Olhos vidrados em mim ansiando por finalmente despejar o que está guardado. Palavras entaladas que imploram para sair e serem levadas com o vento. Mas quando se abre a boca, nenhum som sai, nenhum som entra. Lembro-me então do que já foi feito por mim. Lembro que não serei eu quem poderei mudar o que já se passou. E aquele bolo de frases soltas desce pelo esôfago grudado na saliva. Apesar de tudo, sorrio contente. Não serei eu quem causará a dor em meu próximo. Não serei eu quem cutucar a ferida. Pois já foi feito em mim, e sei bem como dói, o efeito da decepção.