Oi meus pudinzinhos 🍮

Mais um capítulo para vocês. Esse infelizmente é curto.

Espero que gostem.

Boa leitura 🍮 ❤️

Throk chegou na mansão Haddock por volta das 11:45 da manhã de domingo, o advogado tinha trocado poucas palavras com Soluço ao telefone e não sabia bem do que tudo se tratava, mas já podia dizer que aquele seria um ano agitado.

A sala de visitas estava em silêncio depois de o casal explicar a situação ao advogado. A espera por uma resposta pareceu eterna, mesmo que na realidade tenha durado apenas breves segundos.

-Não vai ser fácil. - Disse Throk. - A não ser que tenham um ótimo motivo que justifique a custódia, não acho que a Merida possa ficar com vocês.

-Por que não? - Perguntou Astrid com a testa franzida. Throk nunca teve problemas em conseguir o que precisam, por que agora teria?

-Porque uma coisa é conseguirem a guarda da Camicazi. E outra muito diferente é conseguirem a custódia da Merida. - Disse e logo se prontificou a explicar. - A diferença é que nenhum de vocês tem uma relação sanguínea com a Merida. Se quiserem a guarda, vão precisar passar pelo processo de adoção.

-Você disse que precisamos de um "ótimo motivo". - Soluço chamou a atenção. Throk assentiu. - O que quer dizer?

O advogado respirou fundo e por um momento permaneceu em silêncio tentando pensar em algo que pudesse servir de exemplo, mas não conseguiu.

-Algo que indique que o Estado é incapaz de cuidar dela. - Respondeu. - Amá-la não é o suficiente, precisam provar que são melhores do que o Estado.

-Estaremos comprando briga com o governo. - Astrid pensou em voz alta. Mesmo assim, Throk assentiu.

-Sim.

Soluço e Astrid se entreolharam em uma discussão silenciosa que Throk não entendeu e que o advogado duvidava que alguém, além dos dois, entenderia. Quando voltaram a atenção para ele, foi Astrid quem falou em voz alta o que o olhar de Soluço já dizia silenciosamente.

-Peça a guarda. Vamos conseguir o motivo que precisa.

♠️

O carro estava em completo silêncio. O barulho do trânsito era abafado pelas janelas fechadas e nenhum dos três reparou quanto tempo levou para chegarem ao hospital, mas logo Camicazi seguiu uma enfermeira que a levaria para ver a melhor amiga e deixou que Soluço e Astrid conversassem com o médico no consultório.

-O caso da Merida é ainda mais complicado do que imaginávamos. - Disse o médico sem rodeios. Astrid prendeu a respiração. - Ontem as enfermeiras encontraram marcas de queimaduras e cortes espalhados principalmente pelos braços e pelo torso. Embora não podemos afirmar com certeza, suspeitamos que sejam marcas de abuso físico.

O silêncio que se formou depois disso foi cortante, era o tipo de silêncio que fazia o andar de uma formiga ser tão alto quanto um trovão. O tipo de silêncio tão pesado que esmaga seus pulmões até que você não consiga mais respirar e te deixa perguntando se sua alma continua no seu corpo ou se você já morreu sem perceber.

Ninguém conseguiria quebrar aquele silêncio nem mesmo se tentasse, mas nem Soluço e nem Astrid tinham coragem para tanto. Os dois se perguntavam a mesma coisa: como não desconfiaram de nada? Como não perceberam o modo com o qual Merida estava sempre encolhida, sempre se escondendo? Como nunca questionaram os sueteres e os pesados moletons no meio do verão? Como agora parecia tão óbvio, mas antes não?

Astrid quase pôde ouvir o clique da mente de Soluço quando ele passou de confuso para triste e finalmente para esperançoso e Astrid precisou de apenas mais um segundo para entender que aquele, por mais horrível que fosse, era o motivo que Throk precisava.

Os dois se levantaram quase ao mesmo tempo, agradecendo ao médico pelas informações e Soluço sequer tinha deixado o consultório antes de ligar para Throk.

Não tinham notado antes o que acontecia com Merida, mas ainda tinham tempo, ainda podiam salvá-la. Iriam salvá-la nem que isso significasse que daquele momento em diante os Haddock seriam considerados inimigos do Estado.

♠️

O silêncio no carro era confortável, a crise daquela madrugada completamente esquecida. Viggo entendia bem tudo o que tinha acontecido. Heather desconfiava que ele entendia até mesmo melhor do que ela porque ela parecia incapaz de entender o por quê os pesadelos voltaram.

Há oito anos ele não a atormentava mais em seus sonhos. É claro que ela não havia esquecido, mas ao menos tinha paz enquanto dormia. Por que não tinha mais essa paz? Desde dezembro era atormentada novamente, sempre com os mesmos sonhos: um sala escura, mãos fris e pegajosas a tocando, uma voz grave (quase demoníaca) sussurrando em seu ouvido coisas que não entendia.

E Viggo, sempre tão compreensível (tão bom para ela) nunca disse o que sabia que outras pessoas diriam. Que estava louca. Que precisa de um médico. E sabia que Viggo não diria nada disso porque ela não ouviria. Ela não queria ajuda. Não precisava de ajuda.

Precisava de vingança.

Viggo estacionou o carro e desceu primeiro, abriu a porta para ela e os dois de mãos dadas entraram no necrotério. Precisavam reconhecer o corpo de Ryker para poderem fazer o velório e acabar logo com toda aquela bagunça. Heather não aguentaria ter que fingir ser a "cunhada de luto" por muito tempo por isso quanto mais rápido se livrarem de Ryker, melhor seria.

Seguiram um dos legistas até uma sala onde havia apenas um único corpo coberto por um lençol branco. O legista se aproximou do corpo e puxou o lençol para descobrir o rosto do homem. Heather sentiu o estômago revirar e precisou engolir a seco para não vomitar, apertando a mão de Viggo com mais força do que era necessário.

-É o meu irmão. - Viggo quebrou o silêncio e apenas Heather foi capaz de perceber seu tom de voz levemente vacilante, foi quando percebeu que naquele momento era ela quem deveria apoiá-lo, aquela era uma das poucas vezes em que ela precisaria cuidar dele, então se recompôs.

-Pode nos deixar à sós? - Ela pediu e o legista assentiu os deixando sozinhos na sala iluminada demais.

Heather estava tão aliviada por Ryker estar morto que até aquele momento não tinha parado para pensar o quanto devia ter sido difícil para o marido e saber o quanto Viggo silenciosamente sofria só a fez odiar Ryker mais ainda.

-Eu o mataria de novo se precisasse.

E agora, quem confessou a morte do Ryker?
Soluço e Astrid vão ser inimigos do governo?
A Merida vai ficar bem?

Comentem expectativas.

See ya 😘