15.4 Jogos.
14 de setembro de 2014, domingo.
— Devemos mandar isso para a polícia! — Gwen falou após ler aquela mensagem pela terceira vez.
— Não podemos — Emily retrucou — se dissermos com certeza ele vai fazer alguma coisa para nos matar.
— Você nunca assistiu um filme sequer de investigação policial? — Ross alfinetou — esse é o tipo de coisa que aumenta o número de mortes!
— Mas sabe o que vai aumentar o número de mortes, Ross? — Bruce — se nós não entrarmos no jogo dele, talvez ele mate as nossas famílias, nós, e todo mundo que a gente se importa, quem não te garante que ele não está próximo da delegacia agora só esperando dermos as caras para nos matar?
— Se estivermos juntos uma pessoa só...
— ELE PODE TER UMA ARMA! — Thales gritou, fazendo todos se calarem e observar o garoto — NÃO PODEMOS SER IDIOTAS E PENSAR QUE ELE VAI MATAR COM UMA FACA PARA SEMPRE!
— Se for uma pistola — Bruce disse — o pente normal tem pelo menos 10 balas, ou seja, mais do que o suficiente para acabar com todos nós.
— Então é isso? — Becky — vamos simplesmente sentar e esperar a "próxima mensagem?"
— Nesse jogo... — a garota dos girassóis disse, em prantos assim como estava desde o começo da conversa — só temos uma chance de vencer se fazermos o que ele diz.
***
Tinha saído de lá tão irritado que nem ao menos teve oportunidade de falar com Hanna sobre as desventuras que sua mãe havia lhe contado, talvez ela tivesse alguma lógica que lincasse a Yggdrasil Doctor Who ou qualquer palhaçada temporal a história que sua mãe havia lhe contado, mas neste momento, só conseguia pensar em sobreviver.
Custasse o que custasse.
— Olha Thales, me desculpa — Becky falou para ele quebrando o silêncio que estava dentro do carro da mãe do jovem de chapéu.
— Poderia ser mais clara?
— Depois do que eu conversei com o Richard... eu tenho de admitir que...
— Estava desconfiando de mim? — franziu o cenho — aquele filha da puta tem alguma tara comigo e com a Hanna, não te culpo, mas pensei que de todos nós...
— Eu sei, tá legal, a gente transou na noite que a Gina morreu — ela falou irritada — eu só... têm muita coisa acontecendo na minha vida agora.
— Quer conversar?
— Meus pais querem me mudar para um convento, dizem que é para o meu próprio bem, discuti feio com eles ontem, passam dois anos sem nem me mandarem mensagem direito e dizem que é para me proteger.
— Se eu colocar minha opinião a gente vai brigar — o moço disse.
— Está dizendo que prefere que eu vá? — Becky olhou sério para ele, totalmente irritada — é isso mesmo, Thales?
— Não estou dizendo isso — suspirou irritado — caralho! Todos nós estamos correndo risco de vida aqui, talvez seja mesmo bom sair da cidade por um tempo.
— Eu não estou acreditando nisso, Thales! — a menina gritou — eu bati a porra da minha boca com os meus pais defendendo que eu queria ficar por causa de você e dos nossos amigos, para você me dizer uma merda dessas?
— É por isso que eu não queria colocar a minha opinião! — ele gritou de volta, e então nos próximos minutos os dois se calaram, Becky totalmente irritada, enquanto Thales tentava se focar na estrada.
E logo, o celular da menina começou a vibrar com a mensagem de um número desconhecido. Não estava nenhum pouco a fim de olhar, mas tinha de admitir que era mais confortável do que aquele clima que estava no carro.
Talvez tenha sido o pior erro da sua vida, pois quando olhou, havia ali um vídeo, era... Ethan, e o garoto estava... amarrado em uma cadeira amordaçado, enquanto uma câmera em cima de uma mesa parecia estar em cima de uma bandeja de aço inox, e depois de alguns segundos sobre aquela bandeja uma mão enluvada puxa um bisturi que estava naquele reclinado naquela bandeja, e o garoto, todo sujo de sangue apenas tremia, lutava para se libertar.
Foi um vídeo de dez segundos, talvez os mais traumatizantes segundos que já havia assistido.
— Thales! — Becky arregalou os olhos com aquilo, mostrando para o garoto para que tomasse atenção, o que fez ele diminuir bruscamente a velocidade do carro para olhar, também abismado com aquilo.
E no instante seguinte, o telefone da morena recebeu mais uma mensagem.
"Ainda estou aprimorando meus dotes artísticos, mas espero que tenham gostado do vídeo. Querem ver os bastidores? Por que não dão uma passada no parque de diversões agora? Sozinhos, é claro."
Os dois não sabiam o que responder ou o que fazer, o ódio no coração tinha feito com que nada mais importasse no mundo, nada mais do que salvar o amigo indefeso nas garras daquele maldito assassino.
— Isso não vai ficar assim! — Thales fez exatamente como um filme naquele momento, deu um cavalo de pau com o carro, e então começou a se encaminhar rumo ao parque.
Logo depois de fazer isso, Becky acabou por receber mais uma mensagem, uma na qual os desestabilizou de uma forma inimaginável, mas não iriam parar agora, jamais deixariam alguém indefeso sozinho, ou ao menos era assim que pensavam.
"Sabe o que eu acho irônico? Os casais ultimamente dizem que dão o seu coração ao seu namoradinho ou namoradinha, mas no final eles sempre continuam dentro de seus peitos."
Foi preciso quinze minutos na velocidade máxima que o moço conseguia conduzir para chegar no parque e logo quando chegaram viram o carro de Ethan batido em um poste a uns 200 metros da entrada daquele local.
Tinha certeza de que tinha pego alguma multa, mas isso era coisa para se preocupar mais tarde.
Além de tudo, o parque não era circulado com nenhum tipo muro de arame ou qualquer coisa do tipo, mas tinham para si que pelo local que viram o caro, provavelmente eles estavam ali, dentro do balcão de lixo ao lado da montanha russa desativada, não tinha lugar melhor do que aquele para se camuflar e esconder no meio dos corredores de entulho que tinham ali dentro.
— Tome — Thales disse abrindo o porta malas do carro, e dali retirando um pé de cabra e dando para a menina — caso precisemos.
— São sempre as armas que temos na mão — ela riu de nervosismo, mas logo tudo aquilo mudou — e você?
— Tenho isso — Thales retirou do seu bolso um canivete, apertou um pequeno botão que o fez desdobrar. Mesmo pequena, era uma lâmina bem impressionante.
— Então você realmente tem um desses — Becky falou arregalando os olhos ao ver a arma. Sua suspeita para cima de Thales era igual a zero por cento, contudo, depois da conversa com Richard ainda havia aquele lado da sua mente que não havia aceitado uma mudança tão rápida, afinal sabia que existia uma forma de programar mensagens para serem enviadas automaticamente. De qualquer forma... a psiquê humana era uma coisa curiosa, fora somente a meia hora depois da ligação que resolveu largar a ideia, mas agora, bom, mesmo sendo impossível sabia que teria problemas pelo resto da vida sempre que visse alguma lâmina.
— Hey! — Ouviram uma voz masculina surgir no meio daquele local.
O parque era deserto aquele horário, talvez salvo um dia ou outro algum usuário de drogas utilizasse o espaço, mas estava silencioso demais para ser o caso daquele dia.
Bom, silencioso até verem o dono daquela voz, Eric Hawkins se aproximando deles de forma afoita.
— O que você está fazendo aqui?! — Becky falou tomando a frente de Thales.
— O meu faro por um bom mistério me trouxe até aqui.
— Olha Eric, se essa é a sua desculpa não colou — Becky disse balançando aquele pé de cabra, só aí que ele percebeu que os dois estavam armados.
— Wow! — ele disse levantando as mãos — calma aí! Eu fui convocado — pegou seu celular do bolso, aproximando-se lentamente dos garotos.
A mensagem que ele recebeu era um pouco diferente da que os outros tinham recebido, e datava trinta minutos mais tarde também.
"Parabéns por terem sobrevivido às preliminares... Eric, você é um jornalista, não é? Se quiser o maior furo de reportagem da sua vida, venha para o parque, agora!"
— E você veio? — Becky comentou irritada.
— Do jeito que essa mensagem foi escrita, eu duvido que tenha sido uma pegadinha, meus amigos não fariam isso, pelo menos não com um assassino à solta — sorriu.
— Você vai na frente — Thales intimou — vamos.
— Ficaria mais seguro se abaixassem essas tochas e tridentes, se tem um assassino aí dentro, gostaria de poder correr por minha vida, mas sinto que seria empalado por vocês.
— VAI LOGO! — Becky gritou.
— Okay, okay! — Eric falou logo tomando a frente daquela excursão.
Mas igualmente como Thales, tirou um canivete do mesmo modelo do bolso, e começou a andar à frente dos dois outros que os acompanhavam.
Estava uma noite bonita, estrelada e bem clara, isso claro, para quem estava do lado de fora, mas para os três dentro daquele local, tiveram de ligar a lanterna de seus celulares para conseguir visualizar alguma coisa.
Dava medo, isso não podia negar, ainda mais para Becky que... parte dela sentia estar andando com dois assassinos.
Era melhor não pensar assim ou sua sanidade mental logo iria para o ralo.
— Ah! — a moça acabara de recuar a perna com força, sentindo sua pele sendo ferida.
O lugar estava abarrotado de coisas, todas as salas que havia naquele armazém, e nos corredores que havia ali também
Inclusive... espelhos, e cacos de vidros como um que ela acabou esbarrando sem querer, que rasgou a carne perto de seu calcanhar.
— Você está bem? — Thales falou se abaixando para ver o machucado.
— Tá... — ela disse, mas no final só queria alguma coisa para estancar aquele sangramento, sentia sua meia molhada e suja pelo sangue que escorria.
Devia ter vindo de bota ela pensou frustrada, ao menos com uma dessas sabia que não seria cortada tão fácil.
— Eu não tenho paciência para isso — Eric disse apertando o passo, deixando os dois sozinhos — não vou ficar esperando as beldades, vamos logo com isso.
— É melhor tomarmos mais cuidado — Thales falou franzindo o cenho. Estava tão escuro que não precisou nem de 10 segundos para perder o outro rapaz de visão.
— Quando tudo isso acabar eu quero fazer uma tatuagem — Becky comentou com os olhos um pouco lacrimejados, estava latejando aquele corte, mas já dava para seguir. — Acho que vou tatuar um "foda-se" bem fofinho na minha cabeça.
— Isso é referência a algum livro? — o moço falou meio irônico.
— Não, é para mim poder literalmente ligar o foda-se, vou andar de moicano pelo resto da vida — a moça riu.
Sem mais nenhum segundo após a sua fala, ouviu-se um forte grito repercutindo dentro daquele salão.
Provavelmente de Eric.
Thales e Becky de olharam, mesmo com dor ela colocou a andar — e mancar — de novo, aflita por aquele barulho.
Cada passo era uma descoberta, cada passo o medo aumentava, não se ouviu mais nada após aquele barulho, salvo quem sabe, o som estridente dos ratos e camundongos que com certeza faziam moradas fixas dentro daquele bando de lixo, até que...
Viram.
Eric estava com um corte do braço, mas estava agachado tirando fotos de um corpo sentado em uma cadeira.
Como ele conseguia ser tão frio ao ver aquilo?
Ethan estava ali, tinha morrido de olhos abertos, com a cabeça virada para cima, e seu peito... aberto... faltava-lhe o coração.
— Foi você que gritou? — Becky disse encarando aquele aspirante a repórter.
— Sim, fiz a mesma burrada que você — ele apontou para o braço — então gritei. Vocês mulheres são incríveis por aguentar tanta dor.
— Como consegue? — Thales disse com os olhos arregalados — estar tão indiferente?
— Simples — Eric riu — quero pegar esse assassino antes que eu acabe desse jeito também, credo Ethan, que morte horrível.
— Tem um papel embaixo do braço dele — Becky disse aproximando-se com certo receio e pegando o papel.
"A primeira regra antes de matar alguém é ler bastante histórias para pegar referências e, não cometer erros idiotas, sabia? Ethan era uma pessoa boa... deve estar com as suas irmãs agora, e vocês, quem sabe... na cadeia."
— Precisamos sair daqui! — Thales gritou após ler aquele papel — o filha da puta ligou para a polícia, se nos ver aqui...
— Então é cada um por si, foi bom investigar com vocês, como nos velhos tempos, não é, Thales? — sorriu, e o moço saiu correndo, mas não pelo local que entraram, aparentemente sabia que havia uma outra saída por algum lugar atrás do corpo.
Mas não foi o caminho que Thales e Becky tomaram, o carro estava na entrada, precisavam ir para lá.
A essa altura o corte em seu calcanhar já tinha parado de sangrar, por sorte não era nada sério, doía e mancava, mas conseguia se mover com certa velocidade, ainda mais com toda a adrenalina que estava em seu corpo.
E quando chegaram no carro, começaram a ouvir as sirenes da polícia se aproximando, fazendo o coração de ambos gelarem ainda mais.
— Vamos rápido com isso, Thales! — Becky disse quando entrou no carro.
— Eu sei, tá legal?! — Blackweel meteu a chave na ignição e deu partida, acelerando o veículo a toda velocidade.
Não haviam visto Ethan já fazia uns dias, sinceramente pelo cheiro do cadáver não parecia que ele tinha morrido a alguns minutos, ainda mais pelo fato de não ter nenhum sangue vazando, o que parecia estranho visto que o cadáver estava com o coração faltante.
Isso era péssimo, se sentiam enganados, frustrado, saindo de lá com o rabo entre as pernas, sem poder fazer nada para ajudar o seu amigo.
Quem sabe que tipo de horrores ele passou até de fato falecer...
E... como iria ficar Gwen agora que seu namorado também havia partido? Ele não merecia ter morrido, e ela com certeza não merecia perder tantas pessoas queridas.
Por sorte — ou azar — não foram vistos, e só depois de abaixar a adrenalina que estava em seu corpo, uma dúvida bateu em seus corações, uma dúvida forte, que os fez amaldiçoar tudo o que aconteceu naquele local.
Por que... somos nós que estamos fugindo como criminosos?
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