A Reunião.
Rolando de um lado ao outro da cama macia do dormitório do Quartel General dos Vingadores, Bucky deixou que um longo suspiro escapasse por entre seus lábios, que se encontravam curvados para cima em um sorriso que ele tinha plena certeza, ser idiota, mas que não conseguia evitar.
E na verdade, nem mesmo queria.
Em sua cabeça, repassava todos os instantes dos últimos dias, desde a primeira tentativa de beijo até o segundo em que, finalmente, seus lábios se encontraram.
Sabia que estava agindo como um adolescente de 12 anos que se apaixonou pela menina mais gata da turma, mas não conseguia evitar. Gostava de Sarah e tinha esperado aquele beijo por mais tempo que o normal para ele.
Ao mudar, novamente, de posição, Bucky enfiou as duas mãos embaixo da cabeça e encarou o teto, mordendo a boca.
Caramba… Sarah beijava bem para caralho e Bucky não conseguia tirar isso da cabeça!
Esfregou o rosto se sentindo culpado. Deveria estar preocupado em achar o pai de Matteo, descobrir qual era o plano dele, se concentrar em o frustar e depois, voltar para o passado.
Mas ao invés disso, estava parecendo um bobão!
Erguendo o corpo pesado da cama, finalmente entendeu que não conseguiria dormir naquela noite e se levantou, acendendo a luz do dormitório e constatando que Alpine dormia tranquilamente no pé da cama, entre os lençóis que Bucky ajeitou para ela. Acariciou o pelo macio, mas a única coisa que a gata fez foi soltar um pequeno miado em forma de bocejo e esticar o corpinho, tampando os olhos com a patinha branca.
Bucky não resistiu e a pegou no colo, enchendo a felina de beijos enquanto ela miava alto, irritada, tentando arranhar ele. Bucky só a largou minutos depois quando Alpine acertou uma mordida no queixo dele.
Então, conferiu a hora no relógio de pulso. Eram cerca de três e meia da manhã enquanto caminhava pelos corredores, tentando se guiar no escuro para achar a cozinha.
Achou, instantes depois, quando ouviu o som de talheres e viu a luz invadindo o corredor. Continuou caminhando até lá e parou na porta, observando Steve fazer um sanduíche na bancada. Levou alguns segundos para que o loiro percebesse que estava sendo observado, mas assim que isso aconteceu, deixou o sanduíche cair na bancada.
-Meu Jesus Cristo!
-Não. Só o Bucky! - Bucky riu, entrando na cozinha e indo direto até a geladeira.
-Nossa, que engraçado! - Steve rolou os olhos e começou a catar o sanduíche, o montando de novo. Olhando por cima dos ombros, Steve mordeu a boca para não perguntar diretamente o que ele e Sarah decidiram. - Perdeu o sono, James?
Bucky, que tinha acabado de tirar uma maçã da geladeira, encarou Steve, de testa franzida. Mordeu um pedaço, fazendo um sonoro "Crack" enquanto observava o amigo. Steve suspirou quando percebeu.
-O que foi?
-O que você viu, Steve?
-Nada, ué!
-Você me chamou de James.
-É seu nome.
-É, mas você nunca me chama de James. - Bucky mordeu mais um pedaço e encarou ele. - Além disso, você tentou imitar um sotaque italiano. E só para constar, foi péssimo! O que você viu?
Silêncio. Bucky continuou mordendo a maçã até acabar, enquanto Steve tentava arranjar uma forma de minimizar a situação ao invés de dizer "Eu e Sam resolvemos ir atrás para ver o que vocês iam fazer e já estávamos quase morrendo de tédio quando quase se beijaram!".
-Digamos que a Natasha perguntou onde vocês foram e eu fui procurar para ver se… Bem, se precisavam de algo. Eu… Vi um beijo.
Bucky tentou não sorrir, mas Steve percebeu o brilho nos olhos do amigo e, rindo, foi para o lado dele, o cutucando.
-Conta!
-O que quer saber?
-Quando rolou?
-Hoje. - Bucky suspirou. - Mas era para ter rolado no dia e no momento em que o idiota do Sam apareceu na nossa porta. Enfim…
Steve assentiu, o puxando para a mesa no canto da cozinha. Steve se inclinou para frente, falando baixo, parecendo uma velha fofoqueira aos olhos de Bucky. Mas o homem não se importou, afinal, precisava e queria contar o que aconteceu, já que necessitava de um conselho.
-E como foi? Vocês saíram para se beijar?
-Não… Eu estava meio preocupado com essa história toda, sabe? Aí, a Sarah percebeu e a gente estava conversando quando rolou um clima.
-Tá. E aí?
Bucky torceu a boca e se concentrou em cutucar uma das placas de vibranium de seus dedos, que ficou um pedacinho de maçã presa.
-Bem, e aí eu comentei que queria beijar ela e ela disse que eu podia.
-E depois? - Steve questionou, rindo. - Que nervoso! Fica falando tudo aos poucos…
-Fofoqueiro! - Bucky enfiou um chute na canela de Steve, que retribuiu. - Ai!
-Fala logo!
Bucky revirou os olhos e recostou no encosto da cadeira, cruzando os braços e suspirando. Encarou o melhor amigo, sabendo que ia se arrepender. Mas no final, apenas falou:
-E aí, ela sugeriu da gente ter uma amizade colorida e eu pensei "Por quê não? Vamos!". E aí começamos a nos beijar.
Pausa.
-Então, agora vocês estão juntos?
-De alguma forma… Sim. - Bucky sorriu, passando os dedos pelos cabelos soltos e os prendendo para trás da orelha. - Dá para acreditar que uma mulher daquelas gosta de mim, Steve?! Nossa…
Steve quis rir da cara de idiota do amigo, mas em respeito a todos os traumas que sabia que Bucky carregava, apenas mudou de posição na cadeira e deu de ombros.
-Eu não vejo por qual motivo a Sarah não gostaria de você…
-É só olhar para mim, cara. - Bucky deu de ombros. - Só esse braço idiota já é um motivo muito bom!
-Ah, mas fique sabendo que a Sarah tem feitiche pelo seu braço desde que ela te viu peladão! Suspeito eu, que talvez, ela tenha mais pressa para ver ele de novo do que o seu pinto!
Bucky engasgou com o ar, enquanto Steve percebia que tinha falado demais. Afinal, Lucy quem tinha contado aquilo e, em teoria, não podia saber. Arregalando os olhos, Bucky o encarou.
-Como é que é?!
-Nada, eu só estava brincando… - Steve coçou a cabeça. - Mas voltando…
Se Bucky percebeu que ele tentou desviar o assunto, não falou nada.
-Acredito que sim, a Sarah goste de verdade de você e acho que isso não tem nada demais. Você é incrível, Bucky! E só o jeito que trata ela e o garoto dela…
Bucky sentiu as bochechas esquentarem. Realmente, tinha consciência que acabava mimando Sarah um pouco demais, de uma forma que nunca tinha feito com ninguém. Mas ela valia a pena. E Matteo também.
-Pois é… - Bucky deu de ombros, sorrindo ainda. - Eu adoro aquele garoto. De verdade!
-Eu sei…
Pausa. Bucky ergueu o olhar para o amigo, levemente perdido e confuso.
-Hey, o que eu faço agora, Stee?
-Como assim o que você faz agora?
-Quem namora é você, homem!
-Mas vocês estão namorando?!
-Ainda Não. - Bucky deu de ombros. - Mas eu não sei como agir agora, perto dela, entende? Eu beijo? Eu deixo ela vir me beijar?! Melhor a gente nem se tocar?! Que droga, cara… Isso parecia tão mais fácil quando eu era um imbecil!
Steve não segurou a risada. Bucky jogou um guardanapo de pano que estava em cima da mesa no amigo e cruzou os braços, esperando que Steve se acalmasse. O que levou alguns minutos, claro.
-Já parou de rir, palhaço?
-Desculpe, Bucky! Mas é que é engraçado… - Steve deu de ombros. - Você era um galinha e não sabe mais como agir perto de uma mulher?!
-Não é que eu não saiba agir. - Bucky coçou a nuca e respirou fundo, soltando o ar pela boca. - Mas é que… As outras não…
Steve estreitou os olhos, sorrindo.
-Você não era apaixonado por nenhuma das outras.
Pausa. Bucky respirou fundo antes de Assentir.
-Pois é… Há quanto tempo você sabe disso?
-Hmm… Deixa eu ver? Desde sempre?! - Steve revirou os olhos e deu de ombros. - Você não é muito discreto, Bucky. Mas acho que só você não percebeu isso!
Bucky deu de ombros, sem querer dar o braço a torcer. Sabia, sim, que estava se apaixonando, mas não fez nada para evitar. Steve continuou falando:
-Mas se você está com dúvida sobre como agir… Sei lá, deixa ela vir falar com você primeiro ou chama ela para conversar e pergunta
Bucky assentiu, olhando ao redor. Desde quando Steve passou a saber mais de relacionamentos do que ele? Droga, nem Sarah deveria estar tendo aqueles pensamentos.
Erroneamente, Bucky se convenceu de que Sarah deveria estar dormindo perfeitamente, sendo que a verdade, era que a mulher já tinha desistido de dormir há muito tempo.
Sentada no parapeito da janela, Sarah continuou observando o dia começar a surgir no horizonte, extremamente irrequieta e agitada. Em primeiro lugar, estava nervosa e ansiosa por causa de Matteo e o que poderia acontecer com ele ou ela, a partir do momento em que o pai dele descobrisse onde estavam.
Em segundo, e talvez, mais impactante, Sarah mal conseguia parar de pensar em Bucky. Não que tivesse beijado muitas bocas em sua vida, mas das três que beijou, nenhuma delas não chegava nem perto de se comparar com ele.
A forma como, mesmo morrendo de vontade, ele esperou que ela permitisse que ele a beijasse, o jeito como a segurou, como se só ela importasse no mundo…
Suspirando, Sarah encarou Matteo, que dormia tranquilamente na cama. Tinha ficado com medo de que ele não se adaptasse à mudança e desse algum tipo de trabalho, mas talvez, ter um bebê no lugar tenha ajudado. Ou não ter tanta noção assim do que significava terem ido parar no futuro…
De qualquer forma, Sarah conferiu se ele estava mesmo bem, antes de depositar um beijo nos cabelos castanhos dele e sair do quarto, caminhando sem rumo.
Ouviu o som de panelas caindo próximo dalí e resolveu seguir naquela direção. Não conhecia aquelas pessoas ainda, mas elas pareciam legais e Sarah não queria ficar sozinha naquele momento.
Mas abriu um sorriso ao parar na porta da cozinha e avistar Lucy, lutando contra o fogão e uma frigideira com um ovo e duas fatias de bacon. Olhando ao redor, constatou que alguém devia ter acabado de usar a cozinha além dela, já que haviam duas cadeiras fora do lugar na mesa e duas canecas com resto de café.
-Buon Diurno, Lucy!
-Buon Diuno para quem, hein?! - Lucy retrucou, irritada. - Meu Deus, Sarah! Como você frita os ovos?! Já é a terceira vez que eu tento e ele fica queimado por baixo e cru por cima!
Sarah franziu a testa, engolindo a vontade de rir. Caminhou calmamente até a prima e, com as mãos no quadril, começou a rir.
-Se você colocasse óleo e virasse o ovo ao contrário, ele frita do dois lados e não queima!
Lucy encarou o ovo com um olhar tão fuzilador, que Sarah não fazia idéia de como o alimento não tinha explodido. Assumindo a direção do fogão, Sarah salvou aquele ovo antes que queimasse.
-Eu fico impressionada em como você pode comandar um hotel e cuidar de ferimentos tão bem, mas não saber fritar um ovo!
-Eu odeio cozinhar! Não entendo é como você pode gostar e fazer uma comida tão boa! Eu faço a mesma coisa e não fica igual!
Sarah rolou os olhos, evitando retrucar que ela não fazia igual mesmo! Os ovos sem óleo eram a prova…
-Eu já expliquei que eu sou apaixonada por comida! Por como as coisas mudam completamente de sabor quando adicionamos algo novo, ou como os sabores soam diferentes para qualquer pessoa… É incrível!
Sarah pegou o prato que Lucy estendeu e depositou o ovo (agora) frito, sorrindo para ela.
-Prontinho!
-Obrigada! - Lucy sorriu, agradecendo. - Não sei como teria sobrevivido esses anos todos sem sua comida!
-Interesseira! - Sarah bufou, seguindo a prima para a mesa.
As duas se sentaram e Lucy franziu a testa, se dando conta do horário e de que a prima já estava acordada.
-Hey, perdeu o sono?
-Eu nem encontrei. - Sarah deu de ombros, brincando com a toalha de mesa. - Não dormi a noite inteira! E você?
-Aproveitei que o Stee levantou para ir fazer um lanche e pedi para ele vir fazer, já que eu não tenho intimidade com o pessoal daqui… Mas ele e o Bucky ficaram fofocando e ele esqueceu, então… Aqui estou eu! Eu estava morta de fome!
Sarah assentiu. Então, percebeu o que Lucy falou e arregalou os olhos, se inclinando para frente, sobre a mesa.
-Espera, você disse que o Bucky e o Steve estavam aqui? Fofocando?
-É. - Lucy concordou, enfiando um bacon inteiro na boca e falando com ela cheia. - Eles queriam conversar em particular sobre algum assunto, por isso saíram quando eu cheguei. Por quê?
Sarah hesitou apenas um segundo antes de coçar o colo (que ainda estava levemente irritado) e responder:
-É que eu e o James nos beijamos.
-Ah, tá…
Pausa. Lucy arregalou os olhos e engasgou com o Bacon, violentamente, fazendo com que Sarah tivesse que se posicionar atrás dela e realizasse a manobra que Lucy ensinou. O bacon voou da garganta dela e caiu na mesa, enquanto Lucy puxava o ar para dentro dos pulmões e exclamava:
-Vocês o que?! Quando?! Onde?! Como assim?!
-Vai deixar eu falar ou vai continuar gritando? - Sarah a encarou, séria. Sentando de volta na mesa, ela se inclinou para frente e começou a falar baixo, sorrindo de leve. - Promete que não vai sair espalhando?
-É claro que não vou!
-Ótimo. A gente se beijou tem umas horas só… Quer dizer, não sei direito como aconteceu, só… Rolou um clima e a gente ia se beijar, mas ele veio com uma conversa de "Não quero estragar nossa amizade!"...
-Que fofo! - Lucy sorriu, se inclinando para frente. - E aí, você fisgou o peixão?
-Que?! - Sarah riu, negando. - No! Eu sugeri de sermos amigos coloridos, sabe? E aí… Bem, ele entrou em pânico e saiu correndo.
Lucy perdeu o sorriso e franziu a testa.
-O Bucky?!
-Isso!
-Não creio! Ele entrou em pânico?!
-É, mas voltou logo depois, mais cheiroso e arrumado.
As duas começaram a rir da situação. Sarah emendou, prevendo a pergunta de Lucy.
-E sim, ele beija muito bem! E é um amor!
-Parece que temos alguém apaixonadinha! - Lucy debochou.
-Eu não tô apaixonada! - Sarah se defendeu. - Somos só amigos!
-Amigos que se beijam, é?
Sarah revirou os olhos e ignorou a provocação da prima. Sua cabeça continuava longe: Mais especificamente, em um certo moreno de olhos azuis.
Levaram cerca de quatro horas para se encontrarem e quando o fizeram, foi na frente de todos, dentro de uma sala de reunião, então, por um momento, nenhum dos dois soube o que fazer. Foi Sarah quem tomou a iniciativa e andou até Bucky, sentando ao lado dele.
-Oi, James!
-Oi, Mia Principessa! - Bucky a abraçou, de lado, dando um beijo na lateral da cabeça dela e sorrindo. - Dormiu bem?
-Ah, dormi! - Sarah deu de ombros, mentindo. - E você?
-Bem, também… - Bucky também mentiu, entrelaçando seus dedos aos de Sarah, por baixo da mesa. - O Matteo…?
-Deixei ele com a Wanda. - Sarah explicou. - Acho que ela levou ele para fazer um bolo ou algo assim…
-Legal!
-Pois é…
-Pessoal! Por favor! - Steve bateu as mãos, chamando a atenção dos presentes na sala. - Eu preciso da atenção de vocês!
Olhando ao redor, Bucky percebeu que mais pessoas haviam entrado na sala e começou a explicar para Sarah quem eram os outros, além dos que ela já havia conhecido: Scott Lang, o menino aranha que Bucky tinha esquecido o nome, Fury, um menino de cabelos platinados…
Steve e Sam trocaram um olhar profundo, se perguntando qual deles ia começar a falar. Então, como já faziam três anos, Steve fez questão de indicar que Sam deveria falar, ao invés dele, por mais que o homem tivesse insistido que ele que deveria falar.
-Sam, fala você! Anda! - Steve o empurrou para a beirada da mesa.
-Ah, tá bom! Eu falo! - Sam suspirou. - Bem, como todos aqui estão cientes, estamos enfrentando uma nova ameaça de ambito nacional e internacional e, como todos vocês sabem, de novo, se trata do ex-namorada dessa moça bonita aqui!
-Ah… - Sarah negou. - Não é meu ex-namorado. Ele só… Bem, não dá para considerar aquilo um namoro!
-Você é a Sarah? - Um homem negro, de tapa olho questionou, vendo ela assentir. - Eu sou o Nicky Fury. Confesso que eu estava curioso para conhecer a senhorita, afinal, é por causa do seu filho que vamos conseguir impedir esse cara de causar uma catástrofe mundial!
Sarah assentiu, pondo o cabelo atrás da orelha.
-Entendo, mas… Meu filho é apenas uma criança! Eu não entendo como…!
-Isso que estou ouvindo é um sotaque italiano, Gatinha?
Silêncio. Sam mordeu a boca, antes que pudesse chamar a atenção do garoto que perguntou.
-Pietro, pelo amor de Deus! Fica quieto!
-Esse é o Pietro? - Bucky franziu a testa. - Irmão da Wanda? Achei que ele estava morto!
-O Pietro dessa linha do tempo está. - Natasha esclareceu. - Esse é o da linha do tempo que o pai do Matteo trouxe todos os Ultrons existentes.
Lucy e Sarah franziram a testa, trocando um olhar em dúvida. Não entendiam absolutamente nada do que eles diziam.
-Enfim, Senhorita…?
-D'Angelo. - Sarah voltou a atenção para Professor Hulk, que havia chamado ela.
-Senhorita D'Angelo, seu filho é filho de alguém que tem os genes modificados. Ou seja, os que a gente chama de pessoas aprimoradas ou mutantes, como a Wanda e o Pietro. Segundo o Doutor Estranho e a Própria Wanda, ele mexe com a realidade ao redor dele. Mas… Essas habilidades só vão se manifestar quando ele fizer treze, catorze anos, entende?
Sarah assentiu. Bruce continuou.
-Agora, se o seu filho continuasse no passado, o pai dele ia até lá e pegava ele.
-Mas para quê? Os poderes dele só vão se manifestar quando ele tiver grande… - Lucy questionou.
-E se ele viaja pelo tempo, não tinha como pegar o Matteo mais velho e com os poderes já manifestados? - Sarah questionou.
Silêncio.
Foi Natasha quem começou a falar, lentamente .
-Fizemos essas perguntas e mais algumas antes de decidirmos que tinhamos que voltar no passado e trazer vocês para cá. Acontece que tudo no universo acontece por um motivo e, as vezes, não tem como entendermos o porquê. Foi a mesma coisa quando decidimos reverter o Blip do Thanos. Só havia uma única maneira de sobrevivermos e trazermos as pessoas de volta. Até ele sabe que se mexer com o tempo de forma errada, o mundo se torna um caos. Então, por algum motivo, se ele esperasse seu filho crescer, não ia conseguir o objetivo dele.
Uma salva de palmas foi ouvida quando Sam Wilson, Pietro Maximoff e Peter Parker começaram a aplaudir a mulher, que ficou vermelha na hora, encarando o marido com uma cara nada feliz. Ao menos, isso serviu para quebrar o clima tenso e fazer todos rirem em volta da mesa.
-Bem, voltando… - Steve chamou a atenção de todos novamente e empurrou, mais uma vez, Sam Wilson para que ele falasse. - O Sam quer falar mais coisas!
-Tudo eu, né, Steve?! - Sam rolou os olhos e suspirou. - Bem, voltando… Segundo o cara da capa roxa…
-Doutor Estranho! - A Sala respondeu, em unissono.
-Isso! Segundo esse homem aí, ainda vamos levar algum tempo para que o pai do menino se manifeste, então, temos que pensar aqui: O que vamos fazer com esses quatro?
-Enfiar um palitinho de churrasco e comer no jantar? - O rapaz chamado Pietro questionou, fazendo com que Peter e Scott começassem a rir.
-Não, seu idiota! - Sam esfregou o rosto e olhou ao redor. - Por que ele está na equipe mesmo, hein?!
-Sam! - Natasha reclamou. - Foco na reunião!
-Okay, amor. Foco!
-Que bonitinho! Parece um cachorrinho! - Bucky debochou.
Esse foi o estopim para começar uma discussão que só acabou, quando Wanda entrou na sala, trazendo o pequeno Steve que chorava, vermelho de fome, junto com Matteo que correu direto para o colo de Bucky.
-Oi, Tio James! Já acabou a reunião?
-Não, Bambino! - Bucky ajeitou a franja do menino e negou. - Mas juro que já acaba! Se não fosse o imbecil do Samuel…
-Eu que sou o imbecil?! - Sam retrucou. - Sinto muito mas até você chegar estava tudo em paz!
-Foi você que foi me buscar!
-Eu não fui te buscar! Foi o Steve quem quis te trazer junto!
-Samuel, quer parar de implicância com o Bucky?!
Os três voltaram a discutir
-Cala a boca! - Natasha, Lucy e Sarah mandaram, irritadas, ao mesmo tempo.
Os três homens calaram a boca e, por vários segundos, o silêncio reinou, até que Scott começou a rir, fazendo Peter questionar o que tinha acontecido.
-É que agora… - Scott enxugou uma das lágrimas de risada e respirou fundo. - Foram os três que pareceram cachorrinhos!
-Scott! - Bruce deu um tapa no homem, fazendo ele desequilibrar para o lado e não cair por pouco. -Cala a boca!
-Bem, já estamos há cerca de vinte minutos aqui e não resolvemos nada! - Steve tomou a palavra. - Eu sei que eu e o Bucky abandonamos o século XXI e, consequentemente, vocês! E sei que o tempo passou, vocês não são as mesmas pessoas, nós também não. Todos temos vidas muito diferentes e, agora, praticamente, somos estranhos de novo. Mas o mundo está sob ameaça e temos a chance de fazermos algo. Então, acho que falo por mim e pelo Bucky quando digo que vocês podem contar conosco nesse momento.
Silêncio.
-Okay, mas até quando podemos contar com vocês?
Todos encararam Pietro. Bucky abaixou a cabeça e começou a brinca com o botão na camisa de Matteo, afinal, já esperava por aquele pergunta. Steve também. Quando Lucy os interrompeu na cozinha, eles conversavam, exatamente, sobre isso.
-Como assim até quando, Pietro? - Peter franziu a testa.
-Quer dizer, eles vieram. Que bom! Mas vão embora assim que tudo se resolver, né?
-Esse é o objetivo. - Sam admitiu, encolhendo os ombros. - Você sabe disso! Estava aqui quando resolvemos pedir ajuda deles! É temporário!
-Que belos heróis, né? Aposto que só voltaram por causa do risco de perderem o menino!
-Pietro, para! - Wanda pediu.
Silêncio. Olhando ao redor, Steve percebeu que, talvez, não fosse só Pietro quem pensava assim.
-O que tem eu? - Matteo questionou, ao ver Pietro apontar para ele.
-Nada, meu lindo! - Natasha sorriu e, pegando o pequeno Steve no colo, sorriu para Sarah e Bucky. - Vou levar ele para me ajudar a dar banho no neném, tá?
Os dois assentiram. Eles esperaram até que Natasha tivesse se afastado com as crianças o suficiente e, então, foi Steve quem começou a falar.
-Quando o mundo foi blipado, você não estava aqui. Mas todos os outros estavam. Alguns foram blipados, outros ficaram. Nós que ficamos tivemos motivação pessoal para irmos atrás das jóias. Mas isso não quer dizer que não tenhamos nos importado ou pensado no resto do mundo. É óbvio que pensamos primeiro no Matteo, na Sarah… Mas é óbvio que também pensamos no resto do mundo! E se a gente quiser voltar para a nossa época, onde nos sentimos bem e melhor, qual é o problema?
Silêncio.
-Acontece, Steve…
Todos encararam Sarah, que não olhava para eles. Apenas tinha focado a visão nos próprios dedos.
-Que pelo que eu entendi… Nós não vamos voltar, né? Quer dizer… Se o Hotel ficou abandonado e… Pelo que eu entendi o Sam falando… O Matteo vai ser treinado pela Wanda e pelo cara Estranho…
Silêncio. Todos encararam Sam, que ficou levemente pálido. Lucy deixou o queixo cair e Steve encarou o amigo, surpreso. Sam respirou fundo e soltou um longo suspiro.
-Você é mais esperta do que achei…
-Você contou para eles?! - Wanda ergueu o corpo da cadeira e encarou Sam, irritada. - Eu disse para não falar mais do que o permitido!
-Ele não falou! - Sarah o defendeu, dando de ombros. - Eu deduzi.
-Ela é esperta… - Fury admitiu.
-Então, não vamos mais voltar para o passado? - Bucky, que até então, se encontrava calado, perguntou. - É sério?!
-Não exatamente. - Wanda o encarou, explicando. - Eu quis dizer que, até onde o Doutor Estranho viu, vocês tinham optado por não voltar. Mas claro que são livres para decidir isso! Nada e obrigatório no universo!
Silêncio.
-Eu acho que vou precisar de uma fatia de torta. - Scott exclamou, esfregando o rosto.
-Eu preciso de uma bebida! - Bucky penteou os cabelos para trás, levemente irritado.
-Olha…
Todos os presentes encararam Fury, que ergueu o corpo da cadeira e, abotoando o casaco preto, suspirou e os encarou.
-Rogers, Barnes… Se interessar a vocês, podemos arranjar algum lugar na equipe e com isso, vocês podem receber um auxílio de custo mensal já que a Shield está sendo patrocinada pelo Governo. E as meninas… Bem, eu posso estar enganado, mas foi a senhorita que fez aquele café da manhã?
Sarah assentiu, sentindo o pescoço esquentar. Afinal, não pretendia ter feito o café da manhã para todo mundo, mas na empolgação, tinha feito ate panquecas enquanto conversava com Wanda e com Sam.
-Eu acho que nunca comi uma comida tão boa antes! - Wanda comentou, sorrindo. - Elq podia ser nossa cozinheira, né? Aí, não íamos mais precisar sobreviver de pizza ou das gororobas que o Sam faz!
-Hey, eu ouvi isso, Bruxinha!
-Temos um fundo para serviços terceirizados como limpeza e essas coisas. Se quiser, podemos conversa sobre salário e essas coisas. Tem experiência em cozinhar para muita gente, certo?
-Sí, Signore.
-Você trabalhava onde? - Bruce questionou.
Antes que alguém pudesse dizer algo, Sarah respondeu um sonoro "Em um Bordel!" O que fez todos se engasgarem. Bucky deu um tapa na própria testa.
-Onde?!
-Ham… Em um Bordel? - Sarah respondeu, novamente. - Vocês sabem, onde tem algumas meninas que…!
Enfiando a mão na boca de Sarah, Bucky deu um sorriso leve para o grupo, tentando disfarçar a vergonha.
-Ela é cozinheira do lugar! Ou era, no caso. E eu era o segurança! Era muito comum no século passado!
-Vocês não tem bordel aqui? - Foi a vez de Lucy perguntar. - O que os homens fazem para se distrair?
-Lucy, meu bem! - Foi a vez de Steve ficar vermelho de vergonha. - A gente conversa sobre isso mais tarde, está bem? Algumas coisas mudaram e eu ainda vou te deixar informada sobre isso!
Lucy revirou os olhos e Assentiu.
-E você… - Fury apontou para a mulher. - Eu sei de uma coisa que você pode fazer aqui!
-Sabe? O que?
-Vem comigo! Eu te explico no caminho! - Bruce pediu, piscando para Steve. Afinal, eles já tinham conversado sobre isso na madrugada anterior. - Eu juro que só vou levar sua namorada até a minha sala, tá?
Steve assentiu e sorriu de leve.
-Só para você saber: Ela é muito boa com ferimentos!
-Perfeito! Vem, Moça!
Depois que Lucy seguiu Bruce para fora Wanda encarou Sarah e sorriu, chegando perto dela.
-Então, você deduziu sozinha que iam ficar por enquanto, é?
-Mais especificamente, hoje de manhã. - Sarah deu de ombros.
-Legal… Eu posso te fazer uma pergunta?
-Claro!
-Me ajuda a fazer um bolo? Eu e o Matteo tentamos mas ele não cresceu e ficou com farinha demais!
Sarah concordou, depois de dar uma pequena olhada para Bucky, como se perguntasse se ele se importava e receber um sorriso ladino e um beijo na bochecha como resposta.
E era claro que o bolo foi apenas uma desculpa usada pela feiticeira para conseguir saber tudo sobre o que aconteceu no século passado.
Se aproximando de Bucky, que continuava sentado na mesa, apenas encarando a parede e pensando, Steve esfregou o rosto e sentou, junto com Sam. O moreno ergueu a cabeça e encarou o negro.
-Vamos ficar aqui, ou não?
-Tem uma chance alta. - Sam deu de ombros. - Uns oitenta por cento. Mas segundo a Wanda, também tem uma chance de vinte por cento que vocês voltem. Mas se quer uma dica, não pensem sobre isso agora.
Os dois assentiram, ficando em silêncio. Sam demorou para perguntar mais alguma coisa, tão perdido em pensamentos, quanto os outros dois.
-Hey, vocês dois vão ficar na equipe? Sabe? Dos Vingadores de novo?
Steve negou.
-Não tem mais espaço para mim aqui, Sam.
-Por quê?
-Foi o que eu falei: Não somos mais os mesmos, Sam. E eu sei que..
-Você e o Bucky ficaram separados setenta anos, mudaram completamente e no fim, estão juntos e sendo amigos. - Sam respondeu.
O tom de voz estava levemente magoado e Steve percebeu isso. Bucky também.
-Eu acho que por mais que tenhamos mudado… Somos amigos, Steve. Eu moveria o mundo por você da mesma forma que você moveu pelo imprestável!
-Ai, puta que pariu, hein! - Bucky reclamou. - Me erra, cara!
Sam riu e deu de ombros, encarando o homem.
-Sabe que senti falta até dessas nossas implicâncias?
Steve soltou uma risada, o que fez Bucky o fuzilar com o olhar e Sam o encarar confuso.
-O que é engraçado?
-Nada!
-Eu te conto um dia, Sam! - Steve mordeu a boca para controlar a vontade de rir e encarou o amigo, ficando sério de novo. - Sam, não é que eu não te consider mais meu amigo. Pelo amor de Deus, eu amo você, a Nat, todo mundo aqui! Mas é que… Fiquei fora por três anos!
-Você foi em busca da sua felicidade, Stee. - Sam pontuou. - Como eu fui atrás da minha com a Nat. Mas você esta aqui agora e não importa qual o motivo: Ainda é o cara que eu admiro e que eu tenho orgulho de chamar de amigo! Então, se ainda quiser fazer parte da equipe, eu não me importo de voltar a usar as asas de Falcão. Na verdade, eu sinto muita falta delas! E o mais importante: Se ainda quiser ser meu melhor amigo…
Quando Steve ergueu os olhos, lágrimas molhavam eles. Ele sorriu, emocionado.
-Sabe, eu senti a sua falta.
-Eu também senti a sua, Capitão.
Os dois se abraçaram, forte, selando novamente a amizade. E se existia alguma mágoa por Steve ter "abandonado" Sam, naquele momento, ela deixou de existir. Encarando Bucky, que sorria levemente para os dois, Sam o puxou pelos cabelos para um abraço triplo.
-Ai!
-Cala a boca e dá uma trégua!
-Ah, tá bem! - Bucky revirou os olhos, os abraçando. - Até que você não é tão insuportável!
-Eu preciso gravar isso! - Steve comentou. - Já é a segunda vez que ele fala isso!
-Segunda?! - Sam saiu do abraço e encarou os dois. - Como assim segunda?!
Bucky deu um sorriso irônico e encarou o melhor amigo, pondo as duas mãos na cintura.
-Steve?
-Eu…
-Vou te dar cinco segundos! Depois, eu vou socar a tua cara!
Cinco segundos depois, os três homens estavam correndo como crianças pelo Quartel General dos Vingadores.
Ooie, Pessoal! 😆🥰
Chegueeei! E cheguei trazendo um dos capítulos que eu mais amei escrever hehehe ele tem mais de 5000 palavras e eu nem percebi e de tão fluído que foi para mim!
Mas vou confessar a vocês que esse finalzinho, ele acabou comigo! 🥺💕🤧 Esses três são tão... PERFEITOS!
Enfim... Eu queria pedir desculpas por não estar respondendo os comentários, mas é que eu to com uma média de 400 comentários por capítulo e eu ando tão ocupada em casa, que eu mal tô escrevendo, quanto mais, respondendo comentários... Mas saibam que eu to lendo um por eu e que eu to amando todos eles e que me incentivam demais a continuar escrevendo! 💕🤗💫🤧❤
Até porquê, essa é uma fanfic complicada e se não fosse empolgação de vocês e o carinho pelos personagens, muito provavelmente eu já teria desistido, então...
Obrigada mesmo e assim que regularizar a situação aqui eu volto a responder vocês! 💖
Até o próximo capítulo!
Beijos! 💋💋
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