Merida
Oi meus pudinzinhos 🍮
Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem.
Boa leitura 🍮❤️
Soluço honestamente não conseguia se lembrar da última vez que tinha tido uma noite inteira de sono, na verdade, não conseguia se lembrar da última vez em que tinha simplesmente parado para respirar fundo. Era apenas o primeiro mês do ano e parecia que a pilha de problemas para serem resolvidos apenas aumentava.
A guarda de Camicazi já tinha sido resolvida, faltavam apenas os documentos chegarem pelo correio, mesmo assim, àquela altura a guarda de Camicazi parecia apenas uma mísera gota num mar de problemas. O processo de tutela de Merida parecia nunca chegar ao fim, os problemas na Haddock.Corp pareciam se multiplicar (a maioria apenas protótipos que precisavam de mudanças, ou estratégias de marketing que eram completamente rejeitadas), mas nada tirava mais o sono de Soluço do que a decisão que precisaria tomar nas próximas semanas: manteria a Haddock.Corp como uma empresa familiar de capital fechado, ou ou permitiria mais investidores com um capital aberto?
A diretoria queria um capital aberto - claro que queriam, um capital aberto colocaria mais ações na Bolsa e daria mais poder à diretoria -, mas Soluço sabia que uma mudança brusca de capital podia colocar todo o futuro da empresa em risco. Mas nada daquilo era discussão para aquele momento.
A discussão daquele exato momento era o que fariam quando Merida estivesse em casa?
-Acho que devíamos mandar a Merida pra escola pública. - A opinião de Astrid fez Soluço franzir a testa, de todas as coisas que podiam discordar, Soluço não imaginava que a educação das meninas fosse uma delas.
-De jeito nenhum, a escola da Cami é ótima.
-Sei disso. Mas não acho uma boa ideia encher a Merida de luxos quando ela ainda nem se acostumou com a casa.
Soluço pensou por apenas um momento e podia entender o raciocínio da noiva, mesmo assim, ainda achava a escola pública uma ideia terrível.
-Não acho bom separar as meninas, acho melhor tratar a Merida do mesmo jeito que tratamos a Cami.
Foi a vez de Astrid de pensar com cautela, claro que precisavam fazer com que Merida entendesse que também era parte da família e um bom jeito de fazer isso seria tratando as duas adolescentes como iguais. Mesmo assim, Astrid balançou a cabeça.
-Não podemos tratar a Merida como tratamos a Camicazi, a Merida está doente, com tendências suicidas e não acho que enchê-la de coisas caras vai ajudar.
-Talvez seja melhor deixar a Merida decidir o que quer e apoiarmos a decisão dela. - Soluço sugeriu e o silêncio de Astrid bastou para que ele soubesse que finalmente tinham chegado a um acordo.
Soluço se perguntou brevemente se começariam a discordar sobre as questões que envolviam as meninas, mas se forçou a não pensar naquilo. É claro que não concordariam sempre, uma simples discussão não devia ser levada tão à sério, e aliás, estavam indo visitar Merida, Não tinha tempo para se preocupar com algo tão insignificante.
Quando o carro parou e Joseph abriu a porta, Soluço e Astrid saíram juntos, a visita que fariam à Merida seria tranquila, estavam ali apenas para saber como ela estava, não era o dia de levá-la para casa ainda, mas os médicos diziam que ela já estava bem o suficiente para ter alta e apenas não havia tido ainda porque a tutela não tinha sido resolvida (o hospital precisava saber quem pagaria pela conta, se seria o governo ou os Haddock).
A rotina para a visita de Merida era sempre a mesma: seriam cumprimentados na recepção por uma enfermeira enérgica demais, passariam por todo o processo de identificação e finalmente poderiam seguir para o quarto onde ficariam com a adolescente e Merida normalmente os receberiam com um sorriso tímido e um breve aceno.
Naquele dia, entretanto, a enfermeira não os recebeu com seu costumeiro sorriso brilhante.
-Senhor Haddock, infelizmente temos um problema. - Ela começou e Soluço por um momento se preocupou que de algum jeito o quadro de Merida houvesse piorado, talvez ela tivesse contraído uma infecção hospitalar. Mas sua imaginação não teve tempo de criar cenários catastróficos e irreais, pois logo a enfermeira prosseguiu: - Mais cedo uma Assistente Social chegou pedindo pelos documentos de alta da paciente DuBruch, está no quarto com a menina desde então.
Soluço suspirou. Não podia dizer que estava surpreso, na verdade, o que o surpreendeu foi ter demorado tanto para surgirem mais problemas. Apertando a mão de Astrid apenas uma vez, Soluço se inclinou para beija-la na bochecha e sussurrar um breve "eu resolvo" antes de se afastar. Astrid apenas balançou a cabeça e a enfermeira sorriu de maneira educada.
Astrid sorriu de volta para a mulher e fez o que ela pedia durante o processo de segurança enquanto Soluço provavelmente ligava para Throk, mas Astrid não pensou muito nas coisas que Soluço provavelmente diria ao advogado, estava preocupada demais com as coisas que diria à Assistente Social que naquele momento era seu maior problema.
Se aproximou da porta, pronta para bater, quando esta foi abruptamente aberta, assustando a loira. A mulher que estava a sua frente parecia ser bem mais velha - em seus 40 ou talvez 50 anos -, tinha alguns fios grisalhos em meio aos pretos, algumas rugas ao redor dos olhos castanhos cerrados em raiva contida.
-O que quer? - O tom da mulher era ríspido e Astrid se conteve para não responder no mesmo tom. Com um sorriso brilhante no rosto Astrid respondeu:
-Estou aqui para ver a Merida, então se puder me dar licença... - Astrid tentou passar, mas a mulher bloqueou sua passagem com o corpo.
-E quem é você?
Realmente se esforçando para se manter educada, Astrid entendeu a mão para cumprimentar a mulher.
-Sou Astrid Hofferson, meu marido e eu estamos com o processo de aquisição de tutela. - Respondeu, retraindo a mão ao perceber que a mulher não a apertaria. A Assistente Social pareceu reconhecer o nome porque seu rosto adquiriu uma expressão de desdém.
-Ah sim, os milionários que foram correndo para o Ministério Público. - Olhando Astrid direto nos olhos, ela prosseguiu. - Eu sei que pessoas como você estão acostumadas a conseguir tudo fácil, mas a garota vem comigo e isso já foi decidido. Pode se despedir dela, se quiser. - Terminou em tom condescendente antes de se afastar da porta.
Astrid entrou no quarto e fechou a porta, tinha certeza de qua a tal Assistente Social iria voltar com os papéis da alta, então Astrid respirou fundo. Encontrou Merida sentada na beirada da cama, vestindo um jeans escuros, um moletom verde e um par de tênis velhos. Os poucos cortes que ainda tinha no rosto já cicatrizavam, sendo o maior deles um ferimento no canto esquerdo da boca, que deixaria uma cicatriz que atravessava o lábio inferior e superior.
Astrid sorriu, feliz por vê-la melhor.
-Como está se sentindo hoje? - Astrid perguntou se afastando da porta. Tirou os saltos e andou até o outro lado do quarto onde ficava um pequeno sofá debaixo de uma janela com o vidro embaçado pelo tempo frio.
-Bem. - Merida respondeu assistindo com curiosidade o que Astrid faria. - O médico disse que minha costela tá muito melhor agora.
-Isso é ótimo, amor. - Astrid disse ao começar a empurrar o sofá pelo quarto. - Soluço e eu estávamos muito preocupados.
-O Soluço não veio?
-Ele está lá fora, provavelmente ligando para o Throk ou algum amigo político que ele tem.
Depois de encostar o sofá contra a porta, Astrid se sentou nele, só agora percebendo a confusão estampada no rosto de Merida.
-Por que colocou o sofá aí? - Perguntou a menina sem fazer ideia do que podia estar passando pela cabeça da loira. Astrid deu de ombros.
-De que outro jeito eu trancaria a porta pra Assistente Social não poder entrar?
Merida riu e Astrid riu com ela.
-Mas assim o Soluço não vai poder entrar também.
-É um efeito colateral necessário. - As risadas morreram aos poucos e Astrid sabia que precisava tocar num assunto um pouco mais sério, Merida precisaria decidir entre a escola pública ou a particular. - Meri, eu sei que ainda é cedo, mas Soluço e eu estávamos conversando sobre a sua escola agora que você vai morar conosco e achamos melhor te deixar escolher para onde quer ir ao invés de escolhermos por você. - Fez uma pequena pausa e logo continuou - Então, para onde quer ir?
Merida ficou em silêncio, olhando para os próprios sapatos enquanto pensava. Não demorou muito e ela logo olhou para Astrid novamente.
-Prefiro ir para a escola pública, se estiver tudo bem.
Astrid sorriu, prestes a assegurar à Merida que estava tudo bem e que apoiariam as decisões que ela tomasse, quando as duas se assustaram com uma tentativa de abrir a porta.
-O que é isso? Abram a porta! - A voz da Assistente Social era alta e Astrid se virou para ficar de joelhos no sofá, para que pudesse ser ouvida melhor.
-Desculpe, a porta vai ficar trancada até meu marido voltar.
A Assistente Social continuou batendo na porta, cada batida mais alta do que a anterior.
-Abra a porta, Senhora Hofferson, a garota vem comigo!
Astrid revirou os olhos.
-O nome dela é Merida! - Gritou, perdendo completamente a paciente, fazendo Merida se encolher com o alto volume da voz da loira. - E ela fica comigo!
Astrid pôde ouvir uma comoção começar do lado de fora, não demoraria para que os seguranças aparecessem e naquele momento Astrid rezou para Soluço conseguir resolver tudo logo, senão com certeza Astrid sairia daquele hospital em um par de algemas.
Então gostaram?
Comentem expectativas.
See ya 😘
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