XI - Dê o mar o seu povo.
Olá, gente! Tudo bem?
Bem, ta complicado, mas tudo sob controle! Capítulo bem curtinho, mas garanto que tem tudo para ter reviravolta!
Ah! Para esse capítulo algumas explicações: É realmente mencionado as almas dos Hyunsung de BPM, óbvio que o Hyun como anjo ia pro céu, mas como o Auau que é ele não quis.
E também: água = mar = povo.
Boa leitura e beijinhos!
"Desde o momento que te vi, o amei por milênios. Agora que a vida se encontra em um instante, amo-o por uma existência inteira. E irei pela eternidade ser refém do que cultivei." Hyunjin capítulo onze.
Voando mais alto do que os humanos poderiam sonhar, Jisung viu as luzes, um conjunto de partículas que a mente limitada criou. Até mesmo os humanos mudavam.
— Acreditaria em mim se dissesse que acho divertido a forma que encara as luzes? — A voz grave tocou a alma, Han ergueu o olhar vendo como seu servo o encarava, e talvez fosse um ser carente demais, no entanto, a forma que ele segurava o chapéu em seus fios o deixava com o peito quente.
Ele estava cuidando de um detalhe tão simples que confundia. Se ela fosse um humano, poderia dizer que a sua droga era o anjo.
— Acredito apenas porque você jamais mentiria. — Balançou os olhos, apesar da forma neutra, Hyunjin sorriu por ver como o corpo de sua deusa a entregava. Bochechas vermelhas, o olhar agitado e as mãos inquietas.
— Fico mais aliviado que não tenha pensado que eu sei disso porque seus olhos iluminam cada uma daquelas luzes. — Han sentiu que poderia explodir, até o exato momento que relembrou a seguinte sentença: ficou aliviado que não.
Então ele não achava aquilo.
— Divertido como você é um anjo grosso e muito mal educado, mas então lembrei quem é seu papai. — Chateada, afundou o rosto no ombro dele, os lábios apertados e lembrou-se de quem era.
Seria muita ousadia achar que por um momento, poderia ter encantado alguém de coração. Talvez seu destino seja para sempre se contentar com o que tinha, um reino, um súdito e a solidão, mas sempre se contentaria com um excelente humor, porque nem mesmo o próprio Christopher tiraria o que tinha de mais precioso: uma alma sorridente.
— Ah, uma pena que você não tenha um espelho agora, porque não é só seus olhos que brilham. — Baixo, como se fosse um fio de força, escutou ele dizer.
— Falou algo? — Desentendido, juntou as sobrancelhas e escondeu seu sorriso no rosto, queria ouvir novamente dos lábios dele.
— Jamais repetirei isso. — Com uma carranca e desferindo um tapa leve na coxa presa em sua cintura, Hyunjin desceu.
Se ele não estivesse segurando o chapéu, já teria caído por causa do vento gélido e pela força do voo do anjo. Estavam caindo em direção daquela neve, que era caso de estudo dos humanos curiosos.
Em um lugar deserto da terra, ele parou rodeou as asas de ferro ao redor de sua deusa a protegendo da queda, caíram na neve e Jisung gargalhou alto, Hwang abriu as asas e viu as bochechas grandes abrirem um coração na boca dela. Era a personificação do que era a perfeição.
— Não acredito que o sol está nascendo. — Parou de contemplar a perfeição, pois viu os fios vermelhos tomarem um tom alaranjado, era o surgimento do poderoso sol.
— Ah, realmente o tempo está abreviado. — Embaixo do anjo, Han viu o dourado dos fios, empurrou ele para o lado lentamente e ficou sentado.
Como uma tinta caindo na água, o céu tomou leves tons de vermelhos, o laranja no horizonte lutando para sair em meio às trevas, como se fosse um fio de esperança. O sol parecia agora correr e lutar para alcançar ela, a grandiosa lua que agora, se despedia dolorosa de saber que jamais o teria.
— Quando eu nasci, a noite era apaixonante. — Sentado na areia, fechou as asas, permitindo que sua deusa pudesse ficar perto de um mero súdito.
— Não é mais, passarinho? — Han não olhava nada, apenas conseguia ver os lábios abertos sorrindo, gostava de tal forma daquele sorriso, que novamente poderia ser considerado o rei do pecado.
— Seriamente, acho a senhorita extremamente vulgar, ao ponto de tomar meu coração e pensamento. — Hwang encarou de volta, viu como a blusa que ela usava deixava colada no peito, eram grandes e Hyunjin sentiu uma forte pressão na barriga, um desejo incontrolável de adorá-la.
— Gosto de quando me queima. Porém, você parece esquecer que eu sou a rainha do inferno.— Contra os lábios bem desenhados do anjo, a rainha sussurrou, e em seguida virou o rosto quando ele tentou beijá-la. — Cuidado, anjinho, seu senhor pode voltar a qualquer momento, e você ficar.
— Ele diz isso desde sempre, não acho que voltaria por um beijo. — Revirou os olhos lentamente, Jisung aproveitou para sentar-se no colo do anjo. — Não quando já tive o prazer de tê-la sentando em seu servo.
Um arrepio subiu pelas costas de Han, tocou o interior e se ele não estivesse tão preocupado com o fim, teria se entregado novamente ali. Mas nem mesmo a mão pesada na cintura o puxando para mais perto, fez ele desistir daquele assunto.
— Mas nenhum outro momento, a sociedade construiu tantas armas, tanta raiva, todos os sinais assolam a terra. — Hyunjin hesitou a dizer algo, mais do que ninguém, ele sabia que uma hora o fim chegaria, e nem mesmo ele, o braço direito do criador, teve a ousadia de saber quando e onde.
— Não me interessa. — Sussurrou deslizando a ponta dos dedos na coxa coberta pela calça, e mesmo assim, Jisung sentiu o queimar do toque. — O fim pode ser muitas coisas.
Mas em todas elas, o final de Jisung e de seu povo era ruim.
— Não, ele já disse. Ele destruiria eu e meu povo, apagaria para sempre. — Revelou virando para encontrar os azuis, Hyunjin tocou a bochecha grande e tirou o chapéu revelando quem era aquela criatura pequena em seus braços.
— O seu povo, é o meu. Se você for subir, eu irei. Se for descer, eu a segurarei para ter uma descida tranquila. E se deixar de existir, não valeria a pena permanecer vivo. — Os olhos vermelhos transbordaram, Hyunjin viu o que o abandono fazia, ela, mesmo gloriosa, não acreditava que merecia aquilo, que no fundo, algum homem a amaria, pois ninguém o fez.
Talvez fosse porque Hyunjin era o único capaz, o único destinado a adorar a sua deusa.
"E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe." Apocalipse 21.
— O mar significa meu povo, como ele tinha dito em Apocalipse 17:15, água é igual a mar, e em Apocalipse 13:1 mar é um reino que sai do povo. — Encarou a pobre terra, mesmo que houvesse neve na face do abismo, sabia exatamente o que tinha por trás de cada palavra de Christopher.
Hyunjin sorriu, começou como um erguer de lábios pequenos, para então explodir em uma risada, que mesmo no momento mais inesperado, foi contagiante e alegre. A rainha ergueu os olhos o encarando, ergueu a sobrancelha séria, estava entregando seu fim, estava pronto para entregar de fato sua rendição, afinal, quem era ele para competir com os céus?
— Doce Deusa, — começou ele, ergueu os dedos deslizando a pequena mecha vermelha a colocando atrás da orelha, continuou sarcástico: — acho excêntrico o fato de que o mar sempre estará entre nós.
— Ordinário. — Revirou os olhos com um pequeno sorriso, ele parecia inabalável.
— Agora, se permite que seu pobre servo tenha a palavra…
— Diga, meu adorado súdito. — Hwang gostava de como a voz se arrastava como serpente entre os lábios doces. E pior, o olhar malicioso dela caindo para o volume preso na calça, marcado e desejando apenas ela.
— Iria levá-la para ver um jardim que uma irmã comentou, mas pela forma desesperada que baba por mim, só me resta satisfazer seus desejos.
Ele sussurrou na medida que abria os botões e via ela se afastar do colo dele para encarar quando finalmente tirasse o maldito tecido.
— Não estava babando por isso. — Recuperando dos pensamentos, contestou, as bochechas ardendo e olhando para qualquer outra coisa.
— A primeira vez que o vi, achei que fosse mais calorosa do que realmente é. — Voltando a olhar o anjo, viu ele fechar o zíper novamente.
— Óbvio, estava ali para o derrubar na reunião, mentecapto. — Mal humorada, agora por não ter ele se despindo, cruzou os braços.
— Achei que pelo olhar de ódio, você se lembrasse. — Isso atraiu uma nova reação, a de confuso. A deusa do inferno estava fazendo uma careta graciosa juntando as sobrancelhas e fazendo um pequeno bico sem entender. — O navio.
— Navio? — Soltou os braços para refletir, só tinha um único navio que conhecia, e isso o fez arregalar os olhos em espanto. — Era você que estava indo buscar a alma de um deles?
— Foi a primeira missão na terra.
Jisung tinha uma excelente memória.
Um navio que duas pessoas morreriam no mesmo dia, mas quando um cavalo branco veio, e quando um deles ia subir e o outro viria consigo, dois velhinhos, um de vestido e alguns fios azuis e outro com a sobrancelha cortada, ele ia subir, porque o próprio Christopher desceu para buscar quando ele negou deixar aquele outro velhinho.
E então, o todo poderoso ordenou que por tamanha rejeição, deveria levar o navio todo.
Desceu com aquele gigante para as profundezas, mas o que esquentou a culpa, foi o casal abraçado. Aquilo era amor, era renúncia, era sacrifício.
— Christopher me deu milhares de chibatadas quando eu não tive coragem de subir com aquele homem. — Jisung viu os olhos azuis cheio de dor, entendia perfeitamente. — Eu não sei o que me deu, quando eu te vi, parecia que algo dentro de mim cederia, e aquele velho lá reclamando de deixar o navio e a esposa…
— Eu te entendo. — Porque aquilo foi como dizer: faria o mesmo se amasse alguém naquela intensidade.
— Senti raiva. — Voltando a falar pouco, Hwang quis dizer, quis desabafar que no mesmo dia, Minho tinha chorado por ver o irmão sangrar.
— O casal era engraçado, se te ajuda. — Tentou a rainha, talvez fosse sensível demais porque as lágrimas começaram a cair, Hyunjin tinha sofrido demais. — No inferno, — mesmo com a voz quebrada, Hyunjin entendeu, e aquilo atraiu sua atenção. — tem um jardim, o velho loiro plantou para o azulzinho, mas eles sumiram.
— Sumiram?
— As pessoas têm prazo de validade no inferno, algumas. — Deu de ombros, o universo era teimoso.
— Está chorando. — Afirmou secando as lágrimas. — Gostaria que me curva-se para adora-lá? — Malicioso, arrancou um sorriso singelo de Han.
— Gostaria que me levasse para repousar em casa. — Resmungou sentindo o corpo mole, e iria render-se a ele, isso se já não tivesse que retornar para casa, para pensar em seu povo.
— Pensando com clareza, talvez descer com você não seja ruim. Não há a opção de continuar sem uma deusa para adorar.
"Assim diz o Senhor: "O céu é o meu trono; e a terra, o estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão? É este o meu lugar de descanso?" — Isaías 66:1
Glorioso, poderoso e único. Isso era Christopher, dono de todo amor e poder, que reinava para todos, todos que ajoelhassem perante a ti.
— Encontrou aquele anjo? — A voz alta tocou todos os anjos, até os mais distantes do trono, todos deveriam o ouvir.
— Não, não há nada dele. — Sejun, o anjo general respondeu encarando o chão.
— Eu não achava que poderiam ser tão incompetentes! Eu deveria sentir repulsa por vocês… Achar um anjo pequeno, forte e irritante, não é tão difícil. No entanto, como eu estou rodeado de inábeis, já era de se esperar. — Bateu no braço do trono.
O pobre anjo que estava segurando uvas encolheu com aquela agressividade, fechou os olhos e apenas sentiu o todo poderoso erguer-se. Temia Christopher, como todos os seus irmãos. Pela brecha das pálpebras, viu ele caminhar até Sejun, alto e com rosto retangular e longo, fios escuros e com covinhas a cada vez que falava algo.
— Senhor, estamos dando nosso melhor. — Sussurrou temeroso encarnando o chão de ouro.
— Claro, claro. Não quero nem pensar se não estivessem. — Balançou a cabeça concordando, então sorriu. — Fico aliviado que se perdemos, sei que a culpa é de vocês. Já que de minha parte, nenhum erro foi cometido. Certo? — Questionou retoricamente ao anjo assustado. — Certo? — Não recebendo qualquer resposta de Sejun, gritou, fazendo todos aqueles anjos que não conheciam a liberdade se encolherem.
Desde o chão até as nuvens acima deles, era brilhante, uma luz que cegava. Anjos cantavam sem pausa, adorando o nome dele, cantando letras que ressaltam a magnitude dele, o poder e o ouro dele, porém sequer acreditavam em qualquer verso de suas músicas. Era como se engasgassem em cada verso que enaltece o nome de Christopher. Outros treinavam sem descanso, se escutavam gemidos de cansaço e exaustão vindos de todos eles, mas nada nunca era o suficiente. E nunca seria, Christopher era insaciável.
Se os humanos soubessem como realmente era o paraíso, não fariam tudo que fazem em nome de Deus.
A luz estava por todos os lados. Era o paraíso, afinal.
Pelo menos era para ser.
As almas encaravam o trono enorme, sentiam a quentura que emanava dos anjos, eles não falavam a não ser o glorificar, curvar-se perante a ele. Se Christopher passasse, deveria abaixar-se. Se ele quisesse alguém, deveria se sentir honrado.
— Hyunjin, ele está deixando um grande estrago na área dele. — Com medo de sofrer a ira, a direcionou para alguém. Mostrou o livro das almas, cada segundo diminuindo.
— Imprestável! — Sussurrou puxando do livro as almas, viu em suas mãos.
Prostitutas, ladrões, pobres e burros. Escórias que ele não queria.
— A maioria das almas são essas, pelo menos ele conseguiu o mais difícil. — Analisou Sejun, Hwang pelo menos não errava onde era necessário.
— Escórias. — Rosnou jogando no chão, colocou os braços atrás das costas e continuou caminhando. — Aquilo está pronto? Aquele exército de inaptos aprendeu pelo menos a lutar?
Sem ligar para Sejun quase caindo com o livro, andou até o abismo, viu seus anjos caindo como nada a cada treinamento, as asas pareciam impecilhos, ou talvez eles que não tivessem capacidade de nada. Às vezes se arrependia de não ter dado o devido fim a Jisung.
— O exercício apresentou melhorias. — Sejun suspirou, eles tinham usado uma espada sem derrubar, um grande avanço para cantores e fantoches.
— Pelo menos isso. — Resmungou, ele também não sabia absolutamente nada sobre lutas. — Minho ainda cuida daquele bebê estupido?
— Sim, Senhor.
— Imprestável, só porque era um dos melhorzinhos, bateu as asinhas para longe… — Murmurou quase inaudível. — Da próxima vez, eu quero ele. Pelo menos traga aquele anjo de sempre mesmo, melhor do que nada. Mande esperar nos aposentos. — Sejun segurou uma careta no fundo da alma, não entendia o que acontecia, mas todos os anjos pareciam em choque quando voltavam. Era como se fosse arrancado à força qualquer resquício de felicidade, como se mantivessem um segredo no fundo de suas alma puras. — Ah, mais uma coisa.
— Majestade? — Sejun seguiu seu rei, a maior autoridade do universo, mesmo que sentisse receio a cada segundo que passava com Christopher. Não entendia, era seu criador, não deveria nutrir aquele tipo de pavor e temor. Se sentia culpado por isso, queria amá-lo de verdade como demonstra, mesmo que no fundo soubesse que Christopher não merecia nem o seu fingimento e do amor de todos seus irmãos.
— Quero que faça uma visita incisiva, acho que diante de minha glória, sempre haverá muitos traidores. Com certeza invejam o meu poder e todo amor que sentem por mim.
Os anjos voaram assustados, abatidos e pensando como era difícil permanecer vivos, condenados aquela autoridade.
O Tempo girava, girava e girava, ansioso para a queda do mal, para o fim do século e o descanso eterno, quando o mar se transformasse, que a vida retornasse e que haja luz após as trevas.
E que a bondade proteja os anjos.
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