Cap.1 Pela primeira vez
31 de agosto de 2014, domingo.
As férias não duravam para sempre e, qualquer oportunidade de aproveitá-la não poderia ser desperdiçada.
As badaladas ruas de Autumnfall se encontravam vazias a essa hora da noite, mas o interior dos comércios, ah, estes a história era bem diferente. Bares lotados, casas noturnas e, a quem interessava, algum show estava sendo sediado no único anfiteatro daquela pacata cidade ao sul de Portland, Estados Unidos.
Naquele lugar, ao menos naquela noite de domingo levava consigo todo o stress dos cidadãos cansados por mais uma longa e angustiante semana de trabalho, mas para a maioria dos jovens, aquela era a última noite antes de voltar as aulas.
E o que melhor fazer a não ser aproveitar?
Som alto, uma boa dança, algumas bebidas e quem sabe um evento quente a noite?
De certa forma, para muitos isso era a definição de ser jovem, e para outros, perder uma chance dessas seria inaceitável.
Ainda mais para quem estava no último ano do ensino médio.
A volta as aulas não traziam consigo apenas inglês, matemática, ciências sociais e outras matérias, trazia consigo também muitas responsabilidades, como notas altas, tentativas para bolsas de estudo, eventos sociais importantes, maioridade, vestibular e a tão esperada escolha para o próximo passo, a tão sonhada — e temida — faculdade.
O corsa sedan prateado de Bruce Foster finalmente parou depois de alguns minutos rodando o estacionamento até finalmente conseguir uma vaga para pôr o carro, animando não só a ele, mas todos os outros quatro jovens que estavam lá dentro.
— Pensei que não íamos conseguir nunca! — Becky falou ao sair do carro com uma garrafa na mão. Morena, tinha os cabelos marrons levemente cacheados até a altura dos ombros, uma boca bem carnuda, possuía poucas sardas no rosto, e abundância em seus "atrativos femininos" por assim dizer. — Bastante peito e bunda. — A verdade era que já estava alterada; sempre fora fã de fazer um esquenta e bem, hoje não seria diferente.
— Desculpa, lembre-me da próxima de colar um adesivo escrito "idoso" no carro. — Bruce disse sorrindo para ela, rindo depois da moça latina americana mostrar o dedo do meio para ele.
— Bom, o que acham dessa vez? — Agora fora a hora de Emily Castilo dizer ao sair do veículo. — Dividir e conquistar, conquistar e dividir?
— Sinceramente só estou aqui pela bebida. — Thales respondeu ríspido, mexendo em seu celular.
— Sério cara, — Ross — você deveria aprender a curtir melhor as coisas, a graça de ser jovem vai passar voando pelos seus dedos.
Mas Thales apenas umedeceu os lábios, entreabriu a boca, mas desistiu do que ia falar, apertou seu chapéu preto na cabeça e voltou a teclar no seu celular.
— Então? — Emily tornou a falar. — Estou envelhecendo com a demora de vocês, sabia?
— Calma princesa. — Bruce. — Já fomos em festas antes e essa não vai ser a última, na dúvida vai "o de sempre" okay?
Hoje era aniversário de Gina Jenkis, uma das moças mais populares de Thompson High School (THS para abreviar), o colégio que frequentavam, e para comemorar finalmente os seus dezoito anos, ela tinha se dado ao trabalho de convidar a escola inteira, até mesmo o grupinho de Becky, sua inimiga mortal desde quando tinha pego a morena transado com o seu ex-namorado Jake Martin.
O som alto do salão de festas reproduzia agora a ensurdecer a música "Timber" do cantor "Pitbull", sobressaindo-a acima do som alto da conversa de quem já estava lá dentro.
— Droga. — Ross estalou a língua após chutar uma pedra. — Eu gosto dessa música, deveria estar dançando agora se não fosse um certo alguém.
— Eu sei, tá legal? Me desculpa. — Thales justificou, mas sem dar muita importância aquela conversa. Era verdade, tinha vacilado mais cedo, tinha dormido extremamente tarde e, quando acordou, seus amigos já estavam batendo à porta para buscá-lo para ir. Poderia dizer para eles irem na frente, mas considerando que a festa era no sentido oposto e só Bruce tinha carro, possivelmente não conseguiria chegar na mesma tão cedo se eles não o tivessem esperado.
— Só eu tive a decência de trazer um presente? — Disse Emily com uma caixinha na mão, embrulhada sobre um papel vermelho e dourado. — Sério, vocês me surpreendem.
— Só você gosta daquela vaca da Gina. — Fora a única resposta que Becky conseguiu dizer antes de franzir o cenho. — Sério, se não fosse o último dia de férias eu nem vinha, mas não é como se tivesse outra festa de graça por aqui.
— Bom, não sei nada sobre como vocês mulheres pensam, mas sei que o papai aqui está disponível e pronto para conseguir ficar com alguém. — Ross, cheio de orgulho. — Alguém quer apostar?
— Aposto dez dólares que você toma um chute no saco até o final da noite. — Thales disse, o que despertou algumas risadas de seus amigos.
— Depois não me venha pedindo concelhos amorosos. — Ross o respondeu e sem mais, adentrou o lugar.
A luz do ambiente era mantida baixa, enquanto alguns projetores piscavam feixes de luz vermelhos, verdes, amarelos e outras cores por todos os lugares.
A escola estava em peso ali, tanto que não duvidavam que um professor ia aparecer a qualquer momento naquele lugar mandando-os se sentarem ou diminuir a conversa.
Gina estava perto da porta, com um vestido simples vermelho, um pouco mais alto que seu joelho. Seu cabelo solto já fora de várias cores durante esses últimos três anos, e hoje aparentemente tinha escolhido loiro para a ocasião, bem normal visto o rosa e o azul que foram suas últimas aquisições. Estava impecável, combinava com seus olhos cor de safira, e vermelho realçava bem o bronzeado sutil que aquela moça deveria ter conseguido nas suas férias na praia.
— Vocês vieram... — Ela disse erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços ao pousar os olhos sobre o quinteto, mais especificamente em Becky. — Fico feliz que estejam aqui.
— Falsa. — A morena revirou os olhos na hora. — Não vou me prolongar muito okay? Feliz aniversário, — bateu duas palmas para ela — o resto é com eles. — E saiu de perto do pessoal ziguezagueando a passos rápidos pelos estudantes, sem olhar para trás.
Gina acompanhou a garota enquanto a fuzilava com os olhos, mas quando ela desapareceu, suspirou, jogou o cabelo para trás, soltou um sorriso para os outros quatro e disse um animado "divirtam-se, a festa vai até as quatro da manhã" saindo de lá em seguida.
— É, parece que as duas nunca vão se dar bem. — Comentou Bruce depois de ver aquela pequena cena.
— Não mesmo. — Ross devolveu. — Bom tanto faz, vou dançar, alguém vem comigo? — Mas ninguém o respondeu, fazendo Ross soltar um sorriso de lado. — Claro, claro, todo mundo já tem o seu compromisso, não é? — Parou um pouco encarando o pessoal. — A gente se encontra quando formos embora, ou se esbarra na pista, até mais.
E assim, mais um do quinteto fora arranjar o seu passe de divertimento.
Sabia que tinha química entre Bruce e Emily, por isso depois de dar um tchau, Thales também deixou os dois sozinhos se dirigindo mais adentro daquele bando de pessoas, não estava nenhum pouco a fim de servir de vela naquela festa, ainda mais quando Ross já tinha ido embora.
Passando no meio do pessoal, o garoto moreno apertou mais uma vez o chapéu na cabeça para não perdê-lo, procurando entre aquela multidão onde estava seu objetivo.
Tinha conhecido aquele grupo no primeiro ano, após ter se metido em um mal entendido com o Bruce. Tinham feito um trabalho escolar, e durante aquilo Foster havia deixado seu celular sobre o fichário de Thales, que não havia visto o pertence dele e sem malícia alguma guardou o seu fichário quando o período acabou. Pouco antes de ir embora, Bruce percebeu a falta do seu telemóvel e começou a perguntar para todos da sala, mas ainda sem resultados.
Depois de todos procurarem desesperadamente aquele aparelho, foi em uma ligação que perceberam onde estava, o que acabou por gerar muitos comentários negativos em relação ao moço de chapéu, acusando-o de ser um ladrão, trapaceiro, sangue ruim, coisas assim.
Quando se explicou, Bruce riu entendendo o fato e lhe deu um voto de confiança; voto este que fizeram os dois firmarem uma amizade até os dias de hoje.
Por isso, de todas as pessoas que havia ali Thales seria o último a atrapalhar o romance do seu melhor amigo, Bruce e Emily estavam enrolados mais ou menos a meio ano, nenhum dos dois tomava algum tipo de atitude, contudo talvez seria hoje que as coisas mudariam.
Finalmente tinha conseguido chegar ao fundo, onde havia alguns comes e bebes disponíveis para todos.
Tratou então de encher a mão de Doritos e outros salgadinhos, enquanto com a outra segurava um copo plástico vermelho, cheio de um ponche com certeza batizado, fedia a álcool, era exatamente o que ele queria.
Não era muito ligado a festas e, sinceramente ficar em casa jogando vídeo-game ou vadeando nas redes sociais era bem mais a sua cara, contudo como se pode dizer... "aproveitar a juventude" requeria um tanto de esforço social, e este mesmo sendo um tanto quanto difícil, não desgostava de fazer.
Um jovem acabou esbarrando nele, Caleb Perry se não havia confundindo o nome dele, pedindo desculpas por tal assim que se virou para quem havia incomodado sem querer.
Realmente, aquela festa estava muito cheia.
Jovens dançavam no centro do salão, enquanto outros paqueravam mais voltados para os cantos do ambiente, mas se existia uma regra, era que a cada cinco ou seis metros havia um casal se beijando, isso porque a festa mal havia começado.
Depois de três ou quatro copos de ponche, Thales já se encontrava bem distraído naquele local, alegre, mas não bêbado e talvez por esse fato não tivera percebido quando uma pessoa que conhecia havia se aproximado, e esta com velocidade e precisão retirou o copo da mão dele, rindo ao perceber o garoto perdido com o que havia acontecido no processo.
— Eu vou ficar com isso. — Becky fora a responsável por isso, e sem mais nem menos virou o conteúdo do copo ao qual estava com ele. — O desgraça, nem pra servir uma bebida decente a Gina serve!
— É o que tem pra hoje. — Thales respondeu com um riso. — Agora sejamos sinceros, você ter me encontrado, o quão sozinha está nessa festa?
— Cala a boca. — E assim ela deu um soquinho nas costas dele. — Você é meu amigo especial.
— Especial é? — Isso o fez rir. — Seria essa sua forma de...
— Quem sabe? — Respondeu com um sorriso ladino. — Não estou a fim de alguém específico agora.
— Você é podre sabia?
— E você é farinha do mesmo saco.
***
Já fazia uma hora que estavam na festa, as músicas tinham andado entre David Guetta, Pitbull, Katy Perry e John Lennon, sempre um combustível diferente para fazer os jovens continuarem aproveitando e se divertindo com o ritmo do som.
E Ross tinha se metido em uma boa dessa vez.
— Verdade ou desafio? — Tinha em alto e em bom som enquanto apontava para Eleonor Laurence, uma garota do terceiro ano que compartilhava o mesmo horário de oratória com ele.
O salão tinha dois andares, o primeiro era onde o pessoal dançava livre, conversava, bebia um pouco, enquanto o segundo havia algumas mesas, salas, e uma cozinha onde alguns funcionários serviam lanches.
— Verdade. — Ela disse cruzando os braços. — Vamos, não tenho nada a esconder.
— Oh... vejamos então. — Ross levantou do chão cujo qual estava, colocou os braços para trás e começou a andar em círculos, dando voltas aos cinco adolescentes que faziam parte daquela roda. — Então me diga, Eleonor minha cara, é verdade que você transou com Alec Ford durante o seu relacionamento com Jacob Handsen? A senhorita foi o assunto da escola por um bom tempo depois dessa.
— Não acha que está pegando pesado demais? — Fora Paige Gibson falando, sua própria prima, intervindo pela amiga.
— Tudo bem. — Eleonor. — Eu já cansei de desmentir essa história, mas se ainda querem insistir nisso, não eu não fiquei com o Alec.
Ross riu, levantando as mãos em rendição, passando a garrafa para a pessoa do seu lado.
— Espero que seja verdade mesmo, — Ross — se não, está ferindo os princípios da nossa brincadeirinha.
— Vá se foder. — Eleonor disse revirando os olhos. Já estava cansada daquela história, mas aparentemente enquanto não se formasse isso ia continuar lhe enchendo o saco.
— Ok, minha vez. — Falou um moço de óculos, Eric Hawkins. Fazendo a garrafa central rodar, esta parou justamente apontando para Gwen Foster, irmã mais nova de Bruce. — Verdade ou desafio?
— Desafio. — Ela disse sem hesitar com um sorriso no rosto.
— Me dá um beijo. — Para sua aparência apática e comum, Eric até tivera sido bastante corajoso para com o seu desafio.
É claro que ele ia pedir isso Ross pensou balançando a cabeça.
— De língua? — Ela olhou com os olhos arregalados, encarando o garoto que sorria vitorioso.
— Com tudo que tem direito. — Lucca Gonzalez, o último dos garotos que estavam naquele círculo falou em prol do bem de seu amigo.
Gwen o olhou como se fosse fuzilar Eric vivo, mas não negou o desafio, foi se aproximando e, para a felicidade do garoto, lhe deu um belo beijo na boca, um no qual durou bons segundos, tempo suficiente para aquele rapaz falar do beijo até o final do ano.
— Ok, acho que já deu. — Paige comentou se levantando. — Quem sabe da próxima seja mais divertido.
— O que? — Lucca disse. — Já vai sair?!
— Nada pessoal, mas não quero perder minha festa toda nessa besteira.
— Isso faz parte de aproveitar a juventude!
— Você fala como um velho as vezes, sabia? — Ela disse, recusando-se a se sentar novamente. — Mas se quer que eu fique Lucca... vou fazer um desafio especial para você.
***
— Cara, ainda bem que eles têm refrigerante. — Disse Bruce após ouvir aquele delicioso som do lacre da sua latinha de refrigerante de cola abrir.
— Pois é. — Emily o respondeu, se sentando do lado do garoto. — Já estava pensando que ia ter que quebrar a minha promessa contigo hoje...
Do lado de fora da festa o som do ambiente se tornava um pouco quanto abafado, ainda mais após o estacionamento, sentados à beira da calçada.
Para os dois a festa não estava sendo tão divertida assim, depois de poucas danças resolveram se retirar para tomar um ar, mas, não era tão ruim assim. Dava para ver algumas estrelas naquele ponto, e o vento não estava nada mal.
— Bom, é ótimo termos achado algumas latinhas então... — O garoto falou sorrindo para ela. — Você... vai voltar pro clube de teatro esse ano?
Emily balançou a cabeça com um sorriso sem mostrar os dentes, e lentamente tratou de abraçar as próprias pernas, deitando sua bochecha por sobre o joelho.
— Você sabe — f menina disse, receosa — faz parte do tratamento.
— Não consigo imaginar o que você passa. — Suspirou. — Comparado a isso, defender os Tigers não parece nada.
— Não diz isso, você é o az do time, não é? O melhor Quarterback da área! Imagina se seus amigos ouvem você dizendo essas coisas.
— Tem razão, eu deveria ao menos tentar ser mais positivo quanto a isso, seria muito bom. — Bruce a fitou por mais uma vez, não deixando de observá-la com toda a sua atenção.
Emily era pequena e, daquele jeito que ela estava, o moço de topete sentia que ela cabia dentro de um potinho, perfeito para as mais belas bijuterias. Olhos claros, cabelos marrons, pele tão branca a se marcar bem facilmente, embora houvesse em si um leve bronzeado, e lábios carnudos... lábios estes que Bruce adoraria conhecer de outra forma além de com as doces palavras cujo qual emanavam como mel de sua boca.
— Dividir e conquistar, conquistar e dividir? — O garoto de topete voltou a dizer, se lembrando das palavras que ela tinha dito algumas horas atrás.
— Qual é?! — A menina riu. — Eu sei tá legal? Falei bonito e não cumpri.
— Na real foi ótima, todos nós devemos estar conquistando alguma coisa agora! — Deu um gole em seu refrigerante. — Isso deve ter animado o pessoal.
— Claro, como se eles não fossem animados a maneira deles por si só né? — Riu irônica.
— Está se menosprezando de novo. — Com delicadeza, Bruce colocou uma mexa do cabelo dela para trás, prendendo-a atrás da orelha. — Todos nós somos incríveis à nossa maneira Emy, talvez você seja a mais incrível entre todos nós.
— Devo estar estragando a sua festa, não é? — Ela deu um sorrisinho pacato, repleto de tristeza. — Cara, eu realmente estava animada para hoje.
— Não é culpa sua. — Bruce respondeu ríspido, tentando acabar de uma vez com aqueles pensamentos negativos. — Eu não estou aqui obrigado, te garanto.
— Obrigada. — A moça soltou seus joelhos e deu um gole na latinha de refrigerante já quente que estava ao seu lado esquerdo. — Ao menos os outros estão se divertindo, logo logo vai dar meia noite, não gosto de chegar muito tarde em casa.
— Sim, minha mãe me mata. — Ele riu. — Isso sem contar a aula amanhã.
— Sua irmã vai estar bem?
— A Gwen também sabe se cuidar. Ela está passando a semana na casa da Riley, aquele negócio de quase irmãs que elas têm. Falando nisso, vi a Riley na festa, então é meio que certeza que a Gwen está aqui, mas não precisa se preocupar com isso, ela me liga se precisar de alguma coisa.
Silêncio, nada mais nada menos do que o som do vento uivando pelas suas orelhas.
A rua estava vazia, iluminada apenas pelos postes de luz do estacionamento, e alguns durante toda a calçada, as nuvens ficaram a cargo de esconder o vasto céu, deixando a este, nada mais do que o negro característico da mais pura escuridão.
Mas dentre aquele clima gelado e um tanto quanto aconchegante, Emily observou uma moça aparecer do nada atrás do poste da calçada paralela, e esta começou a andar para frente, rumo ao salão de festa, parando logo depois de atravessar a rua, em frente ao estacionamento.
Será que foi coisa da minha cabeça? Emily se perguntou ao ver aquela mulher.
— Oi? — Talvez ela seja do primeiro ano, Bruce pensou, já que não conseguia lembrar de ter visto o rosto daquela menina antes. — Veio para a festa?
Ele não viu? Emily, alternando o olhar entre ela e Bruce.
Então a moça sorriu para ele, fitando-o com enigmáticos olhos azuis, tão claros como o mar, mas tão turbulentos como uma grande tempestade.
— É meio estranho perguntar isso, mas em que ano estamos?
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