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capítulo 43

Assim como o céu, seu interior ruía aos poucos, desmanchando em lágrimas que saiam involuntariamente de seus olhos já vermelhos. Ele havia guardado tanta coisa, mas aquele dia fora seu limite. O nó em sua garganta, que pesou durante tanto tempo em sua garganta, queimando e o sufocando em momentos inoportunos, havia chegado a seu limite. Ver seus amigos naquela situação, não poder ajudar prontamente eles, ter que lidar com aquela farsa... ver sua amada olhar em seus olhos e mostrar um desprezo que jamais havia visto em seus olhos, muito menos sendo ele o que engatilhou tal olhar.

Draco estava em seu limite; seja físico ou psicológico. Não aguentava mais aquilo.

A chuva não parava de cair desde o momento em que os amigos ainda estavam no local, caindo sem cessar, cada vez com mais ferocidade. Os pingos grossos batiam com força no solo, fazendo pequenos buracos onde havia apenas grama e terra, mostrando que não sairia dali tão cedo. Há tempos o céu mostrava indícios da tempestade que estava por vir, aquele temporal estava aguardando o momento mais oportuno para cair, acumulando dia após dia a água que caia com tanto afinco. Os trovões rugiam com força, os raios estalavam forte entre as nuvens quase negras, as iluminando de dentro para fora.

Das grandes portas de vidro que levavam para o grande jardim da Mansão Malfoy, Draco observava aquilo com a mente a milhão, perdido em seus medos, incertezas, paranoias e lembranças dolorosas. Ele imaginava se o toque bruto dos pingos grossos da chuva em sua pele seriam o suficiente para cessar parte de sua dor, pois só assim ele conseguiria se livrar daquilo: vencer a dor em seu peito com dor física; mas nunca fora capaz de se mutilar, apesar de querer fazer coisas assim com frequência desde que sentiu a maldição cruciatus sendo lançada em si por cometer alguns erros. Ele merecia dor, mas não queria que a que estava sentindo, ela lhe dilacerava da pior maneira que conhecia.

No momento em que a porta fora aberta, um vento gélido com resquícios das gotas arrastadas pelo mesmo tocaram sua pele, fazendo com que um arrepio subisse por sua espinha. Sua visão já estava embaçada devido as lágrimas que enchiam seus olhos, mas com a quantidade de água que caia do lado de fora não enxergava um palmo a sua frente. Olhando para trás, via as machas de sangue ainda enfeitando o chão; sangue aquele que pertencia a Hermione e a ele. Fora o mais perto que chegou dela em meses.

Tomando o ar necessário para se locomover, saiu em direção ao jardim esmagado pela chuva feroz, sentindo a fúria da natureza sobre sim através das gotas pesadas que lhe atingiam sem dó. Não bastou mais de um minuto para que estivesse completamente encharcado pela água tão gélida quanto poderia imaginar. Sentir aquela água lhe lavando, tirando de si o sangue já seco de sua ferida ainda sensível – mesmo ele não se importando com a dor que ela lhe trazia -, era algo que o confortava de alguma maneira. O barulho quase ensurdecedor o abstinha de todo resto, deixando a impressão que só havia ele no universo; ele e seus pensamentos.

Mais um trovão rugiu no céu e de imediato lembrou-se dos gritos de piedade e dor de Hermione, no momento em que estava sendo torturada – na sua frente.

Eu não fiz nada para impedir.

Sua mão acertou seu peito com força, seu punho fechou aos poucos, arranhando sua pele com força, mesmo com tecido a cobrindo; uma ardência se iniciou no local, mas, para ele, aquilo não era o suficiente. Seus dentes rangiam ao se lembrar da cena, sua mandíbula estava travada, não conseguia achar ar para respirar.

Os olhos impetuoso de sua tia ao ver o objeto que deveria estar em seu cofre fez seu corpo entrar em estado de alerta, sabia que nada daquilo poderia acabar bem. Um simples movimento com a varinha, e a garota em sua frente estava no chão se contorcendo de dor enquanto seus amigos eram levados para um porão recluso. A maneira que negava as afirmações raivosas da bruxa o comoviam de certa maneira, mas ainda se perguntava o motivo de não admitir – talvez por estar falando a verdade, é claro, mas ainda assim seria melhor admitir a culpa do que passar pelo que estava passando -. A dor que ela expressava era quase sentida pelo garoto que olhava a cena com desespero, sem poder mover um músculo em pró da vítima, sua, até então, namorada.

A cada resposta que contradizia o que a mulher queria ouvir, o ódio em seu olhar aumentava de maneira significativa, fazendo os gritos de ambas ecoarem cada vez mais alto no hall de sua casa. A medida que os conjuros não faziam efeito produtivo, conjuros foram substituídos por um método mais usual por aqueles que eram desprovidos de sangue mágico; uma adaga talhada em arabescos, tão linda quanto mortal. Sua lâmina rasgava sua pele a medida que a satisfação era mostrada em seu olhar, seu sorriso crescia ainda mais a cada letra formada pelo sangue que escorria sobre a pele bronzeada de sua vítima. Mais um sorriso lascivo se formou nos lábios da bruxa, enquanto seus olhos refletiam o sadismo de sua alma entre as pequenas pausas que dava, para retornar a seu interrogatório. Novamente os gritos ecoavam pelo local e ninguém se mexia. O sangue escuro escorria do braço da garota que não conseguia mais lutar contra a tortura, tinha chegado a seu limite, com pele e alma marcadas por toda sua existência.

Sangue-Ruim

O insulto escrito sobre sua pele era algo que deixava um nó na garganta do garoto, pois era o mesmo insulto que usara durante anos a fio. Um erro. Sua imaturidade e o modo que foi criado o deram uma ignorância sem igual.

Era possível sentir o sangue quente escorrendo de seu braço, que seguia o ritmo lento da pulsação e ardência que vinha dos cortes. Cada vez que a ponta da lâmina penetrava a pele dela, ela grunhia e ele sentia as camadas se abrindo. Não havia como relutar sem forças, muito menos a alguém a que podia pedir ajuda, só lhe restava aceitar calada as investidas que lhe eram dadas. Ele presumia que esse era seu pensamento, pois não tinha mais esperanças que ela se lembraria de sua verdadeira lealdade.

Ele se lembrara da sensação que era estar sob o efeito de uma imperdoável; nervos e músculos deveriam queimar em dor, após o conjuro de maldição que a mulher de sorriso sádico lançara sobre si. As risadas agudas ecoavam no hall, de maneira que qualquer um que estivesse na casa escutasse, tão assustadora e doentia quanto sua dona.

Quando os gritos da garota cessaram, restando apenas os grunhidos, sua cabeça tombou para o lado onde ele estava, seus olhos não conseguiam desviar da visão de Hermione impotente a sua frente. Ele estava bem ali, a poucos metros de uma vítima de tortura - que sequer fizera algo ruim contra alguém que não houvesse merecido – e não podia fazer nada. Suas pernas vacilavam alguns momentos fazendo menção a ir na direção dela, mas não podia. Foi então que ele focou em apenas um ponto, fazendo sentir tudo aquilo mais intensamente.

Seus olhares se encontraram e ele se prendeu ao castanho que tanto amava; não poderia desviar mesmo se quisesse. Sua mandíbula estava travada assim como sua respiração, o ar passava com dificuldade em suas vias respiratórias. Então o tempo começou a passar em câmera lenta. Uma onda intensa de eletricidade passou por seu corpo. Seus punhos fecharam, sua respiração cessara e seus batimentos pararam naquele segundo.

Aquela lembrança o perseguiria pelo resto de sua vida, o assombrando dia e noite com um sussurro em sua orelha, engatilhando a memória dolorosa. Ele havia escolhido aquele caminho e sabia que não seria algo fácil, mas ainda assim não sabia o quanto mais aguentaria, pois, naquele momento, ele sentia estar em seu limite.

E com o coração destroçado em mil pedaços sangrentos, seu corpo desaba, sentindo assim o impacto de seus joelhos no chão duro. Ao contemplar o céu, sentiu que o mesmo refletia sua alma, agora tão negra quanto fora um dia. A confusão em seu interior se espalhava de maneira iminente - não havia o que fazer, estava tudo acabado.

O céu envolto em nuvens chumbo pesadas, complacente com seu sofrimento, choraram fortemente. A chuva que encobria toda dor que era repetida por ele através do grossas lágrima quentes, levava também o que restara de forças para lutar; lavava suas feridas, diluindo o sangue rubro entre a água que escorria por todo seu corpo.

A mão pálida sobre o chão molhado lhe trazia lembranças que um dia faziam as borboletas que habitavam em seu interior voarem nervosas, mas hoje, naquele fim de tarde, elas estavam sendo massacradas, uma a uma, da maneira mais cruel e hedionda possível. O ar lhe faltava nos pulmões, os soluços e a ansiedade faziam seu peito doer de uma maneira terrível. Era um sentimento avassalador, mas estava longe de ser de uma boa maneira. Tudo estava ruindo. Não era possível enxergar os próximos passos, pois não havia mais vontade de continuar. Sua luta aparentemente tinha terminado ali, com uma derrota esmagadora.

Sua mente estava tão perturbada que nem mesmo se lembrava que tinha pessoas ao seu lado, mesmo que não fisicamente. Ginny, Neville, Aberforth, Snape, Simas, Luna; todos estariam ali se ele precisasse, mas como conseguiria lembrar? A dor causada pelo esquecimento – que ele mesmo provocou – dos amigos era terrível, mas Ron parecia ter se lembrado de algumas coisas, Harry parecia mais complacente consigo, mas Hermione, sua amada Hermione, seu pequeno corvo, o rejeitara friamente. Nem de longe a culpava, não. Era responsável por aquilo, na verdade deveria estar feliz em saber que deu certo, que seu feitiço fora um sucesso. Mas que se alegra sabendo que a pessoa que ama não se lembra do que um dia foi um nós? Quem sorria ao ver a forma que sua amada se esquivou de seu toque, que outrora a fazia arfar? Quem manteria seu coração no lugar ao ver sua estrela guia lhe lançando um olhar julgador, transmitindo a repulsa que sentia.

A falta de ar só aumentava conforme se lembrava do que viveu, não sabia mais se não enxergava por conta da chuva, das lágrimas ou da pressão baixa. Suas mãos cada vez mais trêmulas, mal conseguia sustenta-lo, o deixando cada vez mais perto de um desmaio. De longe, tentou avistar o pequeno e profundo lago que sabia que estava a poucos metros a sua frente, e com dificuldade, se arrastou entre o chão de pedra áspera e a grama e terra molhada.

Estava cada vez mais perto, visando o final daquele sofrimento, tentando apenas se forcar em que tudo ficaria bem se ele simplesmente sumisse dali. Não queria pensar mais em nada, queria acabar com sua dor, mesmo que por algumas horas, e naquele lago havia uma alga com um toxina capaz de ajudá-lo com isso, ele sabia. Menos de um metro para alcançar seu novo objetivo e seu corpo apenas sucumbiu, não conseguindo o sustentar mais. A frustração que já havia ali estava se fortificando mais e mais, não deixando uma brecha sequer para pensamentos ligeiramente positivos.

Seu corpo encharcado, assim como tudo a seu redor, que estava posado no chão de bruços, virou-se para poder sentir a dor suave dos pingos de chuva em seu rosto. Sua mão – já sem força alguma – foi fechada contra o peito, uma, duas, três vezes, com o máximo de força que conseguira reunir em meio ao pequeno pico de adrenalina. Suas unhas passavam por sua pele e sobre os tecidos eu cobriam seu peito os arranhando, marcando com vermelho intenso a pele tão alva quanto a neve. Seu desespero era real. Um grito ecoou pelo jardim, mas ele, assim como a natureza em fúria, complacente com seus sentimentos, sabiam que ninguém seria capaz de escutar seu grito de dor, pois ela não deixaria que ninguém participasse daquele episódio sombrio além deles dois.

⊹⊹⊹⊹⊹

Snape chegou a Mansão após o anoitecer, quando a chuva já havia diminuído para apenas uma garoa fina, quase imperceptível. Todos da casa estavam com olhares péssimos, cansados e aparentemente atordoados com o acontecimento do dia. Houve uma breve conversa na mesa de jantar entre Narcisa e o homem, contudo, o motivo de sua ida não estava presente, não o deixando satisfeito – tinha pressa a falar com ele.

- Onde está Draco? – questionou entre o tilintar dos talheres.

- Em seu quarto, eu imagino. – suspirou. – Ah, Severus, ele foi tão corajoso hoje... o Lorde se orgulha do meu menino, mas temo por suas ações.

- Não há com o que se preocupar, Ciça. Draco tem aprendido muito comigo nesses últimos anos, muito mais nesses últimos meses. – se levantou, colocando o guardanapo sobre a mesa, ao lado do prato. – Se me der licença, tenho alguns assuntos a tratar com Draco.

Não foi preciso dar muitos passos em direção a porta antes de ouvir o arrastar da cadeira pesada atrás de si, ele parou no mesmo momento. O silêncio pairou no ambiente, fazendo a tensão ser quase tátil; sua respiração passou a ficar mais pesada, pois sabia o que estava por vir em poucos segundos. O suspiro trêmulo de Narcisa era facilmente audível para si e mais ninguém. O toque da ponta do salto da mulher soou no momento em que deu um passo à frente, apoiando-se com uma mão na mesa

- Severus, por favor... Não quero perder meu filho. – sua voz saiu fraca, como se lhe doesse falar. – Ele é meu mundo; meu pequeno dragão. Por favor...

Sem dar uma resposta, ele apenas saiu rumo ao quarto do aprendiz, desejando entender toda a história vista por seus olhos, pois teria mais informações úteis relacionada a posição de Potter e os outros. Não bastava a versão que lhe foi contada.

Subiu as escadas e andou pelo corredor vazio, seguindo a estranha trilha de água que parava na porta do quarto do garoto. Sem ao menos bater, o homem adentrou o local totalmente desprovido de iluminação. Janelas fechadas, luzes apagadas, cama vazia; contudo, a trilha de água parava em um canto escuro, onde estava uma poltrona, em geral, utilizada para leitura pelo garoto.

A imagem de Draco iluminado apenas com a luz do corredor, era medonha. Sua pele estava acizentada, haviam olheiras roxas, seus olhos aparentemente vermelhos, cabelos molhados, assim como sua roupa grudada em seu corpo; alguns arranhões enfeitavam sua pele, assim como um grande corte em seu rosto. Seus lábios estavam pálidos e entreabertos, e seu olhar ia de encontro ao vazio.

- Draco. – chamou de maneira firme. – Vá tomar um banho quente antes que pegue uma pneumonia.

O olhar vago do garoto foi em sua direção sem esboçar reação alguma, apenas se levantando e fazendo o que lhe foi mandado. O olhar do mais velho o acompanhou até que ele sumiu nas trevas, em seguida ou viu a porta sendo trancada. Snape ponderou olhando ao redor do quarto antes de acenar com sua varinha, fazendo toda aquela água secar. Ele chamou um dos elfos da casa para trazer uma sopa quente para Draco, que parecia que não havia comido nada há tempos.

Mais do que ele imaginava, Draco foi afetado pelo reencontro aparentemente conturbado que ele teve com os amigos naquele dia. O psicológico do garoto estava a um passo de desmoronar, mas talvez ele conseguisse algo com uma conversa apropriada. Severus Snape via muito de seu jovem eu no aprendiz e afilhado; tudo o que passara com Lilian, Dumbledore, sua família, seu inimigo, todos eles afetaram em seu comportamento e em seu psicológico que, por anos, esteve fragmentado. Ele se via no dever de fazer algo.

Quando o garoto retornou, estava com o mesmo semblante fantasmagórico de antes, ao menos, estava limpo. O homem sentou em uma poltrona ao lado da cama do garoto e fez sinal para que ele se sentasse, para que pudessem conversar. E novamente, ele apenas obedeceu.

- Não tenho tempo para enrolações, Draco, estou ocupado. – disse ao olhar nos olhos doo garoto. – Então me diga o que aconteceu.

O loiro meneou a cabeça e simplesmente afundou no colchão. Estava exausto.

- Draco. – insistiu.

- Eles foram pegos. – disse, com a voz abafada no objeto. – Harry, Ron, Hermione e Dino, digo.

- E então?

- Imagino que já tenha sido informado dos detalhes.

- Não tenho medo deles. Quanto mais, melhor. – ironizou.

Ele estava ciente que não adiantaria tentar fugir, pois o homem era insistente.

- Consegui despistar algumas coisas, mas Bellatrix ficou com Hermione, a torturou na minha frente... não pude fazer nada. – hesitou. – Ela não se lembra de mim, assim como Potter, mas...

- Weasley.

- Sim.

- Aparentemente se tornaram muito próximos e o medalhão foi o gatilho para tudo voltar. – respirou. – Mas não credito que ele seja um perigo para nós, pelo menos não agora.

- Ele não vai contar para ninguém.

- Como pode ter certeza?

- Eu só tenho.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo o barulho do vento uivando ao lado de fora e o barulho dos galhos da árvore contra o vidro da janela. Severus crispou cos lábios por conta da impaciência, nunca fora uma boa pessoa para um papel como aquele. Por bem ou por mal, quem sempre exerceu tal papel era Dumbledore.

- O que está sentindo?

- Onde quer chegar? – replicou.

- Estou querendo chegar no ponto onde você fala como se sente, passar perto de Potter fez com que seus neurônios queimassem?

Draco ponderou.

- Não sei explicar. Apenas dói. – sua mão pousou em seu peito. – Ela me olhou de uma maneira que nunca havia visto, seus olhos estavam me desprezando. Sabe, é como se o chão em que eu me apoiava sumisse em questão de segundos e a única coisa que me mantêm preso a um lugar é uma corda envolta em meu pescoço. Eu estou sufocando. Tudo está ficando escuro novamente e não consigo respirar. – sua mão agarrou a camiseta que usava. – eu sinto as trevas voltando, as sinto acariciando meu rosto e sussurrando o quão inútil sou, como tudo aquilo não voltará mais... ela afirma com cada vez mais convicção que vai me levar para onde ninguém chegará, que sempre pertenci a ela. – o ar saiu pesado de seus lábios. – Eu só... não suporto mais isso. Como consegue depois de tantos anos?

Ele sabia que sensação era aquela, lhe atormentou durante anos. O impacto que a cena da tortura de Granger havia sobre Draco, poderia se equiparar com a morte de Lilian para ele, isso era certo. Ele sabia que o garoto se culpava por não fazer nada; sabia que não tinha a mesma maturidade que ele possuía na época que passou por um baque daquele tamanho, logo tudo seria mais intenso e doloroso para ele.

- Jurei para mim mesmo que viveria com aquilo como uma punição, pois tive minha parcela de culpa. Mas com o passar dos anos compreendi que ela não gostaria que fosse assim. Lilian era uma pessoa excepcional, de um coração imenso, sabia que ela não desejaria isso para mim. Cuidar de Potter inicialmente foi apenas uma manipulação de Dumbledore, admito, mas com o tempo me afeiçoei ao garoto, apesar das semelhanças com seu pai, e então entendi que seria o mínimo que poderia fazer por ela. Lil me salvou de diversas maneiras.

“Não posso mudar o que está sentindo, mas quero que se lembre de tudo que aconteceu de bom, seja com a garota Granger ou com seus novos amigos. Não vale apena ficar neste estado estando tão perto do objetivo principal, Draco. Acredito que quando tudo acabar, verá algo nos olhos deles que mostrará o quanto valeu seu esforço. Você se sentirá bem consigo mesmo, sentirá orgulho de si. Não pare no meio do caminho, afinal, isso não é de feitio. Draco Malfoy termina o que começa, principalmente depois de se tornar meu aprendiz. – se levantou. – Muitas falas sobre você estavam certas, incluindo a de Dumbledore.”

- Aberforth disse algo parecido com isso.

- Dumbledore, apesar da péssima personalidade, era um grande bruxo. – colocou algo sobre a cama. – Lembre-se de suas palavras, elas são sempre úteis nos momentos mais difíceis.

Saiu em direção a porta calmamente, fazendo o ranger da porta ecoar pelo cômodo ao abri-la. Com a luz iluminando suas feições suaves – mais do que Draco se lembrava -, direcionou um pequeno sorriso para o garoto.

- Não me decepcione.

E saiu.

Quando se viu novamente no escuro, conjurou lumus e reparou na sopa que fumegava em sua estante. Sorriu ao pensar em como Snape se preocupava com ele, apesar de tudo o que estava acontecendo, mas sentiu a pressão de sua última frase.

Não me decepcione.

Um suspiro saiu de sua boca, não passava de pura frustração. Se virando na cama, sentiu o objeto que o homem havia deixado sobre o tecido que a cobria, era o frasco de poção que Dumbledore havia lhe dado.

“Para que veja o melhor de sua vida em meio a adversidade; luz em meio às trevas que envolvem suas memórias.”

Aquele maldito sabia o que aconteceria.

Sem demora, Draco abriu o frasco em sua mão e o entornou em questão de segundos. O sono que parecia inexistente chegou com força total, como se todo acumulo desses últimos meses cobrassem ele agora. A última coisa que viu foi o teto da cama de dossel, já embaçada, e pensar no quão manipulador o falecido Diretor foi em vida e continuava sendo em morte.

⊹⊹⊹⊹⊹

A casa dos gritos estava mais arrumada do que estivera em anos, desde que Draco passou a frequentá-la junto ao trio. Parte de suas reuniões eram feitas ali, intercalando com a sala precisa, que era muito mais fácil acesso. Naquele dia em particular, um fim de semana próximo das avaliações, Harry e Ron decidiram ficar longe de Hermione, que, como sempre, estava dedicando todo seu foco as revisões de todas as matérias. O loiro, que tinha o mesmo costume que a grifinória, fora arrastado junto aos dois amigos para a casa sombria, onde dedicariam seu tempo a nada mais, nada menos, que conversas soltas, cerveja amanteigada, uma boa variedade de doces da Dedosdemel e algumas besteiras saldadas. Um típico dia de garotos.

O Malfoy estava esperando pelos dois há alguns minutos, a desvantagem em ser pontual em meio a dois irresponsáveis. A casa velha lhe fazia pensar na história que carregava, pois, de acordo com o que Harry havia lhe contado, aquele era quase um Q.G para seu falecido pai, padrinho e o ex professor de DCADT, Remus Lupin. Haviam boas histórias, as melhores, em sua opinião, eram as das trocas de pegadinhas entre Sirius e James, que além de melhores amigos, foram criados como irmãos nos últimos anos de Hogwarts, onde o Black fugira da casa dos pais para ficar com os Potters.

Era estranho pensar que se não fosse por toda essa confusão causada por Voldemort e o preconceito de sangue, em algum momento Harry e ele poderiam ter, sim, ter construído uma amizade; antes mesmo de irem para a escola, se imaginar que Sirius era primo de sua mãe e ele, com toda certeza, levaria Harry para os jantares e eventos da família Black. Tudo poderia ter sido diferente, mas o mundo real era destroçado, e cada fragmento tinha um pensamento direcionado a uma posição, sendo eles distintos, tendo seus preconceitos e pré-conceitos. Uns cheios de maldade e soberba, enquanto outro eram felizes com o que tinham, buscando de maneira honesta seus bens e seu posicionamento dentro da sociedade bruxa.

Respirar aquele ar trazia uma nostalgia que não pertencia a ele, como se as memórias que foram passadas através de Sirius para Harry, e de Harry para ele, o fizesse viver cada uma dessas cenas em seu subconsciente, como se fizesse parte daquilo.

- Desculpe a demora – a voz de Harry soou, assustando o loiro. -, estávamos com dificuldades e escolher os doces. Ron não sabia se você preferia chocolates amargos ou mais suaves, ou se gostava de delícias gasosas.

- Preocupado com meu gosto para doces, Weasley? – ironizou.

- Sim. Estava tentando achar o melhor para encher com poção da verdade, assim você admitiria seu amor por mim.

- Ora, não seja por isso. – um sorriso maroto se formou em seus lábios. – Sente-se do meu lado e faço isso em ações.

A pele branca e sardenta de Ron ficou vermelha, quase em degrade com seu cabelo. Harry, que estava arrumando as coisas no chão, ria da relação que os dois haviam desenvolvido depois do incidente do bilhete.

- Sai fora Malfoy, gosto de garotas!

- Ah! É uma pena, não acha Harry?

- É claro! Seriam um belo casal.

O ruivo joga os objetos que estavam em suas mãos na direção do Potter, o atingindo em cheio. Draco ria, e apesar da pequena dor do objeto duro que colidiu em si, Harry também ria da reação exagerada de Ron.

- OK, OK, Ronald. Entendemos que suas afeições vão apenas por pessoas do sexo feminino. – riu. – Mas admita, até você sente uma atração por mim, não é? Como não sentir? Eu sou lindo. – brincou.

- Malfoy... – O ruivo ergueu a barra de chocolate meio amargo na direção do garoto.

- Parei. – sentou-se no chão, perto das guloseimas que Harry havia arrumado. – Você está muito violento, deve estar com fome.

Jogou um lanche envolto em uma embalagem prateada para o Weasley, que logo em seguida, deu uma grande mordida e se juntou a ele e Harry, sentando-se no chão de madeira antiga enquanto comia.

- Não como desde o café. – mordeu novamente. – Tô morrendo de fome.

- Onde conseguiu a comida? – Harry perguntou a Draco.

- Dobby. – pegou uma tortinha. – Recentemente me desculpei com ele por tudo que minha família lhe fez, especialmente meu pai... desde então ele me adotou como amigo. – sorriu. – Uma criatura de coração puro, o Dobby.

- Se prepare para ganhar meias de Natal. –Harry riu ao beber a cerveja.

- Como assim?

- Ah, Harry. Esse é um dos menores problemas para ele. – Ron pegou um copo. – Imagine quando minha mãe souber da verdade? Talvez você perca seu posto de preferido e não ganhe tanta atenção assim. – riu. – Já imaginou, Draco com um suéter de lã feito à mão com um ‘D’ enorme na frente?

- Com a tonalidade de verde gosma.

- Sim!

Os dois riram alto, como se já tivessem sido afetados pelo álcool. O loiro não entendia nada do que eles estavam falando, mas a visão que descreveram não era tão desagradável, lhe parecia um tanto acolhedora. Nunca ganhara um suéter feito à mão por alguém próximo.

- Podem me explicar? – bebericou a bebida.

- A mãe de Ron é um amor, me trata como filho dela. É a mãe que não cheguei a ter. – outro gole. – Mas as vezes é muito protetora e faz alguns agasalhos... hmm... únicos.

- Não fale tanto, Harry. Vamos deixar ele descobrir mais pra frente.

- Certo. – riu.

Draco ficou olhando para os dois, estavam tão despreocupados, ainda mais depois de alguns assuntos e alguns copos de cerveja amanteigada. Soltos, com a bochecha corada, falando coisas de forma arrastada e fazendo promessas sem fundamento. Ele estava se divertindo com os dois, gostava daquela sintonia, daquela amizade. Aquele momento, para ele, era um dos melhores que já vivera. Ele finalmente rinha amigos, amigos verdadeiros e não seguidores ou pessoas que o cercavam por interesse ou medo. Estava feliz.

⊹⊹⊹⊹⊹

O final de semana estava agradável. Um dia ensolarado, com uma brisa suave que refrescava, o som das folhas acalmavam, alguns pássaros passavam entre as árvores. As poucas nuvens que haviam no céu faziam uma sombra agradável, fazendo pequenas frechas de luz sair entre as pequenas lacunas que haviam em sua estrutura, emanando uma tranquilidade absurda.

Draco e Hermione caminhavam entre as árvores que compunham o visual da pequena trilha, perto do povoado bruxo, a famigerada Hogsmead. Já estava perto do pôr-do-sol, mas pouco lhes importava, Harry havia emprestado a capa da invisibilidade, então não teriam problemas para retornarem ao castelo. Seguiram rindo, de mãos dadas, pela trilha que levava até a caverna conde Sirius havia se escondido quando fugiu de Azkaban. Aquele dia era apenas deles.

- Não acredito que estou fazendo isso. – disse a garota. – Não costumo burlar regras.

- Mesmo? – uma sobrancelha arqueou. – Pelo que me lembre, você é uma das que mais que quebra regras nessa escola. Tão inteligente e rebelde... – sorriu.

- Eu só as quebro quando necessário.

- Bom, isso é necessário. O que seria de mim se não passasse um tempo a sós com você?

Seu rosto corou.

- Sobreviveria, sem dúvidas.

- Mas de que adianta sobreviver se posso viver momentos incríveis contigo? – eles riram.

- Esse clichê não combina com você, Malfoy.

- Está dizendo que não sou romântico?

- Não, disse que não combina com clichês.

Seus olhos se iluminaram quando a luz do sol poente pousou sobre eles. O azul cinzento translucidou, o castanho claro se tornara um caramelo beirando ao âmbar. Ele passou a mão entre os fios de cabelo que voavam com a brisa sobre o rosto de Mione, se aproximando mais para ver aquele olhar penetrante, que brilhava como a mais preciosa das pedras. O garoto roçou seus lábios nos dela numa demonstração de carinho, depositando um beijo singelo. Quando conseguiu o sorriso puro que tanto amava, a pegou em seus braços em direção ao topo da montanha.

- Draco! – gritou de maneira divertida. – Me coloque no chão!

- Não! – gritou em resposta. – Essa é minha maneira de ser romântico e não clichê.

Ela se segurou com força, já prevendo o momento que aquilo iria dar errado, mas não era algo que ela ou ele se importassem no momento, estavam se divertindo. A sensação de liberdade que sentiam ao ter o vento contra o rosto e sentirem um o toque do outro era inexplicável. Ali eles poderiam ser eles mesmos e agir como bem entendessem, sem quem alguém os interfira.

Quando estavam chegando ao topo, o loiro pisou em falso, fazendo com que ambos fossem de encontro ao chão. Com um reflexo de puro instinto, ele se virou, a fazendo cair sobre ele, não a deixando se machucar. Quando Hermione se levantou, apoiando suas mãos em seu peito, estava com um feição preocupada e com os cabelos bagunçados, parecia ainda mais linda assim.

- Está bem? – perguntou.

- Estou, e você?

- Bem.

Se entreolharam por breves segundos antes de cair na risada. A cena não poderia ser mais cômica e romântica, ainda mais com aquelas risadas gostosas, verdadeiras; risadas essas que não soltavam há tempos, talvez nunca haviam visto um a do outro, pelo menos não nessa intensidade.

- Você é muito teimoso, sabia? Falei para me colocar no chão.

- Se não tivesse feito isso, jamais teria a visto tão linda. Não me arrependo.

O último feche de luz solar brilhou no horizonte, deixando apenas os pequenos pontinhos brilhantes no céu, uma lua cheia e a mescla de tonalidades escuras pintando a cena. Ambos sorriam um para o outro, numa conexão imensa, onde os fizesse acreditar que só existiam eles no mundo.

- Eu te... – ela começou. – Eu não poderia estar mais feliz.

- Eu também não, meu pequeno corvo.

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Notas da Autora

Decidi que seria melhor postar esse capítulo hoje, apenas para deixar vocês felizes. Desde que comecei a postar nesta plataforma, me comprometi com todos que liam, então é o mínimo que posso fazer por vocês.

Não vou mentir, eu não estou bem, mas vocês não têm nada a ver com isso e, de fato, seus comentários me ajudam muito a continuar escrevendo.

Espero conseguir escrever o próximo capítulo ainda esta semana e ver a reação de vocês. ♥️

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