Capítulo Único
Quinta fic de minha autoria postada para o WeekMonth, o tema do dia é: Espaço pessoal. Essa é para os fãs de DaiYui! (Até hoje não sei a tag...)
Essa capa maravilhosa foi feita pela princesa SraAmontillado, e a betagem impecável foi feita pela writxboutsannie. Obrigada novamente!
Rádio tocando!
Passarinhos cantarolando!
Ovos estrelando!
Batido quase pronto!
E... A melhor parte do dia!
— Vem cá, Fluffy! — Segurou o seu amorzinho nos braços!
Não que Yui precise de muito para que Fluffy pule nela, bastava ligar a batedeira que ele percebia logo que a mamãe estava acordada!
"Reações químicas aliadas aos genes podem ajudar uma pessoa a encontrar o seu par ideal!"
E, como sempre, aquele programa adorava falar sobre temas totalmente nada haver, felizmente, Yui gostava!
Vinte minutos depois a mulher já se dirigia ao trabalho tranquilamente! Ser dona e gerente tinha as suas vantagens, e receber um cumprimento caloroso da parte de todos os outros trabalhadores, era uma delas.
— Senpai, o carregamento chegou! — Uma das trabalhadoras anunciou, então ela e mais um dos trabalhadores foram em direção ao depósito para verificar se estava tudo certo, mas, não estava.
A rádio não tocava.
Ainda assim os passarinhos cantarolavam.
Os ovos estrelavam.
Mas a batedeira não funcionava.
Fluffy aproximou-se da dona e a cheirou como se a estranhasse, e isso foi o suficiente para Yui despertar e perceber que, por pouco, não queimou os ovos que fazia.
— Ah não! — Reclamou, apagando imediatamente o fogão e retirando os ovos — agora torrados — da frigideira. — O que deu em mim?! — Perguntou, saindo cambaleando da cozinha até a sala.
Fluffy a seguiu sem hesitar, o comportamento normal da companheira parecia degradar aos poucos desde a semana passada, mas, diferente do comum, ela não conversou com ele para desabafar.
A mulher apenas afagou o pelo do companheiro antes de sorrir e levantar, ainda teria que trabalhar!
Apesar do começo conturbado, o dia acabou sendo um dos melhores!
A morena riu e se divertiu bastante, graças aos seus companheiros de trabalho que não gostavam de enxergar seus olhos tristes.
Era até irônico como ela conseguia ser feliz, mesmo sem a sua cara metade. Há três anos, ela simplesmente não acreditaria nessa possibilidade, uma vez que era perdidamente apaixonada. No entanto, quando o tempo e os objetivos se encarregaram de separar os seus caminhos, eles simplesmente se deixaram levar, porém, agora eram adultos, sabiam lidar com tudo, inclusive suas emoções, certo?
Errado!
Semana passada, alguns homens tentaram um assalto que talvez não terminaria bem, e isso porque Yui foi feita de refém. Ela até tentou livrar-se do cara que segurava seu braço direito de forma bruta, mas isso apenas fez com que o homem, ligeiramente mais baixo que ela, contudo, mais forte, fizesse disparos aleatórios pela loja, atingindo um dos seus companheiros. Felizmente, foi de raspão, então, ele já não sentia nada.
Nos minutos seguintes, a polícia já estava no local, e, em pouco tempo, os criminosos já estavam presos. Então, estava tudo bem na loja, mas não estava tudo bem com a morena que se culpava por algumas coisas como: Não ser forte o suficiente para livrar-se do cara que a segurava e por provocá-lo ao ponto de o forçar a executar disparos o que prejudicou o seu companheiro.
"É preciso ter muito azar..."
Foi o que ela pensou enquanto se dirigia para a delegacia com a intenção de prestar depoimento.
"Eu sei que o azar existe, mas isso é azar demais!"
Foi o que ela pensou, quando descobriu que o delegado que cuidaria do caso era, ninguém mais ninguém menos, que Daichi Sawamura, seu interesse amoroso do ensino médio e da universidade.
Nem é preciso comentar o quanto ele ficou feliz de reencontrá-la, embora as condições não fossem as melhores. O moreno continuava com aquele sorriso gentil e aquele olhar determinado, e isso fez com que a mulher voltasse a sentir coisas que ela inconscientemente não quis mais sentir.
E, após o depoimento, eles continuaram conversando como dois velhos amigos, até a velha Yui Michimiya voltar do além apenas para dizer que ele amadureceu, mas continuava a ser o gentil e determinado Daichi que ela, um dia, amou. E como magia, ela voltou a ser a antiga Yui que simplesmente não conseguia conversar com ele sem suas palavras escaparem, o que o fez rir, e a fez fugir sem desculpas nem nada parecido. Ela simplesmente levantou e fugiu dele.
Engraçado que agora ela estava desligada da realidade, e tudo porque, na manhã seguinte, seu programa de rádio favorito falava sobre, nada mais nada menos, do que reencontros amorosos e suas vantagens.
Com certeza ela não precisava daquilo justo naquele momento, mas não era o seu caso, então, ela não se preocuparia!
— Senpai, tem um homem querendo falar com a senhora! — Avisou sorrindo.
— Um homem? — Perguntou acreditando ser um cliente, mas suas pernas se fixaram no chão e suas bochechas ficaram rubras ao perceber que seu crush, ou melhor, seu "ex-crush" sorria e acenava para ela. — Isso não pode ser verdade... — Sussurrou temerosa.
E sem saber como agir, ela simplesmente o encarava enquanto ele se aproximava, mais e mais. Até ficar pertinho.
Nos minutos seguintes, eles estavam conversando. Claro que ela concentrava-se ao máximo para não passar vergonha na frente dos companheiros de trabalho, mas era evidente que estava nervosa diante do moreno. E quando deu por si tinha um encontro marcado para Sábado à noite.
Daichi era muito persuasivo. No entanto, em todas as tentativas de convidá-la, Yui inventava alguma desculpa para não ir, até que uma de suas colegas, cansada do enrola e desenrola da chefe, simplesmente sugeriu o fim de semana, afirmando que não haveria trabalho para ela no dia.
E lá estava ela, pronta para descer do seu Volkswagen T-Cross Highline apenas para se encontrar com seu atual ex-crush.
O restaurante era simples e bonito, aquele ambiente lembrava o de seu antigo restaurante predileto, o que a agradou!
Daichi a viu, linda, em seu vestido simples com estrelas estampadas, surpreendentemente os cabelos curtos ainda eram charmosos e a deixavam com um ar independente. Ele levantou-se parando de encará-la com cuidado, não queria ser mal interpretado.
O jantar estava agradável e, pela primeira vez, após o reencontro, a morena não parecia querer fugir ou se esconder. Na verdade, ela estava confortável com o ambiente.
— ... Na verdade eu gostei desse restaurante, faz-me lembrar do restaurante que eu frequentava quando entrei para a faculdade. — Confessou em meio a uma conversa. — Ele chamava-se...
— Seiji-Star! — Falaram juntos. — Eu sei! — Sorriu sincero, e Yui se desesperou ao notar seu coração descompassado. — Na verdade, eu escolhi esse lugar justamente por isso. — Contou. — Como o restaurante fechou a três anos, eu achei que talvez esse te deixasse confortável! — Agora a mulher entendia o porquê da escolha tão inusitada.
— Oh! Você lembrou! — Animou-se!
— Claro, foi o lugar do nosso primeiro encontro! — Falou sem pensar e amaldiçoou-se por deixá-la desconfortável. — Michimiya, eu...
— Não, eu entendo... — Sussurrou. — Desculpa, Sawamura... — Começou levantando. — O tempo passou, mas eu ainda sou a mesma garota que estragou tudo no passado... — Lamentou. — Talvez... Talvez você tenha mais sorte com outra pessoa! — Sorriu tristemente, encarando-o antes de sair do estabelecimento sem olhar para trás, deixando-o totalmente triste sem perceber.
Chegando em seu apartamento, a morena percebeu que a porta estava ligeiramente aberta, poderia ser por qualquer motivo, mas ela estava abalada demais para pensar em qualquer um que não fosse sua distração diante a seus pensamentos em relação ao seu encontro, até porque a segurança do edifício era bem rigorosa.
Tudo o que Yui fez foi entrar e deitar no sofá após trancar a porta, agora finalmente poderia culpar-se por ser um fracasso no amor sem ser incomodada.
Era engraçado, ela literalmente teve a oportunidade de alcançar o seu amor inalcançável duas vezes, e nas duas estragou tudo.
Na primeira vez Yui sentia-se sufocada. Era tudo novo, a rotina, os colegas, a carga de trabalhos universitários e o começo de uma relação amorosa com Daichi. Não, eles não chegaram a namorar, e isso porque ela se sentia perdida com tudo e precisava de espaço.
Daichi compreendeu e deixou que ela decidisse quando estivesse pronta, mas esse dia nunca chegou e eles afastaram-se tanto ao ponto de não mais saberem nada um do outro, até aquele dia. E agora, naquela noite, ela estragou tudo outra vez, embora devesse ter feito o contrário, aproveitar o momento e recomeçar.
"Isso é azar demais..."
Pensou enquanto aguardava Fluffy chegar e pular no colo dela.
Fluffy era o único ser que a fazia sentir-se com sorte, e isso desde que o viu com aquele olhar pidão na vitrine do petshop a dois anos, ele a relaxava e a compreendia como ninguém. Não a julgava e despertava sempre uma poça de alegria, mas agora o Golden Retriever simplesmente não aparecia.
— Fluffy? — chamou. — Fluffy, a mamãe chegou! — anunciou, mas nem um sinal do cachorrinho. — Fluffy! — Saiu do sofá para procurar pela casa. — Fluffy! — Sem sucesso em sua procura, a imagem da porta semiaberta invadiu a mente dela, o que fez seu desespero aumentar.
Após algum tempo procurando pelo edifício, a mulher chegou a conclusão que seu companheiro não se encontrava mais naquele local. Ainda decidida, e com ajuda de dois vizinhos, ela saiu procurando por ele e teve sorte ao encontrá-lo, embora não estivesse sozinho.
Para sua sorte, novamente o seu companheiro sortudo era vigiado pelos deuses e acabou encontrando um policial que o levava para casa, mesmo recebendo seus latidos bravos. E embora o policial fosse justamente o seu crush, que provavelmente estava atrás dela para conversar sobre o jantar, Michimiya estava feliz.
— Fluffy! — Abraçou-o assim que Daichi o entregou para ela, o cachorro não esperou e lambeu a bochecha da dona como cumprimento. — Não voltes a fazer isso! — Pediu aliviada. — Sawamura, eu... Não sei como agradecer... — O moreno sorriu fraco para ela.
— Apenas continue sorrindo. — Pediu antes de começar sua marcha para casa.
Ele queria falar com ela e acabou cruzando com o cachorro raivoso perdido por aí. Parecia até que aquela fofura havia cismado com ele. Mas, ao ler a morada registrada na coleira juntamente com o sobrenome da mulher que ele queria encontrar, não hesitou em continuar o seu caminho.
Porém, agora diante dela, Daichi acabou percebendo o óbvio. Novamente estava invadindo o espaço dela, e não era assim que deveria ser. Então, mesmo a amando como antes aprendeu a amá-la, ele decidiu não invadir novamente. Se Michimiya preferia assim, então assim seria, mesmo doendo em seu coração.
Talvez ele devesse perguntar primeiro se ela ainda o amava, ou se ela já estava pronta... Mas não o fez, e acabou estragando tudo outra vez.
Pelo menos, era o que ele pensava até ouvir o latido potente de Fluffy, junto a um abraço por trás.
— Yui?... — Percebeu que era ela.
— Talvez... — Ela sentiu-se extremamente desconfortável por ser um ato anormal, mas era aquilo que ela queria fazer. — Talvez nós devêssemos sair um dia desses... C-Como amigos... Para começar...
E, após segundos sem reação alguma, Daichi apenas sorriu, por alguma razão, algo o dizia que aquilo era um recomeço.
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