Cap 14. Sala da diretoria.
— Entendi — Hanna falou abrindo a latinha de refrigerante que Thales deu para ela — foi isso que ele disse... — e deu um longo gole em uma latinha de refrigerante de laranja, qual era o seu preferido.
Depois de discutirem o plano para invadir a diretoria, o que não fora tão difícil assim aliás, Thales solicitou o tempo que tinha pedido antes para conversar com Hanna, e os dois foram para o lado de fora da escola conversar um pouco, longe dos seus amigos. Sentia que esses tópicos eram pessoais para conversar perto de toda a equipe e, sinceramente ainda não sabia em quem confiar direito, ou até onde aquela garota sabia.
No caminho achou prudente comprar um refrigerante para refrescar, afinal o dia estava bem quente, e deu a ela uma latinha comprada na máquina de vendas automática, e por algum motivo quando viu vasta aquelas opções de bebidas, sentiu seu peito esquentar com as palavras que lhe veio à mente "ela deve gostar de refrigerante de laranja" fato que o fez comprar aquele sabor, e ver com um sorriso surgir do rosto dela, mesmo claramente estando desconfortável por saber o tópico daquela conversa.
— Sim — Thales a confirmou olhando a moça —, olha Hanna, não tenho nada contra você, mas isso é estranho, tem de ter pelo menos alguma lógica para um desconhecido ter dito isso para mim, você sabe de alguma coisa? Por favor, é o meu pai...
— Meu senhor — ela falou —, ele está querendo jogar com nós dois.
— Por que ele faria isso? — Thales indagou — eu nem mesmo o conheço.
— Ainda — ela suspirou. — Sei que você pode achar que seu pai traiu sua mãe e fugiu, mas não foi isso que aconteceu, apenas... a história dele está se cumprindo, assim como a sua.
— Você poderia parar com esses jogos de palavras? — disse irritado — por que sempre que eu converso contigo sinto que tenho de resolver um enigma?
— Porque eu não deveria me envolver como estou me envolvendo agora — fora a sua resposta — meu senhor, o que posso lhe contar é que seu pai conseguiu um... "emprego" nos confins do tempo e, o que você acha que foi uma traição, não passa de um terrível mal entendido.
— O que aconteceu de verdade então? E quem é o professor de história?
— Há partes dessa história que nem eu mesma sei — por fim disse, frustrada — e quanto ao professor... ele é alguém que faria qualquer coisa para chegar ao seu objetivo.
— Que seria?
— Chegar na origem — ela olhou para o rosto dele, que parecia ainda mais confuso do que no começo daquela conversa, frustrada — desculpe, meu senhor, mas não tenho permissão de falar mais claro do que isso.
— Por que me chama assim?
— Eu... te devo respeito... — Hanna voltou a encará-lo, mas com os olhos um tanto quanto marejados dessa vez, fazendo refletir a cor azul das duas safiras enigmáticas nos seus globos oculares — talvez... mais do que qualquer outra pessoa.
***
A diretora havia acabado de sair de sua preciosa sala na Thompson High School, como de costume, ela tirava uma pequena pausa quando as aulas acabavam para passar um tempo com a sua filha e almoçar em paz após uma longa jornada de trabalho. Depois disso ainda voltava para trabalhar mais um pouco, principalmente agora com tantas investigações acontecendo, e só depois ia para casa descansar um pouco, se preparando para mais um dia de trabalho.
Embora que sua rotina estava um pouco mais diferente nesses últimos dias, desde o luto terça feira, a mulher precisava passar várias e várias vezes na delegacia para prestar depoimento e ajudar nas investigações. Naquele dia mesmo Louis e Paul haviam passado na escola para colher informações pertinentes da sala da diretoria, conversar com os policiais, e checar as câmeras de segurança.
A pressão era tanta para cima dela que nem ao menos tinha conseguido tempo para se concentrar em achar quem pichou a entrada da escola, mas havia contratado uma empresa para a pintura, deveriam estar lá para resolver aquilo amanhã de manhã.
— Hora do almoço — Ross falou por uma ligação compartilhada no Skype cujo qual tinha feito com todos os integrantes daquele "crime" que estava para ser executado agora — equipe Bravo, já está em posição?
— Dá pra parar com essa idiotice, Ross? — Gwen comentou tentando segurar um riso.
— É mais legal desse jeito — o garoto respondeu sorrindo — qual é, a menos que sejamos policiais no futuro, ninguém vai fazer algo assim de novo em condições normais.
— Já estamos prontos — Ethan respondeu ligando o carro —, espero que ela não vá comer em algum lugar caro.
— Não pagaria uma comida cara para mim? — Gwen disse estufando as bochechas.
— Por hoje um hamburger e um milk shake de morango, se você me tratar direitinho ainda deixo você escolher qualquer sobremesa que custe menos de 10 dólares do cardápio, mas se ela não for em um lugar muito caro.
— Ok, você venceu — ela sorriu e deu um selinho nele, logo após começou a se balançar de um lado para o outro contente com aquilo — espero que ela não vá a um lugar muito caro hoje.
Allana logo saiu da sua sala com uma expressão séria, deu meia volta, trancou a porta e saiu rumo a sala dos professores para encontrar January. Dali elas teriam um programa mãe e filha como estavam acostumadas, ou ao menos era isso que Allana estava planejando, nada diferente do padrão.
— Será que dá para parar com essa melação toda? — Thales falou cortando o barato daquele pessoal — daqui a pouco ela já está indo aí, vocês poderiam prestar atenção? É mais difícil do que parece seguir alguém de carro — talvez essa última tivesse sido para si mesmo e não para os outros dois, enfim.
A diretora então dobrou o primeiro corredor sumindo da frente da sala.
— Ela já está aqui — Hanna falou ao vê-la chegando. O armário do seu namorado era próximo a sala dos professores, então era perfeito para que ela o usasse para disfarçar — acabou de entrar.
— É a nossa deixa — Ross falou atravessando o corredor de um lado, e Thales que estava no oposto fazendo o mesmo, rapidamente parando em frente a porta.
— Certo Ross, agora faça a sua mágica — falou, entregando uma gazua para ele.
— Amor — Hanna falou pela ligação — quando você aprendeu a arrombar portas?
— Eu era um garoto levado antes de conhecer você — ele riu — uma vez eu invadi um balcão para a gente pegar algumas bebidas para uma festa, claro que eu deixei o dinheiro para trás, mas eu não tenho cara de vinte um anos para ter um documento falso convincente — e após um esforço mais concentrado... — Consegui! — falou abrindo a porta.
— Que garoto levado você é — Hanna riu com aquilo, observando atentamente o que estava acontecendo na sala dos professores. Sinceramente achava que elas sairiam mais rápido para comer alguma coisa, mas ainda nada.
Os garotos entraram naquele cômodo, e a primeira coisa que fizeram foram desligar a câmera de segurança. Torcia para que não estivesse transmitindo direto para a delegacia, esse era o maior medo deles naquele instante.
Bom, era tarde para voltar atrás agora, precisavam prestar bastante atenção para não fazer nenhuma idiotice.
— Okay, tudo certo — Ross disse quando desceu da cadeira.
O computador de Allana passou todo aquele tempo em que o menino estava desligando a câmera iniciando, e quase que ao mesmo tempo, a máquina havia ligado.
O windows 8 era a geração mais nova de softwares da microsoft, não era o mais rápido de todos, mas era bem eficiente, talvez ficasse mais eficiente com algum tempo, uma versão 8.1 por exemplo, mas era bem eficiente de qualquer jeito, e quando a sua tela apareceu um "bem-vindo" e pediu a senha, Thales plugou o seu pendrive, e logo começou a rodar um pequeno programinha preto no mesmo, onde por letras brancas rodava várias combinações de letras e números, até dentro deste um conjunto de letras fora aceito, e embaixo dele fora aparecido piscando uma palavra "unlocked" e então, a tela inicial de Allana se abriu, revelando uma foto de fundo dela abraçando sua filha na Disney, as duas com óculos escuros ao lado Mickey e Minnie Mouse atrás com o castelo ao fundo.
— Bingo! — Thales falou ao olhar aquilo e percebendo o quanto ela era organizada, afinal poucos eram os tópicos na área de trabalho.
Abriu o explorador de arquivos e imaginou que as investigações estariam no acesso rápido já que era o maior tópico do momento, e fora certeiro com a sua constatação, "Thompson investigação" era o nome da primeira pasta mais acessada daqueles últimos dias.
— Pessoal — Hanna falou pela ligação — a porta acabou de abrir.
— Imagine! — era possível ouvir pelo lado da moça dos girassóis a voz da diretora Allana — tudo bem, minha filha já chegou mesmo na idade para namorar — e então, três pessoas saíram da sala.
Allana fora a primeira, a segunda tinha sido January, e o terceiro, mas não menos importante, Richard em uma conversa descontraída.
— Desculpa mãe — January falou — eu deveria ter avisado, mas é que foi tão de repente...
— Tudo bem, danadinha — Allana falou segurando a bochecha de sua filha — depois me conta como foi — terminou.
— Quer que ela esteja em casa antes das 12? — Richard comentou, observando aquele armário aberto, sorrindo ao perceber quem estava ali. Se quisesse se disfarçar podia ao menos trocar os girassóis da sua roupa. Mas estava bom assim, era isso mesmo que ele queria.
— Não — Allana proferiu balançando as mãos — vocês são adultos e ela já tem as chaves de casa, pode chegar a hora que quiser, desde que devolva minha filha viva amanhã, está me ouvindo? — ela comentou brincando, mas certamente com aquele medo das coisas darem erradas.
— Tem a minha palavra — o homem respondeu, sorrindo para ela.
— Quer comer com a gente, mãe? — January falou.
— Oh, por favor — ela riu — eu lá tenho idade para segurar vela? — e colocou a mão nos ombros dela — vou trabalhar mais um pouco e depois vou para casa, então divirta-se e se for fazer alguma coisa, use camisinha.
— Mãe! — January ficou olhando envergonhada para ela, não sabia onde enfiara a cara depois de uma fala dessas.
— Eu adoraria um neto — Allana falou, mas em seguida, aproximou-se de sua filha, quase sussurrando em sua orelha — mas acho que você está bem nova para ter um filho, não concorda? — e sorriu ao se afastar dela — eu vou indo amores, juízo!
— Acho que vocês já perceberam que temos um problema — Hanna disse sussurrando para a sua ligação.
***
— Okay rapazes, o que me contam? — Ivan falou se reclinando em sua cadeira acolchoada da sala onde trabalhava, em meio aquele bando de papelada em sua mesa, pronto para ouvir os dois policiais chefes da investigação do caso Thompson.
— Como suspeitamos o carro havia sido sabotado — Louis falou entregando uma pasta para o chefe, onde havia as novas informações do caso — e a autópsia dos corpos não traz nada de diferente do que o encontrado nos mais trágicos acidentes de carro — suspirou.
— Câmeras de segurança? — Ivan falou, analisando as fotos dos destroços do veículo contido na pasta, e depois, as fotos do que havia restado dos cadáveres que se encontravam lá dentro.
— É uma boa aquisição para ajudar a polícia civil — Paul comentou —, mas o que temos não havia nada relevante. Quem quer que tenha sabotado presta muita atenção nesses detalhes.
— Estamos lidando com um gênio estudantil do assassinato por acaso? — Ivan jogou a pasta na mesa, totalmente irritado com aquela situação. — Já somamos 8 mortos nesse caso e nada de pistas, além da garota que se matou — suspirou. — Alguma movimentação suspeita dentro do salão do funeral?
— Senhor, aquele salão infelizmente não tinha nenhuma câmera... — Louis falou.
— Eu preciso dar uma entrevista de imprensa daqui a meia hora falando dos resultados, e está me dizendo que não temos uma única migalha? — novamente, indagou totalmente irritado.
— Isso mesmo senhor — Paul falou — ainda estamos investigando... principalmente a conexão dos jovens uns com os outros... hoje passamos o dia em contato com os pais das vítimas que nos deram depoimento... no momento temos apenas que três garotos eram particularmente próximos dos últimos falecidos, Salvatore Young, Ethan Stanford e Gwen Ford.
— Chame-os para depor — Ivan enquistou.
— Senhor — Paul disse — se me permite, chamar esses adolescentes sem provas concretas só vai complicar ainda mais a psiquê deles em um momento tão delicado, já temos atrás das grades uma moça e, sinceramente, vimos na prática o resultado de ações não calculadas.
— Como você acha que está a minha psiquê, Paul? — o xerife se aproximou deles com um rosto inexpressivo, contudo cheio de raiva — eu estou com oito mortos nas mãos para encontrar o culpado, oito processos judiciais abertos, a imprensa nos pressionando, e não temos, a porra, de uma, pista!
— Tudo bem — Paul falou —, amanhã à tarde, não vou chamá-los antes da aula, não vale a pena darmos mais danos para os adolescentes sem necessidade — se levantou — qualquer novidade no caso, eu aviso o senhor — e saiu da sala revoltado.
— Me desculpe por isso — Louis falou pelo seu amigo —, acho que todos estamos uma pilha de nervos.
— Não o culpo — suspirou, e voltou para a sua cadeira —, tem mais alguma pergunta ou alguma coisa para falar, Louis?
— Se me permite, senhor — o policial começa — como está o inquérito a respeito de Allana Thompson?
— Não importa o tempo que passe — Ivan começou —, Vocês sempre serão leais a ela, não é? — e riu no processo.
— Bom, se eu tenho meu emprego e o cargo que estou agora é graças a ela. Não vou colocar a carroça na frente dos bois e não desconfiar, mas como é um processo lincado ao meu caso, gostaria de saber.
— Ela está sendo processada pelas famílias dos garotos lesados e alguns outros que creem que ela não está fazendo nada para impedir as mortes na escola.
— Isso é um absurdo! — Louis disse batendo os cotovelos na mesa e suspirando — ela não fez nada de errado.
— Ainda não sabemos... — Ivan comentou.
— Não me diga que você... — franziu o cenho.
— Escute, Louis, no nosso ramo somos responsáveis por desconfiar em tudo, e mesmo com a sua lealdade para com ela, se pergunte se ela realmente não é culpada. Não é para mim que você, ou ela tem de provar inocência, é para a justiça, para a lei. Se mais alguém morrer, provavelmente vamos ter de prendê-la, mesmo que seja inocente.
— Já ouvi demais — o policial se levantou —, faço do Paul as minhas palavras, qualquer coisa entraremos em contato — e saiu da sala.
Nesse momento Ivan após se reclinar na cadeira, pegou o celular e se pôs a ver suas mensagens, e nelas, viu a de seu subordinado mais leal perguntando sobre algo bem importante.
"Líder, a St vai tomar algum partido? Já perdemos três membros nesses últimos eventos."
— Até você não, Dom — ele disse frustrado, enterrando seu rosto nas próprias mãos — vou deixar para responder depois... para o bem da minha psiquê.
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