Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 9

Fiz uma promessa à minha bisavó, e apesar de também não gostar de mentir e ter mentido, para mim, quebrar uma promessa revela falta de carácter. Quem quebra uma promessa não é nada, não é ninguém. E eu não pretendo quebrar esta, nem nenhuma outra promessa. Especialmente quando estamos a falar da minha bisavó.

Há cinco dias que ando a seguir, cuidadosamente, o Salvador. Está a ser muito difícil. É difícil segui-lo sem que ele ou qualquer outra pessoa se aperceba de que o estou a fazer. É difícil segui-lo quando tenho trabalho na enfermaria a fazer, mesmo agora que somos três a trabalhar lá. É difícil segui-lo quando passa o dia inteiro de um lado para o outro da nave a entregar mensagens. E é especialmente difícil segui-lo quando vai para zonas da nave que não tenho permissão para entrar.

Sim, é verdade. Não posso subir ao piso superior. Não posso entrar nem nos laboratórios (por enquanto, pelo menos, porque se progredir na minha carreira poderei visitar muitas vezes o laboratório de saúde), nem nos gabinetes de tomada de decisão e de controlo da nave.

Não é que seja proibido o acesso ao andar superior da nave, é só que se todos nós andássemos de um lado para o outro num piso onde se tomam decisões tão importantes e onde se fazem pesquisas e experiências, iriamos estar só a atrapalhar e a comprometer o silêncio necessário neste tipo de trabalhos.

No entanto, não me parece que isso seja um problema. Eu acho que seja o que for o que o Salvador esteja a esconder, nada tem a ver com o piso superior. Duvido que alguém do piso superior da nave saiba que ele roubou ou que anda a roubar medicamentos da enfermaria (sim, porque nada me garante que ele o tenha feito apenas daquela vez).

Apesar de todas essas dificuldades tenho dedicado todo o meu tempo livre a segui-lo. Muitas vezes, arranjo até desculpas e consigo escapulir-me da enfermaria durante algumas horas. Mas até agora não deu em nada. Por isso, ou eu ando a segui-lo nas alturas erradas, ou ele consegue ser mesmo muito discreto. Ou, então, ele não anda a fazer nada de mal, e eu é que ando a fazer filmes na minha cabeça.

Talvez ele tivesse mesmo só a fazer um recado ao 1º Comandante, penso. Mas por alguma razão não me consigo convencer disso. Posso estar a ser paranoica, louca até, mas não vou desistir agora. Se o Salvador não estiver a esconder nada, muito bem, mas se ele estiver, eu vou descobri-lo.

Está na altura de mudar de estratégia e enfrentá-lo cara-a-cara.



‒ Para quê?

‒ Não te posso dizer. Faz apenas aquilo que eu te peço. Pela nossa amizade... ‒ suplico à Analu.

Não queria estar a envolve-la nisto. Ainda para mais, não podendo revelar-lhe a verdade por detrás deste meu pedido tão estranho. Mas já é tarde de mais para voltar atrás.

‒ A ver se eu percebi bem. Tu queres que eu invente uma mensagem qualquer para fazer o Salvador ir entregá-la a ti?! Porque é que não vais falar diretamente com ele, se é isso que queres?

‒ Eu não quero que ele saiba que eu quero falar com ele, quero que ele pense que foi por acaso. É que.... É complicado...

‒ Nem quero saber aonde andas metida. Nestes últimos dias tens andando muito ausente e quando estás presente andas muito distraída. Parece que o teu corpo está na nave, mas a tua cabeça anda a vaguear pelo espaço! Por isso, se ao fazer este favor, a Aurora que eu conheço voltar para aqui para ao pé de mim, por inteiro, podes contar comigo. Eu faço-o.

‒ Obrigada, Analu ‒ agradeço-lhe envolvendo os meus braços fortemente envolta dela. Agarro-me tanto a ela como à esperança de que isto funcione.



‒ Tenho uma mensagem para ti ‒ sobressalto-me e deixo cair as caixas dos medicamentos que tenho entre as mãos.

Os medicamentos tinham vindo do laboratório e eu estava a guardá-los no armário com uma concentração tal que nem reparei que ele tinha entrado na enfermaria. A Analu fez o que me prometeu. Ele estava aqui, e agora que o momento tinha chegado não sabia o que lhe havia de dizer.

Para ser sincera, nunca soube bem que plano era este que estava a tentar meter em ação. Sabia apenas que seguir o Salvador não estava a resultar e talvez confrontá-lo fosse mais eficaz. Talvez não me dissesse a verdade, mas alguma palavra, algum movimento, alguma hesitação me dessem as respostas que eu tanto queria obter.

‒ Ai sim?! Para mim?! ‒ Pergunto-lhe fingindo-me surpresa, apanhando os medicamentos como se ele não estivesse lá.

‒ Sim. Da Ana Lúcia. É a tua melhor amiga, não é?

‒ Sim. Deve ser importante para ter requerido os teus serviços ‒ respondo percebendo aonde ele quer chegar. Ele é esperto, mas eu sou mais.

Realmente é estranho que uma pessoa que passa tanto tempo comigo queira enviar-me uma mensagem. Mas eu não podia pedir a mais ninguém. Mais ninguém me faria este favor, sem querer saber o porquê. E eu não posso contar a ninguém.

O meu coração aperta-se ao perceber que ela confia tanto em mim e eu não confio nela para contar-lhe este meu único segredo.

‒ Sem dúvida, de extrema importância... ‒ deteto-lhe uma ironia na voz e viro-me para ele. O que será que a Analu inventou, pergunto-me momentaneamente preocupada. ‒ Ela pediu-me para dizer-te o seguinte: "Aqui está ele. Aproveita-o bem". Suponho que o "ele" seja eu.

Não estou a acreditar nisto. Eu vou matá-la! Lá se foi a jogada do "por acaso". E "aproveita-o bem"?! Mas quem é que ela pensa que eu sou?! Ela percebeu tudo errado!

‒ O que é que queres? Porque é óbvio que queres alguma coisa. Pediste à tua amiguinha para enviar uma mensagem pelo mensageiro, como pretexto para falares comigo. Para a próxima diz-lhe qual a mensagem que deve entregar para evitar futuros constrangimentos.

Cínico! Que raiva! Foi tudo por água abaixo e agora ele é que está por cima. No meio disto tudo, só fiz foi papel de otária.

Porque é que não consigo falar?

Aurora diz alguma coisa, não deixes que seja ele a vencer, suplico a mim própria.

‒ Tudo bem. Eu confesso. Eu quero, realmente, falar contigo. Na verdade... queria... queria fazer-te uma pergunta ‒ concluo decidida depois de me lembrar de algo.

‒ Sou todo ouvidos ‒ informa-me, sentando-se descontraidamente na única cama para os pacientes presente na enfermaria como se da sua própria cama se tratasse.

‒ Queria perguntar-te se tens o hábito de andar com um gancho no bolso. É que olhando para o teu cabelo curto, não me parece que precises.

‒ Como?!

‒ Foi isso mesmo que ouviste. Naquele dia, que nós os dois sabemos muito bem qual é, disseste que utilizaste um gancho para abrir a porta. E visto que tu não sabias que ias ter de abrir a porta da enfermaria, perguntei-me se seria um hábito teu. OU... ‒ digo, avançando com passos decididos na sua direção, prendendo o meu olhar ao dele. ‒ Talvez aquela não tenha sido a primeira vez que abriste uma porta com um gancho. Não é verdade? ‒ Pergunto-lhe parando a apenas uns centímetros de distância dele. Estamos tão perto que até julgo ouvir o batimento acelerado do seu coração. BINGO!

‒ Eu não disse que entrei logo na enfermaria quando vi que a porta estava fechada ‒ responde-me presunçosamente.

‒ Isso significa que viste que a porta da enfermaria estava fechada e, em vez de pedires-me a mim ou à Teresa para abrir a enfermaria mais cedo, decidiste ir ao teu quarto buscar um dos teus ganchos. Ou o gancho era de um dos teus companheiros de quarto, que por sinal são todos rapazes?

‒ Não sei aonde queres chegar com isto tudo? Que interessa a forma como o fiz?! O que interessa é que o fiz, porque o 1º Comandante me pediu.

‒ Mas ele nunca te pediu que violasses a segurança da nave! Por alguma razão a enfermaria está trancada! ‒ Grito exasperada em resposta. Por alguma razão, acabo sempre a gritar quando falo com o Salvador. Irrita-me ele conseguir sempre fugir quando o encosto à parede.

‒ Tu não sabes o que dizes. Tu não sabes nada do que se passa aqui dentro. Por isso, se eu fosse a ti pensava duas vezes antes de dar algo por garantido.

‒ O que é que queres dizer com isso?

‒ Exatamente aquilo que tu ouviste. Não te posso dizer mais nada... ‒ vejo um brilho incaracterístico nos seus olhos azuis sempre tão distantes. Não sei o que este representa, mas, por um momento, sinto-me culpada por o estar constantemente a encurralar. Talvez o devesse deixar em paz, penso.

‒ Posso? ‒ Pergunta a Maria ao entrar na enfermaria, quebrando o silêncio que se instalara após a revelação do Salvador.

Ele não me respondeu à pergunta, mas já não quero saber da resposta. Sinto que é o mais acertado a fazer.

‒ Claro. Estava só aqui... ‒ olho para o Salvador sentado na pequena cama à minha frente. Olha-me ansioso, com medo do que eu venha a dizer. Ele não quer que eu o denuncie. E apesar de ele não o saber, eu também não o quero fazer. ‒ Estava a fazer um check-up ao nosso mensageiro. Afinal também tem direito não é ‒ brinco, sentido o corpo do Salvador relaxar ao meu lado. ‒ Já podes ir, Salvador. Está tudo bem contigo.

Afasto-me do Salvador em direção ao computador. Tenho que registar o check-up para ninguém desconfiar. Parece que este mês não vai haver check-up nenhum para ele, porque para todos os efeitos ele acabou de o realizar agora.

Sento-me na cadeira, de frente para o computador, e sigo o Salvador com o olhar. Quando ele chega à porta, e eu já estou à espera de o deixar de ver a qualquer momento, ele olha na minha direção.

Apesar de nada dizer, eu sei que ele me agradece com o olhar. E ainda vejo o rasto do brilho incongruente com o azul distante dos seus olhos, antes de ele dar apenas mais um passo e sair da enfermaria.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro