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O plano

[Huh Yunjin P.O.V]

- Entre, entre! Fique a vontade, não repare na bagunça. - Chaewon diz abrindo a porta da frente e me dando passagem.

Passo meus olhos pela casa, vendo tudo arrumado e ergo uma das sobrancelhas.

- Que bagunça?

Ela pondera por um momento.

- Eu sei lá... Nunca recebi nenhuma visita. - fecha a porta. - Minha mãe fala isso quando recebe as dela.

- Entendi. - sorrio por fim.

- Venha, a caixa de primeiros socorros fica na cozinha. - passa por mim.

- E falando nela, onde está a tia Kim? - pergunto a acompanhado.

Eu chamo a senhora Kim assim desde que eu e Chaewon éramos apenas melhores amigas. A tia Kim sempre gostou muito de mim, o que prova que essa história de que todas as sogras não se dão bem com as noras é a maior besteira.

- Minha mãe está trabalhando.

- Ah, é mesmo! - lembro que ela trabalhava nesse horário mesmo, e em alguns dias à tarde também. A tia Kim é corretora de imóveis, até hoje ela trabalha com isso. Mas agora no Japão, já que ela e o pai de Chaewon moram em Osaka. Cidade natal do Tio, hoje em dia... Quer dizer, no futuro.

- Mas ela chega daqui a pouco pra me levar ao médico. - a Kim completa enquanto abre um armário e pega o kit de primeiros socorros.

- Médico?

- É... - se aproxima de mim. - Ela quer que façam um checape em mim, sabe? Pra ver se a batida de ontem não rachou a minha cabeça. - aponta para a própria cabeça. – Agora sente-se, vou fazer o curativo na sua testa. - pede puxando uma cadeira e eu prontamente a obedeço.

Chaewon então pega um vidro de soro fisiológico e molha em um punhado de algodão, para em seguida passar delicadamente no ferimento em minha testa.

- Está doendo?

- Não. - sorrio a fitando de baixo. - É tão surreal ver você tão novinha assim de novo.

- Quantos anos você tem mesmo?

- Fiz vinte e sete no futuro.

- Isso quer dizer que passamos um bom tempo juntas? Demoramos para casar? - pergunta deixando o algodão molhado sobre a mesa e pegando uma gaze e esparadrapo.

- Sim bastante tempo... E não, foi com três anos de namoro.

- Não entre em detalhes, por favor. - retruca voltando a ficar de frente para mim.

Acho o pedido estranho, mas não questiono ela.

- Céus! Isso é tão estranho, nunca pensei que iria me casar, e ainda por cima com uma mulher. - Chaewon confessa mais para ela mesma do que para mim, enquanto faz o curativo na minha testa. - Mal tenho conhecimento da minha sexualidade. - rio ao ouvir isso.

- Bom, você sempre me fala que é Yunjinssexual, porque só tem olhos pra mim. - dou um sorrisinho de lado por fim e aperto uma de suas coxas descobertas pelo short curto de forma involuntária. Chaewon recua num sobressalto nervosa ao sentir minha mão no local e eu rio pela sua reação.

Vai ser divertido brincar com a minha antiga Chaewon.

- S-Segure essa sua mão boba aí, porque se não eu não vou terminar esse curativo. - diz claramente desconcertada e com suas bochechas avermelhadas.

- Foi mal. Força do hábito. - sorrio mostrando os dentes.

Ela se aproxima de novo e continua o curativo.

- Mas, escute, você não trouxe aí com você nenhuma gravação ou anotação sobre a máquina do tempo? Isso seria muito útil no momento. - corta com a tesoura a ponta do último esparadrapo e cola na minha testa, terminando o curativo.

- Bom, você tinha me pedido pra gravar tudo como sempre, então está tudo na minha câmera. - respondo a fitando guardar as coisas de volta na caixinha. - Acho que ela está no carro.

- Ótimo! Traga para cá, quero assistir. - ela leva a caixa de volta ao armário. - Ah, é! - para no meio do caminho, se virando para mim. - Minha mãe não pode ver nem você, nem o carro quando ela chegar, então estacione ele em alguma rua aqui perto antes de trazer a câmera, tudo bem, Yunjin?

- Claro! Eu já volto.

Saio depressa da casa e entro no DeLorean. Dou a partida no mesmo e ando uns metros, por fim o deixando estacionado no final da rua, em frente a uma casa que parece estar abandonada. Procuro então pela minha GoPro e a encontro jogada no chão do carro. Devo ter jogado aqui na hora que estava desesperada, fugindo daqueles malditos líbios. Volto o percurso até a casa da Chae à pé, e ao chegar a encontro falando sozinha, sentada na mesa da cozinha e segurando o saco de gelo na cabeça.

- Casada... Casada! Céus! Nem em um milhão de anos eu imaginaria que me casaria tão cedo, e ainda por cima com uma mulher! - sorrio ouvindo tudo da porta da cozinha, tomando cuidado para Chaewon não me ouvir. Ela está sentada de costas para mim. - E ainda por cima uma mulher bonita! Ela é tão bonita... Parece uma daquelas modelos de marcas de roupas de grife. - não consigo conter um sorriso de ponta a ponta em meu rosto. Modelo é? - Preciso me controlar pra não ficar encarando muito ela, ou muito provavelmente achará que eu sou uma tremenda esquisita.

- E por que eu acharia isso? - me pronuncio, finalmente aparecendo na cozinha e a Kim dá um sobressalto assustada na cadeira.

- Yu-Yu-Yunjin?! - Chaewon me fita com os olhos arregalados. - V-Você estava aí há muito tempo?

- Neném, você pode me encarar o quanto você quiser que eu não vou ligar, e muito menos te achar uma esquisita. - digo ignorando suas perguntas anteriores. - E obrigada pelos elogios, você também é um mulherão da porra e serve muita beleza, se quer saber.

- Mulherão da... Porra? - seu rosto assume um semblante de confusa. - O que isso quer dizer? É algum xingamento do futuro?

Gargalho com a pergunta.

- Não é xingamento, Chae. - esqueci que não tinha essa expressão muito em uso nesse ano ainda. - É uma expressão que usam para mulheres muito bonitas e o "servir muita beleza" foi apenas um complemento meu. - explico me aproximando dela.

- Ah, então é isso! - assume uma expressão de entendimento, mas que logo muda de novo. - Espera... M-Muito bonita?

As bochechas de Chaewon enrubescem e eu tenho vontade de mordê-las, porém me controlo, pois sei que se eu fizer isso ela pode se assustar.

- V-Você... Trouxe a câmera? - muda de assunto.

- Trouxe sim, aqui. - entrego a GoPro.

- Ah, então quer dizer que as GoPro’s ainda estarão na moda em dois mil e vinte e quatro? Interessante. - diz analisando a câmera nos dedinhos.

- É... Tem câmeras mais modernas, mas elas são mais caras. Sem falar que essa quebra bastante o nosso galho.

- Entendi. Venha, vamos assistir as filmagens no meu computador.

Subimos então até o andar de cima, e eu não deixo de analisar a casa com os olhos e lembrar de tudo que já vivemos aqui. Bons tempos. E ao chegarmos no quarto de minha moranguinho, essa minha sensação nostálgica só aumenta ainda mais.

- Wow! - solto parada na porta, como uma criança que acaba de entrar na Disney.

Está do mesmo jeitinho que eu me lembro que era.

As paredes na cor lilás, a cama de solteiro com o forro de cama rosa - cor favorita da minha neném -, As prateleiras brancas cheias de livros logo a cima da cama, ao lado da janela. Os posters de; Star-Wars, uma ilustração do sistema solar que ela havia comprado em uma convenção e poster de Sailor Moon, com a silhueta da própria protagonista, que se chama Usagi Tsukino.

Sim eu conheço o anime, Chaewon me obrigou a maratonar com ela assim que descobriu que eu nunca havia assistido, ainda na época que eramos apenas melhores amigas. Eu, claro, não iria perder a oportunidade de ficar pertinho dela vendo anime no seu quarto e comendo pipoquinha da tia Kim. No final de tudo isso, eu só lembro do biquinho chateado que ela fez quando eu falei que seu anime favorito era bom, mas não o bastante para superar meu amado One Piece.

Mas no nosso presente ele fica empatado com Jujutsu Kaisen.

- Está do mesmo jeitinho que eu me lembro. - digo, ainda analisando cada canto do quarto com os olhos.

- Presumo que você já deve ter estado muitas vezes aqui, certo? - Chaewon se senta de frente para a escrivaninha onde fica seu computador e deixa o saco de gelo sobre a mesma.

- Você nem faz idéia. - me jogo na cama, sentindo o cheirinho da dona no travesseiro e pego uma pelúcia de tigrinho que estava jogada e a abraço. - Sua cama está confortável como me lembro, mas a nossa de casal é mais.

Ouço Chaewon dar um pigarreio sem saber como responder ao meu comentário.

- Bom, vamos ver o que temos aqui. - desconversa. E após alguns segundos, ouço o barulho do vídeo começar e me levanto ficando ao seu lado. Chaewon já conectou o cartão de memória da câmera ao computador e o vídeo já está na tela do monitor - Espera, essa esquisita de cabelo rosa na gravação-...

– É você, neném. E não é esquisita...

Ela me lança um olhar de estranhamento e volta a fitar o monitor mais de perto, apertando os olhos.

- Ah! Eu! Mas é claro! Quase não me reconheci, parece que vou ter preguiça de retocar meu cabelo quando ficar mais velha... - da uma risadinha e aponta para a tela onde está ela falando várias coisas rapidamente explicando a invenção. - Pareço uma doida falando assim.

Gargalho baixinho negando com a cabeça.

- Que exagerada.

- Não é exagero... Tenho que aprender a falar melhor com câmeras.

- Pra mim ficou bom. - me ponho atrás dela e pouso minhas mãos sobre seus ombros. Chaewon parece nem notar, pois está concentrada no vídeo.

Suas reações as cenas são engraçadas, Chaewon fica surpresa e muito feliz ao ver o Shiro e saber que ele será nosso filhotinho, o mascote. Ficamos assistindo até chegar na parte onde ela mostra o capacitor de fluxo na gravação.

- É exatamente como eu imaginei. - a Kim comenta e se levanta, pegando um papel preso no seu mural na parede. - Olha... - me entrega o papel, se sentando novamente sem tirar os olhos da filmagem. - Depois da queda eu desenhei isso.

Fito o desenho em minhas mãos e vejo o esboço do capacitor de fluxo desenhado à caneta preta no papel.

“E não, essa coisa é elétrica. Mas eu quero uma reação nuclear pra gerar um virgula vinte e um gigawatt, de eletricidade.” - Chaewon do futuro fala no vídeo.

- Pelo amor de Deus! - Chaewon pausa o vídeo e enterra os dedos nos fios rosados, apoiando os cotovelos sobre a mesa. - Um virgula vinte e um gigawatt, de eletricidade?! Eu já previa que precisaria de muita eletricidade, e consequentemente precisaria usar algo como plutônio como combustível. - gira a cadeira de rodinhas parando de frente para mim. - Por isso eu tinha desistido dessa invenção, Yunjin...

Arregalo os olhos.

- Desistido? Como assim desistido?

É bem estranho ouvir isso dela, pois não é do fetil de Chaewon desistir de alguma invenção nova que brote em sua cabecinha. Pelo menos não antes de tentar.

- Yunjin, no futuro o plutônio pode até ser vendido em cada loja de esquina...

- Espera... Na verdade não é bem assim-... - coço a nuca, desviando o olhar.

Acabo me lembrando como ela conseguiu o plutônio e as consequências do roubo...

- Não importa como conseguimos. - ela me interrompe. - O que importa é que, aqui, plutônio não é tão fácil de conseguir. Céus! Não sei onde eu estava com a cabeça quando decidi seguir adiante com essa invenção. - a Kim anda pensativa de um lado para o outro pelo quarto, com as mãos na cintura.

- Nem eu. - me sento na cama de novo - Mas e então? Sem o plutônio, o que faremos agora?

Chaewon para de andar e me olha.

- Eu sinto muito, Yunjin, mas acho que você está presa aqui no ano de dois mil e doze.

- Hm... - pondero por um momento, analisando minha situação. - Sem problemas! Não tem mais porque eu querer voltar pra lá pro futuro mesmo. - dou de ombros, me deitando na cama de novo, colocando as mãos embaixo da cabeça sobre o travesseiro e cruzando os pés.

- Como é?! Está louca?! Não está preocupada?! Yunjin, você não é desta época. Você não pode estar aqui, precisa voltar. - Chaewon argumenta séria e eu bufo impaciente.

- Neném... - me levanto de novo num pulo, ficando de frente para ela. - Eu preciso te contar uma coisa. Uma coisa muito séria que vai acontecer com você no futuro... - digo séria, segurando seus ombros e olhando no fundo de seus olhos castanhos.

- Não me conte, ninguém deve saber demais sobre o próprio destino. - rebate rápido, se desvencilhando das minhas mãos, mas eu puxo Chaewon pelo braço para perto de novo.

- Neném, você não entende, eu preciso te contar isso... Por favor... No futuro-...

- Eu entendo sim, se eu souber demais sobre o meu futuro eu posso comprometer a minha existência! - novamente sou interrompida e Chaewon continua séria.

- Mas-...

- Chaewonie, filha, cheguei! - ouvimos a voz tão familiar para mim da senhora Kim, vindo do primeiro andar da casa. - Vou te levar no médico agora, já está pronta, princesa?

- É a minha mãe. - Chaewon avisa parecendo esquecer do fato de eu já conhecer minha sogra. - J-Já sim! Já estou descendo, mamãe!

- Certo, estou te esperando aqui em baixo!

Chaewon então se desvencilha de minhas mãos em seus ombros novamente e vai até o guarda-roupas.

- Eu preciso ir agora. - pega uma saia branca e uma camiseta rosa, já que ela só usa as camisas havaianas em casa. Percebo que ela está meio afobada, Chaewon para ao me encarar e suas bochechas estão coradas. Franzo o cenho. - Yunjin... V-Você... Poderia fechar os olhos? Eu preciso me trocar.

Sério isso?

- Sério isso? - sorrio, levantando as sobrancelhas, mas Chaewon continua séria. - Neném! Eu sou sua esposa, já vi esse corpinho um monte de vezes sem roupa.

- Errado! Você já viu a Chaewon do futuro, um monte de vezes sem roupas mas... E-Eu não! - a Kim aponta séria e ainda dá pra notar suas bochechinhas vermelhas.

- Mas são a mesma pessoa!

- Eu sei! Mas eu não estou acostumada a me trocar na frente de alguém, então... Por favor.

Suspiro e reviro os olhos sorrindo.

- Tudo bem, eu fecho.

Porém eu nunca prometi que não espiaria, afinal, a bundinha da minha esposa sempre foi o meu grande ponto fraco.

- Prontinho. - Chaewon se vira para mim e eu fecho os olhos rápido de novo. - Já pode abrir. Você não espiou, não é?

- Claro que não. - assobio para o teto, fazendo a katia. - Está linda... - sussurro baixinho quando a vejo indo para frente de seu espelho com decorações de princesas da Disney, percebo que ela faz uma rápida maquiagem.

- Ótimo! Agora eu estou indo, mais tarde eu estarei de volta. - passou um pente fino pela sua franjinha e foi até a porta. - Fique aqui no quarto e-...

- Espera, deixa eu falar com a tia Kim primeiro, faz tempo que eu não vejo ela. - digo indo abrir a porta, contudo sou impedida quando do nada, a menor se põe na frente dela de braços abertos.

- O que pensa que vai fazer, Huh Yunjin?! Ficou maluca?! - Chaewon questiona me lançando um olhar assustado e eu uno as sobrancelhas em confusão.

- Ei, calma, neném, eu só ia cumprimentar minha sogrinha querida.

Chaewon se aproxima de mim rápido e segura meus ombros assim como fiz com ela minutos atrás.

- Isso está totalmente fora de cogitação, você não pode sair desta casa, não pode ver ninguém e nem falar com ninguém. Se falar isso pode ter sérias repercussões nos fatos futuros. Você entendeu?

Na hora lembro das interações que tive mais cedo.

- A-Aham... Claro... - sorrio nervosa.

- Yunjin, você interagiu com mais alguém hoje além de mim? - pergunta desconfiada e eu sorrio amarelo.

- Só... Com os pedreiros que me encontraram desacordada dentro do carro, e eu também perguntei o ano em que estamos para algumas pessoas na rua.

- Aish! Era melhor não ter tido contato com ninguém, mas acho que isso não terá grande influência no futuro deles. Algum conhecido? - nego com a cabeça. - Ótimo! - Chaewon larga meus ombros e vai até a porta. - Fique aqui no quarto até eu e minha mãe termos saído, depois vá para a casa na árvore e me espere lá. Quando eu chegar vou pensar em uma forma de te ajudar.

- Certo.

- Chaewon, você está com alguém aí no quarto, filha? - a voz da senhora Kim ecoa alto pela casa de novo.

Chaewon e eu nos entreolhamos assustadas.

- C-Com alguém?! - Chaewon sorri nervosa. - De onde tirou isso?! A senhora sabe que eu não tenho amigos! - vira a cabeça rápido voltando a me fitar. - Faça o que eu disse. Se estiver com fome pode pegar algo na geladeira, só não saia de casa.

- Eu já entendi. Pode ir, vou ficar bem. - ela assente com cabeça e abre a porta. – Boa consulta, amor.

- Ah... Tenho que me acostumar com esse “amor”. - Chaewon diz antes de fechar a porta e eu sorrio.

Espero alguns minutos até ter certeza de que elas saíram, como Chaewon havia me instruído, e então saio do quarto voltando ao andar de baixo, com destino a porta dos fundos da cozinha que dá para o quintal. Mas antes, pego uma maçã na geladeira ao sentir minha barriga roncar. Não comi nada desde que acordei no carro hoje de manhã, e agora já passa da hora do almoço. Eu poderia preparar algo para comer, mas isso seria arriscado. A tia Kim pode desconfiar que sua cozinha foi usada.

Mordo o primeiro pedaço da fruta e continuo meu percurso até o quintal, tendo então minha atenção totalmente presa à ela.

A famigerada casa na árvore.

Sorrio e vou até ela sem muita cerimônia ou enrolação. Subo pela escadinha de corda e ao estar embaixo da construção, levanto a portinhola de madeira, finalmente entrando na casa. Está como me lembro. Não é uma construção tão grande e elaborada, visto que o senhor Kim não é um carpinteiro profissional, porém tem espaço suficiente, e é bem confortável.

Ela possui duas janelas, sendo que uma da visão para a janela do quarto da Chaewon, e a outra para o quintal do vizinho. Não é pintada, tendo apenas o marrom rústico das tábuas de madeira dando o ar da graça do chão ao tento. Encostada em uma das duas paredes sem janela, a mesa onde Chaewon trabalhava, e sobre ela, inúmeras coisas e materiais como; Peças usadas, um ferro de solda, parafusos, uma pequena serra, chaves para parafusos de todos os tipos, etc, etc.

Me aproximo mais da mesa observando a parede coberta por papéis com desenhos de projetos. E sobre a mesa, apanho um dos rolos de papel, vendo mais projetos desenhados ao desdobrar. Sorrio deixando o rolo no lugar e seguindo curiosa para analisar outras partes do nosso antigo laboratório.

É tudo tão familiar, nostálgico e aconchegante para mim. A pequena TV de tubo sobre a mesinha em um canto, prateleiras e outros projetos colados à lugares aleatórios nas paredes, invenções fracassadas jogadas num canto, os dois puffs amarelos no chão. Tudo.

Esse lugar era como um esconderijo para mim. Um lugar onde só eu e minha neném nos refugiávamos do mundo e nos dedicavamos a trabalhar nas invenções dela. Ou apenas ficar de bobeira mesmo, vendo um filme, trocando figurinhas de Pokémon ou conversando. E depois que começamos a namorar, nos beijando até dizer chega.

Enfim, desfrutando da companhia uma da outra.

É tão bom ter a oportunidade de poder estar aqui de novo, visto que há uns bons anos os pais de Chaewon venderam a casa depois que nos casamos e essa casa na árvore provavelmente virou o esconderijo dos filhos dos compradores.

Suspiro me sentando em um dos puffs e me lembrando da minha falha tentativa de contar a Chaewon que ela será baleada.

Ela falou que se souber seu futuro, pode comprometer sua existência... Mas sua existência já está comprometida, então eu contando ou não, estarei comprometendo sua existência de qualquer maneira.

Droga! O que eu faço então?

Melhor esquecer isso por enquanto. Preciso pensar com calma, afinal, a vida da minha pequena que está em jogo aqui.

[...]

Já devem ser por volta das 17h00 da tarde. Fiquei a tarde toda aqui na casa da árvore, jogado no puff enquanto assisto a programas aleatórios na TV de tubo e mexo no celular, esperando a Chaewon.

E por falar nela... Está demorando chegar.

Mas antes que eu tenha tempo de me preocupar, vejo a portinhola no chão ser aberta e a cabeça da minha esposa aparecer.

- Cheguei! - Chaewon anuncia subindo mais.

- Oi, neném! - sorrio me levantando. - Como foi a consulta? Tudo certo com a sua cabeça?

- Você que não deveria saber, mulher do futuro? - ergue uma sobrancelha em minha direção, com um sorriso divertido no canto dos lábios.

Pondero por um momento.

- É... Você 'tá bem. - constato sorrindo e dando de ombros.

Chaewon ri.

- Sim, o médico disse que eu não tive nenhuma sequela. Apenas me receitou um remédio pra dor de cabeça e disse pra eu não subir mais em privadas. - explica, fechando a portinhola e se virando em minha direção. - Pensa rápido. - me joga a sacola que segura em sua mão e eu apanho no ar.

- O que é isso?

- Eu imaginei que estivesse com fome, Yunjin. Então comprei um suco e um salgado pra você na lanchonete do hospital.

- Omo! Mas é o amor da minha vida mesmo. - flagro ela sorrir e abaixar a cabeça envergonhada pelo meu comentário. - Obrigada, neném. Eu estava morrendo de fome. - me sento no puff de novo, deixando o suco no chão e pegando o salgado enrolado num guardanapo.

- Não foi nada. - a Kim se senta no banco em frente a mesa. - Você ficou aqui no laboratório como eu te pedi, né? Não saiu pra lugar nenhum? - questiona me fitando.

- Sim. Fiquei a tarde toda aqui bem relaxada... - tranquilizo minha esposa enquanto despejo o ketchup e a maionese dos sachês no salgado de presunto e queijo e finalmente dou uma grande mordida.

- Ótimo! Não quero nem pensar na possibilidade de você encontrar a Yunjin do passado por aí, isso não pode acontecer de forma nenhuma, as consequências seriam desastrosas. - a vejo suspirar fundo.

- Desastrosas como...? - digo de voz abafada pela comida na boca.

- O encontro pode criar um paradoxo de tempo, cujo resultado pode provocar uma reação em cadeia que iria desembaraçar a estrutura do contínuo de tempo espaço, e destruir o universo inteiro! Isso é o que pode acontecer de pior.

Pisco duas vezes, nada assustada... Sintam a irônia.

- Então... Que bom que a Yunjin bonitona do passado ainda não mora aqui. - sorrio fraco e engulo o salgado.

- Ótimo! Melhor assim.

- Isso é tão estranho, já que eu estou falando de mim mesma na terceira pessoa. - comento dando um gole no suco e outra mordida.

Chaewon ri.

- Eu entendo sua confusão.

- Hm... - engulo rápido o pedaço que mastigava. - Enquanto você esteva fora, eu me toquei de uma coisa, Chaewon...

- O quê?

- Eu não precisava ter te contado aquele monte de coisas pra te convencer de que eu sou sua esposa do futuro. - apanho meu celular no bolso da calça e desbloqueio a tela. - Era só eu ter te mostrado isso. - levanto mostrando a tela para ela.

Chaewon pega o celular e observa nossa foto juntas de wallpaper. Sorrio vendo que a mesma parece estar analisando atentamente a foto mas o que eu escuto de Chaewon é...

- Não daria certo. Eu diria que é uma montagem muito bem feita.

- Aish. Sua sem graça. - mordo outro pedaço do salgado, enquanto me recosto na mesa.

- Porém eu ficaria intrigada com seu celular. - Chaewon volta a falar, enquanto analisa o aparelho em suas mãos e uma expressão espantada. - Olha o tamanho desse aparelho de celular, é enorme!

- E olha que tem maiores... - mordo o último pedaço e jogo o guardanapo no lixo, por fim limpando as mãos uma na outra.

- A tecnologia é realmente fascinante... - me entrega o celular de volta e eu o guardo em meu bolso novamente e apanho minha caixinha de suco abandonada no chão. - Mas agora temos que pensar em uma forma de te mandar de volta para dois mil e vinte e quatro, Yunjin. Só que sem o plutônio é impossível!

- Não existe outra coisa forte o suficiente pra gerar o tanto de energia que precisamos? - pergunto, sentada no puff enquanto sugo o suco pelo canudinho.

- A única fonte de energia capaz de gerar um virgula vinte e um gigawatt, de eletricidade, é um raio.

Paro de sugar o suco na hora e levanto o olhar para Chaewon.

- O que disse?

- Eu disse um raio! Mas infelizmente nunca se sabe quando e onde ele vai cair.

Abro um sorriso e deixo a caixinha de suco já vazia de lado.

- Eu sei! - me levanto num pulo, com um sorriso largo e Chaewon me encara com uma expressão confusa. - Na noite que eu voltei no tempo, antes deu encontrar você no estacionamento, eu estava em casa assistindo jornal pra passar o tempo. - explico me aproximando e parando de frente a Kim, que presta atenção sentada. - Então passou uma reportagem falando sobre raios. Nessa reportagem contaram que um raio caiu na noite do dia um agosto de dois mil e doze, atingindo a biblioteca da cidade.

- No dia do meu aniversário... - Chaewon diz abaixando o olhar pensativa e então me encara novamente. - Como você lembrou de algo tão aleatório?

- Justamente por ter acontecido bem no dia do seu aniversário, neném. - respondo sorrindo. - Mas no caso, ainda vai acontecer. - digo sugestiva.

- Sim... É isso! - se levanta empolgada. – Será nesse domingo, daqui uma semana! - passa por mim e eu me viro para fita-la. - Se... Se nós pudermos... Utilizar esse raio. Canaliza-lo! - explica gesticulando com as mãozinhas. - Para o capacitor de fluxo, pode dar certo. - volta a andar inquieta parando de frente para a janela e eu a acompanho com os olhos. - Mas pra isso precisamos saber a hora exata que esse raio vai atingir a biblioteca. - se vira de súbito me encarando. - Eles disseram o horário na reportagem?

- Então... - desvio o olhar. - Dizer até disseram, mas eu não to me lembrando agora...

- Yunjin-ssi... Faça um esforço. - a Kim se aproxima. - Você precisa lembrar disso.

- Eu sei! Eu sei! Mas é difícil. Aconteceu tanta coisa depois. - fecho os olhos, massageando as têmporas tentando me lembrar. - Eu sei que foi à noite.

- Você precisa de chiclete. - ela bate palma como se tivesse tido uma brilhante ideia.

- O quê? - abro os olhos confusa e vejo Chaewon remexendo em suas coisas.

- Foi cientificamente provado, que mascar chiclete aumenta a atividade no hipocampo, área cerebral importante no armazenamento de memórias. Eu devo ter algum por aqui. - abre um pote de biscoitos. - Aqui, achei! Tome.

Pego o chiclete e começo a mascar.

- Fique sentada aqui. - a menor me puxa para sentar no banco que estava antes. - Feche os olhos e concentre-se. - faço o que ela pede, enquanto continuo mascando o chiclete. Sinto então Chaewon massagear minhas têmporas com os indicadores. - Tente lembrar agora. Foi às sete? Oito? Nove? Dez talvez?

“às exatas dez e quatro da noite...”

- Dez! - me levanto num sobressalto e me viro para fita-la. - Será às exatas dez e quatro da noite!... Aigoo! Como eu lembrei disso?

- Ciência, querida... Ciência. – Chaewon responde, sorrindo vitoriosa e torna a andar passando por mim. - Então é isso, Yunjin. No domingo à noite, iremos mandar você, de volta para o futuro! - exclama empolgada, apontando para o nada. Estilo bem Kazuha animada, querendo ir para o laboratório.

- Certo! Sem problemas, eu posso passar uma semana aqui.

Yunjin então se vira para mim.

- Vai precisar de um lugar pra dormir. Vou trazer o colchão de ar do meu pai pra você. - Chaewon diz, abrindo a portinhola no chão para sair. - E algumas roupas também... Só não tenho certeza se irão servir em você. É tão alta...

- Ah! Não se preocupe com isso, neném. Antes de eu voltar no tempo você tinha deixado malas com roupas nossas no capô do DeLorean.

- Certo, então eu vou buscar essas malas. Onde você estacionou o carro?

- No final da rua, em frente a uma casa abandonada.

- Sei onde é. Já volto.

[...]

Após trazer minha mala, Chaewon disse que voltaria mais tarde com o colchão de ar do pai dela e um prato da comida do jantar para mim.

Agora já são por voltas das 19h00. Já troquei a roupa; vesti um top preto por baixo, camisa regata da banda Kiss e uma calça moletom cinza para dormir de forma mais confortável.

Toc, toc, toc.

Ouço Chaewon bater na madeira da portinhola.

- Pode entrar, neném.

A portinhola então se abre, revelando uma Chaewon segurando um colchão de ar murcho, um prato de comida e um cobertor, tudo ao mesmo tempo.

- Dá uma ajudinha aqui.

- Poxa, como conseguiu trazer tudo isso sozinha enquanto subia as escadas? - digo, pegando tudo de suas mãos.

- Nem eu mesma sei. - minha Chaewonie responde, entrando completamente e fechando a portinha.

Em seguida ela trata logo de começar a encher o colchão com a bombinha de bicicleta que tinha jogada pelo laboratório.

- Sua mãe não desconfiou que você trouxe esse prato? - pergunto, comendo sentada no puff, enquanto a observo enfiar a mangueira da bombinha no buraquinho do colchão.

- Eu disse à ela que queria repetir e que iria comer no laboratório... Tive que dizer que comer comida me ajuda a pensar melhor.

- Hm, inteligente como sempre.

Flagro Chaewon dar um sorrisinho e então começar a bombear ar para dentro do colchão. Mas após pouco tempo, ela logo se cansa de botar força nos bracinhos.

- Ufa... - Chaewon para os movimentos suspirando ofegante. - Aish! Isso é mais cansativo do que parece... Ou provavelmente é o meu sedentarismo dando o ar da graça. É, provavelmente é ele.

Rio engolindo a comida que mastigava e deixo o prato de lado.

- Me da aqui, pode deixar que eu encho isso pra você, princess. - me levanto e assumo o seu lugar, enquanto a Kim se senta no puff que eu estava.

Após um tempo forçando a alavanca da bombinha para baixo, o colchão já se encontra cheio pela metade. E eu bem suada pelo esforço. Porém me dou conta de que Chaewon está calada há algum tempo e então levanto o olhar para ver o motivo do silêncio, me surpreendendo ao flagrar Chaewon me secando quase hipnotizada pelos meus braços expostos pela regata.

Sorrio sacana.

- Admirando os músculos? - pergunto sem parar os movimentos.

Chaewon dá um sobressalto assustada e desvia o olhar depressa.

- E-Eu... N-Não era isso. - sorrio ao ver Chaewon nervosa. - E-Eu só estava impressionada com a sua capacidade de encher esse colchão sem se cansar tão facilmente.

- Mentirosa. Estava praticamente babando nos meus bíceps.

- E-Eu... M-Me perdoe. - Chaewon abaixa a cabeça fitando as próprias mãos sobre o colo, enquanto as bochechinhas se colorem em um tom vermelho. - N-Não foi de propósito, eu juro. Por favor não pense que eu sou uma pervertida... - escuto ela murmurar baixinho.

- Ei! Relaxa, neném. - paro com os movimentos para a fitar. - Eu já não disse que você pode me olhar o quanto você quiser? Não só olhar como também pegar... Você é minha esposa, Wonnie.

- P-Pegar? - a Kim ergue a cabeça de olhos arregalados. - Nos seus braços? - aponta incerta para meus braços.

- É, pegar... Quer? - faço a clássica pose mostrando os bíceps.

- N-Não, obrigada. - abaixa o olhar depressa novamente e eu rio soprado.

- Ah, qual é? Eu sei que você quer. - faço um biquinho.

- Já disse que não. Concentre-se no colchão, Yunjin. Ou você quer dormir no chão? - desconversa agora séria.

- Eu queria mesmo é dormir com você na sua cama, mas... Como não dá, eu me contento com esse colchão aqui mesmo. - sorrio mostrando os dentes para ela por fim e voltando a encher o colchão.

Acho que essa última declaração minha deixou Chaewon meio desconcertada, porque depois disso ela não falou mais nada até eu terminar de encher totalmente o colchão.

- Ufa! - me jogo cansada sobre o colchão cheio. - Eu tô acabada. - declaro respirando ofegante.

- Toma, peguei uma garrafa de água ao presumir que estaria assim no final. - Chaewon me estende a garrafa de pé em frente ao colchão. Agradeço, a pegando e tomando um longo gole. - Preciso voltar pra casa agora, amanhã cedo eu passo aqui antes de ir pra escola. Tenha uma boa noite, Yunjin.

Antes que ela se vire eu a puxo rápido, fazendo a menor cair deitada sobre meu tronco.

- Yunjin! O-O que está f-fazendo? - suas mãos seguram firmes em meus ombros.

- Dorme comigo? - peço em tom manso, enquanto abraço sua cintura carinhosamente.

- D-Dormir com você? E-Está louca?!

- Por favor, minha moranguinha. - arrasto meu nariz pelo seu pescoço sentindo Chaewon se arrepiar toda e subo para acariciar os fios de cabelo rosa. - Vai ser estranho dormir sozinha. Eu já acostumei a dormir abraçadinha com minha esposinha, hm? - selo seu pescoço.

- P-Pois vai ter que se desacostumar por essa semana! - Chaewon se desvencilha rápido dos meus braços, se levantando num salto e dessamarrotando a camisa. Sorrio mordendo os lábios. - Nos vemos pela manhã. Boa noite, Huh Yunjin. - diz de uma vez sem nem olhar em meus olhos e já foi descendo as escadas.

- Boa noite, amor da minha vidinha. Tenha bons sonhos e de preferência comigo!

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