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- XV -

O aythir flui em tudo e por ele tudo flui, nisso se engendra a beleza dos mundos e o terror profundo do abismo. Essa verdade sempre ecoou através das eras, antes dos homens, antes dos primevos e quiçá antes dos deuses. Sabe-o e decifra este mistério somente o Grande, aquele sem nome, pelo que todo aythir, essência sublime e energia insondável que sustenta as coisas em devir, serve-lhe de epíteto.

- Recordo-me claramente do que Kanda disse, recordo-me sempre. - Explicou Erastos, como talvez um jogador falasse ao adversário o segredo do sucesso de sua grande jogada assim que o derrotara: - "Até a mais amena brisa carrega a força do Grande Aythir e serve de elo na corrente perene das Gestas".

Era esse o ponto em que ele queria chegar, a provocação do jovem se sustentava no fato de que, por mais que a deusa o desprezasse, o ghmane tinha motivos para acreditar que o próprio pai insondável agia através dele. E não estar a mercê do poder de Aythila era para ele uma boa prova disso.

- Ora, como ousas desafiar-me, ghmane? - Replicou irritadiça a bela ruiva, mas a seguir se calou, tentando encontrar uma solução para o impasse. Constatava que não podia obliterá-lo, obviamente que não por causa do poder dele, mas pela égide de Kanda, a regente daquela era, a senhora do cetro. E era forçoso admitir, por isso, que não estava em condições de sobrepujar qualquer determinação de sua gêmea. Com efeito, somente o poder do Grande Aythir faria diferença nesse caso.

Mas Aythila não era tola e se vez e outra tenha falhado em seus ardis, por não conhecer muitos dos meandros pelos quais a vontade de seu pai se presentificava, não era desprezível seu conhecimento de Aldamā. De maneira que, nesse quesito, nenhum ghmane, por mais que o instruíssem os maghim, chegaria a seus pés.

Ela sorriu triunfante novamente. A malícia se estampou no rosto da deidade. E Erastos por um momento enxergou-lhe a beleza, não como a de Kanda, por mais que ambas se assemelhassem, mas a selvagem beleza do perigo. Ela então o rondou como uma fera se assegurando de que não restaria nenhum ponto de fuga a sua presa. Toda excitada de sua caçada.

Erastos considerou que ela tramasse algo, pois mesmo não sendo versado nos mistérios das deidades, ainda assim tinha lá suas qualidades de mortal quase em níveis que o excepcionavam. Sentia-se, com efeito, no ponto máximo de sua existência. E não havia dúvida quanto a isso. Desde já sua lenda se gravara no Livro de Erdamemna, para ser contada através da eternidade, de maneira que sua peripécia com as deusas gêmeas não se perderia na corrente das Gestas.

E novamente Aythila o dominou com seu poder e, presunçoso, riu o jovem mago-aprendiz por nada de surpreendente acontecer-lhe desta feita. Mas para sermos fiéis aos fatos, devemos dizer que havia também um certo alívio em suas feições e não um deboche escancarado.
No entanto, Aythila lhe retribuiu o sorriso e havia quase que uma mútua compreensão e admiração entre eles nesse momento.

Após então elevá-lo a duas varas do chão dentro da rubicunda bolha de seu poder, ela mesma se elevou do alto do terceiro monte da Muralha Viridente. Distraindo-se por um átimo com a visão imponente de sua odiada Thalindari, salpicada pela luz bruxuleante de tochas e candeias, em contraste à escuridão do Golfo dos Magos que a emoldurava ao fundo. Sua vingança estava por vir! Ela pensou, aproveitando cada segundo.

Cada vez mais alto, Erastos teve medo. Estava, de fato, sendo engolido pela fauce negra do céu noturno, rumando às misteriosas entranhas de mil mundos intangíveis aos mortais. Ele se contorceu diante dessa ideia, querendo escapar, mas, ao olhar para baixo, temeu cair ao constatar a altura de um outro abismo a seus pés.

- O que estás fazendo, diwanti? - A pergunta fora num tom mais gentil do que o costumeiro e dir-se-ia piedoso. Mas era apenas o de um Erastos acuado.

- Ah! Meu escolhido, hoje resolvi dar-te tudo que o que desejas! - Seu riso parecia de uma garota galhofeira. - Mas, e não seria justo se assim não fosse, provarei se o mereces! Fique feliz, se tudo der certo, e confesso que não há muitas certezas em relação a esse assunto, tu receberás um quinhão de aythir que nunca coube a nenhum mortal, mas dentro de ti irradiará a sagrada diwein, uma das joias sagradas da coroa de meu Pai, pelos quais, de si, engendrou-nos, os deuses, de sua pura divindade! Todavia, preciso levá-lo comigo aos domínios do Grande, um pouco além das orlas do Manto Azul, pois não há como simplesmente trazê-la ao teu mundo. - E como a estimulá-lo, arrematou: - Exulta, ó mortal, pois o que nenhum humano viu lhe será dado hoje!

*

Sua pele regelou, o ar lhe faltou. Mas ele não morreu. A luz o cegou além do páramo e não é certo dizer que tenha visto os mundos acima, antes foi sua mente que se integrara a complexos fluxos de aythir, numa tecitura que jamais experimentara no mundo abaixo.

Não ouviu nada também. As vibrações lhe traziam o sentido, informavam-no das personas e seus movimentos e de seus discursos. Entre muitos, um que era o mais sublime, indumentado de joias e pedras preciosas, dourado e prata, embora, por um mistério, Erastos soubesse que aquele ainda não era o Pai.

- Ó Irmão! - foi como Aythila o chamou. - Sagrado Kron, de uma miríade de joias, tecelão do manto, Voz do Pai, Silêncio do Pai. - A ele e somente a ele entre os deuses a orgulhosa deidade era reverente. - Atenda o meu pedido se bem te parecer, mas escuta e não ignore o argumento que te ofereço.

Houve silêncio.

- Esse é o meu campeão, o meu escolhido, dele farei minha arma contra o terror de Jamasur, o que dorme nas montanhas de minha irmã Aldamā e a tem presa no torpor que lançou sobre ela por eras de escandaloso escárnio, ante a omissão de Kanda, a digna do cetro.

Novamente silêncio.

- Então... - hesitou. - Tu mo darás, irmão? - E um pouco depois, ela ria nervosa como se o assentimento se lhe houvesse dado. E histérica, dir-se-ia se fosse uma reles mortal, ela completou, rindo ainda mais. - Grata a ti pelas eras eu sou, ó generoso entre os deuses!

A seguir, tão logo recebera a dádiva de Kron, Aythila se aproximou do jovem ghmane, que seguia totalmente inânime na prisão do rubedo.

- Abra a boca, mortal! Receba o quinhão sagrado, a diwein. - Ela disse a ele qual um curandeiro ao ministrar um remédio. E o rapaz obedeceu, mesmo porque seu corpo não estava exatamente sob seu controle para que se rebelasse.

E no instante seguinte, o poder dos deuses estava dentro dele, convulsionando. Ele pensou que iria regurgitá-lo, mas subitamente um milhão de estrelas explodiram diante de seus olhos, quebrando a redoma que o envolvia e mantinha suspenso.

Entretanto, mal tivera tempo de apreciar a extensão de seu novíssimo poder, algo terrível, como se fosse um tentáculo invisível, enroscou-se em sua perna. Ele sentiu, mas não viu nada.
E aquilo o puxou tão bruscamente que Aythila nada pode fazer para impedir que Erastos se precipitasse numa queda veloz na direção do mundo abaixo.

A passagem pelo manto, abrupta, feroz, dilacerou sua pele, esfolou-o, partiu seus ossos. E a dor que o ghmane sentiu, repetia-se e repetia-se, sem que conseguisse morrer de pronto, coisa que talvez lhe fosse uma benção.

E a queda de Erastos, mago-aprendiz de Thalinadari, prosseguiu longa, quase infinita. Enquanto ele sentia frio e calor e, pior que os dois, o vento cortante do páramo mais alto, que o desmembrava aos poucos, dissecando sua carne e tornando mais lenta e cruenta a sua marcha para a morte.

*

E esse espetáculo macabro, foi observado ainda um pouco por Aythila a Rubra, com certo pesar ou talvez decepção, há quem diga. Mas ao compreender o fracasso de sua maquinação, num certo momento, deu de ombros a tudo aquilo, indiferente a outras consequências de seus atos. Apenas se recolheu ao seu orbe, para descansar. De maneira que nem mesmo viu quando o corpo esquartejado de Erastos caiu nos campos ao norte de Thalindari, onde os ghmanim plantavam hortaliças.

A propósito, foi por causa desse dia que aquela região ficou conhecida como Campos de Edhisendil, palavra que na língua dos maghim significava "Arrebatado". E toda a lenda de Erastos, que se contou por muitos anos depois sem ser esquecida, sempre se referiu a ele com esse nome e poucas vezes se fez referência ao jovem dos ghmanim como Erastos. Os motivos disso, no entanto, pertencem a outras estórias e não ficariam bem de arremate a esta.

E por fim, vale mencionar que o espetáculo grotesco da queda do único humano a conhecer o mundo dos deuses foi noticiado por muito tempo como a Semeadura de Sangue. Título que muitos consideram desagradável para uma estória e já espantou muitos frequentadores mais sensíveis das audiências dos bardos, de maneira que o evitamos ao recontar essa lenda, preferindo tributar esses fatos todos às ações intempestivas de Aythila a Rubra, o que justifica o título escolhido.

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