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Era só segunda feira e eu já queria me jogar de uma ponte, acabei de chegar da escola e tenho um milhão de trabalhos pra fazer.

Professores são pessoas do mal, eles devem se reunir e pensar: "galera vamos todo mundo passar trabalho essa semana?", não é possível.

— Então quer dizer que você passou o dia reclamando que tem trabalho mas não quer sair do vídeo game pra ir fazer? — Minha se colocou em frente à televisão e cruzou os braços.

— Ah mãe, espera só um pouquinho — Reclamei jogando a cabeça no sofá e bufei quando escutei o toque de fim de jogo — Você fez eu perder, mãe.

— Park Jimin — Cerrou os olhos, me chamou pelo nome inteiro e isso quer dizer que estou frito — Vá fazer seus trabalhos agora.

— Mas omma — Reclamei — Eu tenho uma semana inteira ainda pra fazer eles.

— E você quer fazer quando? — Continuou de braços cruzados e suspendeu uma sobrancelha.

Coloquei minha mão no queixo de forma pensativa e um bico nos lábios.

— Hummm.... Faltando duas horas pra entregar — Dei um sorriso amarelo.

Ela abriu a boca perplexa e veio em direção dando um tapa na minha coxa.

— Levante essa bunda daí agora e vá fazer seus trabalhos.

— Mas omma, tem que ter a emoção de entregar em cima da hora... — Tentei explicar mas ela me puxou do sofá e foi me empurrando para o quarto.

— Era só o que me faltava — Bufou — Um rapaz dessa idade ter que ser chamado atenção pra fazer os trabalhos.

Começei a rir do seu jeito de reclamar.

— Sei bem o que você quer omma — Olhei pra ela que já se sentava no sofá e colocava em uma novela — Você quer ficar assistindo essas novelas melosas cheias de... Own.

Juntei minhas mãos e fingi dar um suspiro apaixonado e então ela pegou uma almofada e jogou em mim mas eu consegui desviar e então cai na gargalhada. Balancei a cabeça negativamente e subi as escadas para o meu quarto.

Eu gostava de passar por esse corredor do segundo andar, era sempre cheio de quadros na parede e até algumas fotografias minha, de minha mãe e de meu pai.

Meu pai me abandonou para viver com outra mulher quando eu tinha apenas cinco anos e desde então é somente eu e minha mãe. Ela é enfermeira e trabalha muito com plantões e isso faz com que ela chegue muito cansada no dia seguinte, acaba dormindo o dia inteiro e quando já está de noite, um pouco antes de voltar a trabalhar ela acaba me expulsando da TV.

Entrei no quarto e acendi a luz, tranquei a porta e me joguei na cama pensando realmente se eu iria fazer esses trabalhos ou não. Fiquei alguns minutos deitado e então levantei indo até a minha mochila jogada no chão e então peguei meu caderno. Olhei a quantidade de atividades e pensei em fazer logo agora. Me sentei no computador e coloquei o caderno ali em cima.

Comecei a minha pesquisa e minha cadeira ficava de frente pra janela, eu podia ver que começava a chuviscar e então me levantei pra fechar o vidro, fui até lá e quando ia fechando pude ouvir um barulho. Procurei pra saber se era lá em baixo e não era.

O som era um choro alto e percebi que era na casa ao lado, forcei a vista pra tentar enxergar e vi um garoto sentado no chão do que eu julgava ser seu novo quarto.

Era o vizinho novo.

Ele tinha as mãos em suas orelhas e chorava copiosamente.

Balancei a cabeça e fechei a janela. Aish, eu sou mesmo um curioso.

Sentei na cadeira do computador e então voltei a fazer meu trabalho. Anotava tudo em meu caderno e as vezes tirava fotos de algumas partes pra poder fazer depois.

ו×

Trinta minutos depois e eu ja estava terminando o primeiro, ouvi uma conversa lá em baixo e me perguntei com que diabos minha mãe estava conversando, abri a porta e caminhei até a escada onde me abaixei e fiquei quietinho observando.

Minha mãe tinha uma mão na porta enquanto atendia alguém.

— Me desculpe, esse cachorro é seu? — O homem já um pouco velho estendeu a mão segurando o meu filhote.

— Argh, Kenai fugiu de novo! — Sussurrei para mim mesmo e bati com a mão na testa.

— Oh é sim, esse filhote é mesmo um pestinha — Minha mãe pegou Kenai e colocou em seus braços, o cachorro estava ensopado e latia alto — Muito obrigada por traze-lo.

— Por nada senhorita — Lançou um olhar suspeito e eu não gostei disso — É que eu me mudei pra cá pro lado e acho que seu cachorro gostou de se divertir com as caixas da mudança, mas quando começou a chover ele começou a latir muito alto — Se explicou, ele estava tão molhado quanto Kenai — E sabe? Eu tenho um sobrinho que não é muito normal...

— Ah, tudo bem — Minha mãe não entendeu mas concordou — Me desculpe por isso.

— Sem problema algum, eu já vou indo — Ele apontou pra direção da sua casa — Parece que seremos vizinhos agora.

— Sim — Minha mãe riu — Pode me chamar de senhora Park.

Ela se curvou e ele fez o mesmo.

— Foi um prazer lhe conhecer, senhora Park.

— Igualmente senhor....

Ela não terminou a frase esperando ele dizer seu nome e então ele sorriu.

Dak-Ho.

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