17 ( 2° temporada )
J I M I N
Dizem que quando fazemos algo que gostamos o tempo passa voando pelos nossos olhos. Creio que os últimos anos foram maravilhosos para mim, pois quando me dei conta já haviam se passado 30 anos.
Não, não. Você não leu errado. Não foram dois anos, não foram cinco anos. Foram trinta!
Deve imaginar que em trinta anos aconteceram pelo menos algumas coisas, isso eu irei contar.
Eu e Jungkook todo esse tempo conseguimos manter nosso relacionamento saudável. Claro, pode não ter acontecido durante a história narrada, mas nós tivemos algumas brigas, bem poucas, mas tivemos.
Durante os anos meu marido continuou amadurecendo, isso era ótimo pra ele e para mim, mas mesmo com sua cabeça feita as vezes ele me dava um pouco de trabalho. Sou um bom marido, creio eu, mas as vezes eu tenho minhas falhas. Uma delas aconteceu quando Jungkook não se sentia bem, e eu estava me sentindo sobrecarregado com assuntos de fora, então não cuidei dele como devia. Acho que estou no meu direito de me sentir assim alguma vez, sou humano também.
Enfim, como sabemos nós adotamos o nosso pequeno Samuel que desde então só nos deu alegria.
Samuel sempre foi um bom menino, o orgulho dos papais. Desde ainda pequeno mostrando que era um anjo.
Quando Samuel fez um ano e oito meses já mostrou um ato de amor e bravura grandíssimo.
Em um certo dia dei folga a Hani, Woong disse que iria dar uma passada rápida na cidade ao lado para resolver alguns problemas. Jungkook me garantiu que estaria tudo bem ele passar o dia sozinho com Samuel.
Como já havia outros dias que ele passou um curto período de tempo sozinho com o nosso filho, achei que não teria problema nenhum em lhe deixar um dia quase todo, afinal, ele já sabia fazer praticamente tudo para o bebê, sem contar que Samuel era bem comportado.
Quando deu meio dia Jungkook começou a não se sentir bem. Eu já sabia que fazia um tempo que ele estava estressado por algumas coisas, mas não sabia que ele teria uma crise logo naquele dia em que eu não estava em casa.
Ele estava ali, andando de um lado para o outro no quarto, sentindo o corpo inteiro pinicar e a cabeça começar a doer. Sabia o que estava acontecendo e tentava se controlar o máximo para não fazer nada com seu filho logo ali. Samuel estava sentadinho no chão, segurando um brinquedo qualquer e encarando a TV do quarto ligada, totalmente alheio.
Jungkook fechou os olhos com força, sentindo cheiros se misturarem com cores, com sabores, com barulhos. Tudo batucava em sua cabeça, desde o relógio até o som da segunda casa depois da sua.
Começou a sua frio e escorregou até o chão, tempou seus ouvidos e soltou um grunido de dor, logo em seguida estapeando as próprias bochechas para que aquilo passasse. Era horrivel, era insano toda aquela situação.
Como se o corpo se movesse por conta própria, deitou-se no chão e começou a espernear, puxando os cabelos negros e gritando de verdade.
Samuel se assustou na hora, largando seu brinquedo e se encolhendo no canto, formando um biquinho nos lábios e ameaçando chorar.
A essa altura Jungkook nem se tocava mais da presença do filho, se batendo e arranhando o próprio rosto. Tudo que conseguia fazer era chorar copiosamente e bater com a cabeça no chão ou então morder com toda sua força seus próprios braços.
Samuel, como um guerreirozinho que é, engatinhou bem devagarinho até o pai, ainda com seu biquinho e os olhos cheios de água, pôs suas mãozinhas sobre as mãos de Jungkook e as puxou para si, dizendo um milhão de vezes "papa, non non".
Escalou Jungkook até que estivesse sobre sua barriga, deitou sobre seu peito com calma e colocou um dedo na boca, impedindo que Jungkook se virasse novamente para bater a testa no chão.
Em meio a todos aqueles zumbidos, Jungkook tampou o rosto com a mão, chorando ainda mais ao finalmente poder ouvir a voz de seu filho. O neném pensou que mais uma vez ele iria se machucar, levantou a cabeça com rapidez e puxou as mãos de Jungkook de novo, dizendo novamente suas palavras e dando um beijinho molhados em sua bochecha.
E foi assim até tudo se acalmar, Jungkook pegar Samuel em seu colo e agradecer seu filho por ter lhe ajudado em um momento tão difícil.
...
Quando nosso filho completou dois anos não aconteceu muita coisa nesse período. Ganhou mais peso e isso nos deixou bastante feliz, cresceu também, mas mesmo assim ainda era miúdo.
No dia do seu aniversário ganhou outro bolo e como no ano passado, deixamos que ele fizesse a festa em cima do doce. Dessa vez Jungkook não se segurou, fez igual ao filho e tacou o rosto ali também.
Também o levamos para passear, e uma vez por semana nós deixavamos ele comer mais algumas besteirinhas.
Quando saía na rua chamava a atenção de todos com seu andar desengonçado e seu macacão de elefante. Completamente adorável.
Levamos para ver sua primeira neve, com certeza eu nunca lhe vi tão feliz como naquele dia. Fez bolinhas, fez bonequinhos, se jogou de um lado, se jogou do outro e até desenhou no chão. Quando deu seu primeiro espirro foi parar imediatamente debaixo dos cobertores.
Mas chegou um dia de terror para todos.
Jungkook chegou com a carteira de Samuel, lendo lentamente as datas que havia ali.
— Jimin, é dia da vacina do Samuel.
Oh não, não, não, não. Tudo menos vacina no nosso bebê.
Só Deus sabe o sacrifício que era para todos da casa quando chegava o dia de vacinas. Mas tudo bem, vamos lá.
Chegamos ao médico e não sabíamos quem tremia mais, se era eu ou Jungkook, porque Samuel nem fazia ideia do que ia acontecer.
Um não era suficiente para lhe segurar, então Jungkook lhe prendia pelo tronco e eu tentava segurar suas perninhas, porque quando o moleque via a agulha só faltava criar asas e fugir para outra dimensão.
No fim foi só uma picadinha no bumbum.
Ah sim, uma picadinha que lhe rendeu uns bons três dias de febre.
Nunca vi mais dengoso no mundo. Por tudo chorava e ficava dramático, não podia sair do seu lado um minuto sequer que já chiava como cachorrinho recém nascido pedindo leite.
De madrugada não ficava no berço, só dormia entre eu e Jungkook dizendo "appa, picadinha dodói".
Dengoso, dengoso e dengoso.
...
Ao completar seus três anos ele realmente nos deu um susto dos grandes.
Agora já era mais travesso. Andava, corria, se pendurava nas coisas, caía da cama, caía da rede, caía do sofá. Só andava por aí com roxos pelo corpo.
Até que um dia eu estava em meu trabalho que por acaso atendia um cliente muito importante, recebi uma ligação de Jungkook.
— J-Jimin-ah... O nosso bebê rolou pela escada e o b-bracinho dele tá muito feio.
Resultado: um braço quebrado.
Samuel conseguiu quebrar um osso com somente três anos, proeza que só fiz quando já estava adulto.
Ao ouvir aquilo fiquei branco feito papel, preocupado no último, nem sequer me despedi direito do cliente. A única coisa que peguei foi minha carteira e a chave do carro. Fui feito foguete para casa e ao chegar lá me deparei com todos mais desesperados que eu.
Hani ajudou Jungkook a por Samuel dentro do carro. A coisa no braço estava muito feia e escorria muito sangue, mas Samuel não derramava nenhuma lágrima. Eu sei como é, no momento a dor é tanta que você nem sente, mas depois...
Depois quando seu braço já estava cirurgiado e devidamente engessado o efeito da anestesia passou. Aí você quer ouvir chororô? Era ficar no quarto do hospital com ele.
Mas não era ruim só pelo choro, era pior ainda ver meu filho sofrendo ali, e eu e nem Jungkook sem poder fazer algo, querendo somente tomar aquela dor para nós.
...
Aos quatro anos chegou uma hora muito animada para Samuel, mas uma ideia até um pouco dolorosa para mim e Jungkook.
— Appa, primeiro dia de escolinha — Ele dizia animado no banco de trás, arrumando pela milésima vez os seus lápis de cor.
Nunca vi ninguém tão animado para ir a escola, dúvido que irá achar isso daqui alguns anos.
Ao chegar na porta da sala Jungkook não queria soltar sua mão.
— Você vai me deixar, Muel? — Jungkook perguntou entristecido.
Samuel sorriu e deu um beijo em seus dedos.
— Só um tiquinho...
— Tem certeza que não quer ir pra casa, filho? — Já era a décima vez que eu perguntava aquilo — A gente pode voltar, sei lá, ano que vem?
Mas ele negou, e então nós tivemos que o deixar lá.
Ao chegar em casa foi uma melancolia nunca sentida. Sentamos no sofá e Jungkook me encarou.
— Amor, é muito triste ficar sem ele.
E de fato era sim, era a primeira manhã sem nosso filho e eu não podia decifrar o vazio em nossos peitos.
...
No seu quinto aniversário, como de costume, foi enfiar a cara no bolo e de brinde veio uma dorzinha no dente.
— Appa, tá doendo aqui — Ele abriu a boca para Jungkook e apontou para seu dentinho.
Jungkook analisou bem o local e então disse a frase que Samuel tanto temia.
— Ele tá com dente mole.
— Dente mole? — Dissemos em uníssono.
E então Samuel correu, correu e correu, e eu? Eu fui obrigado a correr atrás, é claro. Lhe carregando em meus ombros lhe trouxe de volta até a sala, o pobre menino já chorava em antecipação.
— Papai, vai doer, não faz isso com o neném.
Sinceramente, eu não sabia se ria ou se chorava junto.
Mas no fim eu tive que lhe imobilizar por inteiro e segurar sua bochecha para assim Jungkook amarrar uma linhazinha no seu dente mole.
A primeira tentativa foi falha, a segunda também, assim como a terceira.
Quando já era a vigésima sétima vez que Jungkook amarrava a linha no dente dele, eu e Samuel já estávamos exaustos de todo aquele sacrifício.
Durante o processo eu inventei um assunto qualquer sobre comprar novos bonecos, ele nem sequer percebeu quando Jungkook deu um puxãozinho e o dente veio na linha.
— Oh, não — Foi o que ele disse, correu para frente o espelho e encarou o buraquinho vermelho.
— Viu? Nem precisava dessa confusão toda.
...
No seu décimo aniversário também não aconteceu nada de surpreendente, ao invés do bolo ele pediu pra ir ao boliche e minha mãe disse que naquele dia tudo seria por conta dela.
Quem sou eu pra reclamar, não é?
Estava sendo dias divertidos para Samuel, até que um dia ele chegou em casa de cabeça baixa e jogou um papel em cima da mesa.
2
— Eu tirei dois na minha prova... — Nem terminou de falar e já caiu em um choro desesperado.
Era só uma nota ruim e ele já estava assim. Era um tanto engraçado porque na sua idade eu achava isso o fim do mundo também, mas a medida com que vamos amadurecendo percebemos que uma ou duas notas vermelhas vão ser o menor dos problemas.
Eu ficava com muita raiva quando minha mãe dizia que eu deveria tirar no mínimo notas na média pois a minha vida era boa e a única coisa que eu precisava fazer era estudar. Então eu pensava "Só estudar? Você acha que isso é fácil?" E uma coisinha se tornava um problemão pra mim.
Mas o pior é que minha mãe realmente tinha razão, a minha vida era muito mais fácil quando eu tinha só que estudar. Quando não era um problema as contas de luz, a conta de água ou saber se eu teria dinheiro pra comprar comida no fim do mês. Porque infelizmente, eu não ganho mais isso de graça, eu tenho que ir atrás.
Mas não diria isso a Samuel, porque entendo o que se passa com ele.
— É só uma nota ruim, não precisa chorar — Sentei ao seu lado na mesa e acariciei seus cabelos.
Jungkook ficava quieto ao meu lado, não seria tão bom nas palavras como eu.
— Papai, o senhor não está entendendo. É um dois! Eu sou a pessoa mais idiota do mundo.
— Mas não é porque você tirou um dois que você é idiota, meu filho.
— Eu acho você a pessoa mais inteligente do mundo — Jungkook disse a ele.
— Não, pai. Eu não sou — Deixou que mais lágrimas saíssem de seus olhos.
— Isso acontece com todos. Você não se dá bem com matemática e eu já percebi isso. Você sabe porque na escola existe tantas matérias diferentes? — Perguntei e ele negou com a cabeça — Elas são os variados tipos de disciplinas que vão fazer você descobrir qual é o melhor para a sua carreira profissional.
— Elas não estão lá pra dizer que você é idiota, só pra fazer você ver em qual delas você vai se sair melhor. — Meu marido disse.
— Isso. Elas são importantes. Viu? Você já percebeu que é melhor em história do que em matemática, mas isso não quer dizer que você não consiga. Todo mundo pode conseguir.
Samuel apenas concordou com a cabeça e soluçou.
— Tudo certo? O pai não vai brigar com você, se esforce só um pouco mais — Beijei sua cabeça e Jungkook se levantou para fazer o mesmo.
E então ele fez como eu disse, se esforçou um pouco mais. Tirou um 7, isso já era bem melhor que 2.
...
Samuel era realmente esforçado quando queria, o problema foi quando ele completou seus quinze anos. Já estava no ensino médio e isso pra ele era "animal". Mas não me alegrava certas amizades que ele tinha.
— Pai, qual é? É só uma festa — Ele já estava me enchendo a paciência com esse assunto de festa.
— Samuel eu já te disse, não é não — Respondi de forma mais rígida pra ver se assim ele aceitava a resposta, mas não adiantou.
— Pai... — Ele se virou para Jungkook — Diz para ele que é só uma festa.
Jungkook até olhou pra mim com cara de quem diz "Por favor, deixa ele ir" mas lhe lancei outro olhar que já deixava tudo claro.
— Não, Sammy. Pode ser perigoso. — Ele respondeu.
Ele revirou os olhos e bateu o pé no chão. Nosso filho era um ótimo garoto, mas como todo mundo ele tem seus momentos de rebeldia.
— Eu já não sou uma criança.
— Mas está agindo como uma — Respondi um pouco já sem calma — Criança é que a gente deve repetir as coisas mil vezes porque elas não entendem. Eu já te disse que não vai e pronto.
— Mas eu já tenho quinze anos.
— Essa é a questão, você tem SÓ quinze anos. Ta achando que isso é ser adulto? Pessoas só ficam adultas por completo depois de vinte e três anos. Está bem longe de você chegar lá.
— Eu já sei me cuidar sozinho. É só uma festa com os caras do colégio e vocês estão fazendo tempestade em um copo de água.
— Enquanto você morar debaixo do meu teto e comer da comida que eu compro então você me obedece.
Samuel respirou fundo e fechou os olhos com força, deixando cair alguma lágrimas dali. Estava chorando de raiva.
— Vocês são os pais mais chatos do mundo. — Deu meia voltar, se trancando em seu quarto e ficando lá pelo resto da noite.
E então naquele momento relembrei de todos os momentos em que fiz isso com minha mãe. Fui um filho ingrato. Quando sentia raiva dos momentos em que ela me negou algo, mesmo sabendo que ela só queria o meu bem.
No dia seguinte, Samuel desceu para o café da manhã. Rosto inchado e avermelhado, passara a noite chorando.
Nos deu um bom dia bem baixo e sentou ao nosso lado na mesa, sem encarar ninguém.
— Bom dia, anjo — Jungkook sorriu.
— Bom dia, filho.
Mas ele nada disse. Somente começou a comer, ainda magoado.
O café da manhã seguia silencioso, a única coisa ouvida era as notícias que vinham pela televisão, na qual uma delas nos chamou atenção.
"Boate é atacada por assaltantes que acabam ateando fogo em todo local e matando mais de treze pessoas e deixando outras em estado grave... Segue foto das vítimas..."
Samuel soluçou assustado ao ver que uma das vítimas era um dos seus colegas que havia lhe convidado para a tal festa. Não havia morrido, mas estava machucado.
De repente uma carga de culpa foi jogada em seu peito.
E se eu tivesse lhe deixado ir a tal festa, o que teria acontecido?
Ele lentamente se virou em nossa direção, deixando todo aquele choro sair.
— Me perdoe, pai. Por favor, me perdoe — Abraçou Jungkook, beijando seu rosto e chorando ainda mais. Aproveitou que eu estava ao lado e me puxou para o abraço — Me desculpe pelas coisas que falei, eu nunca quis dizer que vocês eram os pais mais chatos do mundo. Me desculpa de verdade, eu amo vocês.
Bom, não havia o que dizer. Ele merecia ouvir mais um pouco? Talvez. Mas no momento eu só queria agradecer aos deuses por meu filho estar aqui.
...
17 anos...
Finalmente era o último dia de aula de Samuel no ensino médio, depois daí era só a festa de formatura e depois LIVRE até entrar em uma faculdade.
E no seu último dia de aula nada mais justo do que Jungkook ir lhe buscar, assim como no primeiro dia de aula.
Jungkook, carinhoso do jeito que é, ainda tratava Samuel como um bebê, tendo o cuidado de lhe buscar na porta da sala. Para o adolescente isso não era um problema, já estava acostumado a ser buscado por mim. O problema era seus colegas de classe.
Ao término o período de aula, Samuel guardou seu material e se encontrou com o pai do lado de fora da sala, lhe lançou um sorriso e o abraçou. Estavam prontos para irem embora, quando escutaram:
— O pai do Samuel é estranho.
— Olha como ele parece um louco.
— Não sei com quais condições ele criou um filho.
— Eu prefiro o loiro bonitão, lá.
— Cala a boca, você não prefere ninguém porque eles são gays, não vê? Isso é ridículo.
— O Samuel tem pais gays?
— E ainda por cima um é doido.
Samuel parou de andar no mesmo instante, sentindo o corpo inteiro esquentar de raiva. Podiam falar o que quisessem de si, mas nunca de seus pais.
— Qual o problema de vocês? — Esbravejou, encarando um a um do corredor — Não tem uma vida para cuidar?
— Sammy... — Jungkook sussurrou, assustando-se com aquilo.
— Qual o meu problema? — Um loira riu — Qual o problema do seu pai?
Ao ouvir aquilo ele se separou de Jungkook e caminhou em passos pesados até chegar naquela garota, sua vontade era de a empurrar até a parede, mas não fez.
— O meu pai? — Samuel se aproximou, chegando bem perto dela — O meu pai não tem problema nenhum. Pelo contrário, ele é muito feliz. Por acaso o seu pai é feliz? Tomara que sim. Porque a filha dele não é.
Deu as costas e segurou a mão de Jungkook, o puxando para fora daquele lugar horrivel, agradecendo que já era o último dia.
...
Aos vinte anos a história começou a acelerar um pouco. Samuel acabava de entrar na faculdade. Sim, ele ficou três anos parado e eu não quis lhe botar pressão, deixei que ele fizesse as coisas do seu jeito e no seu tempo.
Aos vinte e três anos de Samuel aconteceu algo que foi uma tristeza para todos nós. Perdi minha mãe para o câncer.
Foi triste para mim, mas depois de todo o seu sofrimento eu percebi que era melhor ela descansar.
Alguém que era enfermeira, ajudava a todos em suas doenças e infelizmente não conseguiu cuidar da sua própria. Era uma ironia da vida.
Perdi minha mãe, perdi um pedacinho do meu coração.
...
Quando Samuel fez vinte e cinco anos aconteceu algo incrível.
Preciso contar sobre Yeeun. Lembra do Dongho? Sim, a filha dele. Sabe onde ele conseguiu? Sim, adotou ela. Mas você acha que a conhece de algum lugar? Sim, a bebêzinha que estava no berçário junto com Samuel e que usava um lacinho na cabeça.
Eles se reencontraram, eu reencontrei Dongho e sua esposa e nós vimos nossos filhos se juntarem e serem o casal mais fofo de todos.
Não é o suficiente, aos vinte e nove anos Samuel e Yeeun tiveram seu bebê, a Lisa.
Tem quem diga que foi tarde demais para ter um filho, mas nada se compara a felicidade deles e a minha e Jungkook, os vovôs mais babões de todos.
Quando Lisa fez um aninho e Samuel finalmente fez trinta, eu já estava quase velho, mas não tão velho, ainda tô nos meus sessenta anos. Jungkook que é malandro e ainda tá na casa dos cinquenta.
Estávamos envelhecendo, coisa que pra mim parecia ser um terror, mas que na verdade é algo incrível. Lindo poder ver as coisas acontecendo ao seu redor, ter histórias pra contar e ainda por cima ter muita saúde, quem me dera as crianças que vivem doentes em hospitais terem um pouco da saúde que tenho.
Jungkook ainda é lindo, na verdade ele fica mais lindo a cada dia. Ao contrário do que muitos pensam, com o passar dos anos o amor não esfriou e eu não pensei em ter outra pessoa nem sequer uma vez, pois sempre foi ele e sempre será ele.
Enfim, em um dia especial como aquele nós tivemos que sair para um piquenique. Bolos, sanduíches, sucos. Tinha de tudo para nossa tarde agradável no parque. E realmente foi ótimo para todos.
Enquanto todo mundo se divertia ao meu redor eu apenas mantia um sorriso satisfeito no rosto. Era como se estivesse tudo em câmera lenta e eu me lembrasse de todos os momentos de forma clara. Tudo que eu tinha que fazer eu já fiz. Encontrei o amor da minha vida, tivemos um filho e agora somos uma família bem grande. Tudo como sempre sonhei.
E é aqui que eu termino de contar a minha história...
Ah, mas enquanto eu estou aqui no parque pensando nisso e contando a vocês também estou sendo surpreendido por uma mulher que se aproximou de nós. Era magra, alta, usava uma roupa bem hippie e um bonito sorriso no rosto.
Um rosto que eu sabia de quem era...
Ela se aproximou de nós e encarou Samuel, lhe oferecendo muito amor só com o olhar. Logo depois encarou Lisa, parecia orgulhosa e feliz. Enfim tirou uma pequena florzinha do bolso e entregou a ele, assim, partindo para longe mais uma vez.
Todos ficaram sem entender, mas eu sabia quem era ela, era a mãe dele...
Fim
Hoje eu fico por aqui... Obrigada a todos que acompanharam a segunda temporada.
Não sei o que seria dessa história sem vocês. Termino ela satisfeita e sem muitas palavras pra descrever minha gratidão.
Obrigada de verdade. Amo todos.
Adeus ❤️
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