Quando você não pode fazer mais nada
Amelie's point of the view
O tempo não é infinito.
Demorou algum até que eu finalmente chegasse a essa conclusão. Nos preocupamos muito com o passado e com o quanto de tempo ainda iremos ter e se iremos o ter, nos preocupamos muito com o momento em que a morte chegará, mas já parou para pensar que a morte já chegou?
Ela já faz parte de seu passado, não importa o que você faça ou o quanto tente, reviver algo que já morreu é inútil. A morte não pertence ao nosso futuro e sim ao nosso passado, e não sou eu que estou dizendo isso e sim um estudioso que viveu durante o século IV.a.C. e eu então pensei no porquê de nunca ter pensado em algo assim antes?
Mas o que isso tem haver comigo?
Tudo.
Não adianta remoer meu passado, culpar Taeyong e a cima de tudo: me culpar. Tenho pensado muito sobre tudo, sobre mim, sobre ele e sobre a nossa antiga amizade, por mais que diga que jamais gostaria de tê-lo conhecido, não posso me esquecer das coisas boas aos quais vivi com ele e dos momentos em que fomos felizes quando ainda éramos amigos. Eu jamais poderia apagar ou assim ou as coisas ruins que vêm acontecendo, mas assim como os momentos felizes, tudo é passageiro.
Grace estava dormindo quando voltei para o quarto, ela costumava ficar acordada até mais tarde, porém acho que está tentando mudar seus hábitos de rotina e creio eu que também deva começar a mudar os meus, porém é mais fácil na teoria do que na prática. Como tinha muitos deveres para fazer e estava sem sono, decidi ocupar minha cabeça com as responsabilidades que eu sei que tenho. Tenho um propósito aqui e não posso deixar que ele se perca porque minha cabeça vive no mundo da lua.
[…]
Me levanto em um solavanco ao ouvir o meu celular tocar em cima da escrivaninha e sinto minhas costas doerem assim como todo meu corpo e então notei que acabei pegando no sono e dormi sentada na mesa do computador.
— Amelie, você dormiu aí? — Grace perguntou e eu então me viro e a vejo arrumar suas roupas para ir a aula.
— Ah, devo ter pegado no sono. — Murmurei um pouco sonolenta e a mesma apenas balançou a cabeça assentindo.
— É, pelo que vejo você teve uma noite cheia. — Ela comentou me olhando e eu apenas suspirei já sabendo aonde aquela conversa iria dar.
— Precisava pôr os assuntos em dia.
— Das matérias ou relacionado a outra pessoa? — A mesma perguntou com o cenho franzido e eu fico em silêncio por alguns segundos.
— Os dois. — Falei baixo e Grace respirou fundo.
— Olha Amelie, sei que deve estar sendo difícil pra você lidar com tudo isso, sei o quanto você gosta do Taeyong mas por vezes ele tende a ser uma batata para não dizer idiota e todos os xingamentos possíveis. Então você decide, fazer um purê de batata ou fritar ela. — Por mais que ela tenha dito isso com um semblante sério, não pude evitar não rir.
— Grace, isso não faz sentido. — Tentei reprimir o riso e ela revirou os olhos e andou em direção a porta do quarto.
— Não era pra fazer, não me peça conselhos às sete horas da manhã quando eu ainda não tomei o café da manhã. — Ela abre a porta pronta para sair mas então fechou a mesma novamente. — E quanto ao Aaron? Você gosta dele ou é só amizade?
— Eu ao menos cheguei a pensar nisso. — Confessei pois era a verdade, gostava de Aaron mas apenas como amigo, nunca pensei em vê-lo de outra forma.
— Você não acha que está dormindo muito no ponto? — Grace perguntou colocando as mãos na cintura e me olhando com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
— O quê?
— Mas especificamente no ponto do Taeyong, muda de ponto garota, tá na hora de pegar outro ônibus, outra rota. — Apenas franzi o cenho diante a fala da mesma e ri levemente.
— Ok, você está tão estranha hoje. — Conclui vendo ela dar de ombros.
— É que eu dormi bem. — Ela comentou antes de abrir a porta e sair do quarto.
— Isso é muito bom. — Murmurei para mim mesma sabendo que ela não havia ouvido.
Pensando bem, eu realmente não cheguei a cogitar o Aaron como uma opção, por mais que o achasse super legal, era apenas isso. E usá-lo apenas para esquecer a existência do Taeyong ou como forma de substituir os sentimentos que sinto pelo Lee, parece ser algo cruel, quando na verdade o Aaron parece se importar realmente em como eu me sinto, então estaria sendo uma grande cretina e babaca se o usasse dessa forma. E eu não quero ser alguém assim e não sou.
Não gostaria que alguém fizesse o mesmo comigo e por isso acho que será bem melhor e mais inteligente da minha parte apenas ficar só e lidar com os meus problemas como uma pessoa madura faria. Uma hora ou outra Taeyong irá finalmente cair em si e perceber que as coisas não funcionam a sua maneira ou da forma como gostaríamos que elas funcionassem, sei o quanto essa situação tende a ser desgastante e entediante por vezes, e eu mesma já estou cansada de tudo isso, cansada de viver aos socos com o meu passado que persiste em interferir no meu presente e futuro.
Cada coisa em seu tempo, Amelie.
Até ligaria para o meu pai para saber como vão as coisas em casa, mas tenho aula e sem contar que já devo estar atrasada o suficiente para perder as primeiras aulas dos dia. Senti minhas pernas dormente e uma leve dor em minha coluna, então cheguei a conclusão de que dormir sentada havia sido nem de longe uma boa idéia. Permaneci parada por bons dois minutos tentando criar coragem para me levantar e lidar com a dormência que tomava conta de todo o meu corpo, se não tivesse um torcicolo seria até mesmo uma vitória, dada as circunstancias aos quais me encontrava. Quando finalmente criei coragem e me levantei, senti todo o meu corpo doer, me arrisco a dizer que até mesmo pude ouvir meus ossos estalarem e ouvi então a porta sendo aberta, até mesmo pensei que pudesse ser a Grace mas ela costuma demorar muito no banho.
— Olá, bom dia! — Logo vejo Emily adentrar o quarto e está me olhou com certo estranhamento. — Há algo de errado com você?
— Não, apenas estava me espreguiçando. — Expliquei com um sorriso sem graça e ela apenas balançou a cabeça afirmativamente.
— Pensei inclusive que já estaria pronta pois estamos atrasadas. — Emily me lembra e eu vou correndo arrumar minhas coisas, mas primeiro precisava tomar um banho.
— Sei disso, vou me arrumar rápido. — Respondi pegando uma calça jeans e uma blusa manga longa por sorte, o tempo estava fresco o bastante para usar aquela blusa.
— Então é melhor começar a fazer isso agora pois estamos quase quinze minutos atrasadas. — Ela comentou olhando as horas em seu relógio de pulso e eu apenas assenti e saí do quarto rapidamente indo em direção ao banheiro.
[...]
Após chegar atrasada nas primeiras aulas do dia, fui almoçar com Emily, Grace, Lucas e Kun, pois Sicheng estava ocupado com seu teste de proficiência na língua e por isso não pôde nos acompanhar. Estava tudo correndo bem até Lee Taeyong aparecer com um semblante sério, meus amigos pararam o que estavam fazendo na hora prestando atenção na chegada do mesmo a nossa mesa e Grace até mesmo franziu o cenho.
— Amelie, podemos conversar? — Ele olhou diretamente para mim que de início engoli em seco e tentei ser o mais fria possível.
— Pensei ter dito que não tenho mais nada com que conversar com você. — Respondi desviando e o olhar ouvindo um suspiro vindo do mesmo.
— Essa será a nossa última conversa, eu juro. — Ele falou baixo e eu pude sentir um pouco de verdade em sua fala e então o olhei e Taeyong parecia estar tão mais distante agora quanto antes e eu não sei como lidar com isso.
— Tudo bem. — Respondi me levantando do meu lugar sentindo os olhos dos meus amigos acompanharem meus movimentos.
Segui o Lee saindo do refeitório da universidade e parando em um dos corredores vazios do local, eu não sabia o que esperar dele ou sabia até mesmo o que ele iria me dizer. Taeyong ficou em silêncio por algum tempo, parecia estar tentando formular o que iria me dizer, pude vê-lo fechar as mãos em punhos brevemente em sinal de nervosismo e ele até mesmo olhou para os próprios pés antes de finalmente me encarar.
— Eu entendo. — Ele falou simplesmente e eu senti como se algo tivesse acabado de se iluminar. — Eu sei que tudo o que aconteceu foi ruim para você durante tanto tempo, e agora te entendo perfeitamente, Amelie, você é alguém importante para mim e que eu amo muito e por isso não quero que haja ressentimentos entre nós. Eu não quero ser lembrado por você como alguém que lhe causou mal, não quero fazer parte de suas lembranças dolorosas. — Taeyong falou calmamente e eu sentia meu coração estremecer pois ele me pegou desprevenida.
— Você está se desculpando? — Perguntei incerta e ele apenas assentiu com a cabeça.
— Acho que já era hora de algo assim acontecer.
— Algo assim? — Murmurei em um fio de voz.
— Nós dois enfim darmos um fim a esse tipo de relacionamento destrutivo, eu vou precisar voltar para a Coréia com o meu pai, e acho que isso pode ser bom para nós dois. — Taeyong completou e aquilo me acertou em cheio, minhas emoções haviam se aflorado de uma forma tão drástica que não me contive, eu simplesmente o abracei e sem que percebesse comecei a chorar, precisava o abraçar ao menos uma última vez. — Está tudo bem querida, nada disso é sua culpa. — Taeyong falou calmamente afagando meus fios de cabelo e isso fez eu me sentir nostálgica, quando todas as vezes em que ele afagava o meu cabelo quando eu não estava nos melhores momentos e em como sempre me abraçava e fazia eu me sentir melhor.
— Eu sinto muito...— Murmurei entre soluços pois realmente não queria que tudo acabasse dessa forma, mas apenas aconteceria.
Taeyong iria embora desta vez, e não havia nada que eu pudesse fazer.
[...]
Olá, capítulo triste, eu sei.
A partir do 20° capítulo novos personagens irão aparecer, alguns do próprio NCT, e haverá um salto no tempo, ou seja, eles já serão adultos.
Espero que tenham gostado, até mais!
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