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Capítulo 31

Por muita vontade que eu tenha de ir com o Salvador para a sala secreta, isso não é de todo uma opção.

Neste momento, não nos podemos considerar apenas dois simples jovens da comunidade. Agora veem-nos como dois perturbadores da paz e do sossego que sempre aqui reinou. Para dizer a verdade, espero que não apenas a nós, mas também ao Leandro e ao Matias, que, a meu ver, são bastante mais culpados que nós. Se não nos tivessem provocado, nada disto teria acontecido.

Não me lembro de alguma vez ter testemunhado uma luta aqui dentro.

De vez em quando, alguma discussão acesa começa e não digo que isso não leve a agressão. Por vezes leva. Já tive que tratar de um rapaz de 12 anos que tinha andado à luta com outro, dois anos mais velho, que saiu sem um arranhão sequer. Para além de umas nódoas negras nos braços e pernas do miúdo mais novo, o ato não levou a quaisquer consequências. Apenas a professora Júlia tinha testemunhado a agressão, os dois fizeram as pazes no próprio dia e o caso foi abafado.

O 1º Comandante diz que é importante tentarmos controlar os nossos instintos agressivos, que já muito prejudicaram a nossa espécie no passado.

Desde pequenos que somos ensinados a perpetuar a paz pela nossa comunidade e a negar, controlar e recriminar qualquer tipo de comportamento ou atitude violenta. Ninguém diz explicitamente o que nos pode acontecer se desobedecermos a essa regra, porém também ninguém se atreve a desrespeitá-la. Ou, pelo menos, não publicamente. Contudo, o que se passou hoje no refeitório dificilmente poderá ser abafado ou, até, esquecido. Daqui a uma hora, ou talvez menos, já a notícia se espalhou por toda a nave e vai ser difícil de passarmos despercebidos no meio de tantos olhares acusatórios.

Pelo menos durante algum tempo, vamos ter de triplicar a nossa atenção. E, hoje, decididamente, não podemos arriscar ser vistos a ir na direção do piso inferior da nave. Agora, mais do que nunca, temos que mostrar que não há nada de errado connosco, que tudo não passou de um caso isolado.

A enfermaria também não é uma opção, penso. A Teresa e a Maria vão levar para lá o Matias e o Leandro. E, enquanto a adrenalina ainda estiver em elevadas quantidades no sangue de qualquer um de nós, os quatro, especialmente do Leandro e do Salvador, não é nada boa ideia estarmos juntos, no mesmo espaço, novamente. Aliás, de certo, foi a pensar nisso que a minha mentora me pediu para sair dali com o Salvador.

Por isso, só me resta o meu quarto e o do Salvador. Se tivesse mesmo de ser, eu até ia para o quarto dele, mas tendo como hipótese o meu, não hesito e encaminho-o pelo corredor dos quartos das raparigas. Depois de toda a angústia porque passei, preciso mesmo de um sítio que me faça sentir um pouco segura. E sei que não estou a ser egoísta ao fazer essa escolha. O Salvador não encara o seu quarto nem qualquer outro lugar da nave, que não esteja no piso inferior, como seguros.

Fecho a porta do meu quarto e faço sinal com a cabeça para o Salvador se sentar na minha cama. Apesar da ideia de o ter sobre a minha cama me pôr mais nervosa do que já estou, não me parece correto ocuparmos as das outras raparigas que partilham o quarto comigo, que nada têm a ver com esta história.

Vejo-o curvar-se cada vez mais à medida que avança pelo quarto, para não bater com a cabeça no teto baixo. Sigo-o e apresso-me a ajeitar a minha almofada para que ele se possa recostar nela. Quero que ele fique o mais confortável possível.

Obediente, o Salvador encosta-se à almofada e estica as pernas sobre a minha cama, numa posição que me parece suficientemente cómoda.

Olho-o, pela primeira vez desde que entrámos no quarto, e deparo-me com um sorriso malandro no seu rosto ferido. Os seus olhos ardem com uma intensidade que agarram os meus instantaneamente. Sinto-me como se tivesse caído numa armadilha e agora não me conseguisse mexer, não conseguisse evitar corresponder-lhe o olhar. De onde veio aquela chama? Adrenalina, concluo, ao lembrar-me do motivo porque ali estamos. Tenho que tratar das feridas dele, penso.

Encaminho-me para o único armário do quarto. Na última gaveta encontro um pequeno estojo de primeiros socorros, tal como esperava. Todos os quartos têm um, no caso de algum pequeno acidente ocorrer. Se não for uma emergência, não é necessário estar a sobrecarregar a enfermaria. Se por cada pequeno corte, ou arranhão, todas as pessoas se dirigissem para o centro de saúde, acabaríamos por interromper, muitas vezes, o nosso trabalho. Os trabalhadores do piso inferior, por exemplo, aqueles que tomam conta das máquinas que permitem a nave funcionar, são do grupo profissional que mais acidentes tem. Nada de muito grave, na maioria dos casos. No fundo, tudo se resume a prioridades.

Sento-me do lado dele, perto o suficiente do seu rosto. Tenho as pernas cruzadas e o meu joelho esquerdo toca suavemente no seu abdómen, que está escondido debaixo de uma t-shirt preta. Talvez se fosse de outra cor se notassem mais as nódoas de sangue que a salpicam.

− Podes explicar-me agora o que aconteceu? – pergunto.

− A que momento exato te referes? – O seu sorriso malandro continua firme.

− És do piorio, sabias? – respondo irritada, revirando o conteúdo do pequeno estojo que tenho alojado entre as pernas à procura do spray desinfetante. – Acusas-me, mais de uma vez, de correr riscos desnecessários e de acabar sempre por chamar as atenções para cima de mim, e o que é que tu fazes? Espancas o Leandro à frente de metade da comunidade. – Agarro na pequena embalagem do spray que procurava e num pouco de tecido absorvente. – Pior, fizeste-o quando a situação já estava mais do que controlada!

− Ele estava a pedi-las! – defende-se o Salvador, visivelmente, irritado ao lembrar-se do sucedido. O seu sorriso já extinto.

− O Matias cospe-te para a cara e é o Leandro que estava a pedi-las?!

O Salvador limita-se a suspirar de forma exasperada em resposta, como se eu não percebesse algo que é demasiado óbvio.

Molho o tecido com um pouco de desinfetante e, por momentos, não sei por onde começar. Analiso mais atentamente o seu rosto. Sobre a sobrancelha esquerda tem um corte não muito extenso e que não me parece muito profundo, e, do mesmo lado do rosto, o canto do lábio está ligeiramente inchado e com um fluxo de sangue mais continuo. O seu lado direito do rosto não apresenta qualquer ferimento visível.

Decido começar pelo edema presente no canto dos lábios, que com o passar do tempo pode tender a aumentar.

Seguro o seu rosto com a minha mão esquerda e com a direita aplico, cuidadosamente, o desinfetante. As minhas mãos tremem o que torna a tarefa bastante mais complicada do que era suposto. O meu rosto está tão próximo do dele que sinto a sua respiração controlada a incidir na minha pele. Ao menos se fossem só as minhas mãos a tremer, mas não. Todo o meu corpo treme com a nossa proximidade.

Consigo sentir a corrente elétrica na zona da minha mão onde as nossas peles se tocam. Mordo, subtilmente, o meu lábio, tentando recuperar o domínio sobre a situação.

Ele mantém-se rígido sob o meu toque, nem o ardor que o desinfetante provoca o faz vacilar.

Tenho que me concentrar. Tenho que me concentrar. Tenho que me concentrar.

− Como é que alguém tão controlado como tu, reage daquela forma? Podes explicar-me? – questiono ao conseguir finalmente recuperar, um pouco, o domínio sobre o meu corpo. Não me posso permitir ser fraca o suficiente para que seja outra pessoa para além de mim a controlar o meu próprio corpo! Além disso, mantermo-nos em silêncio só piora a situação. Eu tenho que manter o meu cérebro ocupado com qualquer outro estímulo!

− Não sei... quando vi, já estava em cima dele... − sussurra friamente, mostrando algum sinal de arrependimento.

− E agora olha o estado em que ficaste − comento docemente ao passar o desinfetante sobre o outro ferimento do seu rosto.

− Pelo menos, ele ficou bem pior que eu. − O Salvador sorri e o movimento faz com que ele faça um esgar de dor.

− Salvador! E isso por acaso é motivo para ficares contente? – Pressiono o tecido embebido com o desinfetante com demasiada força sobre a ferida. Ele geme de dor em resposta à minha provocação.

Confesso que também me satisfez um pouco ver o Leandro a mal conseguir suportar-se sozinho em pé. Ele bem que mereceu!

– Eu sei que qualquer um na tua posição teria reagido da mesma forma – digo ao sentir-me culpada pela dor que provoquei ao Salvador com o meu movimento brusco. − Não é a primeira vez que aqueles dois se metem contigo... a paciência tem limites.

− Estás enganada. Esses dois podem humilhar-me, podem tentar agredir-me física e psicologicamente, que eu não reajo. Fico a contorcer-me por dentro, mas não exteriorizo.

− Como assim? Estás a contradizer-te...

− Não, não estou. Acontece que não foi isso que me fez reagir daquela forma.

Fico à espera que ele continue o seu raciocínio, mas nada. Mantem-se completamente em silêncio.

Troco o spray desinfetante pelo selador, um gel frio armazenado num recipiente que mantém o seu conteúdo a uma temperatura exata de 0º C. Este vai fazer com que o inchaço reduza significativamente e a ferida cicatrize, em um ou dois dias, sem deixar qualquer marca.

− Continua – peço-lhe.

− Eu não suportei vê-los a ameaçar à minha frente... − O Salvador estremece com o frio quando espalho o selador sobre o canto dos seus lábios. Em poucos segundos recompõe-se e continua, − uma pessoa que eu gosto.

− Quem? – pergunto num sussurro quase inaudível.

− Tu.

Sinto-me a perder as forças e deixo cair o tecido absorvente que continha o gel. Julgo que pousa no colchão, mas não tenho a certeza. Não consigo largar os olhos do Salvador.

Um azul eletrizante recebe o meu olhar e convida-me a explorá-lo profundamente, a envolver-me nele e a deixar tudo para trás.

Sinto a minha face enrubescer quando ele coloca a mão dele sobre o meu rosto, acariciando-o suavemente. Depois envolve o outro braço na minha cintura e puxa o meu corpo para mais perto dele. O meu corpo começa a ferver descontroladamente.

− Percebe uma coisa, Aurora − sussurra com o seu rosto praticamente colado ao meu. O meu corpo estremece de prazer ao ouvir o meu nome ser proferido por ele. – Eu não vou deixar que ninguém te magoe ou te maltrate.

Ao som da porta do meu quarto a abrir-se, afasto-me rapidamente do Salvador.

Quando olho para trás, ainda com o braço do Salvador envolta da minha cintura, deparo-me com os meus pais a observar-nos atentamente.

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