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Capítulo 46

Draco seguia em meio aos alunos da sonseria, após o anuncio de McGonagall boa parte deles foram levados para um local recluso do castelo, na intenção de os deixarem longe do centro da batalha, para que não houvessem mais dos seus nas mãos dos comensais, e com isso ela se referia que eles entregariam outros alunos para os bruxos, sem sequer hesitar. E de certa forma ela estava certa. O grupo que seguia pelos corredores escuros não era formado por pessoas tão boas em seu todo, mas haviam aqueles que estavam apenas confusos.

Todos ali eram jovens influenciados pelo poder que as trevas havia lhes prometido, visavam apenas as recompensas futuras e as vantagens pela sua posição de sangue em um mundo mágico regido por Voldemort. Nem todos compartilhavam desses ideais, alguns apenas temiam por suas famílias, e era esse o ponto que o loiro não conseguia parar de pensar.

No meio da caminhada o garoto desviou o caminho, atentando-se a os passos que estavam seguindo, sabia que os trancafiariam em algum lugar até uma boa alma se lembrar deles após a batalha final. Já haviam tomado as varinhas dos alunos antes de saírem do salão principal, ele precisava fazer algo antes que as coisas piorassem. Seus olhos vagaram pelos corredores e foram de encontro aos de Slunghorn, o diretor de sua casa.

Perfect time.

- Professor, preciso que vá com os alunos buscar ajuda em Hogsmeade e em qualquer outro local que conseguirem aparatar a partir de lá. Precisamos do máximo de pessoas no epicentro da guerra.

O bruxo o olhava sem reação, talvez por medo de fazer algo que provocasse Voldemort, afinal, todos ali sabiam da posição em que Draco se encontrava, praticamente o braço direito do Lorde. E dado ao histórico que o homem possuía com Tom Riddle, assim denominado na época de estudante, não era de se espantar, mas ele não tinha tempo para perder.

- Não temos tempo para surpresas, professor, eu vou libertá-los e, para ninguém desconfiar, você os pega e os leva para Hogsmeade, entendeu? Atrás da estátua da Bruxa corcunda de um olho só, apenas aponte a varinha e diga Dissendium. A passagem leva para a Dedosdemel.

- Como você...? Qual o motivo está fazendo isso, Sr. Malfoy? – questionou o homem ainda confuso.

- As coisas dificilmente são o que parecem, professor Slunghorn. – virou-se para o corredor que levava para a cela onde estavam os alunos. – Deveria ter aprendido com Tom Riddle.

E seguiu correndo para as grades grossa e antigas, que mantinham os alunos presos. Um grito conhecido ecoou pelo local, um grito feminino entre a pequena multidão que estava ali. Ele sabia de quem era, e também sabia a histeria que iniciaria a partir do momento que as grades fosse ao chão.

Foco.

- Saiam da frente. – ordenou. – Bombarda máxima!

Um grande estrondo soou em meio ao coro de gritos mistos, uma grande nuvem de pó cobria todo o local, deixando apenas as sombras da silhuetas visíveis. Uma figura feminina corria em direção ao loiro que logo sentiu o peso se colocando contra si. Pansy parecia desesperada e feliz ao mesmo tempo, a colega de anos não havia mudado muito nesses anos, apenas se tornara mais arrogante e enxergava apenas o que lhe convinha, mas quem era ele para julgar a aquele ponto?

Os braços da garota o apertavam enquanto as lágrimas escorriam de seus olhos, a única reação que Draco conseguiu ter mediante a isso, fora passar a mão no topo de sua cabeça, assim como ela havia feito diversas vezes no passado, quando seu pai o castigava. Parkinson nunca soube sobre as torturas, não. Ela também nunca soube sobre ser a única que o apoiava em momentos sombrios, quando muitos se afastavam. Parte de Draco se perguntava se havia sido muito bruto com ela meses atrás no café da manhã... Pois da mesma forma que ela não sabia do que acontecia realmente na vida dele, os de fora não sabiam o que acontecia em sua vida pessoal. Não sabiam quantas vezes o mistério revistou sua casa quando criança, como sua mãe passou semanas fora tentando provar estar longe de ações de Voldemort, como ela voltou arrasada. A Pansy que conhecia era uma menina doce e persistente, e assim como ele, ela também havia se esquecido disso no decorrer dos anos.

Ele a afastou de si conforme os alunos começaram a correr para longe dali, e com muito esforço conseguiu que a garota ficasse longe o suficiente para falar com ela. Os olhos vermelhos e a maquiagem preta escorrendo com as lágrimas faziam o peito do Malfoy apertas, mas como ele mesmo se lembrava a cada cinco minutos, ele não tinha tempo.

- Pansy, vá com eles. Slunghorn vai estar os esperando mais a frente, entendeu? Não escute mais ninguém, apenas o siga.

- Você não vem?

- Alguém tem que arrumar esta bagunça. – sorriu e beijou a testa da garota. – Pants, não esquece de quem você é. Esse seu jeito arrogante é insuportável, sinto falta da minha amiga. – piscou e sumiu em meio aos sonserinos.

Virando entre um corredor e outro, Draco sentiu duas presenças atrás dele se aproximando, o ar pareceu ficar mais frio e uma ponta de desespero correu por seu corpo. Com a varinha em punhos ele respirou fundo e se virou pronto para atacar.

- Ow, pera ai Draco. É a gente. – disse Goyle.

- O que vocês estão fazendo aqui? Eu quase matei vocês dois!

- Você parecia mais um gatinho assustado. – debochou Crabbe.

- O que você disse?! – Draco apontou a varinha na direção de Crabbe, pronto para amaldiçoa-lo.

- Ei, calma ai Draco. – Goyle colocou a mão no ombro do loiro. - Ignora esse imbecil, ele tem estado assim depois que o Carrow macho o elogiou.

- Você só está com inveja por não conseguir torturar aquele quintanista da Grifinória! – riu. – Você sabia que Goyle está apaixonadinho por um mestiço, Draco?

A raiva começava a se espalhar por seu corpo, não apenas pelo modo banal com que ele falava sobre ter torturado alguém inocente, mas pela meia verdade que o idiota disse sore ele. Gatinho assustado. Ele de fato estava assustado, esse era o ponto que mais doía. Será que ele seria capaz de terminar a missão que estava em suas mãos?

- Cale a boca Crabbe, não temos tempo para isso. Já que estão aqui, vocês vão vir comigo, preciso ir a um lugar.

Os corredores pareciam pouca coisa mais calmos que anteriormente, a iluminação proporcionada pelas tochas estava cada vez mais fraca, ocasionando em um cenário cada vez mais sombrio com o acréscimo do desespero ou a melancolia iminente, mas isso variava de pessoa para pessoa; para Draco, o desespero se fazia presente, pois sentia pouco a pouco a sensação das trevas dominas pouco a pouco Hogwarts, um lugar que, apesar dos pesares, sempre foi luz e refúgio para muitos, apesar dos perigos que aquela construção antiga trazia consigo através de suas histórias sombrias.

Seu corpo agia sozinho, o guiando pelo caminho que já fizera diversas vezes, tanto no passado, quanto naquele mesmo dia. A Sala Precisa contava diversas histórias de diferentes épocas, desde as mais antigas com o próprio Merlin, quanto as que ele escrevera com suas próprias mãos ao lado do trio de ouro, em especial aquelas em que este à sós ao lado de Hermione, as mais inesquecíveis e mais significativas.

A cada passo dado ele se aproximava de seu atual objetivo, e ele sabia o risco que estava correndo ao levar os dois consigo, mas algo em seu interior apontava que era o certo a se fazer, que talvez algo surgisse a partir dessa atitude. Ando em silêncio ele observava cada canto em que passava, via as paredes pichadas de vermelho vivo em forma de aviso para todos aqueles que tentavam destruir a tão queria Escola de Magia e Bruxaria.

“Hogwarts reagirá.”
“Somos a Armada de Dumbledore, lutaremos pelo que é nosso.”

Um breve sorriso se formou em seus lábios ao lembrar-se dos momento em que passou ao lado de Ginny, Luna, Neville e Simas, o pequeno o pequeno grupo que o adotou de maneira bizarramente acolhedora e estressante. Eles eram os responsáveis por isso, definitivamente eram.

Assim que chegou ao corredor do sétimo andar, viu a Weasley saindo do local às pressas, seu coração gelou por um segundo, mas logo tomou o controle novamente após analisar seu rosto corado e com um sorriso evidente.

Potter já está lá.

Logo que a garota sumira de sua visão, ele viu a porta retornar a se formar, fez sinal para que os dois ficassem do lado de fora vigiando o local e adentrou sozinho na sala. Era inevitável que não sorrisse ao ver Hermione, mesmo de longe e descabelada a visão era linda, fazendo seu coração disparar pela centésima vez naquele mesmo dia.

- Foram todos mesmo? Não estamos esquecendo de alguém? – passou a mão nos cabelos. – E os elfos? Não deveríamos avisa-los?

- Está falando para eles lutarem? – Harry questionou.

- Não, pô. Tipo, eles devem estar lá embaixo na cozinha, não é? Deveríamos falar para eles saírem, sair pra um lugar seguro...

A cena a seguir fez sua respiração falhar, como se estivesse em um local onde ar era rarefeito. Seus punhos se fecharam com força em volta da varinha que segurava por precaução, sua mandíbula travada, os olhos se tornando pesado pelas lágrimas que acumulavam, os milhões de pensamentos que passavam em sua mente, o barulho ensurdecedor do dente caindo no chão e Hermione – que um dia fora sua Hermione, sua namorada – se jogando em Ronald para beijá-lo.

Ser um expectador em meio as sombras era muito doloroso, pois ali ele via que o sentimento que ela havia pelo amigo não se dissipara, apenas se fortaleceu nesses meses em que não se lembrava dele. Talvez o sentimento que ela tivesse por ele não fosse de todo verdadeiro afinal. Que tipo de amor se esvai com um feitiço, por mais forte que fosse? O coração de Hermione nunca fora totalmente dele, nunca.

A continuação da cena não o confortava mais, apesar da mão do Weasley impedir que o beijo se concretizasse, ele podia ver o desespero nos olhos azuis do ruivo, sabendo que ele ainda nutria o mesmo sentimento que ela. Talvez aquilo fosse errado, ele a amou primeiro. Ela o amou primeiro.

A revolta de Granger ao ouvir as explicações dos dois amigos era tão dolorosa quanto os sucessivos cortes que causava o Sectumsempra – e seu coração sangrava igual, assim como as lágrimas quentes e pesadas escorriam por seu rosto pálido. Ela não o amava mais. Seu amor, seu seus sentimentos por ele não eram fortes o suficiente para quebrar o feitiço, não como os de Harry e Ronald. Seu mundo parecia desmoronar em cacos, mas ele precisava continuar; se caísse agora, ele morreria cortado por suas próprias expectativas e esperanças.

Não é o momento de fraquejar, Draco...
Acima de tudo você é um Malfoy, o melhor deles.

Erguendo a cabeça e limpando as lágrimas com a manga de rua veste, respirou fundo e saiu pela porta dando de cara com os colegas que mantinham-se em vigia. No momento em que Crabbe abriu a boca tudo o que queria era amaldiçoa-lo ali mesmo, e o faria se não tivesse coisas a fazer. De imediato os arrastou para o fim do corredor e esperou mais alguns minutos, não apenas para digerir tudo, mas para dar o tempo do trio trazer a sala para o estado original, onde estava guardado o diadema perdido. De início queria apenas conversar com os três, mas com os dois colegas consigo, isso se tornaria mais uma parte de seu teatro ou ainda mais depois da reação de Granger. Para ele, depois de poucos minutos pensando sobre, chegou à conclusão que seria melhor para todos que ela não soubesse da verdade até o fim.

Já havia passado tempo o suficiente quando Goyle o questionou o motivo de estarem ali, por sua vez, Draco lhe contou sobre a joia que era tão importante para Voldemort, dando início a seu plano recém reformulado. Ele pediu para que ambos continuassem ali fora, como uma maneira de segurança para que ninguém da Ordem ou da AD o incomodasse, mas para seu azar, Crabbe havia aprendido algumas coisas com os Carrow. O sonserino seguiu Draco e Goyle seguiu os dois, não querendo ficar sozinho do lado de fora.

A sala que já teve tantas a aparências estava de uma maneira nostálgica para o loiro, uma das primeiras interações que teve com o trio foi ali, quando mostrou a eles o objeto que estava consertando para a passagem dos comensais à Hogwarts, o sumidouro.

- Pare ai mesmo, Potter! – gritou.

Harry se virou assustado, não conseguindo raciocinar quem poderia ser naquela altura do campeonato. Os olhos do Potter se encontraram com o de Malfoy, imaginando o que poderia ser, ainda mais ele o chamando pelo sobrenome de maneira tão seca, mas quando viu seus ex capangas logo atrás dele, conseguiu entender exatamente o que estava acontecendo. Para sua sorte ou azar, ele estava sozinho, Hermione e Ron estavam em algum lugar da sala buscando pelo diadema perdido

- Não acha que tem algo que me pertence com você, como talvez, minha varinha?

- Não, não acho. Ela tem sido bem útil na verdade, imagino que sua lealdade tenha mudado. – um brilho perverso refletiu nos olhos de Harry.

- Muito engraçado, mas a quero de volta.

Um passo à frente e Potter recua. Estava em posição de defesa, como deveria ser em uma situação “normal”, onde eles não tivessem nenhum tipo de vínculo.

- E essa varinha que está com vocês, não lhe serve?

- Ora Potter, veja bem, é uma boa varinha, não tenho como negar, mas pertence a minha mãe. – sua sobrancelha arqueou. – Não é a mesma coisa. Então faça-me o favor e me devolva minha varinha.

As vozes de Ron e Hermione foram ouvidas pelos garotos que estavam ali reunidos, elas questionavam se Harry estava com alguém e ele simplesmente negou. Não era o momento para descobrirem o que estava havendo ali, Draco guiaria essa situação como estava fazendo naquele meio tempo que se manteve fora, ele sabia.

Crabbe observava a cena com impaciência. Sua respiração cada vez mais pesada e o punho se fechando deixava isso claro para qualquer um que o visse ali. Para ele aquilo era um desperdício de tempo, queria atacar Potter e o levar para o Lorde, assim como queria encontrar a sangue-ruim e o traidor do sangue, ambos amigos de Potter, e os torturar o quanto conseguir e deixá-los para morrer em algum lugar longe de civilização.

- O que está fazendo, Draco? Isso é uma perda de tempo! Vamos matar esses dois e levar Potter para o Lorde das Trevas!

Era de fato uma surpresa para eles – não apenas para Draco – a maneira que o colega estava agindo. Sua posição mostrava que muitas coisas haviam mudado no tempo em que passaram longe de Hogwarts, não era apenas nas grades de matérias ou no corpo descente, mas os alunos estavam mudados. O Malfoy o encarou com raiva, parte por ter falado daquela maneira com ele, parte por ter se referido ao seus amigos daquela forma, desejando suas mortes e colocando tanta ênfase ao se referir a elas.

A situação era ridícula, ele nunca havia sido daquele jeito. O arrependimento de tê-lo trazido consigo bateu forte naquele momento.

- Não se atreva a falar comigo desta maneira! Como ousa falar neste tom comigo!? – respirou fundo. – Ou melhor, quem você pensa que é? Olhe muito bem com quem você está falando. Sabe muito bem de minha posição, então não se intrometa no meu trabalho para o Lorde!

O sonserino apontou a varinha na direção de Draco, mostrando-se como quem realmente era. Ele não era mais um de seus seguidores que estavam consigo todo o tempo, mas um dos que se colocaram contra ele.

- Eu não me importo com a porcaria da sua posição, Draco! Eu quero o reconhecimento e a recompensa do Lorde! – deu um passo à frente e apontou a varinha para a pilha de objetos atrás deles. – Sabe, aprendi muitas coisas úteis nesses últimos meses, e não vou perder essa oportunidade! Os Malfoy roubaram a atenção do Lorde por muito tempo! Descendo!

A pilha de objetos que estava atrás de Draco e Harry começou a ruir no momento que o som estalado de chicote soou. Eles começaram a correr para se salvar, assim como Goyle, que seguiu Draco como sempre fez.

Draco não conseguia conter sua raiva, não conseguia acreditar no que havia acontecido, então, automaticamente, começou a correr atrás do garoto. Os estampidos ecoavam fortes por toda extensão da sala, assim como as luzes coloridas dos feitiços que voavam de uma lado para o outro.

- Impedimenta! – conjurou Draco.

Todos que escutaram aquilo ficaram surpresos com a reação do loiro, principalmente Goyle e Hermione, que mesmo de longe conseguiu ver a cena de relance. O Malfoy se aproximou do colega de casa com os brilhando em fúria, podia fazê-lo apagar ali mesmo.

- Bem que Amico disse que sua tia estava desconfiada de você! Aposto que se tornou um deles, que está traindo a confiança do Lorde e de sua família!

- Pare de falar o que não sabe, Crabbe. – disse em meio a respiração descompassada. – Você se acha muito esperto por seguir aqueles dois? Muito bem, você é um completo inútil, tão burro quanto demonstrou nesses últimos anos. Não passa de um cachorrinho que segue meus passos.

Enquanto Draco discutia com Crabbe, Goyle foi atrás do trio, tendo em mente conseguir o diadema que o loiro havia comentado e entregar para ele. O sonserino não tinha idéia de como era o objeto, não sabia sequer do que se tratava até o Malfoy explicara que era uma espécie de tiara, logo a única maneira de achar o objeto era seguindo um daqueles três – com o bônus extra se conseguisse capturar Potter.

O trio exasperado vagava separadamente pelo labirinto que era a Sala Precisa, procurando pelo diadema com urgência. Não conseguiam pensar onde estava o objeto, eram muitas pilhas de objetos aleatórios espalhados por todo canto, e para piorar, Harry não conseguia parar de pensar em Draco como os outros dois. O Weasley tropeçava em algo a cada minuto por não dar a devida atenção a tarefa, Harry não se concentrava o suficiente para sentir a parte de fragmento de algo de Voldemort através de sua ligação com o bruxo.

Hermione passava por uma série de armários, estantes e prateleiras antigas, buscando por qualquer pista do objeto perdido. Quando estavas prestes a virar para o próximo “corredor”, algo lhe chamou a atenção: um grande armário negro. A sensação nostálgica lhe invadiu no mesmo instante, sentia que já havia visto aquele objeto sombrio em algum momento.

A ponta de seus dedos passaram suavemente pela superfície do mogno antigo, sentindo a textura familiar. Ela sentia como se em algum momento tivesse passado por ali, como se conhecesse o armário. Sentia que algo importante para ela havia acontecido ali. Uma dor aguda percorreu por sua cabeça, sentiu sua pressão cair e tudo passou de turvo a negro em questão de segundos.

“Você não é o tipo de pessoa que comete o mesmo erro duas vezes, Granger.”

“Quero ser sincero comigo mesmo. Quero ser sincero com o que desejo e sinto. Quero fazer o certo... ao menos uma vez.”

“Foi você quem me deu forças o suficiente para isso, e eespero que seja você ao meu lado quando este caos passar.”

- Fogomaldito! – conjurou Crabbe.

Uma chama em forma de cobra mergulhou em meio a uma pilha de livros antigos. A labareda cada vez maior começava a se estender por toda a sala, Ron e Harry não paravam de gritar por Hermione e isso chegou a Draco pelo eco contínuo que a sala fazia, logo se viu em busca da garota com tanto desespero quanto poderia ter naquela situação. Ele a gritava, mas não obtinha resposta alguma. Talvez por ela o odiar, talvez por não estar acordada.

Isso é um problema.

Goyle trocava feitiços com Crabbe, que perseguia Draco por onde ele ia – estava disposto a se vingar. Os olhos pateados do garoto buscavam por algum sinal de vida da garota, mas a fumaça ficava cada vez mais densa, começando a sufoca-lo e fazer seus olhos arderem. Em meio aos tossidos e piscar de olhos um brilho azul lhe chamou a atenção em meio a todo cinza e vermelho que dominava o local. Ali estava o diadema perdido de Rowena Ravenclaw. Haviam três vassouras junto à tiara e ele sabia exatamente o que fazer naquelas circunstâncias.

- Harry! Ronald! – gritou.

- Draco? – gritaram uníssonos com dificuldade.

Draco olhou ao redor e viu apenas Goyle, sem sinal algum de Crabbe por ali.

- Goyle, pegue isso e vá até eles. – entregou duas das três vassouras que encontrara.

- O que está acontecendo Draco?

- Só faça isso, estendeu? Eu lhe garanto que vou recompensá-lo no final da guerra. Só vá!

O garoto pegou as vassouras e voou em direção dos tossidos roucos não muito longe deles, enquanto isso o loiro colocava o diadema em seu bolso e correu entre as chamas que consumiam todo que se servisse de combustível para lhe alimentar. Ele gritava o nome da garota, mas estava ficando cada vez mais difícil inalando aquela fumaça tóxica.

No momento que decidiu sobrevoar o local, começou a ver a proporção do desastre, vendo a sala imensa em um mar vermelho, que consumia com rapidez cada canto que conseguia se manter livre de chamas. Em meio a fumaça quase negra, o garoto avistou a silhueta do armário sumidouro e ao lado dele, a figura de Hermione inconsciente.

Não!

A vassoura mergulhou na nuvem de fumaça e se jogou no chão, ao lado da garota. Ele estava desesperado, não conseguia pensar direito vendo sua amada no chão daquela maneira tão frágil e desprotegida. Tirando seu blazer, Draco conjurou um jato d’água deixando-o úmido o suficiente para a mantê-la bem.

- Vai ficar tudo bem, meu pequeno corvo. – disse com dificuldade ao inalar uma quantidade muito alta de fumaça. – Eu a achei! Vamos embora! – gritou para Ronald, Harry e Goyle.

Estava arrumando Mione em seus braços de maneira que conseguisse voar até a saída com ela, quando a figura de Crabbe surgiu em meio as chamas, se aproximando aos poucos em sua direção.

- Você ainda pode se salvar, Crabbe! Vamos sair daqui!

- Você irá para o inferno junto com essa sangue -ruim assim que eu os matar!

Uma explosão na direção contraria a ele chamou sua atenção, Draco aproveitou-se da distração do garoto e montou na vassoura junto com Hermione ainda desacordada, fugindo dali. Estava sobrevoando as chamas quando viu Harry e Ron em uma vassoura e Goyle em outra logo atrás, um alívio percorreu seu corpo ao saber que estavam todos bem. O calor excessivo que fazia na sala estava prestes a fazê-los desmaiar, mas a saída já estava ali perto. Harry e Ron foram os primeiros a passar, seguido de Goyle e Draco e Hermione.

- O-onde está apresa? – perguntou o loiro no chão gelado.

- Nós a perdemos no fogo. – Ron respondeu engolindo seco.

- ótimo.

As chamas já haviam consumido toda a sala, tudo estava imerso em um vermelho intenso. A sombra masculina se aproximando em chamas assustaram cada um dos que presenciaram a cena, Crabbe tinha um sorriso doloroso estampado no rosto queimado.

- Traidor! – gritou no meio do fogo incontrolável. – Maldito traidor!

Maldito.

A língua de Malfoy estalou no céu da boca ao lembrar de algo muito útil para eles. Sua mão foi para seu bolso agarrando a horcrux e a lançando em meio as chamas ardentes que o sonserino conjurara. Um grito agudo de dor ecoou por todo local, deixando todos arrepiados ao escutá-lo. Conheciam aquela voz. A cobra que dei início ao incêndio voltou a se formar em meio ao fogo, olhando pra os garotos com fúria. Estava buscando a morte de todos ali. A velocidade com que avançava em direção a porta era impressionante, nenhum conseguiu mover um musculo sequer, apenas assistindo a cena acontecer bem na sua frente. As grandes portas da Sala Precisa se fechara, antes que o fogo os atingissem, fazendo um barulho abafado.

Silêncio.

- Vocês estão bem?

Todos assentiram.

- O Crabbe... – começou Goyle em choque.

- Ele fez a escolha dele, não podíamos fazer nada para impedir. – disse firme.

Todos ficaram em silêncio olhando para a garota envolta no blazer negro de Draco. Sua respiração estava se normalizando e seus olhos se abrindo após alguns momentos se recusando a acordar. Ela parecia confusa ao ver que estava nos braços do loiro, que a olhava aflito.

- A horcrux foi destruída? – perguntou em voz baixa.

- Fogomaldito. – respondeu. – Aparentemente ele aprendeu muitos truques com os Carrow... mas o custo por isso foi muito alto.

Goyle se levantou olhando para Draco, não foi preciso ser dito palavras, eles sabiam o que aconteceria dali em diante. O sonserino saiu em meio ao corredor marcando, indo – provavelmente – para ala hospitalar ou para a passagem da Dedosdemel.

- Malfoy...- chamou Hermione, ainda em seus braços.

- Oh, desculpe. – disse sem graça. – Já estou de saída, Granger. Não se preocupe.

- Draco, como sabia do dente de Basilisco? – perguntou Harry.

- Antes de aparecer para você, eu acabei vendo toda a cena. Vi quando o dente caiu da mão de Ronald. – respirou fundo, deixando Hermione sentada no chão. – Não tenho tempo a perder, preciso ver como as coisas estão. Ver se alguém precisa de ajuda.

- E seu disfarce?

- Tenho meus métodos, fagulha. – piscou pra o ruivo.

Ele se levantou, olhando para o trio ali no chão lhe olhando aflitos. Draco tentava disfarçar a inquietação em seu olhar, mas era difícil. Um sorriso se formou em seus lábios quando começou a limpar suas vestes com batidas de suas mãos, fazendo com que as cinzas voassem pelo ar.

Draco olhou para Hermione uma última vez antes de ir, e, mesmo com o coração em pedaços, seguiu firme na direção oposta a eles, desaparecendo nas sombras. Aquilo havia se tornado rotina em sua vida. Agir das sombras era algo natural para ele a essa altura, a escuridão fazia parte de as vida há anos e usar aquilo de uma maneira positiva era satisfatório. Aquilo lhe trazia um conforto enorme na maioria das vezes – essa não era uma delas.

Só mais um pouco.
Aguente só mais um pouco.
Continua firme.
Tudo o que posso fazer por você e pelos outros, meu bem, é garantir um mundo livre de trevas em que eu vivi.
Eu vou cumprir minha missão custe o que custar.

Seguindo pelos cantos do castelo, Draco conjurou um feitiço desilusorio potente o bastante para percorrer um longo período sem se preocupar em ser pego. A cada passo que dava se aproximando do centro do castelo – o foco central da guerra -, conseguia ver a grande quantidade de alunos e ex-alunos que batalhavam para conseguir o passar pelo momento caótico em que estavam vivendo. A bravura e o desejo de vingar aqueles que tiveram suas vidas ceifadas de maneira precoce por conta da guerra era visível no olhar deles, transbordando o sentimento através dos olhos.

As luzes que iam e vinham de um lado para o outro incomodavam seus olhos, o contraste do brilho com o cenário já escurecido eram muito fortes. E as explosões de luzes causadas pelos feitiços lançados da ponta da varinha de diversos bruxos, juntamente com o barulho dos estampidos tão altos quanto seus gritos, estavam o incomodando muito. Deixando seu interior agitado, pressentindo algo que estava por vir.

No meio de tantas coisas que aconteciam diante de seus olhos, o garoto avistou uma concentração de cabelos ruivos em meio a um mar de vestes negras e mascaradas. Fred e George estavam lutando lado a lado com dois dos comensais, e, pelo jeito em que se movia, ele conseguia identificar um deles. Do outro lado estavam Sr. Weasley e Gui trocando feitiços avidamente. Percy estava com um comensal preso contar seu corpo, não o deixando sair enquanto se contorcia tentando atingir o ruivo. O Weasley de óculos não era fraco, quando viu a oportunidade, tirou a máscara metálica que assegurava a identidade do comensal, revelando a grande testa e os rajões de fios brancos.

- Olá, Ministro! – disse com o tom divertido. – Você já soube? Estou oficialmente me demitindo!

Percy conjurou um feitiço certeiro em Ticknesse, deixando a varinha escapar de suas mãos no momento em que sentiu o impacto do feitiço contra si. O Ministro caiu no chão de forma tosca, todo contorcido e com espísculos surgindo por toda a sua extensão, transformando-o em uma espécie de ouriço-do-mar.

- Você está brincando, Perce! – gritou Fred em meio aos risos, após estuporar pela terceira vez o comensal com quem lutava.

Os Weasleys riam. Garagalhavam em meios os feitiços que eram lançados, se divertindo em meio à guerra que estavam lutando.

Aquela, por mais peculiar que fosse o desejo em seu interior, era o tipo de coisa que gostaria de estar fazendo com os que estavam de seu lado, os que sabiam verdadeiramente de que lado ele estava lutando. Um suspiro longo saiu de seus lábios.

O garoto via o olhar satisfeito que Fred e George lançavam para o irmão mais velho, algo impagável. Contudo, a atenção do Malfoy foi tomada da família irlandesa para a movimentação estranha que vinha de Rockwood, que apontava a varinha em direção de um dos gêmeos. Draco começou a ver a cena em câmera lenta, aflito com o que poderia acontecer a seguir se ninguém não fizesse nada para impedi-lo.

O loiro correm em meio aos jorros vindos de todos os lados, concentrando-se em impedir que a vida de mais alguém que conhecia fosse perdida.

- Você está mesmo brincado, Perce... Acho que não o vejo brincando assim desde que era...

Apenas flashes seguiram a partir dali, como se seus olhos se fechassem em alguns momentos, deixando partes em completa escuridão, dando início a outra cena quando os abria. Um lampejo verde voou no ar no mesmo momento em que o corpo de Fred Weasley. O desespero no olhar dos que estavam presenciando a cena era perceptivo, e quando o corpo do gêmeo tocou o chão, um grito doido vindo de Percy e George cortou o ar quase palpável.

- Crucio! – gritou a voz.

O corpo do comensal se contorcia no chão sujo de fuligem e sangue, seu medo iminente no olhar por não saber de quem vinha o feitiço chegava a ser cômico para quem o lançara. Draco riu alto após visualizar a cena, saboreando a reação do homem por quem não tinha apreço algum.

- Lembra-se de não mexer com quem não deve, Rockwood... esse não foi seu primeiro aviso. – disse o loiro, lembrando-se das vezes em que bruxo mexeu consigo.

A tortura parou por alguns segundos, tempo p suficiente para o comensal se levantar e empunhar a varinha, a apontando para todas as direções procurando a pessoa responsável pelo ato. O Malfoy se aproximou pela lateral deixando uma última mensagem para o comensal.

- É hora de se despedir. – sua voz soou através da brisa mansa que soprava.

Um corte profundo rasgou a garganta do bruxo após um breve aceno com a varinha, fazendo com que o sangue escorresse por toda sua pele e vestes, desmoronando sobre o chão com os olhos arregalados.

- Dra... – o nome morreu ao bruxo.

O grupo de ruivos seguiu olhando em silêncio para o corpo no chão. Percy estava ao lado de Fred, verificando o sangue que escorria do corte superficial em sua cabeça, causando pela queda.

- Isso... isso foi bizarro em um nível diferente. – disse o gêmeo.

Uma onda de alívio correu pelo local, deixando toda tensão esvair em forma de risada.

- Escutem – a voz de Draco soou. -, podem não acreditar em mim, do real lado em que estou lutando, mas tenham algo em mente: Um sonserino mata por você, se necessário. Fiquem atentos, não vou estar aqui todas as vezes que tentarem matar um de vocês. Usem os feitiços de proteção, Weasleys.

⊹⊹⊹⊹⊹

Em um canto silencioso do castelo Harry estava se esforçando para se concentrar o suficiente para conseguir conectar-se com Voldemort através da ligação, e aos pouco começou a sentir uma inquietação irritadiça típica do ofídico.

O cenário escuro e detonado lhe era familiar. Aquele era um dos lugares em que havia passado bons momentos com o trio, que outrora fora um quarteto. O lugar era naturalmente sombrio, não apenas pela iluminação, mas por conta da aura que ele passava, porém na visão que estava tendo aquilo havia se multiplicado muitas vezes. Voldemort estava sentado em uma poltrona com Nagini adornando seu pescoço como um cachecol, ambos olhavam para a figura conhecia de Lucius Malfoy logo à frente. O bruxo parecia inquieto e preocupado, seu semblante não era o que estava acostumado a ver; a arrogância que era tão presente parecia estar a quilômetros de distância.

- Milorde...  – a voz trêmula deu início ao diálogo. – o meu folho... Draco não deu notícias até agora... Milorde, eu imploro.

Os olhos vermelhos do bruxo tinham um brilho diferente ao ver Lucius naquele estado, uma cena para saborear lentamente. Seus lábios finos esboçavam um sorriso cínico, deixando amostra os dentes pontiagudos, tão brancos quanto poderiam ser.

- Não entendo de onde vem sua preocupação, Lucius... pelo o que me foi dito neste tempo em que fiquei em sua casa, sua relação com Draco não passa de mestre e servo, uma hierarquia que famílias bruxas achariam desprezível. – a pele de Malfoy se tornou translúcida. – Não me olho com essa cara, Lucius. Você sabe muito bem disso, ou será que estou errado?

- N-não... claro que não, Milorde...

- Descontar suas próprias frustrações em sua própria cria Lucius... sangue do seu sangue... Algo tão baixo que sequer mesmo os trouxas que não compreendem a magia se atrevem a fazer.

- M-milorde, eu...

- Eu não terminei, Lucius.

Nagini saiu do lugar em que estava e avançou na direção de Malfoy, colocando a língua para fora com um olhar mortal.

- Não vai ser eu a julgar como você cria seu herdeiro, afinal, algo muito bom veio disso tudo: o menino Draco faz de tudo para ser o seu oposto, luta para ser um bruxo digno de ser o braço direito do Lorde Voldemort, o meu melhor e mais eficiente homem até agora. Meus parabéns, Lucius. Agora vá chamar Severus, Draco já deve me informou que está a caminho, se quer saber.

O Malfoy saiu em forma de fumaça negra do local, deixando o Lorde à sós com o animal. Nagini voltou a seu ponto anterior ao lado do Lorde, iniciando uma conversa em ofidioglossia.

- É o único jeito, Nagini. Será um sacrifício que estou disposto a fazer.

                               

⊹⊹⊹⊹⊹


Toda Hogwarts parecia estar no meio da guerra, todos lutando para o fim daquele momento de trevas constante, despejando suas esperanças no menino-que-sobreviveu, O Eleito. Ele precisava correr, sabia o que estava por vir, precisava chegar ao Lorde antes de Snape. Precisava fazer aquilo antes que fosse tarde demais.

Os gritos de feitiços diferentes sendo conjurados, junto aos jorros de luzes coloridas deixavam a realidade da guerra muito mais evidente que antes, algo que ele se preparou durante meses e ainda assim não parecia estar preparado o suficiente. Aquilo se tornou realidade naquele momento. Ninguém podia vê-lo, mas ele podia ver todos os que estavam ali; suas feições, ações, medos e pequenas vitórias.

O caminho até a Casa dos Gritos nunca foi tão longo. Ver a quantidade de corpos no chão era desesperador, seja de alunos, criaturas ou comensais da morte. Ninguém além deles mesmos sabiam o motivo de estarem ali lutando, o Malfoy tinha conhecimento que haviam mais como ele ou Goyle, que cresceram em um ambiente dominado pelas trevas, ou um onde negá-las significaria a morte daqueles a quem amava. Por estes motivos ele lamentava cada uma dessas mortes, toda vida ali importava.

O salgueiro lutador estava a sua frente, com um grande galho tampando a entrada da passagem para a Casa dos Gritos.  Não havia tempo para pensar, com um simples feitiço de levitação resolveu o pequeno contra tempo em segundos. O túnel era pequeno, escuro e úmido, lago que não tinha conhecimento, era sua primeira vez passando pela passagem, antes ele usava apenas o caminho habitual pelo pequeno povoado bruxo que visitavam todos os fins de semana.

As lembranças dos bons momentos que passou ali invadiram sua mento no momento em que olhou para o ambiente antigo, com a mobília quase destruída e o cheiro irritante de moco e pó. Mas no momento em que avistou a figura de Voldemort junto a Nagini, saiu de seu momento nostálgico e voltou para a realidade atual.

Não havia nenhum sinal de Snape até o momento, o que era um bom sinal. O sorriso no rosto do ofídico era medonho, mas nada que o garoto já não estivesse acostumado. Aquele sorriso significava que o bruxo estava satisfeito com o trabalho feito até ali.

- Milorde. – reverenciou.

- Draco, meu menino, vejo que ainda está firme em seu posto.

-  Naturalmente, Milorde. Como poderia me opor ao maior bruxo da atualidade?

A mão pálida do bruxo parou em em frente ao rosto do garoto, o fazendo parar de falar imediatamente. O olhar sério ia para ele – não somente de Voldemort, mas também o de Nagini.

- O que houve com a horcrux? Quem a destruiu?

- Milorde... – engoliu seco. – Eu, Crabbe e Goyle estávamos com a horcrux, Milorde, conseguimos pegá-la antes de Potter...

- E como exatamente ela foi destruída, Draco? – o olhar assassino ia contra si com intensidade.

- Por favor, veja o Senhor mesmo. – estendeu a mão para o bruxo, deixando que ele tivesse acesso as partes chaves da aparição de Crabbe citando os nomes dos irmãos Carrow e de Bellatrix, mostrando uma versão única e manipulada de suas memórias para o bruxo.

- Vejo que as ações enciumadas de Bella tem interferido mais do que imaginava.

- Perdão, Milorde. Não consegui fazer o necessário para impedir a destruição do diadema.

- O que está feito, está feito, Draco. – meneou a cabeça ao acariciar Nagini. – Mas isso não significa que não o farei pagar pelo o que houve. Tenho uma tarefa para você.

As palavras a seguir fizeram sua mente parar. O som da voz de Voldemort parecia distante e abafada, como se ele estivesse submergindo em um lago profundo e escuro. A realidade batia com força em seu rosto, lhe desferia diversos golpes certeiros e sequer conseguia revidar, havia algo maior por trás de tudo aquilo. Precisava manter-se firme e continuar com o papel.

- É claro que farei, Milorde.

O brilho vermelho em suas orbes reluziam nada menos que sadismo, o prazer em puni-lo de forma cruel e dolorosa. Aquela ação mostrou com que ele estava mexendo, mostrava que um passo em falso e ele receberia algo pior do que a morte.

O ar cada vez mais denso no local, a inquietação que crescia em seu corpo, a língua da cobra que ia e vinha dançando em sua direção, tudo aquilo parecia estar se estendendo por horas a fio, não parecia ter passado apenas alguns poucos minutos.

- Milorde. – disse a voz grave tão conhecida. – Draco.

O garoto não conseguia fazer nada além de fazer um leve aceno com a cabeça, mostrando o grau da situação de maneira indireta para o professor. Snape respirou fundo tentando não demonstrar a conexão que tinha com o aprendiz.

- ... Milorde, a resistência está entrando em colapso...

- E está fazendo isso sem sua ajuda. – retrucou em tom ameaçador. – Você tem me sido muito útil, Severo, um ótimo servo... Mas creio que não seja mais necessário. Estamos quase lá... quase.

- Deixe-me pegar o garoto, Milorde. Me deixe trazer Potter para o Senhor.

Nagini saiu de sua posição ao lado do dono, rastejando-se pelo chão de madeira escura até os pés de Snape. O coração de Draco estava quase saindo pela boca com o medo de fazer qualquer movimento suspeito.

- Eu tenho um problema, Severus... um problema muito irritante.

- Milorde?

- A varinha, Severus, ela não me pertence... Eu não vejo diferença entre essa e a minha varinha de teixo, aquela que comprei anos atrás com Olivaras. Sou extraordinário, mas a varinha... – seu olhar foi para o homem.

- M-milorde, eu não sei como lhe ajudar... Talvez se me deixar trazer Potter até o senhor...

- Você fala como Lucius. – riu. – Por que ela ainda não faz o que eu quero, Severus? Você é um homem inteligente, deve saber responder.

- Milorde...

- Expelliarmus! – a varinha do bruxo voou longe. – Agora imagino que me servirá muito bem, não é mesmo?

- Claro, Milorde.

- Agora... – virou-se para Draco. – Sua vez, meu jovem. Faça o que deve ser feito.

O Malfoy deu um passo à frente, ficando perto o suficiente de Severus para conseguir enxergar as orbes ônix que brilhavam à luz do pequeno fecho que iluminava a sala. Eles respiraram fundo, controlando ao máximo que conseguiam suas emoções.

- Draco... por favor...

- Sectumsempra!

O bruxo caiu no chão, com seu sangue escorrendo por diversas partes de seu corpo. Uma poça escarlate começava a se formar a seu redor, sua mão trêmula batucava o chão em busca de algum apoio, os grunhidos doloridos ecoavam pela sala. O coração de Draco estava em pedaços. Jamais imaginaria que seria ele a fazer esta tarefa.

Sev...

O sofrimento de Draco foi abafado pelas gargalhadas agudas e gélidas de Voldemort, que se divertia ao ver a cena.

- Magnífico! Que imagem maravilhosa, Draco! – gargalhou. – Matar o homem que lhe ensinou praticamente tudo que sabe com o feitiço que ele próprio criou! Estupendo! Não há dúvidas que fiz uma ótima escolha. – virou-se para a saída. – Vamos, Nagini. A diversão por aqui chegou ao fim.

Voldemort saiu da casa deixando apenas Draco, Snape e o trio, que estava escondido debaixo de sua capa. Draco estava desesperado, não conseguia se mexer, então Harry o surpreendeu aparecendo perto de Severus, indo a seu amparo.

- Potter... – disse aos sussurros.

- Vai ficar tudo bem... Draco! – gritou. – Draco, faça alguma coisa!

O loiro despertou do transe em que estava preso, olhando novamente para Snape no chão ensanguentado. Sem pensar duas vezes, se jogou para o lado, pegando o corpo do homem em seus braços e conjurando o contra feitiço, revertendo aos poucos o efeito da magia das trevas. Os olhos azuis do loiro estavam tão vivos quanto poderiam, ainda mais com o azul se destacando entre a vermelhidão que se formava entre o branco e as lágrimas grossas que desaguavam desesperadas pela superfície de seu rosto fino.

Com as mãos pintadas de vermelho, agarrou-se nas vestes negras do mais velho e soltou um grito desesperado, colocando tudo o que sentia para fora. A dor que sentia não podia se equiparar a nada, nem mesmo ao ter que deixar o trio sem lembrança alguma de si. Draco chorava no peito de Snape como um filho que chorava a morte do pai, não havia dúvidas que essa era a posição que um tinha para com o outro.

Os dedos finos do garoto passaram pelo rosto do mentor, tirando os cabelos da frente de seus olhos semiabertos. As lágrimas escorriam dos olhos ônix também, e foi ali que ele percebeu a respiração fraca do homem, mostrando o resquício de vida que ele precisava para sentir um pouco de alivio e conseguir respirar sem sentir tanta dor. Snape segurou a mão do Malfoy com a força que tinha, tentando sorrir para o garoto em prantos.

- Você fez bem, filho...

As palavras ditas com dificuldade, foram o suficiente para engatilhar um soco no estômago de Draco, que começou a chorar ainda mais. A palavra nunca havia sido pronunciada com tanto sentimento e verdade para ele, a não ser por sua mãe. Mas a figura paterna que tinha jamais chegara a ser assim, e se um dia foi, ele não recordava.

- Me desculpe... eu não queria... Sev...

- Você fez o que deveria ser feito... não chore, há muito o que percorrer... – Snape olhou para Harry, que assistia a cena com os olhos marejados, mesmo sem entender o que acontecia ali. – Leve-as. – disse, se referindo as lágrimas que escorriam.

O garoto olhou desesperado para Draco e depois para Hermione, tentando reagir de alguma maneira.

- Granger, na bolsa de contas... há frascos nela. – disse a voz fraca de Draco.

A garota o olhou surpresa. Ela sabia que havia algo, mas não tinha todas as lembranças, apenas alguns poucos flashes de momentos aleatórios. Sem tempo a perder, a garota pegou o objeto de vidro com um feitiço invocatório, dando-o para Harry. Ele aproximou o frasco do homem, colocando-o contra sua bochecha e coletando a quantidade necessária para leva-las consigo para a penseira.

- Olhe para mim. – ordenou Snape.

As orbes verdes reluziram na luz, deixando mais evidente a cor que acalentava tanto o coração do homem. Um sorriso se formou em seus lábios e uma última lágrima escorreu de seus olhos.

- Você tem os olhos dela... – e desmaiou.

- O que...?

- Vá, Harry. Você sabe o que deve fazer com isso. – disse Draco, enxugando as lágrimas teimosas. -  Granger, Ronald, levem o Professor Snape para madame Pomfrey, ou, se ainda tiver algumas poções restauradoras e essência de ditamno, use-a nele.

Draco se levantou, deixando o corpo desacordado de Severus no chão. Quando respirou fundo e rumou a saída do local, Ron o puxou pelo braço.

- Desfaça o feitiço em Mione, cara.

Hermione o olhou confusa, com alguns frascos de poção em mãos, enquanto o Weasley apertava cada vez mais seu braço. Ele meneou a cabeça, olhando nas profundidades do castanhos que pintava a íris de sua amada, seu coração palpitou forte e as borboletas em seu estômago ganharam vida novamente.

- Eu não posso desfaze-lo, mas acho que têm o direito de saber algumas coisas... – suspirou. – Tome. Esta é uma carta que fiz ano passado, pouco depois de... bem, não faz diferença no momento. Leia se estiver confortável em fazer isso. – entregou a carta para a garota e saiu.

Ron olhava para o pedaço de pergaminho dobrado com curiosidade e ansiedade. Ao mesmo tempo que queria que ela a lesse, tinha medo que a perdesse novamente, mesmo sabendo a quem realmente pertencia seus sentimentos. Ele respirou fundo ao ver ela colocando-a de lado, tendo não mostrar interesse algum pela carta.

- Hermione, leia a carta. – disse. – Você precisa fazer isso.

- E porque eu deveria?

- Vai encontrar a resposta assim que ler, tenho certeza.


Sinceramente não sei em que momento isso aconteceu. Quando percebi, o sentimento já estava lá, enraizado em meu interior e crescendo cada vez mais;  alimentado pelo seu sorriso radiante e nutrido por suas palavras e ações altruístas, para com alguém que sempre lhe lançou ódio.

O cheiro tão familiar de pergaminho, livros novos e jasmim de seu perfume habitual vindos da poção amortentia. Como não percebi estando tão evidente?
Suas palavras preencheram o vazio que havia em mim, e sua luz tão única espantou as trevas que ali habitavam. Tudo que posso fazer agora é agradecer, não apenas com palavras, mas com ações. Dar o melhor de mim até que eu conheça qual realmente é minha essência. Dumbledore estava certo, afinal: "Conhecer alguém pode ser revelador, não só sobre o outro, quanto para si mesmo".

Obrigado por estar do meu lado quando ninguém mais queria estar. Obrigado por tentar conhecer o verdadeiro eu quando ninguém mais queria. Obrigado por me apresentar a verdadeira amizade. Obrigado por me perdoar apesar de tudo. Obrigado por ser minha luz guia. Obrigado por ser você, meu pequeno corvo.

Jamais poderei esquecer os momentos maravilhosos que tive ao seu lado. Jamais poderei esquecer a sensação do seu toque, a sensação do seu beijo e como ele me afeta se uma forma que não sei explicar.

Para sempre seu,

Draco L. Malfoy.

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Notas da autora:

FINALMENTE CONSEGUI!! Cara, vocês não tem ideia do alívio que é conseguir postar.

Esse capítulo ficou beeem grande, perdão, mas precisava colocar tudo isso nesse penúltimo capítulo.

O que acharam? Como vocês acham que será o desfecho? Boiolaram com a cartinha do Draco?

Uma curiosidade é que essa cartinha eu escrevi dia 18 de janeiro se 2020, isso foi antes mesmo de começar a publicar a fic aquí!!

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