Capítulo 14
Sexta-feira, dia da atividade prática de Snape. O ar estava pesado assim como a mão de Potter sobre o ombro de Draco. O loiro e o Trio-de-outro estavam
como os grupos espalhados pela sala de aula. Snape estava rondando enquanto todos cochichavam entre seus grupos, estavam tão nervosos quanto eles, era algo difícil de esconder. Os olhares também caiam sobre o grupo 3, que aparentemente, era o mais chamativo dado a ação repentina do garoto-que-sobreviveu com o herdeiro da família Malfoy.
- Não fique com medo, Malfoy. Não somos seu pai mas podemos te proteger também. – o sorriso irônico preencheu seus lábios ao dizer a provocação em alto e bom som.
- Muito bem, Potter. Vejo que está animado hoje. – disse o homem com vestes pretas se aproximando. – Espero que use sua energia na atividade, e se continuar com essa atitude em minha aula serei obrigado a tirar mais que dez pontos da Grifinória.
Malfoy não pôde esconder o seve sorriso de satisfação. Independente se agora existia uma amizade entre eles ou não, suas casas ainda eram rivais. O burburinho se intensificou após a fala de Snape, isso poderia ser bom ou não, tudo dependia de como eles iriam passar a informação entre eles. Aqueles alunos eram imprevisíveis quando o assunto é espalhar algum tipo de notícia.
Apesar do Professor ter dado números aos grupos, ele decidiu que faria a própria ordem procurando os mais nervosos para começar. Ele adorava aquilo. Seu lado sádico falava mais alto quando o assunto era assustar os alunos, pois eles mesmo faziam o trabalho por ele apenas contando sobre a fantástica experiência que tiveram na execução da atividade.
Os grupos que não iriam fazer a atividade no momento esperavam fora da sala, e Snape tinha falado que haveria probabilidade de estender o tempo da atividade. Tudo dependia de como ocorreria, então talvez alguns grupos a fariam após a última aula do dia, muito empolgante.
Alguns alunos saiam chorando, outros com leves ferimentos iam para a enfermaria; Também tinham aqueles que não falavam nada e simplesmente vomitavam ou desmaiavam ao sair. Aquilo estava assustador. O grupo três trocava olhares assustados entre si, pois se aquilo estava saindo daquela maneira para eles, imaginem com um grupo onde os alunos que Snape tinha baixa tolerância estavam, seria um inferno ou talvez pior.
O horário da aula havia terminado e ainda faltavam alguns grupos para fazer a atividade.
- ótimo. Se as pessoas estão saindo assustadas assim de manhã imagine de noite? – Ron não parecia feliz com a informação da mudança de horário.
- É melhor não reclamar, Weasley. Se ele ouvir é capaz de chamar um dementador.
Ron respirou fundo pensando na possibilidade de encarar a criatura, ele não duvidava da capacidade de Snape.
Algumas horas se passaram e depois do jantar eles estavam novamente indo para a sala onde já havia uma pequena aglomeração de alunos. Dois grupos estavam esperando o Professor no corredor em frente a porta. Os dois grupos eram de pessoas da Grifinória e em um deles Dino e Simas faziam presença. Ron sorriu para os dois que estavam bem nervosos e eles replicaram o sorriso que morreu ao olhar Malfoy se aproximando.
- Como é fazer parte de um grupo de Grifinórios, Malfoy? – Simas provocou.
- Melhor que o esperado. – Draco sorriu e posou a mão sobre o ombro de Harry, da mesma forma que ele havia feito mais cedo na aula.
- É sério isso Harry? – cuspiu o Grifinório de temperamento explosivo.
A porta se abriu e Severus apareceu com o mesmo olhar desdenhoso habitual. Ele passou o olhar pelos alunos e chamou o primeiro grupo para fazer a atividade, o grupo de Simas e Dino. O grupo entrou e o casal continuou encarando Harry e Draco com uma mistura de incredulidade e raiva.
O outro grupo estava afastado falando entre si, Hermione chamou os três para mais longe e conseguirem conversar sem interferência ou de maneira que os outros pudessem ouvir.
- Eu já sei uma maneira que nós nos comunicarmos, ou, pelo menos, conseguirmos marcar de nos encontrar sem precisar falarmos pessoalmente.
Hermione tirou quatro moedas de outro do bolso, pareciam galeões normais olhando de longe. Ela os entregou e tanto Harry quanto Ron sorriram já sabendo de que se tratava.
- Genial. Deveríamos ter pensado nisso antes. – disse o ruivo guardando a moeda.
- Galeões? Como isso poderia ajudar?
- Não são simples galeões, Draco. São falsos galeões enfeitiçados. – ela sorriu – Você pode mandar uma mensagem através dele e todos que tenham um deste será comunicado.
Draco olhou para a moeda em sua mão e a analisou minuciosamente. Ele reparou que ali havia um pequeno número quatro nos detalhes que lhe formavam.
- Pra que esse número quatro?
- Bom, na AD nós usávamos o mesmo sistema de comunicação então coloquei esse detalhe para saber que não é o mesmo galeão e mandar mensagem para as pessoas erradas.
- O quatro é por quer somos um quarteto? – Ron pareceu confuso.
- Sim. – ela sorriu ao olhar para Draco.
Um quarteto...
Ele estava fazendo parte daquilo tanto quanto eles. Agora eles não eram apenas um trio, mas sim um quarteto. O coração do loiro se encheu de uma maneira que não havia sentido até então, aquilo era incrivelmente reconfortante. Ele era parte de algo que admirava, algo que observava de longe e em seu interior queria fazer parte. Agora tudo isso era real.
Draco sorriu para o grupo e ficou levemente rubro.
- Então eu faço oficialmente parte disso tudo?
- Claro que sim. – Harry replicou.
- Ainda tinha dúvidas? – Hermione sorriu.
- Não é como se já fizesse parte da família, mas até que você é legal e confiável. – sibilou Ron.
Aquilo era inacreditável, mas ele tentou manter a postura.
O grupo que estava na sala saiu com as vestes cheias de fuligem e com alguns arranhões em suas peles. A imagem não estava nada agradável de se olhar, especialmente pelo pânico apresentado na face dos quatro que deixavam a sala como zumbis desnorteados. O grupo passou por eles sem ao menos encara-los, era como se não existissem.
Snape chamou o outro grupo os deixando por último. Animador. Um frio percorreu no peito dos quatro sentados no chão frio do corredor. Era como se estivesse esperando pela sua morte ali mesmo, não sabiam o que enfrentariam e como sairiam, só sabiam que não seria algo fácil. O coração disparado, um suor frio se formando a cada minuto que passava no corredor silencioso. Eles se olhavam mas palavras não eram ditas, não havia mais o que dizer, apenas se concentrar.
Foram os quarenta minutos mais longos que eles podiam ter vivido em Hogwarts. Estavam todos com as costas encostadas na parede quando o grupo saiu, estavam tão bem quanto o grupo anterior, talvez piores.
- Não vamos perder tempo. Entrem. – disse Severus sem emoção.
A sala que normalmente estava cheia de carteiras para as aulas teóricas, agora estava vazia. Era apenas um espaço aberto com grandes janelas fechadas mostrando a escuridão do céu através do vidro translúcido. A Lua e as chamas das velas espalhadas pela sala eram as únicas fontes de luz. Um cenário um tanto assustador, ainda mais com aquele clima.
Snape parou onde normalmente ficava sua mesa e quarteto em sua frente.
- A atividade será baseada nos tópicos que dei a vocês. Se estudaram saberão o que fazer.
Uma corrente de vento gélido passeou pela sala fechada. As chamas se apagaram e só a lua iluminava agora. Os quatro se entre olharam e se agruparam erguendo suas varinhas. Uma névoa começou a passar entre seus pés, ela era fria e tinha um cheiro adocicado.
Olhando para o canto onde havia apenas sombras, duas figuras sem forma começaram a se mexer, e só ali que repararam que Snape havia sumido.
- Vocês têm ideia do que está acontecendo? – Ron perguntou com a voz trêmula.
- Não, mas é melhor focarmos atentos. – sibilou Hermione.
Os olhos dos quatro vasculhavam a sala em busca de algo enquanto as figuras se aproximavam lentamente.
- Expelliarmus! – conjurou Potter, mas não houve efeito algum.
- Bombarda – Granger fez aceno com a varinha.
- Petrificus totalus! – Ron exclamou.
- Confringo! – Draco apontou a varinha para o lustre acima de onde a figura estava.
Um jato roxo saiu da varinha escura do garoto e atingiu as correntes que seguravam o lustre o fazendo cair no chão com um estrondo metálico. Nem mesmo isso foi capar de retardar a chegada das figuras sombrias.
Draco olhou a expressão assustada de Hermione e Ron. Não soube o motivo, simplesmente trocou olhares com Harry e seu corpo se moveu por contra própria, sequer parecia o mesmo de um mês atrás. Ambos deram um passo à frente indo na direção do desconhecido. O ruivo e Mione foram acompanha-los mas a garota tropeçou em algo preso ao chão enevoado e caiu sobre Potter.
Não houve tempo para agir em pró deles. Quando Draco deu por si já estava com a visão embraçada e um homem com vestes negras e nobres vinha em sua direção; os cabelos loiros quase brancos como os seus, caiam sobre o ombro largo. A expressão em seu rosto era ríspida e dura, ele conhecia aquela expressão, melhor do que gostaria.
Seu coração estava a mil, suas pernas bambas e sequer conseguia segurar sua varinha firmemente como segundos atrás. Seu pai estava diante dele, com o olhar que ele temia desde a primeira vez que o viu, um olhar tão frio quanto seu coração.
Aquilo não poderia fazer parte da atividade, aquilo só poderia ser um ataque dos comensais. Ele vasculhava em sua mente um motivo para fazer aquilo sem o avisarem, e chegou à conclusão que desconfiavam dele e ele havia falhado. Neste momento seu pensamento foi para Snape, ele não estava mais ali – haviam feito algo com seu Professor, seu mentor.
Seus olhos brilharam numa mescla de fúria e medo, não poderia deixar que as coisas ficassem desta maneira. Ele precisava fazer algo. O cheiro adocicado ficara mais forte. Era enjoativo. Uma sensação nauseante correu por seu corpo e sua visão novamente estava embaçada, ele podia sentir sua pressão caindo aos poucos.
- Como vai Draco, meu filho? – ele sorriu desgostoso – vejo que tem se divertido com traidores do sangue, sagues-ruins e o Eleito. Acredito que deveria estar fazendo seu trabalho e não brincando de bom samaritano.
- Você não sabe do que está falando. Vocês deveria estar em Azkaban! O que faz aqui?!
- O que faço aqui? Também perdeu o respeito por seu pai, Draco Lucius Malfoy? – ele falou cada nome com ênfase. – Estou onde deveria estar, dando uma lição em meu filho.
Ele olhou através dos ombros de Draco.
O loiro se virou e quase caiu com a imagem que vira. Um comensal mascarado apontando a varinha para Hermione que estava com um olhar vazio e sem expressão alguma. Ela ergueu a varinha na direção de Harry que ainda estava caído no chão em meio a névoa, e então conjurou a maldição.
- Crucio.
Harry gritou se contorcendo no chão com uma dor alucinante. Seu grito esganiçado e estridente ecoava pela sala mal iluminada e assustadora. Draco fez menção em ir ajudar os amigos mas seu pai limpou a garganta em sinal que ainda não havia acabado.
Os olhos cinzentos do garoto estavam mais escuros que nunca. O ódio era evidente em seu olhar, ele queria fazer algo, mas para isso teria que enfrentar o homem em sua frente, seu progenitor, aquele que lhe negou amor e afeto toda vida.
- Pare com isso agora!
- E por que deveria? Você falhou no que deveria fazer, se aliou com o inimigo, Draco. Eu deveria ter imaginado, você sempre foi fraco como sua mãe, imprestável. Sequer consegue arrumar um armário. Inútil. Acho que nenhuma das lições que lhe dei surtiram efeito, não é mesmo, filho? Talvez agora você aprenda algo.
O homem lançou um olhar direto pra Hermione ainda de pé na frente de Harry, ainda estava o torturando. Uma nuvem que cobria a lua foi saindo dando passagem para a parte que estava barrando e a luz entrou iluminando o local onde a garota estava. Lágrimas. Elas desciam quente por seu rosto. Hermione estava lutando contra a maldição que estava pois não aguentava ver o amigo sendo torturado.
Seu sangue ferveu, ele o sentia tão quente em suas veias que podia jurar estar borbulhando. Draco deu uma passo à frente e olhou bem nos fundo dos olhos sem vida do pai.
- O que vai fazer, Draco? Acha que pode me derrotar? Acha que tem forças o suficiente para salvar esses garotos? Ou melhor, acha mesmo que depois de que tudo isso acabar eles vão estar do seu lado, meu filho? – ele riu – Você é um Malfoy e sempre será um Malfoy, e é isso que eles sempre vão enxergar. Um garoto mimado que fez de tudo para ver a vida deles virar um inferno.
O tempo ficou mais lento e os gritos de Harry abafados, ele só ouvia a própria respiração. Era isso? Seria mesmo possível que isso acontecesse? Depois de tudo o que houve, depois de das palavras trocadas e das conversas que ele jamais teve com outras pessoas... Mesmo depois de ter os chamado de quarteto. Eles não o aceitaram? Mas ele havia mudado, não é?
Os pensamentos corriam por sua mente confusa. Um aperto em seu peito o sufocava junto cheiro cada vez mais forte da nevoa nauseante. Draco não sabia se era capaz de fazer algo, diferente de minutos atrás. Por que as palavras daquele homem ainda o feriam tanto?
Uma voz ecoava em sua mente “Agora estamos todos lutando contra o maior bruxo das Trevas da atualidade, e isso pode custar o mais ama”, dizia. Ele olhou ao redor e visualizou Ronald assustado apontando a varinha para frente na escuridão onde algumas coisas refletiam a pouca luz. O olhar do ruivo foi de encontro com o dele e ele pode ler em seus lábios a frase dita.
- Você não é seu pai, seu idiota! Confiamos em você!
Uma aranha surgiu diante do Weasley a poucos metros de distância dele e então ele entendeu.
- Ronald, é um bicho-papão! Você sabe que feitiço usar! – gritou para o ruivo.
Voltando seu olhar para seu suposto pai ele sorriu com o mesmo ar de desprezo que o próprio havia lhe lançado diversas vezes.
- Demorei para notar, que erro o meu. Meu pai não daria o trabalho de vir aqui pessoalmente, certamente minha tia faria o trabalho sujo. – ele levantou a varinha e conjurou – Riddikulus!
O homem fez careta ao sentir o impacto do feitiço cair sobre ele. Suas roupas mudaram para roupas trouxas, sujas e rasgadas, e em sua mão havia um papelzinho de embrulho transparente. De sua boca saiu um doce branco com uma crosta de açúcar cristalizada. Draco riu com gosto da situação em que viu o pai. Aquela era uma vingança interna que só ele e talvez Potter entendesse.
Potter. Ele olhou para trás e viu que tanto Harry quanto Hermione se encontravam na mesma situação que minutos atrás. Ele virou para Weasley e fez sinal para a janela. A névoa estava ficando mais densa e os deixando mais tontos e propícios aos seus efeitos.
- Abra a janela, a corrente de ar vai anular o efeito da névoa.
Draco cambaleou até Harry e o arrastou para o mais longe que conseguira. Ele o colocou sentado de seu lado e olhou nos olhos do garoto. Potter estava suado, com os olhos molhados pelas lágrimas de dor e quase inconsciente.
- Harry, me escute, aquilo não foi real. Era apenas o efeito ilusório da névoa. – ele o balançou pelos ombros – consegue me ouvir?
Harry fez sinal positivo, mas não parecia estar entendendo tão bem. Draco o deixou ali e foi até Hermione que ainda estava sob o transe. O garoto ficou em frente a garota e colocou um lenço contra seu nariz e boca, uma lágrima de alívio caiu antes que ela desmoronasse em seus braços.
Ron se aproximou conforme a neblina se dissipava, e então carregou Harry para perto do casal de amigos que estavam sentados no chão. Hermione estava aninhada nos braços de Draco, que por sua vez passava a mão em seus cabelos a acariciando e acalmando. Na sala vazia ecoava os pequenos soluços da garoa abadados no peito do loiro, suas vezes estavam úmidas pelas lágrimas quentes de sua amada.
- Me desculpem, deveria ter percebido antes.
- O que foi aquilo? – Ron perguntou confuso.
- É uma poção que foi muito usada na época que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado estava chegando ao controle do mundo bruxo. Ela tem um efeito ilusório muito poderoso. Tão poderoso que faz a sensação de um feitiço ser real; e seu cheiro adocicado reforça seu efeito conforme sua pressão vai baixando e você fica mais vulnerável. Falamos dela no começo do ano letivo.
- Eu deveria ter me lembrado... – Harry falou quase rouco.
- Não havia como prever que ele usaria algo tão poderoso. Isso explica a situação que os outros estavam saindo daqui. Dois bicho-papão junto à esta poção é uma combinação perigosa até para adultos.
- Eu não consegui fazer nada... me desculpem, - Ron falou tristonho e envergonhado. – Entrei em pânico quando vi aquela aranha gigante. Deveria ter percebido.
- Cada um reage de uma maneira quando vê o que mais teme, Ronald. Não se preocupe. – Draco sorriu. – E obrigado por me falar aquilo, foi muito útil... em vários sentidos.
- Relaxa, parceiro. É isso que os amigos fazem.
Hermione se colocou contra o corpo de Draco com mais força o abraçando, ele retribuiu.
- Eu havia percebido o que estava acontecendo, mas não consegui fazer nada. Me desculpem.
- Não peça desculpas, Hermione. Como disse, era algo muito poderoso.
- Draco está certo, era uma magia muito poderosa. – disse a voz grave saindo das sombras – Muito bem, vocês foram algo perto do satisfatório. Poderiam ter ido melhor.
Snape estava com um sorriso tão leve que era quase imperceptível em seus lábios finos. Ele entregou um pequeno frasco de vidro na mão de Draco e fez sinal para que entregasse para Granger.
- Antes de irem para os dormitórios passem pela enfermaria, principalmente você, Sra. Granger. Está em um estado lamentável, eu diria. – ele se virou de costas - Não esqueçam do relatório individual e das aulas de oclumencia. Boa noite.
O Professor saiu pela porta a deixando semiaberta. Os quatro se olharam soltando um longo suspiro de alívio. Aquilo tinha acabado, pelo menos uma parte. Malfoy pegou Hermione no colo enquanto Harry se apoiava em Ron, e seguiram para a enfermaria. Estavam exaustos, mas satisfeitos com a atuação entre eles, de certa forma. Ali eles viram que poderiam trabalhar juntos sem problemas, ali descobrira que iam proteger um ao outro, que eram um time.
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