Capítulo 7 - ᘏ Rσxσ თ
Dafne não respondeu; não queria mentir, mas também não queria que ele soubesse que todo o conhecimento que tinha da região lhe fora dado por seu antigo mestre de luta.
— Esses seus olhos me interessam e muito. Ele dizia, enquanto olhava atentamente em seus olhos, que em instantes ficavam alaranjados e ardentes como as chamas do fogo. — Apesar de serem profundamente claros, são também bastante amendoados; é uma combinação estranha entre água e fogo. Não creio que olhos como os seus sejam comuns em fêmeas dentro dos cinco reinos.
— O que veio fazer aqui? Me importunar com as suas perguntas? Ela perguntou, evitando olhar para ele.
— Vim lhe mostrar onde estão as coisas de que vai precisar; a comida será servido dentro de uma hora. Você...
— Não quero comer coisa alguma!
— De qualquer modo, vai jantar comigo. Foi tudo o que comunicou e saiu a deixando intrigada pelas novas informações e pela sua maneira de agir.
Dafne ficou bastante tempo olhando pela transparência diferente desse vortex, observando as luzes do transparentes e multicoloridas do mesmo, ele se refletindo nas águas escuras e no céu estrelado. A paisagem transmitia muita calma, mas sua cabeça estava um verdadeiro caos!
O que Apolo de Orco ia fazer?
Se ao menos o vortex estivesse parado perto da praia, mas ela tinha certeza que estava antes... Como ele fez aquilo? Como o movimentava tão facilmente e rapidamente como o vortex da Karina. Que poder extraordinário essa criatura possuía. Além disso, ele havia bloqueado os seus poderes completamente. Teria alguma chance de fugir, pois nadava muito bem. Mas como ela sairia desse maldito vortex? A consistência energética dele era completamente diferente do que ela conhecia.
Por enquanto, só lhe restava esperar, mas muita coisa poderia acontecer... Sabia que aquele ser faria tudo para conseguir o que queria. Percebia nele o jeito rude dos diversos seres dos cinco reinos; os traços de todos os povos refletiam-se no seu caráter então: coragem e firmeza, arrogância e superioridade... As mesmas características que havia herdado de sua pais, também reconhecia nele.
Como reagiria se soubesse que ela possuía os mesmos antepassados dos seres que o protegiam?
Quem era Apolo de Orco afinal?
Mas a pergunta que mais lhe martelava a cabeça nesse momento era quem ela era na realidade?
As palavras dele ressoavam em sua mente sem parar. Maldito Decaído, havia conseguido desestabilizá-la.
Seus pensamentos foram interrompidos por uma leve vibração energética no vortex e então ouviu a voz de Apolo. Dessa vez ele deixou sua presença ser anunciada e nem entrou onde ela estava.
— Está pronta, Dafne de Gosmel?
— Pronta para quê?
Imediatamente o vortex se abriu e ela se viu frente a frente com seu raptor.
— Por que ainda não se lavou e trocou suas vestimentas? Não lhe disse que se arrumasse para comermos juntos?
— E eu lhe disse que não quero comer da sua comida. Apolo parecia ter faíscas nos olhos negros. Era como se todo o universo entrasse em ebulição nesse momento.
— Quando dou uma ordem, espero que ela seja obedecida. Entendeu Fêmea de fogo?
— Não vou comer ao seu lado! Dafne estava furiosa e não pensou nas consequências do que estava dizendo. — E, se estivesse com fome, não me sentaria no mesmo ambiente que você! Continuou olhando para ele, desafiante, mas seu coração estava disparado. Sua garganta ficou seca e sua pele se arrepiou ao sentir a força da energia que desprendia dele.
— Não? Seu tom de voz era inesperadamente suave e calmo. — Pois está muito enganada! Vai se sentar ao meu lado toda a vez que eu assim ordenar... E dentro de minutos! Há um vestido preto bem ali. Use-o.
— Nunca usaria as roupas de suas... suas...
— Fêmeas de acasalar? Está com ciúmes? Interessante... Não se preocupe, aquele vestido nunca foi usado; a fêmea para quem o comprei simplesmente não cabia nele. Não sei como fui cometer um engano desses. Mas estou certo de que ficará ótimo em você...
— Não interessa se vai me servir ou não; não tenho intenção de usá-lo. Agora suma da minha frente!
— Está falando sério? Vai mesmo tentar me desafiar?
— Não perco tempo dizendo coisas que não são sérias. E pelo que vejo burro você não é Decaído.
— Nem eu, Filha do fogo brinco com coisas que me são sérias. Ele avançou e segurou me pelos pulsos com tanta força que suas mãos pareciam latejar. Vi surgir no lugar de suas unhas garras, não... na verdade, eram as suas unhas que haviam crescido. Pareciam lâminas afiadas.
— O que é você afinal? Indaguei um pouco assustada.
— Você vai usar aquele vestido ou então...
— Ou então o que? Perguntei já que ele gostava de ignorar a maioria de minhas perguntas. — Não pode me obrigar...
— Verdade!... Você tem toda a razão nesse ponto. Mas posso fazer outra coisa bem mais divertida. Disse sorrindo de modo enigmático. — Deixe-me ajudá-la.
Segurou minhas duas mãos e, trazendo-me para mais perto de si, começou a cortar com suas unhas afiadas as minhas roupas.
— Não, não faça isso! Dafne lutava para se soltar dele, mas
O Decaído, sem aviso, apertou-a com mais força e beijou seus lábios ardentemente. A deixando sem fôlego e completamente sem ação.
— O que você é na verdade? Porque me faz perder o controle? Perguntou mais para si mesmo do que para ela e voltou a sorrir.
— Vai ser um bom divertimento para mim domá-la, minha fênix de fogo! Todas as outras que vieram até mim pareciam mera brincadeira perto disso. Do que consegue provocar em mim!
— Solte-me! Você vai pagar por isso! Vou destruí-lo com minhas próprias mãos, nem que tenha que arriscar minha própria liberdade para colocá-lo no seu devido lugar.
— Antes de mais nada, minha querida, terá de arrumar um jeito de fugir. Deu um sorriso cínico. — Assim que chegarmos em meus domínios, só conseguirá sair quando e como eu quiser. Além do mais... Seus olhos brilhavam de desejo. — Acho que vai demorar muito tempo até que me canse de você. Quem sabe, quando a tiver dominado completamente e for minha escrava, fique farto de você, pois será igual a todas as outras que sua maldita soberana me mandou em pagamento.
Soltou-a e saiu a deixando sozinha novamente. Dafne viu que seus pulsos estavam vermelhos e foi até o banheiro para se lavar.
O vestido preto parecia ter sido feito para ela; ficou perfeito em seu corpo. Escovou os cabelos e, contrariada por ter que ceder aos caprichos daquele ser das trevas, encaminhou-se para o salão de refeições. Assim que saiu de dentro do vortex ela teve o maior impacto de sua vida. Eles não estavam dentro de um vortex como seus olhos lhe diziam, mas estavam dentro de um veleiro antigo. Era como os livros antigos sobre os que humanos descreviam de seus meios de transporte.
Pequeno, rápido e pronto para o combate.
Como poderia ter ocorrido isso?
Uma ilusão?! Só poderia ser isso... O Decaído havia manipulado a sua realidade e ela nem percebeu nada.
A cabine destinada para o capitão estava muito bem decorada era maravilhosa e a comida estava muito bem preparada, mas Dafne não conseguia achar nada interessante. Ficaram em silêncio por uns quinze minutos e depois o Decaído acabou lhe falando.
— Amanhã cedo, assim que raiar o dia, estaremos navegando em direção aos meus domínios. E tenho certeza de que não gostará de lá... Pois foi criada dentro de inúmeros preconceitos adquiridos pelos humanos.
— Não brinca e essa embarcação. E quanto o seu esclarecimento está absolutamente certo. Não gostaria de nenhum lugar do mundo onde você estivesse.
— Não há só coisas ruins entre os humanos. Tais seres podem ser bem criativos e surpreendentes. Sua soberana não lhes contou toda a verdade sobre eles. Ele pegou uma taça de vinho, bebeu lentamente. — Tem que continuar agindo assim, Dafne? Se não parar com isso, vai acabar me cansando... ou me deixando muito bravo.
— E você pode parar com suas ameaças sem sentido! Sou uma guerreira e não uma de suas fêmeas servis! Sou muito diferente do que está pensando! Explicou ela sem tocar em nada sobre a mesa de refeições.
Para surpresa dela, o Decaído não ficou nem um pouco zangado; ao contrário, olhava para ela com admiração em seu olhar.
— Não há dúvidas de que é diferente. Serviu-se de mais um pedaço de carne de javali. — Sabe, Dafne, acho que vamos nos dar muito bem. Posso lhe ensinar muita coisa sobre os reinos que diz conhecer. Não fica curiosa em saber por que a sua soberana quer me controlar tanto.
— Não seja ridículo! Não tem nada que possa me revelar e...
Ele percebeu que ela não havia tocado na comida.
— Coma!... Ordenou com calma e pegou mais um pouco de vinho.
— É dessa maneira que costuma tratar todos os seres que sequestra?
Ele gargalhou e continuou apreciando seu vinho.
— Os seres que eu protejo não são conhecidos por sua Cortesia. Deve ter ouvido falarem de nós?
— Os exilados?!... E você parece não se preocupar muito com isso.
— Na verdade, não me importo nem um pouco com o que dizem ou inventam sobre mim e meu povo. Olhou para o prato dela outra vez. — Se não comer, filha do fogo, serei obrigado a forçá-la; além do mais, não gosto que me observem enquanto faço minhas refeições.
Dois seres se aproximaram da mesa para servir-lhes mais um pouco de vinho e Apolo de Orco informou.
— Nem Silenos nem Lácio falam seu idioma.
— E você, onde aprendeu o idioma perdido? Dafne estava curiosa, pois o Decaído falava a língua corretamente, com um leve sotaque que lhe parecia conhecido.
— Na escola com as bruxas. Ou esperava que vivêssemos em plena época das cavernas? Não vivemos isolados por que queremos, mas por imposição de seus malditos soberanos. Mas por sorte nem todos acreditam nas falsas palavras que lhe dizem. Quem disse que eu não tinha nada para lhe ensinar mesmo?
— Seu sarcasmo é muito infantil; é claro que não pensava que vivessem como... Espera você acabou de me dizer que estudou ao lado de bruxas?
Foi quando ela notou que os dois seres ao lado dele eram um sátiro e um fauno.
Impossível? As raças perdidas estavam servindo essa criatura.
Sua voz a trouxe de volta, seus olhos estavam confusos e ao mesmo tempo curiosos em relação ao Decaído.
— Houve um tempo em que era assim. Poderia lhe contar muitas histórias do povo que me acolheu Eras atrás; você provavelmente nunca ouviu falar da rixa que existia entre as raças; humanos, os elemental do ar, fogo, água e terra. E dos seres celestiais e os Nefilins. Por último a proteção dos mundos era feita pelos celestiais, que governavam os Nefilins... Na verdade quem ficava com o trabalho pesado eram sempre os Nefelins. Então houve a grande guerra...
Dafne estremeceu, mas tentou parecer bastante natural.
— Esses eram os seres mais poderosos que formavam a oligarquia entre os demais reinos, não é?
— Está realmente a par do assunto! O que mais sabe a respeito desses dois protetores?
— Não sei muita coisa... Como não quisesse se aprofundar nesse assunto, começou a comer. — Sei também que havia outras seres bastante poderosos nessa guerra, uma deles eram os Alucard.
— Sim, mas essas dois eram os principais e dominavam todos os outros mundos e reinos; os outros obedeciam às suas leis. Nesta época do ano, os fantasmas do clã dos Alucard rondam as terras exiladas, procurando por vingança. Dizem que eles profanam túmulos e arruínam os ritos. Costumam habitar as torres abandonadas desta mesma terra amaldiçoada.
— Somente o clã dos Alucard tem fantasmas que rondam o lugar? O rosto de Apolo se iluminou e Dafne percebeu que não deveria mais discutir com ele; estava contente por ela ter se interessado pelo assunto e talvez fosse possível que, ganhando sua confiança, ele a deixasse ir embora.
— É claro que os fantasmas de outros seres também vagueiam, mas não tão frequentemente quanto os do clã dos Alucard. Nós matamos muito mais seres da família deles do que eles da nossa.
— Você realmente acredita em fantasmas? Em criaturas das trevas como os lendários vampiros?
— Não, na verdade não acredito.
— E os outros que afirma proteger, acreditam?
— A maioria, sim.
— É uma terra muito primitiva, envolta em lendas antigas e mortas. Dafne disse-lhe sem ainda tocar em nada. — Li que os Vampiros têm uma certa fixação pela ideia da morte. Por não poderem morrer de fato.
— Sim, acreditam que, se um deles morre de maneira violenta, seu sangue permanece úmido e quente, manchando o chão, até que uma outra pessoa erga um rito no local.
Dafne ficou olhando para ele; tentava imaginar seus pensamentos, pois, pela sua expressão, parecia que Apolo tinha alguma ideia especial em mente. Depois, ele disse inesperadamente a olhando dentro de seus olhos.
— Acredite em mim filha do fogo, em meus domínios as lendas nunca foram tão verdadeiras.
— Assim como as bruxas que foram banidas de todos os cinco reinos por traição?
Ele a olhou pensativo e brincou com a taça em sua mão.
— Você não sabe nada sobre elas e as julga sem nenhuma piedade.
— Eu as julgo? Está brincando comigo... Então me diz você o que elas são na verdade?
— Os bruxos e bruxas são mestres na arte da bruxaria. Seus poderes e princípios baseiam-se na ligação entre a natureza, ciclos naturais, lunares e profundo conhecimento da medicina natural. São ligados aos cinco elementos: fogo, água, terra, ar e espírito. São mestres na criação de objetos mágicos, conhecem a fundo o oculto e a natureza.
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