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🦢 Capítulo 2 - Rafael

Estacionei em frente a escola deles, desligando o carro e saindo do mesmo. Arthur saiu junto comigo, pegando a mochila dele da escola, e a mochila do treino de basquete.

O encarei, abrindo a porta de trás pra Jasmine sair. -Vem, filha

Ela tirou o cinto e desceu do carro, pegando a mochila e a lancheira. Fechei a porta

Andamos até a entrada do prédio, passando pela portaria, onde me despedi do Arthur. A escola é enorme, mas é dividida, o fundamental 1 em um prédio, o fundamental 2 em outro, ensino médio em outro, maternal em outro.

-Tchau, estuda direito em -beijo a sua bochecha. -Te amo

-Pode deixar..Tchau, Jas, amo vocês

-Tchau, Tutu

Ele se afasta e eu vou até o outro lado com a minha filha. -Se comporta, ta?

-Tá bom

Dei um beijo em sua bochecha. -Vai, eu amo você

-Eu também te amo

Vejo a minha filha entrar no local, e depois sigo até o meu carro, quando me assunto com uma figura bem conhecida correndo na minha direção

-LUDMILLA!

-Ai! Daiane, quer me matar de susto??

-Caralho! -ela diz ofegante, colocando o meu sobrinho no chão. -Me fala que ta aberto ainda

-Ta, ue! Mas se você ficar parada aqui, vai fechar

-Oi tia

-Oi Rafael -sorrio, fazendo um carinho em sua bochecha

-Eu to ficando maluca, essa criança não colabora! -Ela sai arrastando o menino e eu resolvo ajudar

-Perai, te ajudo -Pego a lancheira dele que estava caindo do ombro dela. -Dai, você tem que ser pontual

-Eu não ia trazer ele hoje, a Fernanda que ia!

-A mamãe te avisou ontem que ia ser você

Dou risada.

-Fica quieto, Rafael!

Jas ia fazer 4 anos, quando a Daiane teve o Rafa com a Fernanda, esposa dela. Ele tem 5 anos, e é meu sobrinho. Desde os 2 anos dele que ela diz que vai batizar e eu e a Brunna vamos ser as madrinhas, mas nunca da certo, porque ela e a Fernanda trabalham muito.

Chegamos em frente ao prédio do fundamental 1, novamente. -Filho, se comporta, por favor

-Tá bom

-A sua lancheira, gatinho -entrego pra ele

-Obrigada, tia

-A mamãe te ama -Daiane diz quando ele se afasta correndo, gritando que a ama também.

-Você é uma péssima mãe

-Cala a boca, Ludmilla.

-Veio a pé?

-De uber

-Quer uma carona?

-Agradeço. Ai, eu tô muito cansada -

-Vai começar a falar?

-Eu preciso, ta???

-Tá, então fala, matraca -entro no meu carro, sendo acompanhada por ela.

-Eu tô a ponto de me matar, eu só tenho um filho e parece que ele é três crianças!

-Ai que exagero, Daiane -eu dou partida no meu carro

-Exagero? Ludmilla, o Rafael não é desse mundo

-E a Fernanda?

-A Fernanda ta mais perdida que eu, ela chega mais tarde do trabalho, e quem tem que cuidar dele quando a babá vai embora, sou eu!

-Se acalma

-EU TO CALMA

-Olha, sua vaca...Se você gritar comigo outra vez, te jogo na estrada

-Foi mal. Mas, sei la! Acho que eu não estava preparada pra ser mãe

-Ah, e você só descobre isso depois que o garoto ja tem 5 anos?

-Sim?!

-Isso é só uma fase, Dai

-Essa fase pode acabar comigo, me matar!

Dou risada. -Cara, que drama.

-Drama???

Somos interrompidas pelo meu celular tocando. -Espera

-Tá

Eu atendo, vendo que é a minha mulher. -Oi meu amor

~Oi, vida~

-Tudo bem?

~Sim, to ligando pra saber se deixou as crianças na escola~

-Deixei, ta tudo certo

~Tá bom, ta indo pro restaurante?~

-Que merda, que droga! -Daiane resmunga, socando a tela do celular dela

Eu franzi o cenho. -Sim, amor. Já chegou no escritório?

~É a Dai?~

-É, chegou atrasada pra deixar o Rafael na escola, to dando uma carona

-Oi Bru!

~Oi Dai, tudo bem?~

-Não, eu to surtada

~O que houve??~

-Nada, princesa. Ela só está em uma fase de "Meu filho ta crescendo"

Brunna ri. ~E a Fe? Ela ta bem?~

-Deve estar, quem cuida do Rafael sou eu

-Deixa de drama, Daiane -a encaro. -Amor, vai trabalhar

~Tudo bem, te encontro no almoço~

-Tá bom, meu bem..Amo você

~Eu te amo mais, beijo~

-Beijo

~Beijo, Dai~

-Beijo, Brunneka

Desliguei a chamada. -Vai pro restaurante comigo?

-Sim, vamos

(...)

~Lud off~

(...)

~Bru on~

Eu desliguei a chamada com a Ludmilla, e foquei na papelada em cima da minha mesa. -Meu Deus, eu não aguento mais, tantos processos pra ler

Comecei a ajeita-los, empilhando cada um em seu devido lugar.

Trabalho em um centro de advocacia, um prédio com 10 andares, onde atuam muitos advogados. Cada um tem o seu escritório, e cada setor é separado por equipes.

No meu, tenho um chefe, e sou uma das melhores advogadas do andar dele.

Sou tirada dos meus pensamentos, quando batem na minha porta. Eu a encaro. -Pode entrar

A minha secretária entra, se aproximando. -Licença, dona Brunna

-Toda, pode falar, Nayara

-O chefe mandou eu te trazer esses papéis

-O que é isso? -Pego de sua mão. -Mais pedidos de divórcio?

Ela ri. -Creio que sim, eu não li..Apenas estou entregando

-Leia da próxima vez, ta?

-Tá bom

-Obrigada por trazer

-De nada

-Ah, eu tenho algo agendado pra hoje..Não tenho?

-Além das três audiências, tem uma senhora que quer iniciar um pedido de pensão

-Que horas?

-Daqui 1h

-Tudo bem

-Posso me retirar? Deseja algo mais?

-Não, obrigada..Pode ir

-Tá, licença

-A vontade

Nayara sai da minha sala, fechando a porta. Enquanto volto a prestar atenção naquela papelada toda

(...)

Estava revisando e assinando algumas coisas, quando a minha cliente chegou.

Nayara me avisou no interfone, e eu as deixei entrar. Assim que a porta abriu, me levantei pra recebe-la

-Muito prazer, me chamo, Brunna -aperto a sua mão

-O prazer é meu, doutora..Me chamo Eliane -ela suspira, correspondendo ao meu aperto de mão

-Você deseja algo? Uma água, um café?

-Pode ser a água..

Encaro a Nay, ela apenas assentiu com a cabeça e se afastou. -Pode ficar a vontade -Eu me sento, e ela faz o mesmo

-Obrigada por me receber, me disseram que os seus horários estavam apertados..Tentaram me encaminhar pra outro advogado, mas precisava ser a senhora

Sorrio. -Pode me chamar por você

-Tudo bem.. -Eliane sorri sem graça. -Tem muitos elogios sobre você, doutora

-Que bom..Eu me esforço pra reconhecerem o meu trabalho, todos os dias

-Esta no caminho certo

Pego o meu macbook, colocando em cima da mesa e abrindo. -Vou abrir a sua ficha, ta bom?

-Tá

-Me fala o seu nome completo

-Eliane da Costa Soares

-Quantos anos?

-43

-Quantos filhos?

-Tenho duas meninas e um menino

-Pode me falar os nomes com o sobrenome, e idade?

-Sim..A mais velha se chama Eloá da Costa Ferreira, tem 10 anos

Eu digito, enquanto a Nayara entra na sala, trazendo a água dela.

-Obrigada..

-Próximo

-Davi, e o mesmo sobrenome

-Tudo bem -volto a digitar

-Ele tem 7 anos

-Pode falar a próxima

-Vanessa, mesmo sobrenome..

-Idade

-4 anos

Eu anoto. -Pode me informar se você trabalha? Qual seu lucro mensal? E as despesas

-Sim

Observo a Nayara. -Pode se retirar, Nay, obrigada

-De nada

-Bom, eu não trabalho, pego auxílio..São 350 reais, e as despesas são bem mais que isso. Ja me endividei porque tive que gastar cartões de crédito, pedir empréstimos, enfim..

-Tudo bem, e quanto tempo está divorciada?

-Tem 5 anos. E ele nunca mais gastou um centavo com os filhos, nem se quer ve as crianças.

-Me passa o nome dele

-Leandro Santos Ferreira

-E o endereço, porque ele vai ser comunicado da audiência que vamos marcar

Ela me passa o endereço, e enquanto estou digitando, meu celular toca. O observo. "Princesa de mamãe 💖"

-Só um minuto, é a minha filha..

-Tudo bem

Eu atendo..-Oi amor

~Mãe!~

-Que foi? Tudo bem?

~Ai, eu esqueci que tinha aula de música hoje, eu não trouxe o meu violino~

-Filha, a mamãe tá atendendo uma pessoa agora

~Mas, mãe! Eu vou perder ponto na matéria~

-Ligou pra sua mãe?

~Ela não atende!~

-Fica calma, que horas é a sua aula?

~É a próxima~

-Eu vou falar com a sua mãe, e ela vai te entregar

~Você me liga de novo?~

-Ligo, meu amor. Espera um pouquinho

~Tá bom~

Desliguei a chamada, respirando fundo.

-Problemas na escola?

Encaro a moça. -É, minha filha tem aula de música e esqueceu o violino em casa

-Ela é dedicada?

-Muito, não quer perder ponto. Você se importa se eu ligar pra minha esposa? É rápido

-Tudo bem

Eu faço isso, ligando pra Ludmilla. Não demorou pra ela atender.

~Oi, aconteceu alguma coisa? A Jasmine me ligou, eu ia ligar pra ela agora~

-O que você ta fazendo que não viu a sua filha ligar?

~Eu tava ajudando na cozinha, o restaurante ta lotado, Bru~

-Ludmilla, sempre falei..Pelo amor de Deus, são nossos filhos. Deixa o celular do lado

~Tá, desculpa~

-Ela esqueceu o violino em casa, a próxima aula é de música

~Oh senhor..Ta muito apertado sair daqui agora, mas eu vou~

-Por favor, ela não quer perder ponto

~Tudo bem~

-Avisa ela que você vai, diz que eu não liguei porque tenho que continuar atendendo a minha cliente, tenho horário marcado no tribunal

~Tá, vou ligar pra ela~

-Beijo

~Beijo, meu amor~

Desligo a chamada. -Pronto, obrigada por esperar

-Nada -Eliane sorri. -Você tem quantos filhos?

-Tenho dois..Um menino de 11, e uma menina de 8

-E desculpa perguntar..É a Ludmilla, dona daquele restaurante super chique?

-É, ela mesma -sorrio

-Aaaah, quando eu era casada com o Leandro, íamos muito la. As crianças adoram a comida daquele lugar, era incrivelmente sensacional

-Obrigada pelo elogio..Sei o quanto ela se dedica nesse trabalho -

-Ela ta de parabéns, vocês estão

-E vocês, deixaram de ir, ne? -Volto a digitar algumas informações no meu computador

-Deixamos, o orçamento não da conta.. -ela ri sem graça

-E se eu convidasse você, e seus filhos, pra almoçarem ou jantarem qualquer dia la?

-Sério?

-Tudo de graça

-Assim eu fico envergonhada, doutora

-Eu sei o quanto é difícil criar um filho, e sem o pai acredito que seja o triplo. Mas com esforço e amor, conseguimos passar por cima disso -a encaro. -E de coração, quero ver essas crianças felizes, comendo o que eles desejam, é um presente meu..Se não te ofender

-Não, não me ofende. Eu só não esperava..Você é realmente um anjo, Brunna..E te agradeço muito

-Se não estamos no mundo pra ajudar o próximo, e fazer o bem..Então..por que estamos? -eu pergunto

-Eu também não sei..

-Então você aceita?

-Aceito sim

-Pode ser hoje a noite?

-Pode, eles vão ficar muito felizes

-Nos encontramos la, então..As 19h?

-Fechado

(...)

~Bru off~

(...)

~Lud on~

-Cacau! -Me aproximo dela, tirando a minha dólmã

Isso é uma dólmã:

-Oi Lud

-Cuida da cozinha, eu tenho que sair..

-Ta bom

-Lari, ajuda ela

-Pode deixar

-Vou chamar o Yuri pra ajudar vocês aqui -Eu saio da cozinha, correndo até o balcão. -Ei

-Ai que susto, Ludmilla -O meu irmão me encara

-Sai do balcão e ajuda na cozinha

-Ta, mas..

-Vai logo!

-Onde você vai?

-Jasmine esqueceu o violino em casa

-É muito cabeçuda mesmo

(...)

Passei em casa e peguei o bendito violino, levando pra escola.

Fui ate a direção, e me identifiquei, dizendo que ela havia esquecido. Prontamente disseram que iriam manda-la descer, e eu sentei no banco pra esperar..

Minha filha logo desceu, correndo em minha direção. -Mãe!

-Oi princesa -Ajeito a minha postura no sofá. -Me faz um favor?

-Obrigada por trazer

-Faz?

-Sim

-Não esqueça mais

-Desculpa

-O restaurante ta lotado, amor..e sua mãe ta cheia de audiência, toma cuidado com as suas coisas

-Tá bom

-Me dá um abraço

Jasmine me agarra, me abraçando forte. Acariciei as suas costas, deixando um beijo em sua bochecha. -Amo você

-Eu também amo você

-Vai pra aula, rápido

-Obrigada, de novo

-De nada, filha

Jasmine se afasta, e eu a faço parar. -Perai

-O que?

-O Rafael entrou na sala dele?

-Sim

-Ta bom, pode ir

Ela volta a andar e eu me levanto, esperando a minha garotinha subir as escadas pra eu ir até a porta de saída.

[...]





















































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