⤷ 𝘊𝘢𝘱𝘪𝘵𝘶𝘭𝘰 𝑰𝑽 - ❝Nem que a vaca tussa, eu irei nessa missão.❞ ϟ
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Receber um presente de alguém importante para você, causa um sentimento avassalador.
Ainda mais, quando ele foi lhe dado por mérito, honra e/ou glória.
Dizem que, esse evento, dá origem a uma emoção indescritível, nos indivíduos. Como se, após, todo o esforço feito, recebessem, finalmente, o que mereciam.
Por isso que, mesmo sem saber, de fato, qual era essa tão sonhada sensação, Astrid LeClark, não pode pensar nem uma vez, antes de correr em direção ao chalé 5.
Estava guardando sua armadura, quando um dos mais jovens filhos de Ares, apareceu em sua direção, a chamando. Ele disse que, Clarisse La Rue, parecia vazia.
Saber que sua amiga encontrava-se brava, não seria surpresa alguma, porém "vazia", era algo inacreditável.
Astrid, tentou recapitular todos os últimos momentos em sua mente. Porém, nenhum dos eventos parecia fazer sentido com o que o menor dizia.
Então, lembrou-se de um momento mais a fundo.
Antes de Silena chegar com a bandeira, ela ouviu um grito.
Um grito que pertencia a Clarisse.
Não sabia o porquê, mas, mesmo assim, correu até o chalé, independente de qual era a razão.
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A noite havia começado a cair. E, para a filha de Zeus, já era possível sentir a presença de alguns jovens atrás de si, tentando organizar a festa que ocorreria.
Alguns passavam a cumprimentando, na tentativa, de conseguirem sua atenção.
Mas ninguém havia conseguido, até o presente momento.
Os olhos de Astrid estavam, completamente, focados na cabana em sua frente.
O vermelho vivo, parecia brilhar mais do que o normal, juntamente do arame farpado, que não a amedrontava tanto, quanto o que viria a seguir.
Se aproximou da porta, ouvindo, absolutamente, nada.
Sim, era óbvio que havia algo errado.
Os filhos de Ares, em qualquer hora, sempre faziam muito barulho, quase igualando aos de Apolo.
Por isso que, ter, nem se quer, o menor dos sons, saindo daquele chalé, era preocupante.
Respirou fundo e rodou a maçaneta, tentando adentrar, lentamente, no ambiente hostil.
— Vocês são burros, ou o que? Caralho, parecem que não... — Clarisse gritava abertamente, enquanto subia seu olhar em direção a porta.
Seus olhos avistaram a mais velha, assim, se calando.
Não, ela não se importava de gritar com LeClark. Era só que, aquele, não era o momento para isso.
— Bem... Pensei que eu fosse uma exceção. — Comentou Astrid, tentando forçar um tom brincalhão.
Era um fato, sempre fora péssima em acalmar os outros, pelo menos, em sua visão.
Então, vir até La Rue, com o objetivo de tranquiliza-la, parecia a ideia mais idiota que já tivera.
— Eu posso entrar? — Sua voz tornou-se séria. — Caso quiser ficar sozinha, vou entender.
Clarisse não fez questão de respondê-la vocalmente, apenas puxou suas pernas para si, liberando um espaço na ponta do colchão.
Quando aproximou-se da cama, pode ver melhor, o que a menina observava, com tanto rancor.
Sua lança encontrava-se partida ao meio.
A boca de Astrid abriu em um O perfeito. Choque exalando de todo o seu ser.
Aquilo era impossível, não tinha forma alguma de acontecer.
Vendo a confusão presente no rosto da outra, começou a falar.
— Perseu... A quebrou, enquanto lutava comigo. — Sua voz soava tão fraca, que LeClark mal ouvira o que foi dito.
— Como? Ele... Isso é... Não é possível. — Seu cérebro parecia não conseguir processar a informação. Independente se era um filho dos três grandes, ou não. Não possuía treinamento o suficiente, para cometer tal ato.
La Rue soltou uma risada de escárnio, debochando da situação, que doía em seu coração.
— Filho de Poseidon... Só um bastardo privilegiado. Não estou surpresa com isso, é só um desses filhos da puta aparecerem que de repente se tornam melhor que todos nós. Todo o esforço, treino, lutas, missões.... São, simplesmente, inúteis. Não temos reconhecimento nenhum dos deuses. E então, ele aparece, e em menos de uma semana é determinado. Patético... é isso que somos... é isso que eles são... — Clarisse não controlava nada do que falava, apenas soltando toda a raiva dentro de si.
Astrid, não sabia dizer se a filha de Ares pensava aquilo dela, também. Mas, mesmo assim, ficou calada.
Ela entendia que a outra só precisava desabafar. Livrar-se de qualquer pensamento, minimamente, obscuro presente dentro de si.
— Não fazem, absolutamente, nada. NADA. Apenas nascem sendo os deuses da razão, os deuses da sorte, deuses de tudo... Enquanto, nós, ficamos aqui, sofrendo por migalhas de atenção que foram partidas, por um deles. — Seu tom era rancoroso, e, de certa forma, vingativo.
LeClark, aproximou-se da outra, sem que ela percebesse, visto que estava muito focada em seu próprio discurso.
De repente, Clarisse parou.
A respiração ficou estagnada por um instante, a voz presa em sua garganta, e os olhos cobertos por pequenas gotículas de água, que jamais cairiam.
A filha de Zeus, segurava seu rosto com ambas as mãos. Com um toque tão delicado, que parecia que ela quebraria em qualquer instante.
— Você está certa. — Astrid a respondeu, encarando muito além de seus olhos.
Era como se a garota pudesse enxergar toda a alma de Clarisse. Para ela, parecia fácil fazer isso.
— Os semideuses ficam felizes com as misérias que eles recebem, porque nunca podem esperar algo dos deuses. — Deu uma respirada profunda, enquanto retornava a falar. — Todos em algum momento, desejam agradá-los, mas é inútil, Clair... Todas as expectativas, serão destruídas. Sempre foi assim.
A voz de LeClark, era extremamente baixa e precisa, mostrava saber, exatamente, do que falava.
La Rue, soltou um suspiro profundo, notando que a outra não se incluira em sua própria fala. Ela sabia e entendia o porquê.
— Você não é uma bastarda privilegiada. — Afirmou, com total certeza do que dizia.
— E você não precisa do reconhecimento de um merdinha, que só sabe brigar. — Em qualquer outra ocasião, Clarisse teria discutido com Astrid, por ela ter xingado seu pai. Mas dessa vez, era diferente.
Tempestade, soltou, lentamente, o rosto da outra, começando a passar a mão sobre a lâmina quebrada.
— Tenho certeza que algum filho de Hefesto pode concerta-la, não é tão complicado assim.
— Não vai ser a mesma coisa.
— Não, não vai.
Queria poder saber o que dizer. Queria poder ajudá-la de alguma forma. Queria poder ser uma boa amiga.
Seu olhar voltou a face de Clarisse.
— Você sabe que não precisa disso para ser uma heroína, não é? — Iniciou sua pergunta, tentando elaborar um raciocínio. Recebendo como reposta, um olhar confuso. — Quero dizer... Você é melhor do que essa lança, uma das melhores guerreiras do acampamento. Não precisa disso, ou... dele.
Falar que Astrid estava nervosa, seria um eufemismo.
Sua mente a mandava parar, imediatamente.
Sentia que estava passando dos limites, e, talvez, ela realmente estivesse.
— Não preciso... — Um sussurro, nada mais. Clarisse, apenas, sussurrou em resposta
Ela parecia não acreditar no que a outra dizia, o que fazia sentido. Aquilo era contra tudo o que ela aprendeu.
Contra tudo o que ela foi ensinada.
O olhar de ambas encontraram-se, novamente.
— Não preciso. — A voz soara um tanto mais alta e confiante, em uma tentativa de fazer, si própria, confiar no que falava.
A final, não era uma verdade.
La Rue, ainda sentia a necessidade de aprovação vinda de seu pai. Ela ainda precisava do reconhecimento dele.
Mas Astrid, não precisava saber disso.
Não precisava preocupar-se com mais alguma coisa.
Clarisse, estaria mentindo, se falasse que nunca invejou a outra.
Nos primórdios dos seus dias no acampamento, não suportava, se quer, saber da existência de LeClark. Com toda sua glória, sendo privilegiada por suas missões, mesmo tão jovem.
Sim, ela a invejava.
Porém, quando aproximou-se da garota, percebeu que tudo não passava de uma farsa.
Não era glorificada, honrada ou privilegiada. Era uma criança, que queria reconhecimento, igual a si.
Talvez seja por esse motivo, que, mesmo não acreditando "não precisar" do que vinha de seu pai. Aceitou o que a outra dizia, tentando, de certa forma, orgulha-la.
La Rue, jamais, admitiria, mas sentia-se honrada, por ter Astrid, do seu lado. E, pela forma, como a garota a encarava, ela acreditava que era recíproco.
— Bem... Acho que já posso me tornar psicóloga, meus conselhos são incríveis. — Comentou, forçando o tom brincalhão, tentando quebrar o gélido clima.
— Sim, se você quiser mandar todos seus pacientes para o hospício, Para Raios. — A voz de Clarisse não soara, perfeitamente, bem. O que era compreensível, ainda estava mal pela sua lança.
— Está se auto intitulando como louca, Zangado? — A pergunta surgiu tão rapidamente, quanto sumiu. Nem dando tempo para a filha de Ares respondê-la. — Como uma ótima conselheira de chalé, eu deveria avisar ao Senhor D., quanto a isso.
La Rue, sorriu. Não durou muito, mas ela esboçou um pequeno levantar de lábios.
— Disse a garota que só é conselheira, porque não tem irmãos.
— Até onde sei, a culpa não é minha, que a única que eu tinha, foi transformada em uma árvore. — A piada escapou de sua boca, antes mesmo que ela pensasse. Não sentia-se mal, pelo o que havia dito, mas sabia que para alguns, poderia ser um caso complicado.
Ainda bem, que Clarisse não era um desses "alguns". Não conseguiu segurar-se, a risada saiu, imediatamente.
— Duvido você repetir isso na festa. — Comentou La Rue, brincando com o deslize da outra.
LeClark a lançou uma face chocada, com uma mão no peito. Claramente, pronta para dramatizar toda a situação.
— E eu pensando que éramos amigas, mas você esta aí, querendo acabar com toda minha reputação.
Um sorriso apareceu na face da filha de Ares.
Percebendo o que havia dito, o semblante de Astrid tornou-se sério, deixando o braço cair ao lado de seu corpo.
— Parece que alguém falou a palavra. — Os lábios de Clarisse eram maléficos, mas ela parecia, de fato, se divertir.
— Olha aqui, isso foi um acidente, não deveria contar, ok? — Sua voz era, completamente, instável, descendo e subindo tons rapidamente.
— Mas é claro que contou, tá querendo amarelar, Para Raios? Típico de uma filha de Zeus...
— Aé? Sua filha da puta. — Delicadamente, tirou a lâmina de sua frente, colocando na mesinha que havia do lado da cama de La Rue. E, em um movimento rápido, lançou-se sobre a outra, a fazendo cosquinhas.
Qualquer um que entrasse naquele momento, encontraria-se chocado com a cena.
Clarisse La Rue, rindo feito uma criança, enquanto recebia cosquinhas de Astrid LeClark.
Bem, no fim, Tempestade não sabia, realmente, como acalmar alguém.
Mas sempre fora boa em uma coisa, enganar os outros.
Deixar escapar uma palavra-chave, sabendo que perderia uma aposta idiota, talvez não fosse a melhor das ideias.
A final, sempre odiara perder.
Porém, nesse momento, a felicidade de sua amiga, era mais importante.
Seu corpo balançava seguindo o ritmo da música, as batidas guiando cada um de seus movimentos. Era em momentos assim, que Astrid, sentia-se, minimamente, normal.
A fogueira nunca esteve tão bem arrumada, créditos as crianças de Apolo e Dionísio, que sempre arrumavam o lugar, quando o time vermelho vencia.
As festas pós Capture a Bandeira, só tinham um objetivo: exibir a vitória, perante o outro grupo.
E se tinha alguém que sabia fazer muito bem isso, era o vermelho.
Iluminação colorida irradiava de todos os lados, parecendo uma discoteca. Bebidas alcoólicas, que só eram permitidas para os maiores de 16 anos. Música digna de uma balada de luxo da capital, não que algum deles soubesse o que era isso.
E, principalmente, os campistas, que, graças aos filhos e filhas de Afrodite, estavam mais deslumbrantes que o comum
Tudo estava exemplar, como deveria ser.
LeClark, encontrou Annabeth Chase, sozinha, em uma certa distância. Parando assim, de dançar, e caminhando em direção a menina.
Ouviu alguns pedidos de desculpas e proferiu outros. Como a festa era aberta a todos os chalés, haviam mais de 300 crianças e adolescentes no ambiente.
— Eai, Geniazinha. — A cumprimentou quando, enfim, conseguiu alcançá-la.
— Oi, Ash. Você parecia estar se divertindo bastante na pista de dança. — Uma risadinha escapou dos lábios de Annie, enquanto ela zombava da mais velha.
— Eii, qual é, eu te juro que é, realmente, divertido. Deveria testar algum dia, vai que acaba gostando.
— Eu não teria tanta certeza disso... — Seu tom de voz soava um tanto questionador, perguntando, indiretamente, o porquê da garota ter saído de lá, se era tão divertido.
— Não podia deixar minha irmãzinha sozinha, não é? — O sorriso brincalhão brilhava em sua boca, quando ela passou as mãos nos belos cabelos trançados da outra, que, agora, estavam presos em um penteado estilo princesa. — Seu cabelo ficou lindíssimo assim, se quiser, posso fazer mais vezes.
— Eu também gostei, só é meio complicado lutar com isso na cabeça. — Apontou para o enfeite preso, uma flor de ouro, que combinava, perfeitamente, com o tom de pele dela.
— Falando em lutar... — Começou, fazendo Annabeth, imediatamente, rolar os olhos, já imaginando o que estava por vir.
Astrid, era uma ótima irmã mais velha, para ela. Porém, também poderia ser uma ótima implicante.
— Relaxa, Annie, só vim elogiar. Sua estratégia foi genial, usar o novato como isca. — Não conseguiu segurar a risada, sabendo que teria feito a mesma coisa. — Digna de uma filha de Atena.
— Se fosse tão boa assim, teríamos vencido. — Sua voz soava um tanto irritadiça, desde pequenininha, odiava perder. Algo que ambas tinham em comum.
LeClark, apoiou suas mãos no ombro da menor, quando começou a falar.
— Não, nem sempre uma boa estratégia leva as pessoas a vitória. Talvez o problema não seja o planejamento... — Sua fala ficou no ar, quando Annie direcionou seus olhos até o da outra.
— Eu não vou ir para o time vermelho, Ash.
Um grito decepcionado saiu da garganta de Astrid, odiava o fato de Annabeth nunca querer ser do mesmo grupo que ela, nos jogos.
— Mas você sempre pode vir pro time azul, sabe como é, eu amaria te ter lá. — O olhar que Tempestade enviou em sua direção, foi o suficiente para a mais nova saber que aquilo não aconteceria.
— Só de pensar em estar no mesmo time que Castellan, já me dá ânsia de vômito. — Afirmou, enquanto dramatizava, fingindo que estava prestes a vomitar.
— Vocês parecem cão e gato, sério, não entendo o porquê brigam tanto. — A voz soava cansada, mas parecia estar preparada para começar mais um de seus discursos sobre: motivos para Astrid LeClark e Luke Castellan, pararem de discutir.
— Você ouviu isso, Geniazinha? — Perguntou direcionando sua visão para qualquer ponto específico da festa. — Tenho certeza que ouvi Tico e Teco me chamando! Tchau Annie, te amo, se cuida pequena.
Annabeth tentou chamar pela outra, porém, essa, continuou apenas seguindo seu caminho, tentando encontrar outro lugar para ficar. Sem que tivesse que ouvir a ladainha, sobre o fim das implicâncias, que ela tanto gostava.
Parou de andar, quando encontrou a mesa de docinhos. Era uma raridade, Astrid, comer sobremesas, no acampamento. Mas em festas, como essa, ela adorava os doces que os filhos de Hermes roubavam.
Haviam alguns de caramelo, chocolates, morangos, marshmallows, entre diversos outros.
Pegou algumas balas, enfiando outras no bolso de sua jaqueta.
LeClark, usava um vestido branco, que ganhou de Silena, no seu décimo nono aniversário. Juntamente, de uma jaqueta de couro preta e botas do mesmo tom.
Sentia-se bonita, principalmente, com os cabelos, que haviam sido cacheados e presos da mesma maneira que os de Annabeth.
Estava relaxando sua mente, e observando ao redor, enquanto devorava os doces em sua mão.
Avistou de longe, Clarisse, no meio de uma roda com filhos de Ares e Afrodite. Até pensou em ir lá, mas ela parecia estar se divertindo o suficiente.
Lacy estava com Mason, e ambos jogavam uma espécie de "Juice pong", com filhos de Apolo. Era uma versão de "beer pong" para menores de 16.
Procurando por Silena, encontrou, exatamente onde imaginava, conversando e rindo com Charles Beckenford.
Charles Beckenford, filho de Hefesto. Era um ou dois anos mais velho que Beauregard. Alto e robusto, seu tom de pele era mais escuro que o de Annie, e parecia brilhar com as diversas luzes do ambiente. Era possível notar o estrabismo presente em seus olhos, o que o dava um toque a mais. Ele não era, convencionalmente, atraente, mas isso não o fazia feio. A final, a filha prodígio de Afrodite, tinha bom gosto.
Astrid, não o conhecia muito bem, apenas tendo se falado duas ou três vezes, em uma das reuniões entre conselheiros. Então, ainda tinha um pé atrás com ele. Mesmo que o garoto sempre tenha a tratado com respeito e fora muito educado.
Não era culpa dela, sempre desejava o melhor para suas amigas. Por isso, ainda os vigiava, de vez em quando.
Seu olhar foi em direção a Percy, que parecia, extremamente, perdido no ambiente. LeClark, começou a caminhar na direção do mesmo, porém viu Annabeth aparecer. A garota mais nova foi até ele e puxou o energético de sua mão, parecendo começarem a brigar por isso.
Isso fez a filha de Zeus rir, aquela cena a trazia boas lembranças, a deixando feliz por ter decidido ir para o local.
Bem... Até que seus olhos avistaram algo... Inconvencional.
"Ele só pode estar brincando com a minha cara."
Astrid tentava manter o ar de indiferença, não querendo deixar que ninguém ao seu redor percebesse o que ela sentia. Mas seus olhos, a traiam, seguindo cada movimento do casal a distância.
Casal.
Essa era uma palavra patética para descrever as duas pessoas que ela encarava.
Luke Castellan e Drew Tanaka.
Era notório os sorrisos compartilhados e a proximidade entre ambos.
As mãos de LeClark, apertavam-se, formando punhos involuntários, dentro dos bolsos da jaqueta, lugar que ela utilizou para esconder o óbvio estado de irritação que se encontrava.
Drew ria escandalosamente – pelo menos, na visão da Tempestade – de algo que o filho de Hermes falava.
Astrid, tentava se conter, buscando convencer a si própria que nada daquilo tinha importância. Mas aquela visão, estava a incomodando mais do que admitiria.
Seus olhos se estreitaram, quando ela viu a filha de Afrodite inclinar a cabeça para perto de Luke, compartilhando confidências.
Era injusto que a garota parecesse tão bonita, fazendo a menor das coisas.
LeClark, não poderia negar a beleza de Tanaka. Mesmo sendo dois anos mais nova que Tempestade, seu charme já parecia maduro. O seu sorriso, com dentes perolados, era perfeitamente alinhado e irritante, mesmo que parecesse brilhar na luz.
Engolindo em seco, tentou desviar o olhar, mas falhou. Ele voltava e voltava para a situação, como se fosse impossível impedir a si mesma de fazer aquilo.
Sempre tivera um problema em controlar suas emoções, então não era uma novidade os pensamentos que chegavam depressa em sua mente.
Sua mente a mandava afastar-se, porém, já era tarde demais. Seu coração já havia tomado controle.
Raiva borbulhava dentro dela, como uma tempestade prestes a desabar. Os olhos faiscando e as mãos deixaram de estar dentro dos bolsos, agora com os punhos completamente cerrados, ignorando o machucado que fora cicatrizado, temporariamente.
O peito de Astrid pulsava com uma mistura de raiva e ciúmes. E ela sabia disso, era óbvio que sabia.
Talvez fosse o conhecimento do assunto, o que a mais estressava.
Saber o poder que uma simples conversa tinha sobre ela.
Saber o quanto ela estava deixando nítido a todos ali, o que sentia.
Saber que se pudesse, ela mataria ambos, só para não ter que continuar vendo a situação.
Seu peito subia e descia com a respiração rápida. Olhos tempestuosos, prontos para lançar uma trovoada. Dentes presos a boca, tentando controlar o incontrolável.
Raiva a dominava.
Quando ambos, tiveram que se afastar pela tosse excessiva, sentindo suas gargantas secas, e os pulmões quase vazios de ar.
As mãos nos pescoços, tentando puxar o ar para dentro de si. Algo simples, que parecia impossível no momento.
Seria estranho dizer que aquilo acalmava Astrid? Porque, pelo menos agora, eles haviam se afastado...
Sua respiração estava estabilizando e um sorriso maroto, aparecendo em sua face.
— As vezes... Você é... Uau... — Uma voz surgiu atrás de si, a assustando.
Quando virou, encontrou um rosto já conhecido, que fez com que seus lábios expandissem ainda mais.
— O que significa isso, Arqueiro Verde? — Era notório, no tom de LeClark, o quão desequilibrada estava.
— Não sei, talvez... Cruel? Assustadora? Aterrorizante? — Cada palavra era um passo dado em direção a garota — Ou, incrivelmente linda?
Lee Fletcher.
Um dos filhos de Apolo, que Astrid arriscaria dizer ser o favorito. Idêntico ao pai em personalidade, e assemelhava-se um pouco em aparência. Sendo o atual conselheiro do chalé, e o ex ficante de LeClark.
Poderiam ter se odiado, mas ambos não funcionavam assim. De certa, maneira, consideravam-se amigos.
— Todas as quatro opções? — Perguntou Tempestade, enquanto virava na direção do garoto.
Fazia sentido toda sua fama no acampamento.
Pele bronzeada pelo sol. Olhos azuis, que a lembravam do céu de primavera. Os cabelos curtos, levemente ondulados, em uma tonalidade de areia molhada. Lee, era quase uma cabeça mais alto que ela, e, visivelmente, mais forte. Seus músculos aparecendo na camisa de botão, que estava aberta.
Ele não era só bonito. Era o Sol em pessoa, irradiando luz com seu sorriso caloroso.
— Possivelmente... — Aproximou-se ainda mais de Astrid, olhando para baixo, tentando encará-la. — Você sempre fica linda, quando está com ciúmes. — O tom provocativo brilhava em sua voz.
— Não estou com ciúmes. — Afirmou, mas nem ela mesmo confiava em sua própria voz.
— Sim, claro, e você com certeza acredita nisso. — Disse inclinando-se ainda mais perto.
LeClark, não era idiota, já havia sacado o jogo do outro. Colocando, rapidamente, seu braço ao redor do pescoço dele, enquanto acariciava a ponta de sua nuca, com as unhas.
— Quem é a da vez?
— Megan Harrison, filha de Dionísio. Ela estava com Tomás, da ultima vez que eu a vi. — Respondeu, direcionando o seu olhar para outro lugar, longe dos olhos da mais velha. — Seu Herói, parece estar querendo me matar.
— Hmm... Sério? — Puxou a cabeça dele para baixo, depositando um beijo em sua bochecha. Encontrando o nome que ele havia citado. Aproximou sua boca do ouvido do garoto, sussurrando. — Boa sorte, Arqueiro, ela também está nos olhando.
O rosto de Fletcher, virou-se para encarar Astrid. Um sorriso feliz, adornado em seus lábios.
— Você é uma peste, Ash. — O olhar variava entre os olhos e a boca da garota, sabendo das pessoas, que os encaravam. — Por isso, somos uma ótima dupla.
— Sem ofensas, garanhão, mas eu não formo duplas com garotos. — O sorriso brincalhão estava de volta em seus lábios, enquanto ela fazia uma referência ao jogo que ocorreu horas antes.
— É claro, não faço parte do seu trio de ouro, né? — Comentou, citando, indiretamente, Clarisse e Silena.
LeClark, aproximou ainda mais o rosto dos dois, fazendo os narizes se encontrarem.
— Ainda bem que você...
— ASTÓRIA LECLERC!
Ambos afastaram-se, imediatamente, sentindo todos os olhares em cima deles.
Em qualquer outra ocasião, isso poderia parecer algo ruim. Mas no joguinho que eles se encontravam, era ótimo.
O olhar assustado de Astrid, deparou-se com Senhor D., que portava consigo uma cara fechada, algo incomum na face do mesmo.
— Sim, Senhor Pinga? — A voz da garota soava com uma inocência absurda, tentando exalar uma falsa ingenuidade.
— Nem começa, pirralha. — Sua voz era alta e já estava meio irritadiça. — Temos que conversar.
— Claro, Biritinha, sem quaisquer problemas. Só deixa eu marcar um horário na minha agenda e...
— É sério, Astória. Só me segue, de boca calada. — A voz de Dionísio tornou-se franca, impondo seu poder sobre os presentes, e colocando fim as brincadeiras de LeClark.
Normalmente, ele não se incomodaria, apenas replicaria a zoeira, ou a xingaria. Porém, nenhuma das opções aconteceram.
Antes que ele começasse a andar, colocou dois dedos nos olhos e apontou os mesmos para Lee, simbolizando um "estou te observando". Então, saiu andando em direção a Casa Grande.
Astrid, estava nervosa, mas mesmo assim soltou uma risadinha fraca pela ação do deus. Despediu-se com um acenar, e caminhou atrás dele.
Assim que passaram perto de Luke, piscou em sua direção. Enquanto seus lábios perguntavam "Gostou, Herói?", sem sair nenhum som.
O garoto soltou uma risada de escárnio para a pergunta, e pela sua cara, era nítido qual seria a resposta.
Ele havia detestado.
Talvez fosse, por isso, que Drew, havia desaparecido. Fazendo, Tempestade, sentir que seu dever foi cumprido.
— Perseu? O que você está fazendo aqui? — Astrid o interrogara, assim que pisou no ambiente.
Era comum, que ela fosse na Casa Grande, para resolver algumas questões. Porém, quando isso ocorria, ela iria sozinha.
Seus pensamentos começaram a correr em busca de respostas, analisando as faces de todos ali presentes. Encontrando somente uma coisa que definia o que estava acontecendo.
— Nem pensar. — Afirmou, impedindo que Percy a respondesse. — Nem morta, que eu irei em uma missão com ele. Vocês sabem os riscos que trazem, juntando dois filhos dos três grandes.
O olhar de Astrid era feroz, como se estivesse pronta para brigar por aquilo. A final, ela não podia se envolver em uma missão, justamente agora, que sabia o quanto sua profecia estava perto.
— Missão? Do que ela está falando? — O menino Jackson, parecia confuso com o que ocorria. Estava na festa, conversando - ou melhor, discutindo - com Annabeth, quando Quíron apareceu, trazendo-o até esse lugar.
— Já faz meses que, Zeus e Poseidon, estão em uma disputa pelo raio mestre. — O olhar do centauro foi direcionado a LeClark, quando proferiu o restante da frase. — O símbolo da autoridade de Zeus.
Vendo o nome de seu pai e o de Astrid sendo citados, os olhos de Percy, foram em direção a mais velha, tentando buscar alguma informação em sua face.
Mas tudo o que ele encontrara fora rancor. Ela parecia rancorosa com algo que nem havia acontecido, ainda.
— E ele foi roubado. — Quíron terminou seu discurso, ainda encarando a filha do Senhor dos raios.
Tempestade, sabia muito bem o motivo pelo qual ele a encarava. Porém não expressara isso em sua cara, tentando manter-se o máximo indiferente a toda situação.
— Quem o roubou? — Perguntou Percy.
— Você roubou. — Afirmou Senhor D., com um tom um tanto sarcástico.
Vendo a careta que foi formada no rosto de Perseu, e sua pergunta chocada, a garota soltou uma pequena risada. Sendo repreendida pela face séria do centauro.
— É claro... Papai, tinha que buscar alguém para culpar. Então, porque não, uma criança, igual a ele, não é? — Seu jeito de falar, quase duplicava o de Dionísio.
— Eu não fiz nada, eu juro. — Jackson falava trêmulo, tentando provar sua inocência.
— É claro que não, mas seu pai precisa de sua ajuda. Se ele não devolver o raio até o solstício de verão, em uma semana... Haverá uma guerra. — O tom de voz era sério, ecoando um certo medo da missão dirigida ao garoto tão novo.
Querendo, ou não, isso fez o corpo de Astrid, tremer. Sentindo um deja vu, na situação em que se encontrava.
— Então... A missão é recuperar o raio mestre, em uma semana, sem fazer ideia de onde ele está, e, ainda, descobrir quem o roubou? — Perguntou com apatia. — É, boa sorte para você.
O olhar da garota foi direcionado a Percy, e um mínimo sorriso apareceu nos lábios dela.
Não, ela não achava aquilo engraçado ou divertido, pelo contrário, sabia a gravidade do que ocorria.
E, por esse motivo, não queria se envolver. Já tinha problemas demais para cuidar.
— Na verdade, sabemos onde ele está. — Afirmou Quíron, ganhando novamente a atenção dos jovens. —Existe um terceiro irmão, que ficou ressentido pelos outros dois.
— Hades... O raio está com ele, no mundo inferior... — Divagou Percy, tentando processar a situação, em seu todo.
— Desde quando Hades ficou ressenti...
Rapidamente fora cortada, pela cara séria que Dionísio a lançou, mandando ela calar a boca, indiretamente.
— Eu sei que parece assustador, mas você não estará sozinho. – O olhar do centauro foi direcionado a Tempestade. — Astrid, é uma das melhores semideuses, em todos os sentidos e eventos. Ela poderá ajudá-lo, independente, do que aconteça.
— Sem ofensas, Quíron, mas, nem fuden...
— Linguagem.
— Nem que a vaca tussa, eu irei nessa missão. — Sua voz era irritada, mas, também, respeitosa. A final, ele era um dos poucos que havia conquistado o respeito da garota.
— Digo o mesmo, boa sorte para acharem a galera, porque nós não vamos.
— Zeus e Poseidon, convocaram vocês para essa missão. Essa é a vontade deles. — O tom do centauro se tornava cada vez mais rígido.
Antes que LeClark pudesse discordar disso, Percy respondeu.
— Poseidon me ignorou, durante toda a minha vida.
— Você é filho dele. — Afirmou Dionísio, dessa vez com uma voz séria.
— Eu sou filho da Sally Jackson.
— Quem é Sally Jackson? — Perguntou o deus, completamente confuso com tudo o que o menor falava.
— Foi a única que se importou o bastante para se denominar minha mãe. Foi ela quem acabou morrendo, para que eu pudesse estar seguro aqui. — Assim que as palavras foram proferidas, todo o corpo de Astrid se arrepiou.
Ela conhecia aquele fervor, aquela fúria, aquela indignação. Passara por aquilo, quando mais nova.
Entendia, perfeitamente, o ódio que ele sentia, por negarem sua mãe, como sua verdadeira figura familiar.
— O destino do mundo, agora, está por um fio. Você vai aceitar essa... — O deus fora impedido de continuar gritando com o mais novo, por uma voz forte e autoritária o chamando.
— DIONÍSIO! — Era como se trovões pudessem ser ouvidos, quando o grito de Astrid foi pronunciado.
As mãos dela bateram na mesa em sua frente, enquanto soltavam pequenos choque elétricos. Seus olhos, antes negros, agora brilhavam em um tom de cinza escuro.
Ela já estava irritada com os eventos de Luke, e, tudo piorou quando ouviu, o deus do vinho, tratar o garoto daquela forma, mesmo quando ele falou sobre o falecimento de sua mãe.
O ódio a fazia tremer. As memórias passando em sua mente sem parar. E a dor em sua perna, era um aviso, de que aquilo nunca acabaria.
Senhor D. arregalou os olhos por milissegundos, mas logo os tornou normais, mantendo a fachada séria, de volta a sua face.
Aquilo o assustara, momentaneamente, o fazia lembrar de alguém.
Astrid LeClark, com aqueles olhos tempestuosos, fúria sem fim, e a voz autoritária, o lembrava de Zeus.
Ela estava, praticamente, igual a ele, naquele momento. Quase idêntica ao seu pai.
E isso, o assustara. Não a garota, mas sim, o que ela poderia se tornar.
— Oi pessoal. — A voz gentil de Grover, surgiu do nada.
— Grover... Agora, não é hora.
— Desculpa senhor, mas eu tenho notícias.
— Grover...
— A Sally Jackson, está viva. — Quando as palavras foram ditas, um enorme silêncio surgiu na sala.
Astrid, voltou para o lado de Percy, com seus olhos negros, novamente. Sua face estava recheada de choque, tentando entender como aquilo era possível.
— Parecia que ela tinha morrido, mas foi só uma impressão. — Dionísio tentou impedi-lo, porém não conseguiu. — A sua mãe foi raptada, pelo Hades. O que, quer dizer que ele está com ela, no mundo inferior. É para lá que eles querem que você vá, não é?
O olhar de Perseu começou a variar entre todos presentes na sala. De repente, sentindo uma mão encostar, levemente, em seu ombro.
Quando olhou a direção de onde ela vinha, encontrou Astrid LeClark, sorrindo para ele, tentando transmiti-lo um certo conforto.
Na cabeça do mais jovem, parecia que ela estava tentando dizer que, caso ele precisasse, ela estava ali, do seu lado.
E isso, estranhamente, o relaxou.
— Se você encontrar sua mãe lá, vão conseguir trazê-la de volta. — Afirmou o sátiro, em um tom calmo e reconfortante.
O menino Jackson respirou fundo, direcionando seu olhar, novamente até a filha de Zeus.
— Você vai vir junto? — Ele sussurrou, para que apenas ela o ouvisse
— Vamos trazer sua mãe de volta, Peixinho. — Respondeu, ainda mais baixo, enquanto mantinha o sorriso em sua face.
Essa resposta era tudo o que Percy precisava, voltou a encarar os três em sua frente. Sentindo a mão de Astrid abaixar, até que segurasse a dele.
— Quando começamos? — Sua voz soava determinada, tendo um objetivo em mente.
Um objetivo que ambos cumpririam.
Juntos.
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Avisos da autora:
ϟ 001. OIIII MEUS BENNSSSS!!!!!! TUDO BEM COM VOCÊS? De verdade, espero que sim, porque comigo, está tudo ótimo. Apenas tirando a correria da rotina, mas acontece né?
ϟ 002. Como sempre, venho agradecer a vocês por todo carinho e repercussão da minha fic, isso me deixa MUITO feliz, sério ♥︎♥︎♥︎ Gostaria de pedir que, se possível, comentem seu feedback do capítulo e votem nele, também, fazendo o favor!!!!!
ϟ 003. O assunto que eu quero falar com vocês hoje é sobre a modificação na idade de alguns personagens. Não sei se vocês já notaram antes, mas a idade de algumas pessoas, foi sim, alterada. Essa é as idades deles na minha fanfic:
ϟ Drew — 16 anos
ϟ Silena — 16/17 anos
ϟ Clarisse — 17 anos
ϟ Charles — 18 anos
ϟ 004. Além do mini spoiler, decidi que farei uma perguntinha a vocês, por episódio. Então, a pergunta da vez é: Qual personagem vocês estão mais ansiosos para aparecer na fanfic? E pq?
ϟ 005. Curiosidade: Vocês sabiam que a Lacy e o Lee Fletcher são personagens do Rick? SIM! Ambos estão presentes no universo de PJO, porém não possuem muita relevância (falando, principalmente, da Lacy, que não tem nem sobrenome oficial kkkkkkk). Então eu peguei o que tem, e transformei eles em personagens, que possuem seu papel aqui da fic.
ϟ 006. Sinceramente, espero que tenham gostado do capítulo, até o próximo ♥︎♥︎♥︎♥︎♥︎ ESPERO VOCÊS NO PRÓXIMO DOMINGO, ÀS 22H!!!!!!
Obs: Lembram do mini spoiler do último capítulo? Pois bem, juntem ele com o de hoje, essa é a minha dica para vocês hehehehehe
Eu já perdi muitas coisas, não posso perder você também.
© paracossmo
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