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Azriel estava sentindo uma dor fantasma que não era dele.
A dor ia e voltava, mostrando para Azriel que Aurora Archeron estava sofrendo.
Entretanto, Azriel não foi até ela.
O ilyriano estava sendo covarde sobre isso. Sobre o laço de parceria.
Ele pensou que se evitasse Aurora, se focasse em seu trabalho e não na humana de sorriso bonito e personalidade gentil, ele poderia evitar o laço. Deixar pra lá e seguir com sua vida.
Não funcionou.
Ele sonhava com ela todas as noites. Com o sorriso dela. Seus olhos. Sua boca.
Azriel muitas vezes se pegava distraído enquanto trabalhava, sua mente em Aurora.
A cada dia que passava, a cada momento que ele conseguia sentir aquela pequena parcela de dor que passava pelo laço de parceria ainda adormecido, Azriel sentia que estava em um dilema muito grande.
Entre querer estar próximo dela e fazer o que era melhor para ambos.
Porque Azriel sabia que não podia fazer isso, não podia aceitar o laço de parceria, contar tudo pra ela, sabendo que, se ela o aceitasse, em breve ele a perderia.
Porque Aurora Archeron era humana. Quantos anos ela ainda teria pela frente? Cinquenta? Sessenta? Azriel tinha muito mais que isso em anos vividos.
Eles eram incompatíveis.
E Azriel perguntou como a Mãe o faria sofrer tanto assim, o dando algo tão lindo como um laço de parceria, apenas para sua parceira ser uma humana.
Azriel conseguia sentir, mesmo que em pequena escala, a dor dela. A confusão e a tristeza.
O Cantor de Sombras se perguntou o que poderia ter acontecido com ela para que ela se sentisse assim.
Mas Cassian, que havia ido na casa das Archeron uma vez, e em breve voltaria de sua segunda visita, não havia dito nada sobre a situação de Aurora, nem mesmo para Feyre.
Azriel se repreendeu mentalmente, ele deveria ter ido daquela vez, ao invés de Cassian, mas o Mestre Espião estava ocupado demais temendo encontrar Aurora para ir fazer seu trabalho.
Rhysand entendeu. Claro que ele entendeu.
Mas Azriel ainda se sentia mal por não ter ido.
Ele não poderia fugir para sempre de Aurora Archeron.
ㅡ Azriel? Você está bem? ㅡ Mor perguntou enquanto colocava a mão no ombro dele, delicadamente.
Azriel olhou para ela. Antes, o mero toque de Mor faria o coração dele acelerar, faria suas sombras sussurrarem avisos.
Mas agora, ele só olhou para ela. Seu coração batendo no mesmo ritmo. Suas sombras sussurrando o nome de Aurora.
Mor era linda, era engraçada e gentil.
Bom, não gentil o suficiente para dizer à Azriel que nunca sentiria nada romântico em relação à ele, mesmo depois de tantos anos.
Não.
Mor não era aquela criatura perfeita que ele idealizou por tanto tempo.
Ela era bonita sim, mas havia outras coisas mais importantes que a beleza.
A gentileza e compreensão de Aurora Archeron ainda aqueciam o coração de Azriel. A forma que ela olhou para ele. Que brincou com as sombras dele como se não temesse Azriel. Como se não se importasse com a escuridão nele.
Mor o temia, pelo menos um pouco, ele sabia, ele viu naquele instante, quando as sombras rastejaram até o ombro dele e ela recolheu a mão instantaneamente.
O olhar puro de Aurora Archeron voltou para a mente dele. A forma que ela dormiu rodeada pelas sombras dele.
ㅡ Az? ㅡ Mor chamou.
Antes a voz dela acenderia algo em Azriel, o deixaria zonzo.
Agora, ele só conseguia pensar na humana de sorriso bonito, cujo a voz transbordava gentileza.
Cassian passou pela dupla, sem ao menos o cumprimentar, indo direto para o corredor que levava ao escritório de Rhysand.
ㅡ Tenho que ir. ㅡ Azriel respondeu para Mor, não dando tempo para que ela respondesse quando ele correu atrás de Cassian.
Ela estava sonhando de novo.
Sonhando com coisas que se pareciam muito com memórias.
Memórias de outras vidas que ela havia se esquecido.
Uma vez ela teve dois irmãos mais novos.
Outra vez ela teve um irmão mais velho.
Então uma irmã mais nova.
E uma vez uma irmã mais velha.
Algumas vezes ela havia sido filha única.
Sempre tendo a mesma idade, nunca ficando por muito tempo com uma única família.
Nos sonhos ela poderia vê-los.
Os três irmãos da Corte Boreal olhando para uma versão criança dela.
O mais novo deles estava com os olhos brilhando enquanto mais uma vez trabalhava na mente dela.
A fazendo esquecer das famílias. De suas famílias.
De novo e de novo.
Azriel seguiu Cassian enquanto o outro ilyriano ia para o escritório de Rhysand.
Cassian o olhou estranho uma vez, mas se manteve quieto, parecendo preocupado com algo.
O que seria?
Rhysand estava com a porta do escritório aberta, como se os esperasse, ou mais provável, esperasse Cassian.
ㅡ Cassian. Bem-vindo de volta. Como foi? ㅡ Rhysand murmurou enquanto lançava um olhar levemente confuso para a presença de Azriel, que não queria saber sobre as Archeron até o dia anterior.
ㅡ Ainda não há respostas das rainhas mortais, Rhys. ㅡ Cassian explicou.
ㅡ Eu deixei a carta nova com Nestha, ela disse que a enviaria no dia seguinte.
Rhysand assentiu enquanto suspirava frustrado.
ㅡ Você parece preocupado Cas, algo de errado? ㅡ Rhysand perguntou notando as feições de Cassian e a ausência de seu sorriso e personalidade divertida.
ㅡ É a irmã mais nova de Feyre, Rhys. Aurora. ㅡ Cassian comentou.
Azriel sentiu o coração falhar uma batida. Suas sombras se mexeram, sussurrando todas juntas.
Rhysand olhou para Azriel por um instante antes de voltar seu olhar para Cassian.
ㅡ O que há com Aurora?
Cassian cruzou os braços e suspirou.
ㅡ Posso estar enganado, mas há algo de errado com ela. ㅡ Cassian disse.
ㅡ Na primeira vez que eu fui até a casa das Archeron, notei que Aurora estava fraca, ela tossiu sangue e praticamente desmaiou em meus braços. Mas antes disso, me fez prometer não contar nada pra irmã dela. Então mantive isso pra mim, principalmente porque Nestha disse que era um mal estar que passaria logo.
Azriel prendeu a respiração. O coração batendo como louco. Ele queria puxar o laço, como ele fez antes, para tentar sentir ela ainda mais. Mas ele não o fez, porque isso quase a matou antes.
Era ele? Ele era o culpado por esse mal estar dela? Ou era outra coisa?
ㅡ O que mudou? ㅡ Rhysand perguntou ficando preocupado.
Cassian respirou fundo.
ㅡ Eu não vi Aurora dessa vez, ela estava em seu quarto, eu podia ouvir o coração dela batendo fracamente. Mas eu quase podia sentir e cheirar isso.
ㅡ Isso o quê? ㅡ Azriel perguntou, pânico mal disfarçado em sua voz.
Cassian olhou para ele com confusão e depois voltou seu olhar para Rhysand.
ㅡ Morte Rhys. Eu podia sentir a morte rastejando por aquele quarto. Podia cheirar ela naquela garota.
Cassian tomou fôlego antes de completar:
ㅡ Aurora Archeron está morrendo.
Azriel esgasgou. A mão no peito enquanto os joelhos falhavam e o ilyriano caía de joelhos.
Então ele sentiu.
Sentiu Aurora puxar o vínculo por um pequeno instante.
E naquele pequeno momento, Azriel teve a confirmação das palavras de Cassian.
Ele podia sentir isso.
Podia sentir a vida deixando Aurora Archeron.
Porque Aurora Archeron estava morrendo.
Ela olhou para o vazio.
Para o nada.
A escuridão olhou de volta para ela.
Sussurrando com uma voz fantasmagórica, monstruosa e familiar.
ㅡ Filha da luz. Filha da morte.
Sussurrou de novo e de novo.
Ela queria gritar. Queria correr.
Mas ela estava presa no lugar. Olhando para a escuridão. Olhando para uma criatura tão aterrorizante que ela teve que se forçar para não arrancar seus olhos com suas mãos.
ㅡ Perdida. Enganada. Trancafiada por mentiras.
A criatura estava se aproximando, olhando diretamente pra ela.
ㅡ Está com medo?
Ela olhou para a criatura vil. O medo em cada parte do corpo dela. Ecoando em seus ossos.
ㅡ Estou. ㅡ um sussurro trêmulo e temeroso.
A criatura riu.
Gargalhou.
E então se calou. Como se pensasse na ironia bem em sua frente.
ㅡ Por que teme a escuridão?
Ela respirou fundo tomando coragem para responder.
Ela temia essa escuridão desconhecida e ao mesmo tempo, tão familiar. Temia o que ela poderia significar.
ㅡ Porque no escuro não sei para onde ir.
A criatura se aproximou ainda mais. Ficando cara a cara com ela.
O medo estava se esvaindo dela lentamente.
ㅡ O seu tipo de luz precisa da escuridão criança. Sem ela, sua luz é opaca, inexistente.
ㅡ Eu não entendo.
A criatura riu outra vez e se afastou.
Vozes gritaram o nome dela.
De novo e de novo.
As vozes que atormentavam os sonhos dela.
Luz brilhou do vazio. Iluminando a escuridão e mostrando para ela quem a chamava.
Criaturas feitas de luzes coloridas, auroras boreais e estrelas. Criaturas que estavam presas. Sendo drenadas. Sofrendo pura agonia.
As criaturas chamavam por ela. O nome dela sendo o único som que saía das belas criaturas.
Ela deu um passo à frente. Um passo na direção do vazio, o chamado ecoando na alma dela.
ㅡ Você está fazendo isso? ㅡ ela perguntou para a criatura feita de escuridão.
A criatura olhou para os seres de luz, presos no vazio. Tão perto e ainda assim, tão longe.
ㅡ Nunca machucaria seres criados por Artemys.
Surpresa coloriu a face dela enquanto ela observava a criatura com outros olhos agora.
Em seu peito, parcialmente escondido pela escuridão, havia uma luz fria brilhando fracamente, se movendo. O coração da criatura.
ㅡ Eles precisam de você. ㅡ a criatura murmurou.
ㅡ Por quê?
ㅡ Você sabe exatamente porquê.
A criatura foi envolvida por mais escuridão e então em um instante, um homem estava olhando para ela.
Ele era pálido, tinha cabelos negros como a noite e olhos também negros, até mesmo a parte branca de seus olhos era tomada por escuridão.
Ele vestia uma túnica escura, que deixava ainda mais claro a palidez dele, em sua cabeça um aro de prata.
Ele sorriu para ela enquanto se aproximava.
Ele ainda tinha aquela aura de poder, aquele toque bestial.
Entretanto, ele parecia ainda mais familiar agora.
ㅡ Olá Aurora. ㅡ ele sussurrou, sua voz tão familiar. Como a voz de Artemys.
O nome de Aurora ecoou pela semi escuridão. Ecoou pelo vazio.
As criaturas se calaram.
ㅡ Quem é você? ㅡ ela perguntou.
O homem, ou seja lá o que ele era, sorriu tristemente para ela.
ㅡ Você conheceu Artemys, achei justo que me conhecesse também. ㅡ ele murmurou.
A cabeça de Aurora rodou enquanto ela tentava se afastar do homem. Se afastar desse sonho estranho.
Ele a segurou fortemente, suas mãos pálidas segurando as dela.
ㅡ Por que teme a si mesma? Por que teme a mim?
ㅡ Por favor. Por favor. Me deixe em paz. ㅡ ela pediu.
Dor pura e genuína apareceu nos olhos do homem.
ㅡ Aurora. ㅡ ele chamou.
A voz dele era tão familiar.
Como uma canção que você não se lembrava da letra, apenas da melodia.
ㅡ Por favor. ㅡ ela suplicou.
O homem olhou para ela com tamanha tristeza, tamanha dor.
Ele soltou as mãos dela.
Então Aurora, tomada por um sentimento que ela não podia nomear, ao observar aquela dor, abraçou o homem, a criatura bestial que a apavorou um instante antes.
Braços fortes e pálidos a envolveram, a apertando fortemente.
Aurora não sabia por que, mas estava chorando naquele instante.
O homem cheirava à morte, cheirava à guerra e dor.
Mas também cheirava como casa.
ㅡ Pequenina. Doce Aurora. ㅡ ele sussurrou com tanta emoção. Com tanto sentimento. Como Artemys havia sussurrado.
ㅡ Eu estou com tanto medo. ㅡ ela confessou. ㅡ Não quero acreditar nisso tudo. Eu não sei mais quem eu sou.
O abraço acabou cedo demais. O homem sorriu tristemente para ela enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, com delicadeza.
ㅡ Você é única Aurora. Você é quem quiser ser. A verdade nunca mudará o fato de que você é Aurora Archeron em seu coração.
Aurora fungou enquanto olhava para o ser na frente dela.
Ele não era humano. Não era feérico.
Ele era outra coisa.
Um ser vindo de outros mundos.
Mas ele era mais que isso.
Ela entendia agora. Ela poderia notar as pequenas semelhanças.
Ela pensou em Artemys.
Ela pensou nos irmãos da Corte Boreal.
O ser estranho olhou para ela, como se pudesse ver a linha de pensamento dela.
ㅡ Meu nome é Kyrian. ㅡ ele disse e sorriu levemente para ela, completando:
ㅡ Mas você pode me chamar de pai.
A respiração de Aurora engatou.
Ela levou a mão ao peito enquanto questionava toda sua existência.
Ela deu alguns passos para trás com descrença.
ㅡ Você está mentindo.
O ser a olhou por um instante.
ㅡ Estou?
Aurora suspirou enquanto se afastava ainda mais.
Ela queria gritar. Queria correr.
Ela queria que tudo isso acabasse.
Ela ainda estava com a mão no peito, quando sentiu algo. Algo que ela não havia percebido antes. Algo brilhante em seu peito.
Ela puxou aquilo por um instante.
Antes de tocar o próprio rosto com confusão, só agora levando as mãos para tocar as orelhas e percebendo.
Elas estavam pontudas.
Aurora gritou.
De novo e de novo.
E luz explodiu de seu peito.
Nestha a estava sacudindo com uma feição preocupada quando ela acordou.
Aurora suspirou em claro alívio.
Sem notar a forma que Nestha olhava para ela, como se lembrasse e percebesse algo.
I. Oie pessoas. O que acharam do capítulo? Gostaram?
II. Sei que muita coisa tá meio confusa ainda. Mas juro que lentamente eu vou amarrando todas as pontas e tudo vai fazendo sentido.
III. Apareceu um ser dizendo que é pai da nossa Aurora. O que vocês acharam do Kyrian? Ele está dizendo a verdade? Se eu fosse pensar em um ator pra ser o Kyrian, com certeza seria o Ben Barnes caracterizado como Darkling kkkkk.
IV. Azriel percebendo que já não tá interessado na Mor é tudinho de bom. Eu francamente não sou muito fã da Mor, acho ela meio irrelevante, mas tento ser bastante imparcial enquanto escrevo, além de que nunca faria a Aurora e a Mor não se darem bem por causa de macho. Sou totalmente contra rivalidade feminina.
V. Em breve toda a verdade vai ser revelada, e a bruxa vai fazer uma nova apariçãozinha, assim como está próximo da visita das rainhas mortais. Eu estou muito ansiosa para os próximos capítulos. E vocês?
VI. Por hoje é só, mas nos vemos em breve.
Byee ♡.
22.04.2023
Duda
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