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Apolo e Oryas permaneciam nas alturas das montanhas, envoltos em pensamentos sombrios sobre o destino da Corte Boreal.
Um destino aparentemente sombrio e impossível de ser contornado.
O terceiro dos irmãos, Órion, estava recluso em seus aposentos, consumido pela dor e melancolia de suas ações, por culpa pela teia de mentiras que envolveu a mente de Aurora por tantos anos.
Então, de repente, como um vento de verão, que vem e logo se vai, algo extraordinário aconteceu.
Uma explosão de luz deslumbrante irrompeu pela Corte Boreal, iluminando cada canto, cada rua, cada casa, e preenchendo o céu com uma variedade de auroras boreais.
A magia fluiu pela Corte. Bela e pura. Como a muito os habitantes não observavam.
Naquele momento, Apolo sentiu uma parte do poder que havia sido drenado dele, através do feitiço que ousou conjurar com a bruxa, retornar para ele em um fluxo avassalador.
Era um sinal, uma clara indicação de que parte do encanto havia sido quebrado, e Aurora, em seu interior, conhecia a verdade, aceitava essa verdade.
Ela sabia agora.
Sabia que era filha de Artemys, sobrinha deles e, acima de tudo, a Grã Senhora da Corte Boreal.
Ruby observou enquanto o macho segurava Aurora nos braços, a cabeça dela na curva do pescoço dele. Suas sombras agitadas.
Um Cantor de Sombras.
E aparentemente, parceiro de Aurora.
Essa era a única maneira dele ter conseguido passar pelas defesas mágicas da cabana.
Afinal, as defesas eram para manter outros longe, não Aurora.
Nunca Aurora.
ㅡ O que você fez com ela? ㅡ a voz dele estava fria, seu olhar mortal enquanto ele apertava o corpo de Aurora contra si. Suas sombras a envolvendo. A protegendo.
Ruby sorriu.
Machos fae eram sempre iguais. Sempre territoriais e preocupados em excesso.
E as Grã senhoras da Corte Boreal sempre teriam um parceiro sombrio.
Era até irônico, como o macho lembrava Kyrian, e Aurora lembrava tanto a mãe. Quase como se Ruby estivesse sendo transportada para o passado.
ㅡ Eu não fiz nada, Cantor de Sombras. ㅡ Ruby confessou. ㅡ Parte do feitiço foi quebrado. Isso exigiu muito dela, principalmente mentalmente. Não é fácil deixar tudo que conheceu e amou para trás. Ela foi muito corajosa.
O Cantor de Sombras a encarou, desconfiança clara em seus olhos.
ㅡ É verdade?
Ruby riu enquanto olhava para as mãos pálidas, a morte iminente dela, agora adiada. O preço em parte, revogado.
ㅡ Que a suposta Aurora Archeron é na verdade a Grã Senhora da Corte Boreal? ㅡ Ruby perguntou zombeteira. ㅡ Sim, Cantor de Sombras, é verdade.
As sombras dele se agitaram ainda mais, seu semblante mais confuso ainda. Em choque, talvez.
ㅡ Deite ela no sofá, ela precisa descansar. ㅡ Ruby disse e apontou para o sofá no canto da sala, relutantemente, Azriel deitou Aurora no sofá.
Com uma delicadeza não esperada de um guerreiro ilyriano, ele a ajeitou no sofá, tirando o cabelo que cobria o rosto dela e se mantendo em guarda, sentado no sofá próximo dos pés dela, adaga agora nas mãos.
ㅡ Como isso é possível? ㅡ o Cantor de Sombras perguntou com desconfiança.
ㅡ Faça uma barganha comigo e eu irei o dizer. ㅡ Ruby respondeu.
Ela não era idiota. O Cantor de Sombras, se fosse permitido a sair daquela cabana, contaria tudo para seu Grão Senhor. E Ruby não poderia permitir algo assim.
Sua lealdade era da Corte Boreal. Foi daquela Corte maravilhosa dês do dia que Artemys salvou a vida dela.
Ruby não permitiria que o maior segredo da Corte dela caísse nas mãos da Corte Noturna.
ㅡ Que tipo de barganha? ㅡ o Cantor de Sombras perguntou, sua voz fria.
Se Ruby não tivesse conhecido Kyrian, ou até mesmo Oryas, ela poderia ter temido a frieza de Azriel.
ㅡ Você vai prometer não contar nada do que foi e será discutido aqui. Em troca, eu o direi o que precisa saber e não contarei para Aurora sobre a parceria. ㅡ Ruby respondeu e sorriu quando o Cantor de Sombras ficou absurdamente tenso.
ㅡ O que me impede de simplesmente matar você e sair por aquela porta com Aurora? ㅡ o Cantor de Sombras ameaçou.
Ruby sorriu e estalou os dedos, a porta desapareceu.
ㅡ Você está em minha casa, Cantor de Sombras. Eu tenho poder aqui. Você não.ㅡ Ruby disse. ㅡ Ou você faz a barganha, ou nunca mais sairá dessa cabana com vida.
O Cantor de Sombras a observou, como se buscasse uma outra saída, como se esperasse que suas sombras pudessem o dizer algo para o ajudar.
Mas não haviam mais segredos para serem revelados.
O maior deles já havia sido dito.
ㅡ Tudo bem. ㅡ o Cantor de Sombras concordou.
Ruby sabia que ele concordaria, ele não tinha outra escolha.
A barganha foi bastante simples. Ruby mal prestou atenção nisso, tudo que ela estava olhando era para a garota dormindo em seu sofá.
Aurora.
Doce Aurora.
A luz da Corte Boreal.
Ruby se lembrava de quando a segurou pela primeira vez, um bebê que havia acabado de se tornar órfã.
ㅡ É verdade? Ela é feérica? ㅡ o Cantor de Sombras perguntou. Havia algo em seus olhos, seus sentimentos quase ficando à mostra, a frieza quase se esvaindo.
ㅡ É complicado. ㅡ Ruby murmurou e se sentou na poltrona de frente para o sofá. ㅡ A alma dela é fae, mas Apolo e eu a prendemos em um corpo mortal.
ㅡ Como isso é possível? ㅡ ele perguntou confuso, suas sombras rodeando Aurora, ainda a protegendo.
ㅡ Tudo é possível com poder o suficiente. ㅡ Ruby respondeu. ㅡ Mas certas linhas nunca deveriam ser cruzadas. Eu avisei à Apolo. Mas ele estava cego demais pelo luto para me ouvir.
ㅡ Como ela veio parar desse lado? Por que ela está longe da Corte dela? Nada disso faz sentido. ㅡ o Cantor de Sombras murmurou.
Ruby respirou fundo, como se estivesse prestes a revelar mais segredos.
ㅡ A Corte Boreal foi traída, por isso Hybern conseguiu passar por nossas defesas. ㅡ Ruby disse, seus olhos brilhando com ódio. ㅡ O irmão do pai de Aurora, se juntou a Hybern e o deixou entrar na Corte. Ele e Hybern mataram o pai de Aurora juntos, Hybern ferindo Artemys no processo.
Os olhos de Ruby faíscaram com raiva e dor.
A Corte Boreal.
Uma Corte uma vez temida e respeitada. Traída e deixada em cinzas.
A casa dela.
A casa de Aurora.
ㅡ Conseguimos os expulsar e levantar as defesas com o sacrifício das criaturas que Artemys criou. Seres de luz, aprisionados nas trevas para permitir que a Corte tivesse uma chance de vitória.
Ruby ainda conseguia se lembrar, daqueles belos seres. Conseguia se lembrar da alegria da Corte que a acolheu.
Tudo isso ruiu em um único dia.
ㅡ Artemys deu à luz para Aurora na manhã depois do ataque, mas depois de perder o parceiro e a maioria de seus homens, além de ter sido ferida, ela morreu depois do parto, ela segurou Aurora por apenas dez minutos, enquanto a nomeava e arrancava dos irmãos uma promessa.
Ruby impediu seus olhos de se encherem de lágrimas.
Por que ela estava contando todos os detalhes para aquele Cantor de Sombras?
Ela não deveria.
Mas Ruby só queria falar, só queria deixar alguém saber. Que alguém soubesse sobre os sacrifícios que todos fizeram.
Os erros que eles cometeram em nome de uma promessa.
ㅡ Eles prometeram proteger Aurora, cuidar dela. Prometeram reerguer a Corte para ela. Prometeram que ela seria feliz. ㅡ Ruby suspirou. ㅡ Mas eles não souberam lidar com um bebê recém nascido. Foi aí que eu entrei. Eu era um dos poucos membros da Corte que ainda eram totalmente leais. De confiança. Então eu recebi a responsabilidade de cuidar da minha Grã Senhora.
Um sorriso coloriu a face da bruxa. Emoção pura e genuína alí.
ㅡ Cuidei dela por quatro anos.ㅡ Ruby confessou. ㅡ Então as revoltas começaram, os inimigos da Corte se infiltrando. A Corte não era mais segura para Aurora. Foi então que nossos erros começaram.
O Cantor de Sombras escutava cada palavra atentamente, totalmente concentrado nas palavras da bruxa.
ㅡ Então fizemos o feitiço, a prendemos em um corpo mortal, apagamos suas memórias e a mandamos para o mundo mortal. Onde ela ficaria até que a Corte fosse segura para ela. ㅡ Ruby respirou fundo. ㅡ Faz 96 anos desde que a trouxemos para as terras mortais.
O Cantor de Sombras arregalou levemente os olhos. Surpresa em sua face.
ㅡ Apolo usou seus poderes para que ela continuasse como uma criança de 4 anos, nunca deixando ela passar mais de um ano com uma família. Órion apagaria suas memórias e Oryas a manteria vigiada dia e noite.
O Cantor de Sombras olhou para a bruxa, seus olhos brilhando com muitas emoções:
ㅡ Por que você não ficou com ela? Como antes?
Ruby deu um sorriso triste.
ㅡ Com os humanos, nossos inimigos nunca a encontrariam, comigo, ela estaria em perigo. E depois do feitiço, eu não era forte o suficiente para a proteger. ㅡ a bruxa confessou com pesar.
ㅡ O que mudou? Por que agora?
ㅡ Uma das famílias humanas, os Archeron se mudaram de sua casa quando ficaram pobres, Oryas teve um descuido e não conseguiu encontrar para onde ela foi levada. Então ela cresceu e envelheceu.
ㅡ Ruby confessou. ㅡ Os três irmãos já haviam descido que os Archeron seriam a última família dela, que eles iriam dizer a verdade. Quando Oryas a encontrou anos depois, e Apolo a salvou, eu pensei que eles diriam a verdade. Que Apolo iria desfazer o feitiço e que ela voltaria para casa.
Ódio brilhou nos olhos da bruxa por um instante, assim como melancolia, e muita tristeza.
ㅡ Eles não disseram. Permitiram que ela vivesse naquele chalé passando por dificuldades, porque ela os amou quase instantaneamente. E eles tinham medo demais do ódio dela.
ㅡ Ruby murmurou. ㅡ Eles a amam mais que qualquer coisa, mas amor demais pode sufocar. E eu não podia permitir que minha Grã Senhora ficasse para sempre no escuro, não podia permitir isso depois do que Artemys fez por mim. Então passei os últimos anos reunindo meu poder para finalmente conseguir a trazer até mim e a fazer questionar tudo.
O Cantor de Sombras assentiu, mas seus olhos pareciam distantes, como se ele estivesse perdido em pensamentos.
ㅡ Apolo acha que pode a proteger da guerra que está chegando a mantendo no escuro. E eu o entendo. Entendo que os três tem medo de a perder como perderam Artemys. ㅡ Ruby suspirou. ㅡ Mas Aurora merecia a verdade. Então eu a dei a verdade.
O Cantor de Sombras assentiu e Ruby olhou para ele.
ㅡ Ela vai precisar de você. Da sua força e companhia. Ela não sente que pertence mais aos Archeron. Ela se sente uma estranha no próprio corpo. Mas você, você pode a ajudar. ㅡ Ruby sorriu. ㅡ A luz dela sempre precisará de escuridão. A escuridão é o equilíbrio, Azriel. Você trás esse equilíbrio. Para que ela nunca brilhe forte o suficiente para destruir nosso mundo.
O Cantor de Sombras a encarou, ele nunca havia dito o nome dele. Mas Ruby já sabia. A bruxa sempre sabia demais.
ㅡ Ela poderia? Destruir nosso mundo?
Ruby riu.
ㅡ E todos os mundos além.
ㅡ Como isso é possível? Tanto poder preso em um corpo mortal?
ㅡ A cegueira dela sobre quem era é o principal fator. Além dela não se achar poderosa. ㅡ Ruby explicou.
ㅡ Mas com uma mãe como Artemys e um pai como Kyrian, ela poderia mudar o que conhecemos sobre seres poderosos. Ela poderia elevar a forma como vemos poder.
ㅡ Obrigado. Por me contar. ㅡ o Cantor de Sombras agradeceu.
Ruby riu.
ㅡ Foi uma barganha, Cantor de Sombras, você nunca poderá dizer nada até que Aurora descida que você pode, ou até que ela deixe a verdade visível para os outros.
No sofá, Aurora se mexeu, lentamente seus olhos se abriram.
Azriel ofegou.
E quando ela olhou para ele, onde olhos iguais aos de Feyre costumavam estar, olhos coloridos, girando com as auroras boreais, que a nomearam, o encararam.
I. Oie pessoas. O que acharam do capítulo? Gostaram?
II. Esse capítulo foi mais para ter uma explicação mais a fundo sobre como tudo ocorreu. Espero que vocês tenham entendido.
III. É tão triste a forma que o amor dos três irmãos e o luto os fizeram agir da forma que agiram, é mais triste ainda por tudo que ainda vem pela frente.
IV. Os próximos capítulos serão simplesmente o ápice dessa fanfic, principalmente quando Hybern sequestra as Archeron. Vocês não estão preparados pro que está por vir. Sério.
V. Ruby sendo uma rainha, amo tanto ela, amo demais a forma que ela errou mas está tentando consertar o erro contando a verdade para a Aurora. Porque ela sabe que a Aurora merece saber quem é.
VI. Por hoje é só, mas nos vemos em breve.
Byee.
02.07.2023
Duda.
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