Era noite de vinte e cinco de julho, a pequena casa em que morava começava a tornar-se opressiva. Toda aquela espera estava me deixando altamente ansioso.

Há dias não tinha notícias de Theo, em nosso último contato combinamos de nos encontrarmos no lugar de sempre. Para minha surpresa, quando cheguei ele não estava lá. Esperei pacientemente por duas horas e vinte e cinco minutos.

Sete doses de tequila e algumas lágrimas frustradas depois, fui-me embora.

A única coisa que sabia era que não haviam certezas.

De certo a conexão entre nós era real, não podia ser diferente, mas havia certa confusão e intensa indecisão pairando sobre nossas cabeças, a cada dia, cada hora e minuto de nossas malditas vidas.

Theo nunca me deixaria na mão, ainda mais depois da confissão inoportuna que pairava sobre nós, e também tinha a assustadora - e incômoda - situação em que nos encontrávamos.

Perdidos.

Totalmente destroçados.

Sem paz, sem razão. Não havia mais propósito em existir.

Se me dissessem que o ansiado encontro não existiria, acredito que desistiria de viver sem hesitar. Não me mataria, obviamente, não sou tão fraco assim. Mas talvez minha fortaleza seja apenas o esconderijo de uma profunda covardia.

Não tenho as respostas.

Ninguém as tem afinal.

A única coisa que sei no fundo de meu ser é que Theo e eu nos encontraremos. Temos um acordo, o trato está feito, não há razões para retroceder.

Talvez não haja mais volta. É muito bom que não haja retorno para a estrada que tomamos.

Não quero voltar.

Theo garantiu-me que também não o quer.

Estamos juntos nessa, até o fim. É o certo a se fazer, permanecer juntos.

Juntos.

Conto as horas com impaciência. O momento aproxima-se.

Por que ele ainda não fez contato? Terá desistido?

Acho que não. Theo possui admirável firmeza em suas convicções. É um homem de palavra. Acredito que a honra de um homem seja seu bem de maior valor.

Gostaria de ser como ele às vezes, mas sou como mar revolto. Em momentos de fúria causo ruínas e destruição com ondas agitadas e barulhentas, mas quando a maré da raiva escoa, sigo manso, quase indiferente.

Theo virá ao meu encontro, sei que ele virá. Quando ele chegar serei tempestade, correrei para ele e nos molharemos em chuvas intensas.

Sim, ele não tardará a chegar.