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Capítulo 9

3876 Palavras

Não sei quanto tempo deixei tudo que sentia fluir em mim, mas foi o bastante para que eu finalmente me sentisse melhor. Ainda assim, me deparei com o cansaço imenso sob o meu corpo.

Tudo que eu queria era repousar, e o melhor lugar para isso, foi o banco comprido do meu quarto. Pela primeira vez em toda minha existência, lancei meu corpo sobre algo, e com todo o cansaço, sentia meu corpo mergulhando em estado cada vez mais fundo de sonolência, meus olhos pesavam e era uma luta mantê-los abertos, meu próprio corpo pedir para ceder, e com isso, acabei me permitindo adormecer.

O bom é que, agora, já me sinto melhor e revigorada.

Nunca precisei recorrer a isso enquanto estava no paraíso. Sempre alguns poucos momentos dentro da aura do dormitório eram o bastante para repor minhas energias e também a força da minha graça. Já aqui as coisas são bem diferentes, e mesmo não sentindo mais cansaço, não recuperei minha graça.

Acho que recuperar minha graça é impossível.

Ainda assim... Preciso admitir que dormir não é tão ruim assim. É diferente e muito estranho, e algumas vezes me senti um pouco desconfortável por causa das minhas asas, mas bastou recolher elas que ficou muito melhor. Mas fiz questão de soltá-las novamente quando despertei.

E agora, estou aqui sentada olhando a televisão escura. Ainda não sei como esse objeto funciona, e sinceramente estou muito curiosa para descobrir o que fazer para que imagens comecem a passar como, vi a muito tempo atrás.

Ela tem algumas coisas para apertar bem ao lado, mas quando o fiz, a televisão continuou do mesmo jeito. Apertava e segurava, mas nada de ligar, então desisti de tentar os demais, já que talvez o resultado seria o mesmo. Olhei por todos os lados, toquei lugares diferentes, até deixei a marca dos meus dedos no lugar onde as imagens deveriam surgir, mas nada.

Não sei como fazer essa coisa funcionar.

Além disso, minha barriga dói um pouco já a algum tempo. Não sei o porquê disso.

Lembro que Minos falou sobre mantimentos na geladeira, e cozinhar algo para mim. Essa foi a parte do quarto que sequer me preocupei em ver, estava com o corpo tão exausto que simplesmente ignorei, e agora estou curiosa com o que posso encontrar.

Assim que entro, me permito olhar tudo com mais atenção. O lugar não é muito espaçoso, mas tem muitas coisas. Ao lado da geladeira, vejo um balcão com alguns objetos que me parecem familiares, mas não sei ao certo o porque. Um deles reconheço como um fogão, pois lembro já ter visto um desses, e agora estou curiosa por ver esse objeto tão de perto, entretanto, não sei ao certo como ele funciona... Mais uma coisa que precisarei aprender.

Abaixo dos balcões noto algumas pequenas portas, e ao abrir algumas delas, vejo alguns pratos azuis escuros com pequenas linhas vermelhas em desenhos variados. Em cada um deles tem linhas em padrões diferentes, e acho que gosto dessa diferença deles, além de que considero bonitos.

Ao lado vejo alguns copos, alguns são cheios de curvas, outros são cilindros com alças, e outros são mais simples e retos. Além disso, alguns talheres que, ao pegar para ver, reparo como são pesados.

Vou até a geladeira e a abro, encontrando alguns cilindros com algumas coisas escritas e algumas imagens repletas de explicações, além de alguns vários frascos com líquidos em seu interior. Alguns deles tenho a impressão de já ter visto antes, já que me parecem muito familiares.

Vou pegando um a um e lendo mais, sentindo o frio que sai da geladeira abraçar minha pele, mas simplesmente ignoro isso e continuo observando.

- Leite em pó... – Sussurro lendo a embalagem, e a girando entre meus dedos, e encontro uma informação no mínimo interessante – Modo de preparo?

Olho para todos os cilindros com as mesmas características, e pegando todas que consigo, vou até a mesa e solto tudo. Me sento e, um a um, vou olhando devagar, procurando mais dessas informações. A primeira coisa que consigo entender, é que esses objetos são latas, e dentro tem alimentos... Tá bem, acho que estou progredindo.

Passo um bom tempo lendo essas latas, entendendo melhor o que tem em cada uma. Algumas das coisas que vejo são ervilhas, milho, cenouras, azeitonas, sardinhas, atum, salsicha, almôndegas, pêssegos, abacaxi, morangos... E algumas que são uma mistura de várias coisas. Sem contar que tem frascos aqui com algumas outras coisas, tem leite em pó e leite condensado, mas não entendo. Tantas coisas... E me concentro em ler cada uma delas, buscando aprender mais sobre.

Enquanto leio com atenção, tentando entender esses preparos e até optando no que tentar fazer primeiro, ouço algumas batidas na porta, e me levantando vou até ela. Será que já é Minos?

Ao abrir a porta, não vejo Minos, mas sim outros dois seres parados.

Um tem a aparência de uma moça menor que eu e corpo bem magro, de pele marrom e cabelos bem escuros curtos e bastante cacheados, um olhar castanho bem claro envolto em leveza e curiosidade, além de uma camisa larga cinza escura, uma calça azul escura surrada, e adornos dourados discretos em torno do pescoço e orelhas.

O outro com aparência de um rapaz não muito mais alto que eu, igualmente magro, uma pele bem clara e cabelo escuro liso e até brilhante, olhos escuros levemente puxados, e assim como a garota, ele veste uma camisa tão larga que mais parece um vestido em seu corpo esguio, calça cinza igualmente folgada, e alguns adornos prateados em ambas as orelhas e em um dos pulsos.

Ambos me observam com certa surpresa, e parecem sem palavras.

- Uau... – A garota consegue falar, estando boquiaberta e com os olhos arregalados. – Eu não acreditei quando vi na primeira vez.

- Não acreditei quando você me disse – O rapaz diz na mesma surpresa. – Agora estou aqui, e ainda não estou acreditando.

- Ahn... – Hesito, olhando de um lado ao outro sem entender a reação deles – E vocês são...?

- Ah, foi mal. – O rapaz diz, erguendo as mãos – Desculpe aparecer assim sem avisar... Sou Nick, e essa é Diana, vivemos no andar de baixo... E assim, nós tínhamos que vir aqui te ver.

Ergo uma sobrancelha com esses dois – E por que mesmo?

- Eu te vi chegando com o senhor Minos algumas horas atrás, e não acreditei. – Diana começa a falar com certa animação. Animação até demais – Nunca vi ninguém igual a você!

- Não vamos ignorar o fato que você tem somente uma semana de vida. – Nick diz num sorriso brincalhão. – Ainda não viu muitos demônios.

- E você tem duas, grande diferença. – Ela rebate imediatamente o olhando de soslaio, e então volta a mim. – E você é uma recém surgida como nós, então... Viemos dizer oi.

- Somente dizer oi? – Questiono ainda os olhando com uma sobrancelha erguida, não acreditando em suas péssimas justificativas.

- Tá bom, também para ver se você é de verdade mesmo. – Diana responde – Não vimos ninguém como você antes...

- Como podem ver, sou de verdade. – Respondo apertando os olhos, e percebo como os dois me olham, completamente incrédulos. Eles não disfarçam seus olhares em minhas asas – Desculpem, não estou com muito tempo agora.

- Ah, só pode nos dizer qual seu nome? – Ouço Nick questionar, o que me impede de fechar a porta.

- Mikaela. – Respondo sem muita demora, já fechando a porta.

- Mikaela... – Ouço Nick falando enquanto fecho a porta – Um demônio recém surgido bem diferente, não acha Diana?

Paro por um momento, e abro a porta novamente, e ambos tornam a me olhar. – Não sou uma recém surgida. Existo já faz muito tempo, apenas cheguei aqui recentemente.

- Chegou recentemente? – Diana pergunta curiosa – Você vivia em um local diferente?

- Mais ou menos. – Balanço a cabeça negativamente.

- Então é um demônio de uma origem especial. – Nick supõe, e com o olhar, Diana parece concordar com a conclusão do rapaz.

- Não sou um demônio. – Digo, e ao perceber a surpresa dos dois, percebo que falei demais.

- Você... Não é um demônio? – Diana me olha ainda mais surpresa do que antes, olhando para Nick e então voltando a mim. – Uau... Duas vezes uau...

- Caramba, isso... – Nick abro um largo sorriso – Isso é demais!

- O que? – Estranho a reação dele, que logo também é a reação de Diana.

- Com certeza, eu nunca imaginei isso! – Diana diz logo em seguida, e a animação deles acaba ecoando pelos corredores.

Olho de um lado ao outro, não esperando uma reação dessas vinda deles. Eles aceitaram tão bem, e de forma tão animada, que não faço ideia de como responder a isso, mas começo a me preocupar com a bagunça que estão fazendo, podendo chamar mais atenção que eu posso querer.

Me vendo sem alternativas, agarro o braço dos dois e os puxo para dentro do meu quarto, fechando a porta atrás de mim quase que imediatamente, os encarando fixamente.

- Será que vocês podem me fazer o favor de não espalhar isso para o lugar inteiro? – Pergunto, mas mais em tom de bronca.

- Tudo bem, mas... – Diana começa – Se você não é um demônio como a gente... O que você é?

Encaro os dois fixamente, me questionando o porquê disso estar acontecendo comigo. Tudo que eu poderia querer é passar despercebida e evitar chamar atenção pelo máximo de tempo possível, mas agora, estou com uma dupla de demônios curiosos em meu quarto.

Lembro-me do que Minos havia me dito antes, que muitos demônios temem os anjos, e que eu poderia usar isso a meu favor. Entretanto, agora que penso melhor, não sei se revelar isso para Diana e Nick é a melhor escolha... Mas talvez, se eu falar, eles podem me deixar em paz.

Na verdade, pelo pouco que vi desses dois, tenho minhas dúvidas que qualquer coisa que eu diga agora fará eles ficarem longe de mim.

Continuo sob esse par de olhos curiosos, ansiando por uma resposta, e com um suspiro demorado acabo me dando por vencida – Eu sou um anjo caído. Satisfeitos?

Nenhum dos dois me responde. Eles apenas me olham novamente boquiabertos, como se eu fosse algo completamente diferente de tudo que eles já viram... O que de fato sou. Seria inocência da minha parte esperar por outra reação deles.

- Tá bem... Um anjo... – Nick gagueja um pouco – Por isso eu não esperava...

- Então, é por isso que você tem asas, e... – Diana gira o indicador sobre sua cabeça.

- Asas e uma auréola? Sim. – Confirmo com a cabeça, recolhendo minhas asas quase que imediatamente, fazendo minha auréola desaparecer – E agradeceria muito se vocês não saíssem contando isso para todo mundo.

- Não contar? Mas... – Nick começa, mas eu o interrompo.

- Prometam que não vão contar! – Insisto me aproximando dos dois.

Eles trocam um olhar, e Diana começa – Tudo bem, mas... O que quer dizer com "prometam"?

Passo uma mão pela testa – Significa dar sua palavra, e se comprometer com algo.

Novamente eles trocam um olhar, e Nick ergue os ombros, voltando-se para mim – Tudo bem, nós prometemos.

- Ótimo. – Digo bufando, passando ambas as mãos pelo cabelo impacientemente.

- Você pode fazer elas aparecerem de novo? – Diana pergunta de repente.

Estranho essa pergunta, enquanto retorno para a cadeira e me sento, tornando a olhar para as latas com atenção – Por que quer saber isso?

- Porque é muito legal! – Responde empolgada.

- Vocês acham isso? – Pergunto sem me virar a eles, mas agora, mais atenta a eles.

- É claro que sim. – Nick responde. – São asas, algo que pouquíssimos aqui no submundo tem.

Novamente passo uma mão pela testa, e balanço a cabeça para mim mesma – Sim, posso fazer minhas asas reaparecerem. Mas nem adianta me pedirem, pois não vou mostrar elas para vocês.

- Ah, tá bom... – Diana responde – Escuta, você vai comer tudo isso?

Os olho sobre o ombro, e não sei o que responder, já que ainda estava lendo as latas – Não, eu... Ainda estou escolhendo.

- Quer que eu prepare alguma coisa? – Ela se oferece do nada, e a olho com sobrancelhas erguidas.

- Tipo? – Pergunto com mais interesse do que esperava ter.

Ela pega algo em sua calça e, pegando a mão do rapaz, ela deixa o objeto – Nick, desce lá no meu quarto e pega um pote de chocolate no armário.

- E como você conseguiu chocolate no submundo? – Ele pergunta erguendo uma sobrancelha.

- Dei sorte, consegui pegar alguns no último abastecimento. – Ela bate ambas as mãos no peito dele e o empurra de leve – Vai logo, a gente também não comeu nada e eu estou com fome.

- Tá bem sua apressada, já volto. – Ele diz e sai pela porta numa corrida.

Diana acaba suspirando erguendo a cabeça, e ao se virar ela percebe que está sob meu olhar sério, e acaba dando um meio sorriso sem jeito, um pouco encolhida. – Ele volta rapidinho... – Ela começa a falar – É no andar de baixo... Sabe...

- Aham... – Respondo deixando a lata sobre a mesa, ainda a encarando com desconfiança. Olho para o banco, e retornando para ela, faço um gesto com a cabeça – Sente-se.

Ela mais do que rapidamente acaba acatando o que disse, se sentando e me olhando fixamente. Não sei se me observa um pouco assustada, ou com... Admiração?

Por pouco tempo o silêncio perdura, quando a porta é aberta devagar – Não sabia em qual armário estava, então acabei demorando mais tempo... Mas me fala uma coisa Diana, onde foi que você conseguiu aquela...

- Você também, sente-se! – O interrompo bruscamente, e Nick acaba fazendo o que mandei num pulo, e agora, são os dois que me olham fixamente, quase que prendendo a respiração. Percebo que Nick retornou com um pote em mãos com algo amarelo dentro, o que imagino ser o tal chocolate – Certo, é bom que me digam a verdade... O que vocês dois querem comigo?

Nenhum deles diz algo. Apenas trocam um olhar, e então voltam para mim.

Me levanto e caminho devagar até ficar de frente para eles, e então cruzo meus braços, ainda esperando que falem qualquer coisa. – E então?

- É que... – Nick começa a falar, mas então para assim que olho para ele – A Diana me falou que viu você chegando com o senhor Minos ontem...

- E eu te achei bem diferente, e achei que fosse uma recém surgida como a gente... – Diana continua falando da mesma forma hesitante que Nick – Aí contei para o Nick sobre você...

- E falou que você era legal por ser bem diferente de todo mundo, e viemos ver se você era de verdade e dizer oi... – Nick completa – E achamos que poderíamos andar juntos... Entende?

Assinto com a cabeça, apertando os olhos com suas explicações. Ainda assim, não digo nada a princípio, não posso negar que estou adorando ver os dois dessa forma.

- Então, vocês vieram aqui porque me acharam legal por ser diferente de todo mundo, certo? – Digo sem descruzar os braços, e eles assentem com cautela. Os dois estão com os ombros encolhidos, até parecendo que estão esperando uma bronca minha – Não se importam em saber que sou um anjo?

- Não, de jeito nenhum... – Nick diz e olha para Diana – Eu não esperava...

- Também não... – Diana responde – Na verdade, acho que ser um anjo te deixa mais legal ainda...

- Eu ser um anjo, me torna mais legal ainda? – Ergo uma sobrancelha, e os dois acabam confirmando juntos. Não reprimo um riso descrente – Vocês dois são estranhos.

Uma coisa não posso negar. Eles parecem estar falando a verdade, até mesmo pareceram mais empolgados quando contei que sou um anjo.

Por mais uma vez, sinto minha barriga doer e ela torna a fazer barulhos. Franzindo a testa, levo uma mão na barriga tentando diminuir esse incômodo – De novo isso... Por que está desse jeito?

- Você está com fome. – Diana diz, e a olho com uma sobrancelha erguida.

- Ei, isso me lembra... – Nick ergue as mãos, dando ênfase ao pote – Eu trouxe o chocolate.

- Ah, ótimo. Vou preparar uma coisa que vi ontem. – Diana se levanta e pega o pote, mas assim que ela volta a me olhar, a garota se encolhe um pouco – Eu, ah... Posso preparar?

Ainda sinto minha barriga doendo, e isso já está me incomodando de um jeito que não estou mais aguentando – Se isso for fazer essa dor parar, sim, você pode.

O rosto dela se ilumina – Legal, você vai adorar! Nick, vem me ajudar! – Assim que fala, ela puxa o rapaz pela mão e os dois vão apressados até a cozinha, sendo acompanhados pelo meu olhar.

Acabo soltando um suspiro demorado, não acreditando na situação que acabei entrando, e com isso, vou atrás deles, curiosa com o que irão preparar.

*****

Estou sentada de braços cruzados, enquanto que Nick surge primeiro com alguns talheres em mãos e um prato com salsichas cortadas, seguido por Diana que trás um prato com algo fumegante em seu interior, e um pote com alguns morangos lavados e picados na outra.

Os dois depositam as coisas na mesa, bem à minha frente, e ergo os olhos, um pouco desconfiada. Mesmo assim, já faz algum tempo que comecei a sentir o aroma do que eles estavam preparando, e não vou negar que é algo que criou certa expectativa em mim.

- Desculpe a demora Mikaela, já podemos comer. – Nick diz, já se sentando.

- Já não era sem tempo Nick. – Diana aperta os olhos, se sentando logo em seguida – Você tinha que inventar de fritar todas as salsichas?

- É claro que sim, tinha que fazer o bastante para nós três. – Nick rebate em provocação. – E você, querendo comer só brigadeiro.

- Brigadeiro com morangos! – Ela responde e o rapaz ri. – Foi culpa dele Mikaela, não minha.

Ambos me olham, notando que até agora permaneci calada, apenas observando ambos. Percebo que os dois tem certa expectativa, e Nick se arrisca falar – Pode experimentar. Nos diga se ficou bom...

Olho os pratos sentindo a boca encher e meu corpo pedindo urgentemente por isso. Me rendendo a isso, alcanço um garfo e perfuro uma das salsichas, levando a boca sem demora, me permitindo sentir esse novo sabor que parece completamente incrível.

Respiro profundamente ao terminar de degustar esse sabor. – Tudo bem, eu admito... É muito bom.

Nick respira aliviado, e Diana já pega alguns pedaços de salsicha ao mesmo tempo que continuo me servindo – Então eu que não vou ficar esperando, não comi nada ainda.

- Acho bom eu não perder tempo, senão vou ficar sem. – Nick diz aos risos, já se servindo também.

Meus olhos vão para o brigadeiro e os morangos por um instante – E isso?

- O brigadeiro vem depois. – Diana diz antes de se servir novamente – Não sei porque, mas acho que chamam de sobremesa.

- Se for bom assim, por mim está ótimo. – Digo enquanto meu corpo agradece por isso.

- Nunca comeu brigadeiro antes? – Nick me olhando.

- Nunca comi nada antes. – Respondo e os dois me olham surpresos – Essa é a primeira vez que estou comendo. Não imaginava que era tão bom.

- É sério? Você nunca comeu nada? – Nick pergunta surpreso.

- Eu não sentia fome enquanto estava no paraíso. – Digo já saboreando mais alguns pedaços de salsicha – Então, não havia necessidade de me alimentar... Acho que a graça dos anjos já nutre nossos corpos, mas agora que sou uma caída, não tenho mais minha graça.

Os dois trocam um olhar – Mas o que fez você ser mandada para cá? – Diana pergunta.

- Minha curiosidade. – Digo simplesmente, recordando claramente daqueles momentos – Mas prefiro não falar disso.

- Bom, tudo bem. – Nick pega os últimos pedaços de salsicha, e Diana prontamente troca os pratos, deixando os morangos e o brigadeiro já posicionados. – Não perde tempo, em?

- Claro que não, temos que aproveitar o brigadeiro enquanto ainda está quente. – Diana balança um pouco o prato, e vejo que o brigadeiro está duro – Ou quase...

- Ele deveria ficar assim? – Pergunto olhando o prato, que Diana chega a deixar invertido. O brigadeiro continua grudado no prato.

- Eu acho que não... – Ela o devolve à mesa. – Vou ter que esquentar o brigadeiro de novo?

Nick observa com atenção e, com uma colher, ele pega um pouco do brigadeiro e, o juntando com o morango, leva a boca e saboreia por um instante – Olha... Até que assim não tá ruim não...

- Então vamos aproveitar assim mesmo. – Diana se adianta, servindo-se de brigadeiro também e então olha para mim – Experimenta também Mikaela.

Ergo os ombros e me arrisco a saborear a combinação de brigadeiro semi-endurecido com morango, e assim que experimento, me perco por alguns longos segundos. O sabor é simplesmente maravilhoso em todos os aspectos que sequer sei como descrever, tudo que posso é aproveitar um sabor que agora, me pergunto porque nunca tive a chance de experimentar antes. Dois sabores tão diferentes, mas que combinam tão bem.

- O brigadeiro está excelente... – Deixo escapar com um suspiro de satisfação.

- Acho que alguém aqui adorou o brigadeiro. – Nick diz rindo e não me importo em soltar um sorriso enquanto concordo – Bom que estamos livres até amanhã. Então, depois podemos fazer mais.

- Até amanhã? – Ergo uma sobrancelha. – Por que?

- É fim de semana. – Ele responde nos olhando – Estou vivo a só duas semanas, mas pelo que entendi, costumamos ficar livres nesses dois dias.

- Vocês tem isso? – Pergunto genuinamente curiosa – Interessante, no paraíso não havia esse conceito... Mas e os outros dias?

- Nos outros, temos algumas tarefas a cumprir. – Nick explica, enquanto experimento a combinação por mais uma vez, sentindo a necessidade de ter tal sabor na minha boca novamente – Como somos bem novos, ainda vamos fazer algumas avaliações antes de recebermos tarefas.

- Então nesse dia livre, estivemos pensando em sair para dar uma volta pelo submundo. – Diana diz com um sorriso leve – Quer vir junto Mikaela? Já pode conhecer mais do submundo.

- É... – Respondo um pouco hesitante enquanto olho a mesa – Acho que sair um pouco pode ser legal... Mais do que só ficar nesse quarto.

Diana me observa, e aperta seus olhos por um momento – Você recebeu roupas novas?

Ergo as sobrancelhas um momento – Ah, não... Eu acho que não...

- Acha? Ué, não olhou seu guarda roupa? – Nick pergunta um pouco surpreso.

- O que é um "guarda roupa"? – Pergunto, e Diana me responde levantando a mão e com seu indicador erguido. Sigo com o olhar e percebo que é o baú de cinco portas – É aquilo?

- Sim, mas vamos nos preocupar com suas roupas depois. – Ouço Diana falar, enquanto que estou espantada ao perceber quantas coisas desconheço, mesmo que sejam simples nomes – Agora, vamos terminar nosso brigadeiro.

Os dois demônios falam algo entre si, enquanto solto uma curta risada para mim mesma, e retorno minha atenção para as companhias que até que não parecem ser tão ruins assim.

Notas Finais

1 - Anjos tem seus corpos alimentados pelo poder de suas graças. Quando suas graças são arrancadas, eles passam a ser sentir necessidades, como fome e sono.

2 - Os demônios do submundo surgem de maneira semelhante aos anjos, sendo formados em um local distante dentro do submundo. 

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