.
Mas não deu dois passos, Stella voltou a chorar. Steve aguardou. Como ela não parava de chorar, Steve abriu a porta do quarto de novo e pegou a bebê no colo.
-Ela não quer dormir?
Steve estremeceu de susto e encarou Natasha, parada na porta do quartinho, de braços cruzados. Negando, Steve saiu do quarto, embalando a filha nos braços,
-Eu não sei mais o que fazer! Eu solto ela, ela começa a chorar!
Natasha assentiu, dando de ombros.
-Vamos comer! Eu tô com fome!
Steve seguiu a mulher até a cozinha, onde Frank estava sentado, tomando um café.
Havia dez dias que o homem tinha sido "convidado" a se instalar no Complexo. E embora não fosse a pessoa favorita de ninguém, ele era bem simpático e até carismático. Tinha um certo charme, na verdade, o que fazia Lucy entender por qual motivo Sarah caiu de amores, para o horror de Steve.
-Chorando de novo? - Frank franziu a testa e apontou para a bebê. - Por quê ela chora tanto?
-Porque ela é um bebê. - Natasha simplificou. - É a única forma de comunicação deles! Saberia disso se tivesse criado seu filho
-Nossa… Quanto estresse! Eu só fiz uma pergunta…
-E eu só respondi a verdade. - Natasha soltou um leve sorriso, vendo Frank assentir e concordar.
Um pequeno silêncio se fez presente enquanto Stella parava de chorar e fechava os olhinhos. Steve suspirou.
-Finalmente…
-Eu também enlouqueci com o Steve, Stee. - Natasha comentou, pondo uma xícara de café na frente dele. - Agora parece fácil cuidar dele, mas… Não era. Eu e o Sam quase enlouquecemos.
-Eu tô com medo de estar fazendo algo errado. - Steve admitiu.
Natasha negou, sorrindo.
-Como diz o Sam: Se ela está viva, você está fazendo o certo!
Steve soltou uma gargalhada e concordou com a cabeça, enquanto colocava Stella sobre suas pernas e observava ela dormir.
-Gente! Temos uma emergência! - Pietro entrou correndo, literalmente, na cozinha e parou ao lado de Natasha. - E eu acho que é uma emergência das grandes!
-Qual emergência, Pietro? - Natasha suspirou, abandonando o sanduíche que, finalmente, ela tinha acabado de montar.
-É a Wanda. - Pietro informou. - Ela está meio que presa… Eu não sei! Vem logo!
Steve apenas avisou que ia deixar Stella com Lucy e Natasha correu para fora da cozinha junto com Pietro e Frank.
Os gritos de Wanda fizeram com que o banho de Bucky e Sarah enfim acabasse e os dois se encontravam do lado de fora do quarto de Wanda, assim como Bruce, Thor, Clint e Sam.
-O que está acontecendo?! - Sarah questionou assim que alcançou o pessoal.
-É a Wanda! - Clint explicou. - Ela está gritando há uns quinze minutos.
-Isso a gente percebeu, Clint! - Sam reclamou. - Mas por quê?
-Não faço idéia!
-Deve ser um pesadelo! - Bruce ponderou.
-Ou uma visão. - Thor comentou. - Da última vez que ela acordou assim, tivemos que ir procurar o Steve e o Cabeludo!
-É Bucky, Thor! - Bucky reclamou. - Não cabeludo!
Sam tentou bater na porta, mas a única coisa que aconteceu foi ele levar um choque enorme e ser lançado contra a parede do corredor, batendo a cabeça e as costas, desacordando momentaneamente. Todos correram para acudir ele enquanto Pietro, Natasha e Frank chegavam no corredor, seguidos de Steve.
Os gritos cessaram e a áurea vermelha que circulava a porta se desfez, o que permitiu que Natasha e Sarah corressem para dentro do quarto assim que Thor destruiu a maçaneta com uma martelada só.
Todo o quarto de Wanda estava bagunçado e destruído. A mulher estava jogada no chão e um filete de sangue escorria de sua cabeça.
As duas mulheres se aproximaram do corpo de Wanda, verificando que ela apenas parecia desmaiada.
-Dío Mio! O que aconteceu aqui?
-Não sei… - Natasha olhou ao redor, com cuidado.
As janelas estavam trancadas e aparentemente, ninguém tinha entrado. Clint e Pietro passaram pelas duas mulheres e ajudaram elas a levantar o corpo de Wanda do chão. Ela estava gelada e tremendo, o suor do corpo dela tornava a tarefa mais dificultosa, mesmo assim, eles ergueram ela do chão e caminharam até a cama.
Porém, eles não chegaram a colocar ela lá. Natasha soltou um grito e Clint deixou Wanda cair no chão.
O resto das pessoas entraram no quarto, sem enxergar nada devido à escuridão. O primeiro a ver o que eles viram foi Steve. De olhos arregalados e o coração acelerado, ele cutucou Thor e os dois ficaram em choque. Bucky ajudou Sam a, finalmente, levantar do chão com a ajuda de Bruce, mas esse último também deixou o amigo cair de volta quando visualizou o homem que ocupava a cama de Wanda, assim que Sarah acendeu a luz.
-Bem, pela reação de todos, isso não é comum. É? - Frank questionou, apontando para o homem. - Quer dizer, eles não costumam dividir a cama, certo?
Eles pareciam em choque demais para responder a Frank.
-Meu Deus… - Steve sussurrou.
O silêncio no quarto era mortal.
Como se acordasse de um sono profundo, o homem gemeu, esticando a mão e esfregando a testa. Ninguém nem ao menos respirava. O homem ergueu o corpo da cama e olhou ao redor.
-Isso é o céu ou o inferno? Ah, deve ser o céu… O Capitão Certinho está alí..
-Tony…
A cabeça de Tony Stark virou para a direção de Natasha, que parecia estar em choque. Então, ele olhou ao redor, apertando a cabeça, como se ela doesse profundamente.
-Eu morri. Certo?
-Sim… - Clint comentou, casualmente.
-Ótimo… E vocês todos morreram também?
-Não. - Thor respondeu.
-Como não? Ela morreu! - Tony apontou para Natasha.
-Em teoria, sim. - Ela concordou .
-Eu não estou entendo nada!
-Nem a gente! - Metade do quarto respondeu.
Sarah, que ainda estava parada ao lado de Pietro, finalmente, reconheceu o homem sentado na cama de Wanda. Seu olhar correu para Bucky, que estava parado, estático, próximo a Sam, do lado de fora do quarto. Era óbvio que ela sabia o que tinha acontecido e mais óbvio ainda que Bucky estava em choque.
Uma agitação começou a ser ouvida quando os Vingadores foram abraçar Tony, mesmo com os gritos de protesto dele.
Quando Tony, enfim, conseguiu se desvencilhar de todos, Steve o ajudou a ficar em pé, tendo em vista que estava tonto. Era ele alí, na frente de todo mundo! E estava vivo. De carne e osso.
-Alguém pode me explicar o que foi que aconteceu?
Todos começaram a falar juntos, um por cima do outro e ao mesmo tempo. A cabeça de Tony rodava enquanto as informações eram jogadas de uma vez e ele tentava assimilar o fato de que Natasha e Pietro também estavam vivos.
Depois de cerca de dez minutos de explicação, Tony deu um grito, calando a todos e pedindo um minuto, enquanto andava de um lado ao outro, pensando.
-Okay, pessoal… Deixa eu ver se entendi: Eu estalei os dedos e morri. - Tony afirmou, em tom de pergunta, sentando na cama.
-Isso! - Natasha confirmou.
-E no entanto, eu estou vivo agora! - Tony fez uma pausa. - Como isso é possível?!
-Deve ter sido a Wanda. - Bruce esclareceu. - O poder dela triplicou nos últimos três anos e…
-Três anos?! - Tony praticamente berrou.
Todos os presentes encararam Bruce que sussurrou um "Ops!".
-Mas eu não tenho paz nem quando eu morro! - Tony reclamou, bufando. - A Morgan e a Pepper…?
-Elas estão bem, amigo. - Clint confirmou, sorrindo. - Sua filha vem para cá quase a semana toda brincar com o Matteo.
-Quem é Matteo?
Silêncio.
Na porta, Bucky trocou um olhar com Sam e murmurou um "Não posso ficar aqui!". Sam teve que correr meio corredor para alcançar Bucky e o puxar pela gola da blusa, enforcando o homem, até fazer ele parar. Claramente, quando Sam segurou Bucky pelos ombros, ele ainda estava em choque.
-Hey, Cabeludo! Olha para mim, cara! Está tudo bem!
-Ele está vivo! - Bucky rebateu, aos sussurros. - Como está tudo bem?!
-Olha, já se passaram anos…
-Não apaga o que eu fiz! E tenho certeza que ele não vai ser subitamente compreensivo…!
-Tudo bem por aqui?
Os dois homens se voltaram para Frank e Bucky rolou os olhos, enfiando as duas mãos nos bolsos e bufando.
-Estava melhor sem a sua presença, na verdade!
-Nossa! Quanto estresse, Soldado! Eu só vim conferir se você está bem! - Frank apontou por cima do ombro. - O Pessoal está emocionado demais alí dentro. Quem é aquele cara?
-Ele se chama Tony. - Sam respondeu, puxando Bucky pelo cotovelo. - Dá um minutinho, dá, Frank?
Os dois seguiram pelo corredor, quase sozinhos. Apenas um miado alto indicou que Alpine os seguia de perto entre os corredores, até que Sam saiu do Complexo, indo até o tronco de árvore caído na frente do lago e forçando Bucky a se sentar.
O vento gelado refrescou a nuca de Bucky, fazendo a pele dele ficar arrepiada por conta do suor. Suas mãos tremiam e sua garganta estava seca. Alpine esfregou o rosto entre os tornozelos do dono, ronronando alto.
-Hey! Você não ouviu nada do que eu disse, ouviu?
Bucky negou, esfregando a palma da mão verdadeira no rosto.
-Escuta, cara… Eu sei que você está em choque. Ninguém aqui esperava o Tony e eu não faço ideia do que pode ter acontecido para ele estar aqui!
-Ele vai tentar me matar de novo! E se ele souber que a Sarah e o Matteo estão comigo…!
-Ele não vai fazer nada, Bucky! Se acalma!
Soltando o ar, Bucky procurou se acalmar e ficou em silêncio com Sam por vários minutos, até criar coragem e perguntar:
-Acha melhor eu mudar daqui?
-Para onde? - Sam perguntou, ironicamente.
-Para a China, talvez… Será que é longe o suficiente?
Sam riu, negando com a cabeça.
-Com aquela armadura? Acho que nem Marte é longe, né? Não foi ele quem se perdeu no Espaço e a Capitã Marvel teve que ir salvar?
-Acho que foi! - Bucky se permitiu dar um leve sorriso. - Droga, Sam… O que eu vou fazer?!
-Me explicar porque seu cabelo está menor do que eu me lembrava é uma ótima idéia, na verdade. - Sam comentou, sorrindo. Mas revirou os olhos e ergueu as mãos, em rendição, ao notar o olhar entediado de Bucky. - Calma, Soldado! Eu estava só brincando… Olha, quer um conselho? Está tarde, já! São quase uma da manhã… - Sam suspirou, segurando Alpine, que pulou no colo dele, ronronando. - Oi, Gatinha! Enfim, Bucky… Vai dormir! Descansa! Evita pensar nisso! Eu mesmo vou fazer isso e deixar os Vingadores lidar com isso antes que eu enlouqueça!
Sam pôs Alpine entre os braços de Bucky e se encaminhou para a casa. Bucky bufou.
-Achei que você era um Vingador!
-Em teoria, você é também! - Sam sorriu, ironicamente, por cima dos ombros. - Boa noite, Ex-Cabeludo!
Se Bucky não estivesse tão assustado com a possibilidade de acabar entrando em confronto com Tony novamente, ele poderia ter achado irritante e ter discutido com Sam. Mas sua cabeça não estava nem mesmo se preocupando em fingir que odiava Sam.
Ele estava preocupado era com a reação de Tony.
E foi nisso que Bucky passou quase a noite inteira pensando, sentado naquele tronco de árvore, enquanto observava Alpine. A gata passou as horas seguintes alternando entre brincar de morder a mão do Dono, dormir com a barriga branca para cima, caçar pequenos bichinhos noturnos, os quais ela levava para Bucky, oferecendo um pedaço e só comia a parte dela quando Bucky fingia tirar um pedaço e comer…
O dia estava amanhecendo quando Bucky ouviu passos atrás de si. Mesmo assim, estava tão distraído vendo Alpine tentando caçar uma mariposa, que nem se preocupou em virar para trás e verificar quem era a pessoa que sentou no tronco, próximo a ele, que ja estava no chão há, pelo menos, uma hora.
-Eu vou falar a verdade…
Bucky estremeceu de susto e levantou de uma vez, recuando alguns passos, para manter uma distância segura de Tony Stark.
Aparentemente, o homem havia acabado de tomar banho e trocar de roupa. Não tinha a melhor cara do mundo, embora não parecesse disposto a matar Bucky naquele momento. Ao menos, pelos próximos vinte segundos não.
-Se assustou?
-O que você quer?
-Falar com você. - Tony ergueu uma sombrancelha. - Senta.
-Eu prefiro ficar aqui, obrigado!
-Como quiser, então!
Os dois homens ficaram em silêncio. O sol começava a despontar no horizonte e Alpine perdeu o interesse na mariposa, sentando no meio de um monte de folhas, encarando os dois homens, curiosa.
Nenhum dos dois falou nada por um bom tempo, embora tenham se observado mutuamente.
-É estranho te ver se aquela taturana na cabeça…
Bucky não respondeu, enfiando as mãos no bolso da calça. Tony cruzou os braços e observou o céu.
-Você sabe como é a sensação de morrer, Desmemoriado?
Bucky não respondeu, mas deu de ombros, embora, soubesse, sim.
-Não é exagero dizer que sua vida passa diante dos seus olhos. A minha passou, ao menos. E confesso que não há muito tempo para se arrepender ou se orgulhar de algo. Em um minuto você está vivo e no seguinte… Não sei.
Bucky esperou, o cenho franzido, sem entender onde o homem queria chegar.
-Mas com certeza, a primeira coisa que pensei quando eu vi que teria que estalar aqueles dedos foi na Morgan. Eu sabia que ela ia odiar viver num mundo sem mim, sabe? Mas eu sabia também que ela teria que ter um mundo para poder viver sem mim…
Bucky continuou calado. Talvez o estalo tivesse afetado a cabeça do homem.
-Olha, o que eu to tentando dizer é que eu não vou tentar matar você de novo, embora eu devesse pelo que você fez aos meus pais.
Bucky abaixou o olhar, engolindo em seco. Lágrimas quentes pinicaram seus olhos.
-Mas eu sei como é ruim viver sem os pais e… De forma resumida, eu conheci o Matteo há alguns minutos. - Bucky ergueu o olhar. - Menino esperto! Você é mesmo o pai dele?
-Não. - A voz de Bucky saiu rouca e ele pigarreou, dando de ombros. - O pai dele é o Frank. Mas é como se fosse meu filho…
-Entendo. - Tony assentiu. - O menino aranha, ele… Bem, é como se fosse meu filho também.
Antes que pudesse continuar falando o que tinha para falar, Steve apareceu na porta da cozinha e encarou os dois homens, levemente receoso.
-Está tudo bem por aqui?
-Eu só estou conversando com seu amigo sobre o que acabamos de conversar, Doritos. Não se preocupa!
-Hm… Okay. Depois eu volto, então.
Hesitante, Steve entrou por dentro da cozinha e Bucky reparou que ele foi para o canto da cafeteira, onde tinha uma visão privilegiada dos dois através da janela.
-O que eu estou tentando dizer… - Bucky encarou Tony novamente, mas o moreno interrompeu ele.
-Escuta, Stark… Eu não sei sobre o que você e o Steve conversaram e eu te dou todo o direito de me odiar! Acredite, eu me odeio mais do que você e todas as outras pessoas do mundo juntas! Mas eu queria que você soubesse que quando eu disse que eu me lembrava de todas as vítimas, eu não disse aquilo me orgulhando disso. Pelo contrário… É um tormento deitar a cabeça no travesseiro e saber que eu causei tanta dor em tanta gente e… Eu mal consigo me olhar no espelho sem pensar que eu deveria ter morrido quando caí daquele trem!
Tony aguardou. Bucky esfregou os cabelos recém-cortados e soltou o ar.
-Mas… A Sarah e o Matteo não tem nada a ver com isso. Não precisa tolerar a minha presença e eu posso nem sequer ficar perto se for melhor, mas é que.. Bem, sua filha e meu filho, eles meio que são…
-Amigos. - Tony assentiu. - Eu fiquei sabendo… Bem, sua namorada é bem educada e muito bonita também. Não se preocupa, não vou descontar minha raiva de você neles. Eu sou um babaca mas… O que eu estava querendo dizer, é que eu mudei um pouco com essa… Morte. Ainda não sabemos como eu voltei, mas, aparentemente, a Wanda já sabia que eu ia voltar. Na verdade, eu garanto que aquele safado da capa vermelha também sabia quando deixou eu me sacrificar!
A sombra de um sorriso passou no rosto dos dois homens e Tony ergueu o corpo do tronco, olhando para a gatinha no chão.
-Ela também é bonitinha.
-É, ela é…
-Oi, gatinha! - Alpine miou em resposta, balançando o rabo. - Bem, eu acho que vou dormir. Dia cheio e eu tenho que estar bem para receber minha esposa e minha filha! Que tal?
-Ótima idéia!
-É… Bom Dia, Soldado!
Bucky soltou o ar ao ver que Tony sumiu de suas vistas e, fraco das pernas, se jogou no chão, ao lado do tronco. Magicamente, Steve se materializou ao seu lado, sentando perto dele.
-Hey, você está bem?
-Achei que eu ia morrer… - Bucky admitiu. - Mas acho que não morrer já é vantagem. Como isso aconteceu?!
Steve deu de ombros, afinal, Wanda não sabia explicar como tinha feito aquilo ou porquê.
-Não sei. Mas eu… Bem, não sei se é egoísmo dizer isso, mas tô feliz que ele tenha voltado. De verdade!
Bucky sorriu, de lado.
-É… A Morgan vai enlouquecer quando ver ele!
-Pois é… - Mais uma pausa. - E esse cabelo aí?
-Ficou bom, né? - Bucky riu, passando os dedos pelos fios. - Só Deus sabe o drama que foi para a Sarah cortar… Ela chorou, você acredita?!
Steve soltou uma gargalhada e concordou.
-Eu só acredito porque a Lucy chorou quando eu tirei a barba, lembra?
-Mulheres…- Bucky reclamou, rindo. - Mas é impossível viver sem elas!
-Realmente! Mas eu acrescentaria que é impossível viver sem as nossas mulheres!
Os dois amigos continuaram conversando até o amanhecer, sem fazer idéia de que as surpresas não haviam acabado.
Sim, Pessoal! Esse capítulo foi um surto e, literalmente, a única explicação para trazermos o Tony de Volta foi "Eu quis!".
Alias, Bom dia! Cheguei! 💖
Pois é, gente... O Bucky cortando o cabelinho, o Tony aparecendo, a Wanda desmaiando... Foi tenso e espero que, apesar de não ter muito sentido, vocês tenham gostado e se preparem porque os próximos... 🤷🏻♀️🤡
Por falar em próximo... MUITO OBRIGADA PELAS QUASE 5K VVISUALIZAÇÕES ! 🥳😍💫
Vocês são os melhores leitores do mundo e espero que continuem gostando da história porquê estamos chegando perto do nosso ápice e eu prometo que vocês vão amar e que isso vai explodir suas cabeças tanto quanto WandaVision!
Até lá!
Beijos 💋
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