- Eu já disse que não gente... Por favor, eu só quero um sábado de paz, nós acabamos de entrar de férias! Amanhã nós fazemos alguma coisa! Está quente lá fora, e eu ensaiei a semana toda sem folga! Só preciso me deitar e dormir até chegar a noite e me arrepender de ter dormido o dia todo.

- Você sempre ensaia a semana toda sem pausas, fala sério Ga Eul! - falei a encarando óbvio.

- Ah gente! Como eu posso ter gerado esse ser? - senhora Kim fala do outro lado do balcão da cozinha indignada com o desânimo da filha.

- Com certeza, você que é a adolescente dessa casa! - Tae falou assim que deu um gole no suco.

- Ah cala a boca! Vocês dois não tem nada pra fazer além de vir na minha casa em pleno sábado? 

- Não - respondo implicante vendo-a sorrir e revirar os olhos logo em seguida. 

Quase lá Min Yoongi, quase lá... - Vem logo Ga Eul, você sabe que a gente não vai te deixar aqui! 

- Aish, eu odeio vocês! 

- Relaxa, a gente também te odeia! - Senhora Kim diz mandando um beijo debochado para a filha, que caminhava perdida em direção ao quarto.

Um jogo de baseball. Em toda minha vida, nunca pensei que imploraria alguém por uma semana para me acompanhar a UM JOGO DE BASEBALL. 

E o pior de tudo. Isso me atrai profundamente. 

Min Yoongi.
Está.
No.
Fundo.
Do.
Poço.

- Uau, nós nunca fomos a um jogo antes!!! Tô empolgada! - Senhora Kim fala extremamente empolgada enquanto dirige, ela vibrava com vontade de ir ao jogo sem ter a mínima ideia de como ele funciona.

Sabe todos aqueles padrões de mãe que nós vemos por aí? 

Pois é, ela com certeza não se encaixava em nenhum deles. Estava mais para a tia legal e doida que esqueceu de envelhecer e é a verdadeira alegria dos adolecentes, mas a dor de cabeça dos mais velhos da família, porém, mesmo com todo seu jeito extrovertido, é engraçado ver a mescla super protetora que a maternidade trouxe naturalmente à ela, e a relação Ga Eul e ela carregam me fez ter inveja e a vontade de ter uma mãe de verdade ao lado.

Durante o caminho, enquanto ela e Tae brincavam e riam até do vento, a ideia de que essas duas, com todas as dificuldades que eu nem conheço - ainda - moldaram a palavra família à realidade delas, não saía da minha cabeça, e minha admiração começa a crescer ainda mais. 

Será que estou cada vez mais afundado na matéria chamada, Ga Eul? Acredito que sim.
Deus, onde quer que esteja, por favor, não me deixe passar essa matéria! Quero o prazer de reprovar só para estudar de novo e de novo.

- Hello?? Terra chamando Yoongi! - pauso minha oração mental ao ver uma mãozinha bem a frente do meu rosto.

- Você gosta mesmo de me ter por perto em Piano! Não aguentou alguns instantes com minha mente distante - Falei baixo para que os dois da frente não me ouvissem, o que foi meio inútil já que eles gritavam uma música que tocava no carro e eu não soube decifrar qual, digamos que pop não seja meu ponto forte e o gosto musical de Tae e Senhora Kim não sejam os mais comuns por aí.

- Acho que você é convencido demais pra alguém do cabelo verde - disse sem sequer olhar pra mim, mas seu semblante mostrava o quanto segurava uma boa risada.

- E você linda demais pra quem tem o cabelo da Cruela de Vil! - brinquei e todo o cuidado que estávamos tendo para não chamar atenção dos reis do karaokê foi em vão, já que Ga Eul começou a rir e não parou mais, eu até tentei me segurar, mas o jeitinho de rir como um porco que ela tem me levou a rir também. 

- Ok, ok! Eu confesso que meu comentário não teve nexo, mas cara você foi incrível!! - comentou secando as lágrimas, depois de explicarmos o porquê das risadas para Tae e Sra Kim, e os dois nos ignorarem voltando a cantar - já viu X-men? Quando eu me cansar de ser cruela, provalmente me transformarei em Vampira - seu semblante era leve e fofo, diferente do que acostumei a ver durante os dias.

E olha que eu realmente já me acostumei a vê-la durante os dias, como pela manhã, quando vamos para a escola e ela estranhamente tem um ótimo humor - diferente de mim, óbvio. Que nunca consegui entender essa alegria. E também costumamos nos sentar juntos para almoçar no refeitório, ouvindo as histórias de Tae, temos várias aulas juntos durante o dia, e já perdi a conta das vezes que a acompanhei descabelada até em casa, depois de mais um daqueles ensaios que eu me canso só de lembrar.

Ga Eul não se mostra de tudo complexa, ela é estranhamente simples, talentosa, mas ainda sinto que tem um medo fora do normal. Talvez por isso mesmo em momentos de bom humor, não consigo ver um semblante leve e calmo no rosto. Parece sempre ter medo do que quer fazer, daquilo que sente, daquilo que ela pode fazer para afetar outras pessoas.

Ou talvez, eu esteja observando coisas onde não tem nadal. Como Tae disse quando comentei sobre isso. Mas algo me diz, no fundo que não é apenas observação em excesso.

- Chegamos!! - Tae fala empolgado assim encontramos uma vaga para estacionar.

- Gente, como que funciona esse jogo? Eu não tenho ideia de nada.

Suspirei a fim de começar uma breve explicação mas Tae me atropela dizendo para elas 

"grite quando todos estiverem gritando!" - eu tive que rir já que as duas comentaram simplistas e foram em direção a entrada do estádio.

- Daegu Samsung Lions Park¹ -  Ga Eul comentou pensativa olhando por todo o lugar - eu li um pouco sobre esse lugar antes de ser transferida para a escola. Vocês dois torcem para o Samsung Lions²?

- Eu torço mesmo para o Dodgers, mas os Lions são meus favoritos da Coréia - falei dando de ombros e ela sorriu com o comentário. 

O jogo começou e foi engraçado ver as duas vibrando de acordo com minhas atitudes e do Tae, realmente talento pra atuar essa família carrega, porque quem vê pensa que elas fazem isso todo fim de semana e são jogadoras do time feminino!

ღ

Mesmo empolgadas com o jogo, a presença das Kim não trouxe muita sorte para o time dos garotos, que perdia com uma pequena diferença de pontos dando ainda esperança a torcida calorosa. 

Enquanto todos estavam concentrados com a partida, Ga Eul comenta que iria ir ao banheiro e comer alguma coisa recusando a companhia de Yoongi com a intenção de não atrapalhá-lo a acompanhar a partida.

Um arrependimento súbito subiu a cabeça quando se deparou com o tamanho da fila do banheiro, mas voltar para o lugar não estava nos planos, já que devia ter bebido quase dois litros de refrigerante sozinha. Assim que conseguiu se livrar do líquido em excesso no corpo, deu jeito de rodar por aquele lado do estádio para encontrar algo que fosse apetitoso a seus olhos, o lugar estava repleto de gente, tinham pessoas rodando de um lado para o outro e sempre tinha uma jogada levando a torcida a fazer ainda mais barulho e o chão a tremer levemente. Mas o fato de estar sozinha começou a ser desconfortável quando percebeu os olhares estranhos em sua direção, de um grupo de garotos em frente à fila da barraca de cachorro quente, que era exatamente onde estava. 

- Oi Linda - um deles chegou até o fim da fila onde ela estava. - Você não quer assistir o resto do jogo comigo e meus amigos? Seu estilo me chamou atenção - seu rosto já estava vermelho por conta da bebida, o que levou a garota a presumir mentalmente que aquele era um cara de no mínimo 20 anos.

- Não. Obrigada.

- Fala sério, vai se fazer de difícil? Vamos logo, garanto qu você vai adorar - cuspia as palavras fazendo o estômago da garota revirar só de pensar ter alguém como aquilo.

- Suma daqui babaca - disse firme virando de costas para ele, mas logo sentiu ele puxá-la pelo braço. 

Qual o problema das pessoas? 

Era isso que se perguntava, pelo fato de que muitos estavam vendo aquela cena, mas ninguém fingia sequer se importar. O que naquele momento, fez com que sentisse medo de estar ali, mesmo não tendo feito absolutamente nada para isso.

- Algum problema aqui? - Uma voz firme, a tempos não ouvida por Ga Eul, trás um frio na espinha e a leva a virar imediatamente.

- Ga Eul?! - Book Soo fala surpreso especificamente para a menor.

- Ah qual é moleque?! Some daqui, eu cheguei primeiro - assim que o idiota fala, Book Soo encara o olhar amedrontado de Ga Eul e entende a situação.

- Sabe o que é engraçado de caras como você? - o outro lhe lançou um olhar tedioso - são tão repugnantes, que não atraem ninguém, e ao receber um não por sua mediocridade, não conseguem entender e respeitar os outros. São tipos como você que eu deveria prender? 

Sim, ele fingiu ser um policial. Como o idiota acreditou? E desde quando Book Soo usa palavras como "mediocridade" no vocabulário? 

Ninguém sabe, mas ele estava tão bêbado que se alguém de preto chegasse e dissesse ser o Batman com certeza pediria um autógrafo empolgado.

- Você está bem? - perguntou depois de alguns instantes.

- Meu Deus, eu estou assustada.

- Vem, senta ali, eu vou trazer uma água.

- Não! - falou segurando o braço dele. - Desculpa, você pode ficar aqui só mais um pouco? Eu já estou saindo daqui, é só porque ele pode voltar.

- Ta bem, quer que eu chame meu pai? Esse cara fez alguma coisa com você?

- Não, não! Você chegou quando ele tava querendo me levar pra onde os amigos dele estão.

- Cuidado ok? Uau! Eu nem te reconheci, você está muiito diferente! - Book Soo começou tentando tranquilizá-la. 

- Digamos que Daegu tem conhecido uma Ga Eul diferente da que você conhece Book Soo - falou sorrindo para o mesmo.

- Impressionante, porque você está realmente muito diferente! Meu Deus, eu não tô falando só do cabelo, mas sei lá! Você está meio... Meio...

- Fora dos padrões? - comentou sugestiva e o garoto abriu um sorriso grande, aquele sorriso que no mundo inteiro só a família Kang tem. 

- Exatamente! Parece que te fez bem. Me sinto até mais confortável de estar a seu lado sem medo de te quebrar - a garota riu - parece mais forte Ga Eul! - Seu olhar profundo a pegou de surpresa, aqueles olhos castanhos a lembraram de Da Hae inevitavelmente e o coração logo se viu apertado.

- E Da Hae como está? Ela também está aqui? - disse forçando um sorriso.

- Da Hae está ótima não se preocupe - começou nada discreto, já sabendo especificamente o que Ga Eul queria saber. - e não, nem ela nem minha mãe vieram para a viagem. Desta vez foi a viagem dos machos alfas, vulgo eu, meu pai, Jungkook e senhor Jeon. 

- Hm... - resmungou desconfortável - Você já sabe de tudo não é? - perguntou recebendo um aceno positivo do garoto - me perdoe Book Soo! Ah eu, eu me arrependo disso todos os dias.

- Olha só, não é porque você está com o cabelo da Cruela de Vil, que eu te acho uma vilã, calma - ela sorriu se lembrando de Yoongi mais cedo - Sim, você não fez o certo. Não mesmo. Mas só de te ver agora eu vejo o quanto isso foi bom pra você!

- Ah pronto, tá me dizendo que ferrar com o romance da sua irmã e do Jeon foi bom? Book Soo me poupe, nessa história eu sou com certeza a Regina George! - as palavras que saíram fizeram o Kang rir levemente.

- Ga Eul, você parece mais humana, antes realmente era como uma bonequinha de porcelana, que vestia rosa nas quartas. Mas olha, de verdade, minha irmã e Jungkook estão ótimos, na mesma enrolação de sempre, essa mesmo que você conhece! Acho que agora está precisando esquecer o papel de antagonista na história dos outros, e aceitar ser protagonista da sua própria. Nós somos jovens, uma paixão não mata ninguém, e um erro não te torna uma Regina! Só aceite o que já aconteceu, e pare de viver com medo! Ah... E nada de perseguir dálmatas inocentes!

- Você com certeza é o velho sábio da minha história Book Soo. Obrigada, de verdade! Eu devo muito a você, Jeon e sua irmã! Um dia eu sei que vamos nos reencontrar, e vamos rir muito, mas não vai ser disso, vai ser de outra coisa! Uma coisa aleatória, simples e engraçada. Como você! 

ღ 

- Ga Eul está demorando demais não acham? - Senhora Kim falou de repente e eu concordei.

- Podem ficar aqui, vou ver onde ela está.

Só falta um idiota está enchendo ela agora. Eu devia ter vindo com ela, mas não queria parecer uma galinha choca com a garota né?! 

Será que ela está....

Droga. Tarde demais Senhor Min Babaca Yoongi!

Quem é o idiota do sorriso bonito que está abraçando a minha garota que ainda não sabe que é minha garota?

3 segundos. 

Que abraço lento! 3 Segundos é tempo demais, não pararam pra pensar que isso aqui é um jogo de família? Um Local público? Que pouca vergonha senhorita Ga Eul, eu esperava que me chamasse para isso, e não que fizesse assim do nada e sem mim! Decepcionado! 

Meu Deus.
Meu Deus.
Meu Deus.

Ela me viu. Ela e ele estão vindo para cá. 

Como eu vou fugir, ai cadê a toca? 

O que eu vou falar!?

- Ah que bom que está aqui! Estava meio na dúvida de onde nós estávamos! - disse simples para mim, com o sorriso lindo de sempre.

- Sua mãe pediu para ver o porquê estava demorando - falei e inevitavelmente encarei o garoto que estava a seu lado, não muito amigável diria.

- Ah sim. Nossa! Esqueci de apresentar vocês... Book Soo, este é meu amigo Min Yoongi. Ele também estuda na academia de artes. Yoongi, esse é Book Soo, um grande amigo de Busan, ele era da minha antiga escola! 

- Hm... - ele ergueu a mão para me cumprimentar e eu devolvi o cumprimento até ver o olhar de Ga Eul, ameaçador por sinal.

- Então você dança também Yoongi?

- Não, sou piadista. Digo, pianista! - ele gargalhou da minha cara e com mais raiva fiquei.

- Fico feliz em saber que Ga Eul encontrou bons amigos aqui, adoraria conversar mais com vocês, mas caso continue aqui, Jungkook pode vir me procurar também! - olhou para Ga Eul, numa espécie de código, que ela entendeu perfeitamente e se despediu com um olhar grato.

Ok, calma! 

AMIGOS YOONGI, AMIGOS! É isso que os dois são. E você e ela também são só isso. Aquieta esse fogo! 

Voltamos para o lugar, e eu já não estava assim tão animado com o jogo. Só conseguia pensar naquele abraço, e no porque tinha me importado tanto com isso. 

A verdade é que, sempre quis algo com Piano, nunca foi um segredo. Mas pensei que todos os foras durantes esses 6 meses, eram porque ela queria focar na carreira e etc. Nunca imaginei que havia um garoto como pedra de tropeço, bem no meio do MEU caminho! Sinceramente, sou preguiçoso demais para competir com alguém mais alto e aparentemente mais simpático e bonito que eu. Sempre cheio de sorte não é mesmo?!

- Mãe... - ela fala assim que chegamos perto do carro - Yoongi tinha me chamado para dar uma volta agora. Posso ir? Daqui vamos direto pra casa, prometo! - Quando ela disse meus olhos quase pularam para fora, e vi Tae me encarar safado. Eu deveria me desesperar? Além de apaixonado também não tinha memória?

- Ok, não cheguem tarde. Eu e Tae vamos aprender a fazer biscoitos com a Vovó Kim, então voltem de ônibus! E Min Yoongi! 

- Sim?

- Cuida da minha filha - falou apontando para os olhos e depois para mim.

- Com certeza! - sorri falso, e eles saíram.

- Ok, desculpa! - ela disse indo em direção ao meio fio se sentar - fiz uma viagem no tempo hoje, preciso descansar minha mente, e você é a melhor companhia que pensei! 

Pelo menos não estou tão mal assim

- Bom, obrigado pela parte que me toca! Achei que iria dizer que eu era a melhor companhia para a ocasião, mas saber que pensou em mim já conforta o suficiente - ela riu, abaixando a cabeça e mexendo no cabelo como se estivesse desesperada - olha, acredito que ficar aqui, possa te fazer viajar no tempo de novo, com todas essas pessoas saindo do estádio. Prefere rodar um pouco e tomar um sorvete? Eu pago! 

- Se você paga... - resmungou ainda de cabeça baixa e se levantou.

Fomos andando sem rumo pela rua, e decidi não comentar mais nada. Ela parecia precisar de um pouco de silêncio.

- Sabe, em Busan, eu gostava de um garoto. - de repente suas palavras começaram a escapar, ainda num tom baixo. - vamos sentar ali naquela praça? 

Só afirmei, e atravessamos a rua para sentar ali e possivelmente, ver o sol se pôr. 

- Ele era bonito? - falei depois de um tempo fazendo ela rir.

- Era. 

- Droga! - comentei e ela gargalhou. 

- Quando éramos mais novos, nós dois quase nos beijamos em uma praça como essa. Ele é muito tímido, e no dia, um moleque passou e começou a mexer com a gente, e sabe o que aconteceu?

- O bonitão quebrou o moleque no meio? - falei olhando se envolta tinha algum local vendendo sorvete.

- Não, a melhor amiga dele beijou ele. Assim, bem na minha frente. Do nada.

- QUE?! - comentei assustado e  ela ria das minhas reações. 

- Bom, ele levantou para bater nele, nisso eu e os outros dois fomos para segurá-lo, quando ele se soltou, ela beijou ele e ele ficou que nem uma estátua. E o valentão foi embora, porque gostava dela. Parece até mentira né? Mas não é - comentou rindo - aquele dia eu chorei bastante, mas depois ela conversou comigo e eu tinha tomado a decisão de esquecer ele e de quem sabe me tornar amiga dela. O que realmente aconteceu, nós não éramos as mais próximas mas ela tinha uma puta dificuldade com matemática, e eu não era lá essas coisas em literatura.

- Você é estranha...

Sorriu e suspirou, para continuar a falar -  Nós crescemos, e eu ainda gostava dele,  ele ainda tinha os gêmeos como melhores amigos. Mas um dia, meu parceiro, convidou a garota para um ensaio nosso e ela o levou, a intenção era ficar com ela, mas acabou que eles também viraram grandes amigos, Jungkook não gostava muito dele, e eu achava engraçado todo aquele ciúmes, e nisso acabamos nos aproximando também. Eu sabia que era só uma amizade, mas meu nível de ilusão aumentava ainda mais, e todos os dias eu ainda pensava, lá no fundo, no beijo que Da Hae deu nele, e me imaginava ali, como até então era o programado. Quando nós não estávamos juntos eu prometia pra mim que não ia mais desejar ele, mas sempre que nos encontrávamos eu tinha vontade de competir, de lutar e quem sabe, ter ele. Eu sabia dos sentimentos dela, eu sabia que ela não tinha ficado com meu parceiro, Jimin, porque ela gostava do melhor amigo. Eu sabia que possivelmente ele correspondia. Mas eu sonhava tanto com aquilo também. Eu era egoísta ou então gananciosa demais, por ainda sonhar com um beijo praça. Eu não me permiti ser eu, eu queria ser quem o Jungkook gostava. Eu me enchi de ideias, padrões e me perdi no meio da sensação de nunca ter conseguido fielmente nada. 

- Assim, quando recebi o convite da nossa escola, eu decidi que daria um beijo de despedida. Eu sabia que quebraria o coração dela, e no fundo, era essa a intenção. Eu beijei ele, ela viu. Ela me ajudou depois disso, ela me aconselhou, e ela me provou não ser a inconsequente da praça. Ela me mostrou, que a única que não tinha amadurecido ali, era eu. E me doeu, muito, saber que ela tinha me feito chorar, sem a intenção disso, mas eu, por tempos, planejei exatamente a mesma coisa. Eu sou uma vilã Yoongi. Estou longe, bem longe de ser um piano estranhamente sexy.

- Uau. Aquele era o irmão dela? 

- Isso.

- Sabe, você está me fazendo lembrar de umas coisas... Todo mundo diz que minha mãe era sorridente e muito amigável, mas meu pai e minha avó sempre falam que na verdade ela era extremamente difícil, que carregava uma cara entediada e que se deixassem, ela dormiria por mais de 20hrs. Eles também sempre me dizem que eu pareço muito com ela, principalmente enquanto toco piano. Ela era pianista também, estudou na nossa escola, se casou com meu pai, e alguns anos depois eu nasci... Descobriu que tinha câncer de mama pouco tempo depois que eu cheguei, mas não morreu assim, foi em um acidente de carro, enquanto meu pai dirigia. Eu não o culpei, eu era muito novo para no mínimo pensar ou guardar o sorriso dela pra mim. Mas até hoje, mesmo sem me lembrar, eu sei, conheço a dor que meu pai sentia todos os dias, eu lembro das visitas que desde criança fazíamos a sua sepultura, pra contar sobre meu primeiro dia de aula e coisas simples, eu lembro que na minha infância, meu pai sentia o pesar de se sentir um vilão. Ela poderia ter sido curada durante o tratamento, e o peso daquele acidente não saia de suas costas, mas com o tempo, ele viu que não são seus erros que te tornam um vilão. É você. Todo mundo erra, seja de propósito ou não, isso não significa que sua vida inteira será medida por isso. E bom, acho que ele tá certo, porque casou de novo faz um ano, e a minha madrasta cozinha bem demaaais! - brinquei no fim para que ela se acalmasse.

- E aí? Você quer se tornar uma vilã na história dos outros, ou a protagonista em sua própria história? Se o problema for porque ainda não encontrou um par, eu faço um esforço para ser o seu protagonista piano. Só seu.

ღ

vcs não tem ideia do quanto eu li sobre baseboll e mesmo assim não entendi nada e não consegui detalhar no capítulo kkkkk 

mesmo assim, espero que a demora tenha valido a pena :)

esse capítulo foi refeito mais vezes do que você pode imaginar kkkk
Qual a parte favorita de vcs? Ainda restaram algumas dúvidas? Foi bom saber outra versão daquele beijo? 

beijo na testa e até mais meus trem!