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Quando ela adormeceu naquela noite, ela mergulhou em um sonho que a transportou para uma escuridão aterrorizante e desconhecida. 

Seus sentidos se perderam em meio às trevas, e uma sensação de confusão envolveu sua alma. A escuridão parecia envolvê-la por todos os lados, como se não houvesse uma rota de fuga.

Ela estendia as mãos, desesperada para encontrar algum ponto de referência, mas era em vão.

Seu coração batia acelerado, inundado por uma mistura de medo e ansiedade. A cada passo que tentava dar, seus pés pareciam afundar no chão, como areia movediça.

Aurora se sentia perdida, sem direção, incapaz de discernir qual era o caminho certo a seguir para sair dalí.

A escuridão desconhecida ao seu redor parecia sussurrar segredos sombrios, despertando dúvidas e inquietações em sua mente. Ela ansiava por um raio de luz para iluminar seu caminho e dissipar a opressiva escuridão que a envolvia.

A medida que Aurora se encontrava cada vez mais imersa naquela escuridão sufocante, o desespero começou a tomar conta de seu ser. Seus pensamentos se tornaram caóticos, enquanto sua mente se debatia em busca de uma saída.

Qualquer saída.

Ela clamava por auxílio, lutando contra a sensação de desamparo que a envolvia.

A sensação de estar sozinha.

Completamente sozinha.

Enquanto o desespero tomava conta de Aurora, suas pernas fraquejaram e ela caiu de joelhos na escuridão impiedosa. Lágrimas de frustração e medo começaram a escorrer por seu rosto, enquanto a sensação de estar perdida e sozinha se intensificava. 

Entretanto, quando tudo parecia perdido, um lampejo de esperança brilhou ao longe.

Uma luz suave, cintilante e celestial emergiu das profundezas da escuridão. 

Seu coração acelerou de esperança enquanto ela observava a luz se aproximar, revelando uma figura majestosa e etérea.

Uma criatura formada por feixes de luz, como auroras boreais dançantes, emergiu da escuridão, seu brilho colorido acendendo algo dentro do peito de Aurora.

A presença daquela criatura mágica trouxe uma calma reconfortante e uma sensação de renovação.

A sensação de não estar mais sozinha.

 A criatura feita de auroras boreais emanava uma beleza indescritível, envolta em um espetáculo de cores em constante mutação. Sua forma era fluída e imprevisível, como se fosse um reflexo dos desejos e sonhos de Aurora.

Em um momento, poderia assumir a aparência de uma pessoa graciosa, com traços delicados e olhos radiantes, envolta em um manto de luzes dançantes. No instante seguinte, transformava-se em um majestoso dragão, suas escamas translúcidas e corpo parecido com o de uma grande serpente, brilhando com as tonalidades do arco-íris.

Outras vezes, a criatura se transformava em seres que Aurora nunca havia visto ou lido sobre.

 A cada metamorfose, a criatura irradiava uma energia intensa e mágica, enchendo o coração de Aurora de admiração e fascínio. 

Suas cores vibrantes e hipnotizantes ascendiam no peito de Aurora, enchendo-a de uma energia radiante. A presença da criatura luminosa acalmou seu coração aflito, trazendo-lhe a certeza de que ela não estava sozinha. 

— Olá, doce Aurora. — a voz da criatura parecia mudar a cada frase, a cada metamorfose. Até que a figura de aparência feérica estava olhando para Aurora. — Por que está com medo? 

Aurora encarou a criatura. 

— Porque eu estava sozinha. Perdida na escuridão. 

As feições da criatura se tornaram mais amáveis. Ela se abaixou, onde Aurora ainda estava de joelhos, e tocou o rosto da garota com delicadeza.

Apesar da luz da criatura ser uma luz fria, aquilo aqueceu o coração de Aurora como o calor da luz do sol, era como estar de volta naquela montanha, com Artemys tocando-a.

— Você não deve temer nada ou ninguém, Aurora. Você é mais poderosa que todos eles. Mais poderosa que a escuridão que assombra seu coração.

Aurora encarou a criatura, sua luz colorida e linda, Aurora nunca se sentiu poderosa.

Nunca.

— Não sou poderosa. Eu sou só uma garota. — Aurora murmurou.

A criatura sorriu amavelmente.

— Não. Você é nossa esperança, Aurora. A única esperança que nos resta.

Aurora olhou para a escuridão, onde muito, muito ao longe, criaturas como aquela em sua frente estavam aprisionadas na escuridão. Escravizados e torturadas.

— Você é um deles não é? ㅡ Aurora perguntou parecendo perceber aquilo naquele instante. ㅡ Uma das criaturas que gritam o meu nome nos meus sonhos, e agora, até mesmo quando estou acordada. 

Uma tristeza profunda coloriu a face daquele ser feito de luz.

— Sou. Também sou o único deles a estar livre.

Aurora respirou fundo vendo a dor ondular na criatura, a tristeza e a esperança, tão presentes.

— Eles precisam de você, Aurora. Todos nós precisamos. Você é nossa esperança. A única que pode nos salvar. 

ㅡ Eu não posso. Não posso ser aquilo que precisam que eu seja. ㅡ Aurora negou com a cabeça.

ㅡ Você não entende, Aurora? Você é a única que pode nos salvar. ㅡ a criatura repetiu. ㅡ Sem você, todos vamos morrer.

Aurora respirou fundo mais algumas vezes, havia tanta urgência na voz daquela bela criatura. Tanto pesar e esperança.

Aurora se levantou com a ajuda do ser feito de luz.

Os olhos longe na escuridão, onde dezenas daquelas criaturas gritavam o nome dela.

O nome dela e algo mais

Algo que Aurora não ousaria dizer ainda.

Ainda não.

— Não sei se posso fazer isso. — ela confessou. A criatura olhou para ela, sua mão direita tocando Aurora em seu coração.

— Você pode fazer tudo aquilo que se submeter a fazer.ㅡ a criatura sorriu. ㅡ Você ao menos sabe quem é Aurora?Quem você sempre foi?

Algo brilhou em Aurora, em seu coração. 

Em sua alma.

Sua verdadeira essência

Seu verdadeiro eu.

Escondida e presa, mas ainda lá.

Ainda quem ela era no fundo.

Luz colorida brilhou dela. De dentro. De sua alma.

E Aurora sabia.

Ela finalmente sabia. Tinha a certeza disso dentro dela. Em cada parte. Em cada pensamento.

— Sim. Eu sei quem sou.

As Rainhas Mortais haviam respondido. 

Finalmente uma resposta.

Elas estariam em breve lá. Mas gostariam do mapeamento completo da casa. Cada cômodo. Cada janela. Cada móvel.

E obviamente, essa tarefa recaiu para Azriel.

Nestha Archeron parecia raivosa, Elain estava um pouco alheia, mas apreensiva com a reunião que aconteceria em breve, e ele ainda não havia visto Aurora.

Suas sombras estavam inquietas.

Metade delas o ajudavam a fazer o mapeamento da casa e a outra metade sussurrava sobre Aurora Archeron com preocupação.

Azriel se perguntou se ela havia piorado desde que ele a viu pela última vez. Ele esperava que não. Ela não merecia, seja lá o que a estava atormentando.

O som de passos ecoou e o cheiro doce dela o envolveu, o atingindo em cheio.

A primeira coisa que ele notou é que ela parecia melhor, mais saudável.

A segunda, é que aquela garota que o encarava, era muito diferente da Aurora Archeron que ele conheceu.

Ela parecia com mais saúde, como se a morte que espreitava tivesse se afastado, não mais pairando sobre ela.

Entretanto, mesmo que ela tivesse dado um pequeno sorriso quando o avistou e começasse a se aproximar dele, o sorriso parecia diferente, mais contido, menos verdadeiro.

Os olhos gentis dela brilhavam com certa resignação. Com certo conhecimento pesaroso que não estava alí quando ele a viu da última vez.

— Azriel, olá. — ela o cumprimentou. Sua voz estava mais fria, sem todo aquele calor anterior. Mas ele ainda podia sentir a gentileza dela, sua bondade, escondida debaixo daquela frieza.

— Aurora. — as sombras dele se aproximaram dela, felizes em vê-la, a Archeron sorriu perante a isso, um sorriso mais verdadeiro que o anterior dela, pelo menos isso não parecia ter mudado.

As sombras bagunçaram o cabelo solto dela, e rodearam as saias do vestido azul que ela usava, um tom de azul muito parecido com o tom dos sifões dele.

— Como você deve saber, as Rainhas estão vindo. — ela suspirou. — Você está conseguindo mapear a casa? 

Azriel assentiu.

— Sim, já estou terminando, na verdade.

— Ótimo, estarei nas cozinhas se precisar de mim. — ela avisou e passou por ele, antes que ela pudesse de fato sair de perto dele, a mão direita cheia de cicatrizes de Azriel, escondida pela luva, a segurou.

Foi instintivo, a forma como algo parecia tão terrivelmente errado com ela simplesmente o atingiu em cheio, o fazendo agir sem pensar.

— Você está bem? Posso ajudar em algo? — ele a soltou, surpreso com as próprias ações, os próprios instintos.

Aurora olhou para ele, realmente olhou, como se pudesse ver a alma dele naquele instante, como se pudesse enxergar a luta dele. Ela sorriu tristemente para ele.

O vínculo pareceu estremecer quando ela respondeu:

— Não. Tão pouco irei ficar bem por muito, muito tempo. Mas não importa, você não pode me ajudar. Ninguém pode. — outro sorriso triste. — Mas obrigada, por ser o único a se importar o suficiente para perguntar. Significa muito pra mim.

Ela o beijou na bochecha por um instante e se virou para ir para as cozinhas.

Azriel a observou partir, seu peito doendo. Ele queria dizer que seja lá o que fosse, ele ajudaria. Ele daria um jeito de ajudar. Para que ele pudesse ver aquela luz brilhante nos olhos dela uma vez mais. Ele faria qualquer coisa para a livrar do fardo pesado que ela parecia carregar.

Ela não imaginava como era importante para ele, como ele, contra todos os seus próprios avisos, havia começado a se importar tão fortemente com ela, começado a deixar os sentimentos entrarem em seu coração quebrado.

Aurora não sabia até onde ele estava disposto a ir para a ajudar.

E Azriel não sabia, como, nada ou ninguém poderia ajudar Aurora.

Feyre observou Aurora.

Pelo menos, a garota que agora Aurora havia se tornado.

Quando Feyre chegou naquela noite, com Rhysand, Cassian, Azriel e Mor, Aurora olhou para ela com olhos que pareciam cansados.

Aurora sorriu para ela, para Rhysand e os outros, mas o sorriso dela nunca alcançou os olhos. Nunca pareceu verdadeiro.

Até mesmo o abraço que ela deu em Feyre parecia diferente. Parecia frio e distante. Os abraços de Aurora nunca pareceram assim para Feyre.

Abraçar Aurora era como estar em casa para Feyre.

Aurora era a personificação de lar para irmã.

O que havia acontecido com a irmãzinha dela? Que tipo de coisa poderia transformar Aurora assim? Em tão pouco tempo?

As rainhas mortais chegariam em breve. Então, talvez, Feyre poderia conversar com Aurora. Descobrir o que houve.

ㅡ Aurora? ㅡ Rhysand chamou a atenção da mais nova Archeron antes que Feyre pudesse.

Aurora olhou para Rhysand.

ㅡ Sim?

ㅡ Seus amigos da Corte Boreal? Eles gostariam de participar desta reunião? Talvez concordar em ser nossos aliados nessa guerra? Nunca tive a oportunidade de conversar com eles sobre isso, mas talvez você poderia. ㅡ Rhysand disse.

Aurora ficou rígida. Seu rosto lindo se curvou em uma carranca. Cabeça erguida, corpo rígido e olhar frio. Ela parecia tanto com Nestha.

Seus olhos faíscaram. Ela pareceu ter sido atingida em um ponto muito, muito fraco.

Atrás deles, Azriel ofegou. Feyre se virou por um pequeno instante para olhar para o Cantor de Sombras, mão cheia de cicatrizes no peito. Dor em seus olhos.

O que estava acontecendo?

O olhar de Feyre se voltou para Aurora quando ela falou:

ㅡ Temo que você deva os procurar e discutir esses assuntos, você mesmo, Grão Senhor. ㅡ a voz dela era fria. Cortante.

Mor levantou uma sobrancelha, essa era a doce irmãzinha que Feyre havia falado tanto?

Cassian cruzou os braços, sua feição confusa.

ㅡ Pensei que vocês fossem amigos.
ㅡ Rhysand insistiu.

Feyre observou enquanto algo cortante e profundo cruzou os olhos de Aurora. Algo escuro e triste.

ㅡ Não vou me repetir. ㅡ Aurora murmurou, seus olhos gelados nunca deixando os de Rhysand, nunca fraquejando.

Feyre ofegou.

O que havia acontecido com Aurora?

Onde estava sua gentil e doce Aurora?

Aquela garota que havia pego bancos para Cassian e Azriel no primeiro encontro deles? A garota que sorriu e agradeceu à Rhysand? Onde ela estava?

O que havia mudado?

Feyre não teve tempo para dizer nada.

A hora da reunião havia chegado.

As rainhas mortais eram uma mistura de idade, cor, altura e temperamento.

A mais velha, usando um vestido de lã bordado do mais profundo tom de azul, tinha pele marrom, os olhos inteligentes e frios.

As duas que pareciam de meia-idade eram opostos: uma de rosto doce, outra esculpida em granito, uma sorrindo, e a outra franzindo a testa.

Até mesmo usavam vestidos em preto e branco, e pareciam se mover como em pergunta e resposta uma à outra.

E as duas rainhas mais jovens, uma talvez fosse alguns anos mais velha que Aurora, de cabelos e olhos pretos, uma esperteza cautelosa escorrendo de cada poro conforme ela avaliava os presentes.

E a última rainha, aquela que falou primeiro, era a mais bela, a única bela entre as rainhas.

A última, essa linda rainha, talvez não tivesse mais que 30 anos.

Os cabelos selvagemente crespos eram tão dourados quanto os de Mor, a prima de Rhysand, e os olhos eram do mais puro âmbar. Até mesmo a pele marrom e coberta de sardas parecia salpicada de ouro.

Um leão em pele humana.

— Saudações. — falou Rhysand, permanecendo imóvel conforme os guardas de rosto impassível das rainhas os observavam, observavam o cômodo. Enquanto as rainhas os avaliavam.

A sala de estar era enorme o bastante para que um aceno de cabeça da rainha dourada levasse os guardas a se afastar para se posicionarem às paredes, às portas.

Aurora e as duas irmãs mais velhas, silenciosas diante da janela da sacada, se moveram para o lado para abrir espaço.

Rhysand deu um passo adiante. Todas as rainhas inspiraram, como se estivessem se preparando.

Os guardas, casualmente, talvez tolamente, levaram uma das mãos ao cabo das espadas longas, tão grandes e ruidosas em comparação às armas illyrianas.

Aurora observou tudo silenciosamente.

Mas a conversa anterior não saía de sua mente.

As palavras de Rhysand não paravam de rondar a mente dela.

De novo e de novo.

"Pensei que vocês fossem amigos."

"Pensei que vocês fossem amigos."

Os guardas tolos, pensavam que tivessem chance contra qualquer um dos feéricos presentes.

Eles não tinham.

Rhysand fez uma reverência com a cabeça, levemente, e disse às rainhas reunidas:

— Somos gratos por terem aceitado nosso convite. — ele ergueu uma sobrancelha. — Onde está a sexta?

A rainha idosa, com o vestido azul pesado e exuberante, apenas respondeu:

— Ela não está bem e não pôde fazer a viagem.

Aurora observou a rainha idosa. Um sorriso frio coloriu a face da mais nova Archeron, meias verdades.

A rainha idosa observou Feyre.

— Você é a emissária.

As costas de Feyre enrijeceram.

— Sim — a Archeron respondeu.
— Sou Feyre.

Um olhar súbito para Rhysand.

— E você é o Grão-Senhor que nos escreveu uma carta tão interessante depois que as primeiras foram ignoradas.

Feyre não ousou olhar para Rhysand.

Aurora os observou. Observou como algo havia mudado na dinâmica deles.

Algo que não estava alí da última vez.

Ou pelo menos, Aurora estava cega demais para ver que havia algo.

Ela não estava mais cega para as coisas.

Não mais.

"Pensei que vocês fossem amigos."

"Pensei que vocês fossem amigos."

Aurora respirou fundo.

Uma pequena sombra a tocou no ombro, escondida pelo cabelo dela, a confortando.

Aurora olhou para Azriel. Ele já estava olhando para ela.

Um sorriso pequeno coloriu a face dela. Um sorriso pequeno e verdadeiro.

Os olhos de Azriel pareceram se iluminar com isso. Com a verdade que ela deixou apenas ele enxergar.

Apenas ele.

Mor, a prima de Rhysand, estava olhando para Aurora agora. Confusa e curiosa.

A fachada de Aurora voltou. Fria e inabalável.

— Eu sou. — disse Rhysand, com um aceno. — E esta é minha prima, Morrigan.

Mor caminhou até mais perto, o vestido carmesim fluía com um vento fantasma. A rainha dourada a olhou de cima a baixo, a cada passo de Mor, cada fôlego. Uma ameaça: por beleza, poder e domínio. Mor fez uma reverência ao lado de Feyre.

— Faz muito tempo desde que conheço uma rainha mortal.

A rainha vestida em preto levou a mão branca como a lua à altura do ventre.

— Morrigan... a Morrigan da Guerra.

Todos pararam, como se sentissem surpresa. E um pouco de espanto e medo.

Mor fez outra reverência.

— Por favor... sentem-se. — Mor indicou as cadeiras que tínham disposto a uma distância confortável umas das outras, todas bem separadas para que os guardas pudessem se colocar ao lado das rainhas, caso achassem necessário.

Quase ao mesmo tempo, as rainhas se sentaram. Os guardas, no entanto, permaneceram nos postos em volta da sala.

A rainha de cabelos dourados abaixou a volumosa saia e disse:

— Presumo que estas sejam nossas anfitriãs. — Um olhar abrupto para Aurora, Nestha e Elain.

Nestha tinha enrijecido as costas, mas Elain fez uma reverência desajeitada, corando rosa-choque.

Aurora apenas as olhou. Seus olhos frios parecendo ver a alma de cada rainha.

— Minhas irmãs — Feyre esclareceu.

Aurora estremeceu perante isso.

Olhos âmbar deslizaram até Feyre. Até a coroa que ela usava. Depois, para a de Rhysand.

— Uma emissária usa uma coroa de ouro. Isso é tradição em Prythian?

— Não — respondeu Rhysand, em tom suave. — Mas ela fica tão bem em uma que não consigo resistir.

Aurora revirou os olhos, mas diversão nadou em seus olhos por um instante.

A rainha dourada não sorriu quando ponderou:

— Uma humana transformada em Grã-Feérica... e que agora está ao lado de um Grão-Feérico em lugar de honra. Interessante.

Feyre manteve os ombros para trás, o queixo erguido.

A mais velha declarou para Rhysand:

— Tem uma hora de nosso tempo. Faça valer a pena.

— Como conseguem atravessar?
— perguntou Mor, sentada ao lado de Feyre

A rainha dourada deu um sorriso de deboche, e respondeu:

— É nosso segredo, e um dom que recebemos de seu povo.

Feyre se inclinou para frente na cadeira.

— A guerra se aproxima. Chamamos vocês aqui para avisar... e para suplicar por um favor.

— Sabemos que a guerra se aproxima — revelou a mais velha, cuja voz soava como folhas quebrando.
— Estamos nos preparando para ela há muitos anos.

Parecia que as três outras estavam posicionadas como observadoras enquanto a mais velha e a de cabelos dourados lideravam.

Feyre falou, o mais calma e nitidamente possível:

— Os humanos neste território parecem alheios à ameaça maior. Não vimos sinais de preparação.

— Este território. — disse a dourada, friamente. — É um fiapo de terra em comparação com a vastidão do continente. Não é de nosso interesse defendê-lo. Seria um desperdício de recursos.

Os olhos de Aurora dispararam para as rainhas com rapidez.

Desperdício.

Não.

Isso não poderia ser verdade.

Rhysand rebateu:

— Certamente a perda de sequer uma vida inocente seria terrível.

A rainha mais velha cruzou as mãos enrugadas no colo.

— Sim. Perder uma vida é sempre um horror. Mas guerra é guerra. Se precisarmos sacrificar este minúsculo território para salvar a maioria, então faremos isso.

Sacrifício.

Elas não pensariam duas vezes em abandonar esse território. A casa de Aurora por tanto tempo.

Feyre disse, a voz rouca:

— Há pessoas boas aqui.

A rainha dourada replicou em tom doce:

— Então, que os Grão-Feéricos de Prythian as defendam.

Silêncio.

E foi Nestha que murmurou atrás:

— Temos criados aqui. Com famílias. Há crianças nestas terras. E quer nos deixar todos nas mãos dos feéricos?

O rosto da mais velha se suavizou.

— Não é uma escolha fácil, menina-

— É a escolha de covardes.
— disparou Nestha.

Aurora sorriu para Nestha.

Feyre interrompeu antes que a mais velha dissesse mais alguma palavra:

— Apesar do tanto que seu tipo odeia o nosso, deixariam que os feéricos defendessem seu povo?

— Não deveriam? — perguntou a dourada, jogando a cascata de cachos sobre um ombro quando inclinou a cabeça para o lado. — Não deveriam defender contra uma ameaça que eles mesmos criaram? — um riso de escárnio. — Sangue feérico não deveria ser derramado pelos crimes deles ao longo dos anos?

— Nenhum dos lados é inocente — replicou Rhys, calmamente. — Mas podemos proteger aqueles que são. Juntos.

— Ah?! — exclamou a mais velha, e as rugas pareceram se aprofundar. — O Grão-Senhor da Corte Noturna nos pede que nos juntemos a ele, para salvarmos vidas com ele. Para lutarmos por paz. E quanto às vidas que você tirou durante sua longa e terrível existência? E quanto ao Grão-Senhor que caminha com a escuridão ao encalço e destrói mentes conforme acha necessário? — ela riu como um corvo. — Ouvimos falar de você, mesmo no continente, Rhysand. Ouvimos falar do que a Corte Noturna faz, do que fazem com seus inimigos. Paz? Para um macho que derrete mentes e tortura por diversão, não achei que conhecia a palavra.

Feyre tentou:

— Se não enviar forças para defender seu povo, então, o artefato que requeremos-

— Nossa metade do Livro, criança- — interrompeu a idosa. — Não deixa nosso local sagrado. Não deixou aquelas paredes brancas desde o dia em que nos foi dado como parte do Tratado. Jamais deixará aquelas paredes, não enquanto enfrentarmos os terrores do norte.

— Por favor. — foi tudo que Feyre disse.

Silêncio de novo.

Aurora sentia como se uma mão invisível apertasse seu pescoço, a sufocando.

Aquelas rainhas. Algo nelas parecia terrivelmente errado.

— Por favor — Feyre repetiu. — Fui transformada nisto, em feérica, porque uma comandante de Hybern me matou.

— Durante cinquenta anos ela aterrorizou Prythian e, quando eu a derrotei, quando libertei o povo de Prythian, me matou. E, antes de fazer isso, testemunhei os horrores que ela liberou sobre humanos e feéricos. Um deles, apenas um deles foi capaz de causar tal destruição e sofrimento. Imagine o que um exército como ela seria capaz de fazer. E agora o rei deles planeja usar uma arma para destruir a muralha, para destruir todos vocês. A guerra será breve, e brutal. E vocês não vencerão. Nós não venceremos. Sobreviventes serão escravizados, e os filhos dos filhos deles serão escravos. Por favor... por favor, nos deem a outra metade do Livro.

Aurora se encolheu perante as palavras de Feyre.

Hybern.

Aquele ser que tirou tanto.

Até mesmo de Aurora.

Principalmente de Aurora.

A rainha mais velha trocou um olhar com a dourada antes de dizer, gentilmente, em tom apaziguador:

— Você é jovem, criança. Tem muito a aprender sobre o funcionamento do mundo-

— Não seja condescendente com ela. — cortou Rhys, com um tom baixo mortal. A rainha mais velha, que não passava de uma criança para ele, para os séculos de existência de Rhysand, teve o bom senso de parecer nervosa ao ouvir aquele tom. Os olhos de Rhys estavam vítreos, o rosto, tão impiedoso quanto a voz, conforme ele continuou: — Não insulte Feyre por falar com o coração, com compaixão por aqueles que não podem se defender, quando você fala apenas por egoísmo e covardia.

Aurora o observou.

Observou o Grão Senhor da Corte Noturna que defendia Feyre tão firmemente. As palavras de Rhysand eram todas verdadeiras.

Feyre sempre falou com o coração. Sempre foi boa demais.

E aquelas rainhas eram covardes.

A mais velha enrijeceu o corpo.

— Pelo bem maior-

— Muitas atrocidades, — começou Rhysand, rosnando — foram feitas em nome do bem maior.

Quando a rainha o encarou de volta. Ela disse, simplesmente:

— O Livro permanecerá conosco. Nós superaremos essa tempestade-

— Basta. — interrompeu Mor.
Ela se levantou. E Mor olhou cada uma daquelas rainhas nos olhos quando falou:

— Sou a Morrigan. Vocês me conhecem. Sabem o que sou. Sabem que meu dom é a verdade. Então, ouvirão minhas palavras agora e saberão que são verdadeiras, como suas ancestrais um dia souberam.

Nenhuma palavra.

Aurora observou a fêmea, verdade. Um poder que com certeza assustava Aurora.

Mor gesticulou para trás de si, para Feyre.

— Acha que é uma simples coincidência que uma humana tenha sido transformada em imortal de novo, no exato momento em que nosso velho inimigo ressurge? Eu lutei ao lado de Miryam na Guerra, lutei ao seu lado conforme a ambição e a sede por sangue de Jurian o levaram à loucura, e os separaram. Levaram Jurian a torturar Clythia até a morte e, depois, a lutar com Amarantha até a própria morte.

Mor respirou fundo quando continuou:

— Marchei de volta à Terra Negra com Miryam para libertar os escravos que foram deixados naquelas areias em chamas, a escravidão da qual ela mesma escapara. Os escravos que Miryam prometera devolver à liberdade. Marchei com ela, minha amiga. Junto à legião do príncipe Drakon. Miryam era minha amiga, como Feyre é agora. E suas ancestrais, aquelas rainhas que assinaram o Tratado, eram minhas amigas também. E quando olho para vocês... — Mor exibiu os dentes. — Não vejo nada daquelas mulheres em vocês. Quando olho para vocês, sei que suas ancestrais teriam vergonha. Vocês riem da ideia de paz? De que podemos tê-la entre nossos povos? — A voz de Mor falhou.

— Há uma ilha em uma parte tempestuosa e esquecida do mar. Uma ilha grande e exuberante, protegida do tempo e de olhos espiões. E, nessa ilha, Miryam e Drakon ainda vivem. Com seus filhos. Com os povos de ambos. Feéricos e humanos e mestiços. Lado a lado. Há quinhentos anos, têm prosperado naquela ilha, deixando que o mundo acredite que estão mortos-

— Mor — disse Rhysand, fazendo uma reprimenda silenciosa.

Aquele era um segredo, Aurora percebeu.

Um lugar como aquele...

Paz entre os povos.

Prosperidade.

Um lugar de sonhos.

"Pensei que vocês fossem amigos."

"Pensei que vocês fossem amigos."

Aurora respirou fundo.

A rainha dourada e a rainha idosa se entreolharam de novo.

Os olhos da idosa brilharam quando declarou:

— Prove. Se não é o Grão-Senhor que os boatos alegam ser, nos dê um pingo de prova de que é o que diz: um macho de paz.

"Pensei que vocês fossem amigos."

"Pensei que vocês fossem amigos."

Um sacrifício.

Morte por culpa de Hybern.

ㅡ Por que ele deveria? ㅡ a voz fria de Aurora ecoou pela sala. Todas as atenções nela agora. ㅡ Por que ele deveria provar algo para vocês? Vocês deveriam pensar em seu povo. Deveriam agir como rainhas. Mas sabe o que eu vejo quando olho para vocês?

Uma risada de escárnio veio dos lábios de Aurora, algo tão diferente dela.

ㅡ Aurora. ㅡ Feyre repreendeu, eles precisavam da ajuda das rainhas.

ㅡ Diga garota. O que você vê? ㅡ a rainha idosa perguntou com escárnio, como se Aurora não passasse de um inseto em seus pés.

Um sorriso cheio de escárnio veio de Aurora.

ㅡ Quando olho para vocês, eu vejo mulheres invejosas, covardes. Vejo mulheres que não se importam com as minorias, tão pouco entendem o que é amar seu povo. Amar o suficiente para fazer qualquer coisa por eles. Se sacrificar por eles. ㅡ a voz de Aurora falhou, dor em seus olhos frios, e Azriel se aproximou um passo dela, quase inconscientemente.

ㅡ Vocês pedem uma prova do Grão Senhor da Corte Noturna, mas e quanto à vocês? Que provas temos de seus interesses puros nessa guerra? Que provas temos que vocês estão dispostas a ajudar? ㅡ Aurora perguntou.

Uma onda de surpresa veio das rainhas. Até mesmo um desconforto. Um leve medo. Como se Aurora tivesse atingido um nervo.

A mais velha abriu a boca para dizer algo, mas nenhum som saiu.

Rhysand se levantou com um movimento fluido. As rainhas fizeram o mesmo.

A voz era como uma noite escura quando ele disse:

— Desejam prova? — ele perguntou desviando a atenção de Aurora. ㅡ Vou obter provas para vocês. Aguardem notícias minhas, e voltem quando as convocarmos.

— Não somos convocadas por ninguém, humanos ou feéricos.
— rebateu, rindo, a rainha dourada.

Talvez fosse por isso que elas tivessem levado tanto tempo para responder. Para fazer algum tipo de jogo de poder.

— Então, venham por vontade própria.— disse Rhysand, com um tom afiado o bastante para que os guardas das rainhas dessem um passo adiante.

Cassian apenas sorriu para eles, e o mais sábio dos guardas imediatamente empalideceu.

Rhysand somente inclinou a cabeça ao acrescentar:

— Talvez então você entenda o quanto o Livro é vital para os esforços de ambos.

— Vamos considerar depois que tivermos sua prova. — a mais velha quase cuspiu a palavra, olhando para Aurora agora. — Aquele livro é nosso para proteger há quinhentos anos. Não o entregaremos sem a devida consideração.

Os guardas se posicionaram ao lado das rainhas, como se as palavras tivessem sido algum sinal predeterminado.

A rainha dourada deu um risinho para Feyre e disse:

— Boa sorte.

Então, elas se foram. A sala de estar ficou subitamente grande demais, silenciosa demais.

E foi Elain, Elain, quem suspirou e murmurou:

— Tomara que todas elas queimem no inferno.

Aurora sorriu. Um tipo diferente de frieza nos olhos dela agora.

ㅡ Elas não vão ajudar.

ㅡ O que? ㅡ Feyre se virou para a mais nova.

ㅡ Elas não vão ajudar. ㅡ Aurora repetiu. ㅡ Não percebem? Elas não se importam com as pessoas daqui. Acho que não se importam com os súditos, independente do lugar onde vivem. Elas não são confiáveis. Não vão escutar vocês.

ㅡ E como você saberia isso Aurora? ㅡ Rhysand perguntou parecendo de fato curioso.

ㅡ Reconheço a frieza em um coração quando vejo isso. ㅡ os olhos dela ficaram mais frios. ㅡ Também reconheço quando alguém está dizendo meias verdades. Elas sabem do dom de sua prima, seja lá que tipo de poder é a verdade. Elas sabem e contornaram isso.

ㅡ Como elas poderiam contornar meu poder? ㅡ Mor perguntou com ceticismo.

ㅡ A verdade é subjetiva. Muda conforme o que acreditamos. Além disso, meias verdades, no fim, são verdades. ㅡ Aurora suspirou, parecendo que algo pesado recaiu sob seus ombros. ㅡ Olhe, não precisam acreditar em mim, mas já aviso que elas não vão ajudar. Então, seja lá qual é a prova que pretendem mostrar para elas, não vale a pena o risco.

Outro suspiro e um sorriso falso.

ㅡ Boa noite.

Com isso Aurora se foi para fora da sala. Para seu quarto antes que alguém pudesse dizer algo.

"Pensei que vocês fossem amigos."

"Pensei que vocês fossem amigos."

Eles nunca foram amigos dela.

Não.

Não amigos.

As palavras que ela disse para as rainhas estavam na mente dela agora.

Como ela poderia as julgar por não ajudar seu povo?

O que Aurora sabia sobre ajudar alguém?

Um sacrifício.

Aurora suspirou enquanto arrancava o vestido azul do corpo e colocava calças de montaria, uma camisa e um casaco quente.

O sonho da noite anterior na mente dela enquanto ela calçava as botas.

Ela sabia quem era agora.

Sabia o que tinha que fazer.

A verdade.

Ela deveria voltar até onde tudo começou e dizer a verdade.

A verdade.

Um sorriso frio cruzou a face de Aurora enquanto ela escapava do quarto escalando janela abaixo tão silenciosamente como ela aprendeu com os três feéricos que um dia ela chamou de amigos.

Ninguém a ouviu partir, mesmo que uma sombra a observasse escalar escada abaixo. Pronta para contar para o Cantor de Sombras.

Aurora estava pronta.

Era hora de finalmente visitar a bruxa.

I. Oie pessoas. O que acharam do capítulo? Gostaram?

II. Como eu demorei para postar, eu escrevi esse capítulo gigante pra vocês. Muita coisa aconteceu nesse capítulo. Eu realmente espero que tenham gostado. Não esqueçam de comentar, isso ajuda muuuito mesmo.

III. Sim, no próximo capítulo, a nossa querida bruxa estará de volta e a verdade tão esperada sairá da boca da Aurora. Ansiosos pra isso?

IV. O Azriel já caindo de amores pela Aurora e nem sabe ainda. Amo cada interação deles. Principalmente como ele foi o único que ofereceu ajuda pra Aurora. Que se preocupou. Como ela disse, ele foi o único a se importar o suficiente pra perguntar.

V. Aurora grandona calando a boca das rainhas e ainda por cima avisando pro Rhysand e os outros que as rainhas não vão ajudar. Amo muito como a Aurora percebe coisas que os outros não percebem apenas observando as pessoas.

VI. Por hoje é só, mas nos vemos em breve.
Byee.

18.06.2023
Duda.

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