Capítulo 3 August
Olá meninas, vamos saber o que o nosso mocinho aprontou depois que deixou a festa?
💔💔💔💔💔💔
August
Acordei, ou melhor, fui acordado com zumbidos, chiados, falatórios e cheiros estranhos, que não coincidiam com minhas rotineiras manhãs. Eu não estava em minha suíte. Confuso, abri meus olhos e algumas sombras começaram a mover-se como uma dança macabra em frente a eles. Tentei levantar-me e naquele instante senti como se o próprio Titanic estivesse atropelando minha cabeça.
— Mas que diabos! — exclamei, voltando a me deitar, esperando que a dor e a náusea diminuíssem. — O que está acontecendo?
— Hora de voltar à realidade, garanhão — rosnou Kevin, perto do meu ouvido. — Já o deixei brincar o suficiente.
— Que merda você está fazendo dentro do meu quarto? — reclamei, ainda sem ter coragem de abrir meus olhos ou de me levantar. — Espere um pouco, onde merda estamos?
Sem opção, forcei-me a olhar para ele e tentei fazer meu corpo rolar para o mais longe possível de onde a voz do nosso chefe de segurança vinha. No entanto, fui impedido de completar meu objetivo ao me chocar contra um corpo nu. Judith? Naquele instante, eu acordei e não pude evitar o grito.
— Fora daqui, bando de pervertidos! — Completamente acordado, saltei da cama, tentando expulsá-los do lugar, ao mesmo tempo em que procurava algo para cobri-la. Porém as malditas paredes começaram a girar até eu cair como um saco de cimento. Merda, o que estava acontecendo comigo? — Parem de olhar para o corpo da minha namorada, seus degenerados!
— Será que eu vou ter que enfiar sua cabeça dentro do vaso sanitário para ver se você acorda? — Kevin disse, agachando-se na minha frente — Porque o único pervertido e degenerado aqui é você. Não sou eu que estou dando um show de pau pequeno e mole.
— Foda-se, Kevin! — rugi, tentando me colocar em pé. — Quando eu o enfiar em sua bunda, quero ver se vai continuar achando que ele é pequeno e mole.
— Tente — rosnou, puxando-me para cima. — Agora entre nesse chuveiro e trate de tomar um banho, porque eu não vou atravessar o saguão com você fedendo a sexo e a perfume barato.
— Posso saber por que estão falando tão alto? — resmungou uma voz feminina. — Por que não levam a porra dessa discussão para outro lugar e me deixam dormir?
Ao ouvir aquela explosão, duvidei da minha saúde mental, pois aquela não era a voz de Judith, assim como também não tínhamos seguranças do sexo feminino. Foi então que olhei para a cama e havia não uma, mas sim três garotas e um rapaz dormindo em duas camas de casal que tinham se juntado para formar uma. Balancei a cabeça, tentando entender. O que eu estava fazendo no meio daquela bagunça?
— Deixe-me ajudá-lo. — Ouvi a voz de Fernando, meu segurança, se aproximando, tentando me ajudar.
Então lembrei-me de parte do que tinha acontecido durante a noite anterior. Na realidade, eu já não tinha certeza se tinha sido na noite, semana ou mês anterior. Minha única certeza era de que eu tinha levado um belo pé na bunda, e minha cabeça naquele instante estava enfeitada com uma quantidade incontável de galhos suficiente para aquecer inúmeras lareiras.
— Solte-me! — Afastei-o, com raiva. — Não sou nenhum inválido, ainda posso mijar sem precisar que alguém segure meu pau para isso.
Pegando uma das almofadas que estavam jogadas no chão, cobri minhas partes íntimas e tive que dar algumas voltas no lugar antes de seguir cambaleante em direção a uma porta que eu acreditava ser a do banheiro. Depois de observar o desastre que fiz ao urinar, pensei que talvez eu precisasse, sim, de alguém para segurar meu pau, pois eu tinha mijado em todos os lugares, menos dentro do vaso. Minha mão e pernas tremiam, assim como todo o meu corpo. Arrastei-me até a ducha e só saí de baixo dela quando senti que estava acordado e lúcido.
De volta ao quarto, não pude acreditar na zona que reinava dentro dele, para onde eu olhava tinha uma perna, uma bunda, um pau... tanto que, por um segundo, um tremor se espalhou pelo meu corpo. Será? Não, eu tinha certeza de que não. Sobre o tapete grosso, estava mais uma garota agarrada a um cara, que parecia morto. Rastros de cigarros, bebidas e até sinal do que para mim eram drogas. Em todos os lugares que minha vista alcançava, uma merda era avistada, eu era totalmente contra drogas, então eu não podia acreditar no que via. Será que eu tinha me drogado também? Cristo!!
— Preciso sair daqui — eu disse, desesperado e ao mesmo tempo envergonhado. — Será que alguém consegue uma roupa para mim? Afinal não pretendo sair com essa que estou usando — disse, apontando para a toalha.
Naquele instante, percebi que não me lembrava sequer de onde eu tinha deixado minhas roupas, carteira, nada. Talvez devesse agradecer por ainda estar vivo, já que nem a cabeça sobre meu pescoço eu tinha certeza de que era mesmo a minha, pois eu, August, não era de participar de orgias, nem festinhas com vadias. E muito menos me misturar com drogados.
— Aqui está. — Fernando colocou em uma das minhas mãos uma mochila e, na outra, um cabide, imaginei que aquilo era coisa de Kevin. Com certeza, o idiota já sabia com quem e quantas vezes eu tinha transado desde o momento em que deixei o hotel. — Foi Jenna quem preparou, espero que esteja tudo do seu gosto.
— Se foi ela, tenho certeza de que sim. — Jenna era a senhora encarregada da minha casa. Ela tinha sido funcionária na casa dos meus pais desde que eu era pequeno e, quando a filha veio estudar em Boston, ela quis acompanhá-la, então eu a trouxe para continuar trabalhando comigo. Para ela, tinha sido um excelente trato, o trabalho era bem mais leve e, desde que minha casa estivesse limpa, arrumada e com algumas comidas prontas no congelador, ela tinha todo o tempo livre que desejasse. — Ela sabe mais de mim do que eu mesmo.
Com o terno e a mochila em mãos, me dirigi novamente ao banheiro, onde levei um susto ao encarar meu reflexo no espelho. Ali eu tive a certeza de que não tinha se passado apenas um dia, olheiras profundas e a barba desgrenhada eram a prova do meu apagão. Fiz a barba com cuidado, marcando bem os contornos, deixando apenas uma sombra escura bem marcada e aparada. Escovei meus dentes com a escova nova que Jenna tinha me enviado.
De volta a sala, dei mais uma olhada para a bagunça reinante no lugar. Um dos caras, que continuava jogado no tapete com um aspecto de semimorto, levantou a cabeça e perguntou se o grupo tinha trazido algo novo para animar o encontro. Arregalei meus olhos e, sem acreditar, continuei meu caminho em direção à porta. Porém, antes de abrir, apontei para os corpos nus dormindo esparramados, no entanto, antes que eu tivesse oportunidade de fazer a pergunta, Kevin respondeu que não só tudo já estava resolvido, como uma limpa tinha sido feita tanto nas câmeras do hotel, como nos celulares de todos que participaram da anarquia.
Balancei minha cabeça, sem dar crédito aos meus ouvidos, mas esse era o nosso chefe de segurança, além de ex-SEAL era também um fodido hacker. Minha posição de sócio da G.A.M.A. era de engenheiro elétrico, então eu gostava de espalhar câmeras para gravar tudo que estivesse ao alcance delas, ele, no entanto, se divertia em apagar o que quer que ele achasse que não deveria ser visto.
— Vamos sair desta espelunca. — Ouvi Kevin dizendo enquanto, com a mão sobre meu ombro, me guiava em direção à escada. — Em seguida, vai ter um monte de hóspedes circulando por aqui.
Não respondi, apenas deixei que me guiasse. Descemos rápido, sem nem contar quantos andares eram, até sair em uma garagem. Ali, eu vi que Adam e outro cara já nos esperavam. Continuei calado, seguindo o caminho que eles me indicavam, até me acomodar no banco traseiro do meu carro. Kevin entrou em seguida e sentou-se ao meu lado. Enquanto a divisória subia, eu vi que Andrew tomava o volante e Fernando subia no banco do passageiro.
Não quis parar para pensar o porquê de todo aquele aparato para me levar para a empresa. Geralmente eram apenas Andrew e Fernando, meus motoristas e seguranças. Se tinha tanta gente, era porque a merda era grande e estava prestes a feder. Baixei minha cabeça, tentando me lembrar de tudo que tinha acontecido. Ainda não acreditava que Judith não só tinha me largado, mas tinha enfeitado minha cabeça também. Sem conter o ataque de ira, soquei o encosto do banco, enfurecido.
— Sei que é sua vida particular — Kevin falou, depois da minha explosão — e não existe nada no contrato dizendo que você precisa se abrir com seu chefe de segurança, mas...
— Se não diz — interrompi-o, com um rosnado exasperado —, então trate de não se meter na porra da minha vida.
— Foda-se! Parece que você surtou! — exclamou, levantando ambas as mãos em sinal de defesa. — Se o deixei livre para foder o mundo nesse final de semana, foi na esperança de que se acalmasse, e não que seu humor piorasse.
— Meu humor não está pior — rebati, ainda mais irado. — Só não quero nenhuma babá, psicólogo ou o que merda você está pretendendo ser para cima de mim.
— August — sua voz baixou vários decibéis —, seja o que for que aconteceu dentro da sua suíte e te desestabilizou, vai passar.
— Ok. — Dei uma risada, tentando imaginar como reverter as imagens que pululavam em minha cabeça: a da bunda de Judith sendo fodida por vários caras. — Só fico imaginando como. — Minha crise de riso continuou.
— Talvez se você se abrir — ele começou, e eu levantei a mão, tentando impedi-lo de continuar, no entanto, o maldito não se calou. — Você desapareceu do hotel sem dar explicações, e Judith, não só do hotel, mas do país também, então é compreensível imaginar que algo de muito ruim aconteceu.
— O quê? — Naquele instante, ele teve toda minha atenção — Quando? Aliás, que dia é hoje?
— Ontem à noite — ele respondeu, calmo, enquanto o veículo continuava rodando — e hoje é segunda-feira.
— Acredito que você já sabe para onde ela foi, não? — perguntei, enraivecido, por ele saber mais dela do que eu.
— Para o Japão, no entanto, antes da viagem, ela esteve no seu apartamento, tirou de lá o que eu imagino que fosse dela e levou para um depósito. — Calou-se por um momento, antes de prosseguir: — Para o mesmo lugar que já tinha levado sua mudança, alguns dias atrás.
Ao terminar de falar, ficou esperando alguma reação da minha parte; eu, porém, evitando que assistisse à minha humilhação, virei minha cabeça e fingi interesse desmedido no vai e vem dos automóveis do lado de fora da janela.
— Com toda a confusão que a garota maluca aprontou, eu só fiquei sabendo do acontecido depois que você já tinha partido e ela também. — Como continuei mudo, ele prosseguiu: — Sei que Math, assim como Fernando, estiveram com você, mas para sua tranquilidade ambos parecem ter engolido tubos inteiros de Super Bonder, ninguém conseguiu desgrudar suas línguas.
— Isso foi uma tentativa de piada? — perguntei, sem me virar. — Porque, se foi, não surtiu efeito. E sobre Judith e eu, o que aconteceu não tem nada a ver com segurança — prossegui, apontando para ele, querendo encerrar o maldito caso Judith — então, enquanto não houver nada que atente contra minha vida, acredito que você não deva se meter. Cuide apenas do que é pago para fazer. Entendeu?
— Sim, senhor — ele respondeu, parecendo ofendido. Em seguida, deixou, no espaço livre entre nós, meu celular, junto com minha carteira. Foi então que eu percebi que estava tão distraído que sequer me recordava de onde os tinha deixado. — Aqui estão seus pertences.
Depois disso, ele também se calou e, quando o carro parou, desceu rápido e dirigiu-se ao elevador dos funcionários, coisa rara, já que usava sempre o nosso privativo. Porém, antes que eu o alcançasse, a porta já tinha se fechado e ele, desaparecido. Por um momento, me arrependi da minha estúpida grosseria, mas logo descartei, se eu começasse a falar sobre minha vida particular com todos os curiosos, logo eu seria obrigado a passar um diário a cada um deles.
— Bom dia, senhor Roiz — cumprimentou-me, sorridente, Olga, minha assistente, assim que eu entrei na antessala do meu escritório. Sem vontade, apenas respondi com um resmungo e continuei em frente, abri a porta seguinte e fui seguido por ela.
— O que significa isso? — Apontei para um completo desjejum servido em cima da minha mesa de escritório.
— O senhor Chandler ligou pedindo que o esperasse com um café da manhã — ela disse, parecendo confusa. — Fizemos mal?
— Sim — respondi, irritado. — Acredito que já sou bastante grandinho para decidir se quero ou não tomar meu café. Tire daqui.
Sem entender minha irritação, ela balbuciou uma sequência de pedidos de desculpas, enquanto saía carregando a imensa bandeja. Olhei para minha mesa, perdido, sem saber o que fazer. Em uma das esquinas, vi um conjunto de três fotografias, uma delas de um Natal em família, na qual eu tinha minha sobrinha em meu braço direito e, com o esquerdo, prendia minha irmã contra mim. Deixando-a de lado, tomei a seguinte, nela eu estava entre meus "irmãos", com as mãos unidas, nos preparando para um grito de guerra; aquela imagem foi do dia em que colocamos no papel a criação da nossa querida G.A.M.A.. Dias felizes, pensei, nostálgico.
No entanto, minha nostalgia não durou mais de meio segundo, pois meu olhar recaiu sobre o que, até uma semana antes, era o meu porta-retratos preferido. Nele estávamos Judith e eu, aquele tinha sido nosso primeiro feriado de 4 de julho juntos. Éramos muito jovens, felizes, ela, linda, inteligente; eu, apaixonado, burro. Sem pensar, tomei o maldito quadrado de metal e vidro e o arremessei contra a parede, fazendo com que uma nuvem de vidros brilhasse no ar antes de cair no chão. No mesmo instante, vi que a porta se abria.
— Não vou dizer nada — Gabriel disse, colocando a cabeça no vão aberto. — Mas acredito que seja bom treinar esse tipo de arremesso do lado oposto da porta, ou trancá-la, porque um dia, sem querer, ainda vamos acabar nos matando.
— Esse não é o meu costume — Math rosnou, afastando Gabriel do seu caminho.
— Muito menos o meu — Antônio avisou, entrando logo atrás.
Sem vontade, encarei os três patetas parados na minha frente, pois eu sabia que de nada adiantaria dizer para que desaparecessem, ou para irem se foder. Enquanto não espremessem até a última palavra da minha boca, eles não iriam embora. Ainda assim, não custava tentar.
— O que as meninas desejam? — perguntei. — Se for algo referente ao trabalho, tudo bem, caso contrário...
— Que pena! — Antônio riu, com deboche, puxando uma das cadeiras e se sentando de forma displicente. — Queremos conversar justamente sobre esse "caso contrário".
— Tenho mais o que fazer. — Sem querer continuar, tomei o interfone e chamei por Olga. — Hoje é o dia em que reviso os cálculos das pastas da semana.
— Sabemos disso. — Gabriel fez o mesmo que Antônio: procurou uma cadeira e sentou-se, preparando-se para me sabatinar. — Nunca marcamos reuniões complicadas nas segundas, então você está com todo o tempo livre para nos contar tudo que aconteceu.
— Se eu não comentava minha vida com Judith quando estávamos juntos — encarei os malditos à minha frente —, de onde tiraram a ideia de que começarei agora, que estamos separados?
— Será que ainda não perceberam que ele não quer falar? — Math interveio, quando se deu conta de que a artilharia estava aumentando. — Deixem-no em paz.
— Acontece que esse é um momento em que ele não deve ficar só — Antônio discordou. — Para isso, somos seus amigos.
Sem dizer nada, levantei-me e, dirigindo-me à porta, a abri e a indiquei ao grupo de futriqueiros, que, sem mover suas bundas do lugar, me olhavam, incrédulos. Porém eu não estava em um bom dia, assim rosnei, expulsando-os da minha sala. Por fim, depois de uma série de maldições e xingamentos, eles saíram, e eu agradeci o silêncio, que voltou a reinar. Todavia, foi apenas por alguns minutos, um deles ainda não tinha se convencido por completo e voltou com o intuito de continuar me infernizando.
— Sei que você não quer falar — encostando o corpo contra a porta fechada, Gabriel cruzou os braços em frente ao corpo e ficou me encarando —, mas só queria dizer que minha sala não fica muito longe da sua, assim, quando quiser se abrir, eu vou estar lá para você.
Eu não consegui responder, fiquei apenas encarando-o. Por mais raiva que eu estivesse sentindo do mundo, olhar para ele, que tinha passado por tanto e superado, dava-me a sensação de que talvez, só talvez, eu também pudesse superar.
— Não fique assim. — Caminhando devagar, ele se aproximou da mesa para onde eu já tinha voltado — Quanto mais nos calamos, pior é. Se, na época em que eu me separei de Ângela, eu não tivesse podido contar com você, acredito que eu teria pirado.
— Você confia em Ângela, não é, Gabriel? — interroguei-o, ao ouvir o nome dela. — Como reagiria se soubesse que, mesmo estando juntos, ela estava transando com outros caras?
— Foda-se, seu maldito! — rugiu, furioso, batendo o punho sobre a mesa. — Que pergunta idiota é essa?
— Você não queria conversar? — questionei, sorrindo com deboche para ele. — Pois estamos conversando. Então responda-me: qual seria sua reação se você, ao chegar em sua casa, soubesse que a mulher que você ama e em quem confia, deu a bunda para outro enquanto você estava no trabalho?
— Se não quiser ter a cara partida, cale-se agora. — Fechou os punhos, querendo me acertar. — Respeite Ângela, assim como eu sempre respeitei Judith.
— Não, eu não vou desrespeitar Ângela, acredito que ela é mesmo uma mulher perfeita, talvez a única que sobrou neste grupo podre — falei, calmo. — Mas quanto a Judith...
— O que você quer dizer com isso? — Ele afastou o olhar de fúria e, no lugar, ficou apenas um: o de espanto — Judith é uma boa garota, não fale mal dela, você irá se arrepender depois. Eu, mesmo tendo ficado tanto tempo separado de Ângela, nunca falei dessa forma dela. Respeite sua namorada.
— Eu não a estou desrespeitando. — Não consegui evitar a amargura da minha voz, e um segundo depois essa mesma amargura se transformou em ódio, fúria e cólera. — Eu sempre fui tão cego que precisei que ela mesma jogasse a verdade na minha cara, e ainda teve que repetir para que eu pudesse acreditar, então não me venha com essa de respeitá-la, já que foi ela que se desrespeitou.
— Ficou louco? — Ele caiu sentado na cadeira. — O que você bebeu, cara? Foi drogado?
— Não bebi nada. — Minha boca se contorceu em um sorriso amargo. — Também não estou drogado, e muito menos louco. O resultado do que você acabou de ouvir é a minha cabeça enfeitada com uma porrada de chifres.
— Como? — balbuciou.
— Enquanto eu trabalhava sonhando em um futuro melhor para a família que eu pretendia formar com ela, sabe o que a vadia fazia? — Em um novo ataque de cólera, eu soquei a mesa e, ato seguido, passei a mão sobre o que estava sobre ela, fazendo com que tudo voasse longe, até mesmo meu notebook. — A maldita andava por aí rindo da minha cara, enquanto fodia com outros.
— Não pode ser! — Inspirou várias vezes antes de se levantar e caminhar sem rumo pela sala. — Acalme-se, você deve ter entendido errado, ela não pode ter feito isso.
— Ainda bem que eu tive testemunhas. — Passando por cima da bagunça espalhada no chão, fui em direção à porta. — Venha comigo.
— Em vez de ficar aí de fofoca — rosnei para Olga, ao passar por ela —, chame alguém para limpar a bagunça da minha sala e veja com os técnicos para dar uma olhada no meu notebook.
Com passos apressados e Gabriel no meu encalço, eu segui até a sala de Math e não parei em frente à sua secretária. Como nunca recebíamos ou fazíamos reuniões em nossas salas, tínhamos total liberdade para ir e vir. Aquele andar era exclusivamente nosso. Assim que entrei, ele deixou os planos que estava olhando de lado e ficou nos encarando.
— Conte para ele, Math — eu disse, e ele abriu a boca somente para fechá-la um segundo depois. — Fale com que tipo de puta eu estava saindo.
— August. — Math veio até mim e, com a mão em meu ombro, me empurrou na direção dos elegantes sofás que compunham a decoração da sua sala. Em seguida, foi até a geladeira, pegou uma garrafinha de água e quis me entregar. — Parece que você continua de ressaca, já comeu alguma coisa?
— Porra! — Levantei-me e joguei longe a água que ele pretendia colocar em minhas mãos. — Não preciso de ninguém para me dizer o que eu devo beber ou comer. Que merda!
— É que você está fedendo a álcool — disse ele, se afastando —, então acredito que também não comeu nada depois da noitada, logo seu estômago vai reclamar e começará a passar mal.
— Então, quando isso acontecer, eu me preocuparei, no momento preciso apenas que conte o que viu e ouviu da puta que eu tinha como namorada e quase noiva. Conte para ele.
— Vamos deixar essa conversa para quando você estiver mais calmo, August — Gabriel interveio, querendo sair da sala. — Amanhã você vai estar melhor e essa briga que teve com ela estará resolvida, aí se arrependerá de tudo que falou. Melhor evitar.
— Merda, Math, conte logo, porque, assim como eu não conseguia acreditar, o idiota aqui — apontei para Gabriel — também não, ele pensa que estou louco, drogado, sei lá, e só estou sujando a imagem da santa Judith.
— Ok, se acalme, sim? — Ele suspirou longamente. — Eu não queria falar, já que isso é uma coisa sua com ela e mais ninguém, mas...
— Fale de uma vez, porra! — rugi.
— Sim, ela confirmou que esteve com outros durante o tempo em que eles estavam juntos — ele disse, olhando para Gabriel. — Não sei se isso a transforma em puta, mas ela o traiu, sim.
— Que merda!!! — exclamou Gabriel. — Juro que se você não confirmasse, eu iria continuar pensando que ele estava delirando.
— Agora você já sabe. — Apontei para os dois, enquanto caminhava para a saída. — A puta me traiu, deu um chute na minha bunda e desapareceu. Então, de hoje em diante, vou seguir a cartilha de vocês. Usar e descartar.
— August? — Gabriel tentou me impedir de sair, porém fiz caso omisso, aquela era uma decisão já tomada.
🤭🤭🤭🤭
Bem, meninas por hoje é só.
Será que agora nosso príncipe se transforma em um cafajeste?
Por favor, não se esqueçam de comentar e curtir, até a próxima.
🥰
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