21.
A cela da pequena prisão que a nave 000789 possuía ficou escura naquele horário.
Frankie se endireitou sobre a pequena cama, abraçando seus joelhos e apoiando sua cabeça sobre eles. Já fazia tempo que Rebecca não ia falar com ela e isso a preocupava.
E se a capitã denunciou sua irmã? E se Lídia está presa agora?
Frankie tinha feito de tudo para tentar proteger as duas, sua irmã e sua mãe, entretanto, acreditava que havia falhado.
E se perguntava do que valeu isso tudo.
Percebeu que um dos agentes sempre se aproximava e depois saía do seu campo de visão novamente, só pode ter sido mandado para a vigiar.
— Sabe quando sua chefe volta? — Questionou a líder da gangue Fênix, o agente, no qual ela não sabia o nome, se aproximou de sua cela lentamente.
— Não tenho permissão para falar com os prisioneiros. — Deu de ombros e antes que pudesse sair, Frankie se levantou da cama.
— Tem um cigarro? Ia me ajudar muito e não te pediria mais nada. — Frankie indagou, o agente assentiu se dando por vencido, saiu pela pequena porta e voltou breves minutos depois com um cigarro já acesso.
— Depois joga na privada, se a Bex descobrir pode ficar brava. — O agente deu um sorriso fraco e saiu novamente.
Frankie sorriu, e tragou aquele cigarro como se fosse o último no mundo. Estar naquele lugar, e sem nenhuma notícia era algo realmente estressante.
A loira acabou por sentar no chão, com as costas na parede e as pernas esticadas.
Uma parte dela não queria acreditar que sua irmã estava presa e sua mãe morreu de tristeza.
— E que caralhos eu vou fazer? — Seu último pensamento saiu em voz alta, negou com a cabeça e terminou o cigarro.
No momento que viu a descarga descer com o vestígio do que já foi um cigarro, ouviu passos. Ela caminhou até encontrar Rebecca a encarando de braços cruzados.
— Eu vou te soltar. — Bex adentrou a cela, Frankie franziu as sobrancelhas. — Não tem motivo para te manter aqui e sei que se preocupa com sua família, que deseja vê-las, é melhor que esteja livre para isso. —A capitã cruzou os braços, Frankie não estava querendo acreditar em tal atitude, talvez fosse porque Rebecca já sabia o que fazer. Ou estava totalmente perdida.
— Você me surpreendeu. — A loira se aproximou calmamente, Bex continuou firme e não esboçou nada. — Elas estão seguras?
— Estão. Eu não faria nada contra elas. — Deu de ombros. — Devia ir vê-las, com toda certeza sentem a sua falta.
— Eu já não tenho tanta certeza. — Frankie abaixou os ombros, preocupada.
— Não diga isso, por mais difícil que seja, o sangue sempre vai falar mais alto. — Bex a encarou por breves segundos e desviou o olhar para o chão.
— Talvez tenha razão.
— Frankie, se caso essa pessoa tentar contato com você novamente, diga que eu estou perto de descobrir quem é. — Rebecca cruzou os braços, a loira riu, isso só podia ser um joguinho dela.
— Vai me dar um roteiro também? — Perguntou, irônica.
— Estou te dando uma chance, ou melhor, dei uma chance para elas. A sua família. E espero que faça o que eu disse. — Rebecca começou a deixar a cela, e a encarou por instantes novamente.
— Eu realmente não sei o que já sabe sobre quem pode ser, e acho pouco provável que essa pessoa volte a ter contato comigo. — Explicou como se fosse óbvio, Rebecca franziu levemente as sobrancelhas.
— Tenho minhas dúvidas. E de qualquer forma, essa pessoa já sabe que você é minha prisioneira. É questão de tempo para nós encontrarmos. — Bex admitiu, não dando importância para o que acabará de dizer.
— Está tão confiante. — Frankie insinuou e cruzou os braços.
— É uma das minhas virtudes. — Rebecca sorriu e, por fim, deixou a cela.
☆☆☆
Enquanto Bex encarava Frankie dobrar a esquina, olhou em volta para ver se tinha alguém vigiando e, estranhamente, não encontrou ninguém. Mas sabe que não vai demorar para seu alvo ficar sabendo.
Seus pensamentos vagaram sobre memórias dos primeiros anos sendo agente. Antes que percebesse, acendeu um cigarro.
Encostou na parede vendo as pessoas passando de um lado para o outro, vivendo e na correria do dia a dia. Rebecca gostava de ver a vida em movimento, principalmente, se imaginar tendo uma vida igual a deles.
Deixou-se levar pela crescente sensação de nostalgia dos tempos felizes na antiga O.R, e se perdeu sobre esses pensamentos.
Bex caminhava tranquilamente pelos corredores da organização, ultimamente, vinha sendo responsável por algumas missões e tentava a todo custo fazer tudo sozinha. Um erro terrível.
Encontrou seus companheiros de missão sentados enquanto tomavam o café da manhã, eram esses, Jordan, Niki, Talia e Richard.
Jordan sorriu animadamente assim que a viu. Niki acenou mantendo a seriedade, Talia balançou a cabeça possivelmente e Richard deu de ombros, voltando a prestar atenção no café, era muito cedo para ser sociável.
— Bom dia, equipe, vocês estão radiantes! — A agente sabia que o único da equipe que era realmente feliz de manhã era Jordan, os outros apenas a encararam.
— Bex, hoje eu estou sentindo que o dia vai ser incrível. — O garoto se levantou apressadamente, seu olhar parou sobre Niki, era nítido os sentimentos de ambos, a maneira que se encaravam e depois desviavam o olhar envergonhados. Bex sorria toda vez que percebia o flerte deles.
— Ah, obrigada pela animação, Jordan! Hoje nós vamos fazer uma patrulha sobre Vênus, nada alarmante, entretanto, ouvi boatos que Ludo anda dominando aos poucos aquela área, e é aí que nós encontramos. Aquele desgraçado não vai destruir nenhum planeta da Via Láctea enquanto eu estiver viva. — Rebecca cruzou os braços, seus parceiros assentiram. Sabiam da briga particular que a agente tinha com o imperador do mal. E ninguém se metia, era melhor assim.
— Ele está indo pelas beiradas, já espalhou seu vírus em uma parte, é uma questão de tempo. — Niki explicou, desviou o olhar de Jordan para Bex enquanto falava.
— E fora que faz tempo da última vez que destruiu uma nação, e não vai demorar para acontecer de novo. — Richard, que até então estava tentando se manter acordado a base de cafeína, se pronunciou.
Rebecca assentiu.
— Mas se já estamos no caso, dificilmente, ele vai conseguir. Vamos acabar com ele. — Talia se levantou de maneira confiante, Bex sorriu.
— É isso aí, Tata, só falta avisar o esquadrão. Querem que eles trabalhem com a gente. — Rebecca afirmou, os seus amigos a encararam. — Eu sei, é estranho.
— Não acredito que vamos trabalhar com o esquadrão, eles se acham demais, e nos olham como se fossemos crianças. — Richard reclamou na cadeira, e revirou os olhos.
— Pra eles, somos bebês. — Jordan dá de ombros.
— Vai ser uma longa missão. — Niki também se levantou, os outros amigos assentiram e, um por um, deixaram a sala.
☆☆☆
Na sala fria do mais novo comandante, Bex se encontrava. Mesmo tendo anos como uma agente, e faltando pouco para sua condecoração como capitã, precisava manter o protocolo e comunicar Liam do que pretendia fazer sobre essa nova missão.
— Bex, eu entendo o que quer dizer, mas parece muito arriscado. — Liam se levantou enquanto dizia, a mulher a sua frente assentiu.
— Eu sei, mas é difícil ele já ter dominado tudo. O jogo dele ainda está no começo, sabe como a mente perturbada de Ludo funciona. — Rebecca insinuou, Liam teve que concordar.
— Realmente, ainda está no começo... — Murmurou o comandante.
— E o esquadrão está com a gente. Não vamos fazer isso sozinhos, só confia em mim. — Ela sorriu gentilmente, Liam corou.
— Está certo, mas sabe se acontecer qualquer coisa me avisa, eu vou correndo te ajudar. — O comandante segurou a mão dela, Rebecca abaixou a cabeça, envergonhada.
— Eu sei, obrigada, preciso ir... — Rebecca soltou a mão dele calmamente, Liam voltou a sua cadeira.
— Pode ir, boa sorte. — Bex sorriu tímida e deixou a sala apressadamente
Algumas horas depois, os membros de sua antiga equipe e o esquadrão seguiram para Vênus.
Assim que pousou, Rebecca quis dar meia volta, tinha algo de errado, mas não sabia identificar.
Já estava escurecendo quando eles foram para onde tinham mandado o alerta sobre a possível ameaça de Ludo e, estranhamente, começou a chover.
Cada um da equipe estava com dois do esquadrão, a denúncia vinha dos antigos prédios da ala leste de Vênus, ou seja, impossível dar errado... certo?
Entretanto, do prédio em que Rebecca estava, ela conseguiu ver claramente o prédio da frente que Richard tinha acabado de entrar com alguns do esquadrão explodir. No primeiro momento, Bex não conseguia se mover, todo seu corpo travou.
Ela não reagiu. Sentiu que gritou, mas não tinha som. Ele estava morto.
Tentou sair correndo para o lugar do acidente, mas sentiu Talia segurar seu braço.
— Bex, o Richard... — A garota chorava e soluçava, tentando dizer alguma coisa, mas nada saiu.
— Tata, vamos sair daqui... — Bex segurou a mão dela, entretanto, o prédio em que elas estão começou a tremer. Elas se encaram antes de apressar o passo para saída, as duas praticamente se jogaram no chão e subitamente, o prédio desabou.
— Por que... — Bex tentava entender o motivo de todo aquele caos, porém, ouviram gritos. Talia não perdeu tempo, saiu correndo rumo a voz. — Tata, espera!
Quando ela pensou em correr atrás da garota, ouviu tiros vindo do prédio que Jordan tinha entrado.
Rebecca correu rumo a seu amigo, porém, sentiu que estava sendo observada, olhou em volta e se abaixou, nesse instante, uma rajada de tiros veio em sua direção. Rolou pelo chão parando atrás de um automóvel antigo, sabia que não seria nada fácil sair dessa situação com vida.
Bex respirou fundo antes de engatinhar a arma.
Começou a sair do esconderijo lentamente e foi surpreendida por alguns agentes que não conseguiu identificar. Talvez fossem de Ludo, porém, eles não se parecem nada com eles. Bex foi atacada por um deles, ela desviou rapidamente, segurou seu braço o dobrando para trás o fazendo de escudo enquanto os outros atiravam em sua direção. Rebecca acertou um na testa, e o viu pender subitamente. Jogou o que fazia de escudo sobre o outro que tentava atacá-la, repentinamente, atirou nos dois, sendo que, um tiro foi na garganta e o outro no peito.
Bex voltou a correr para o prédio de Jordan, sua mente pairava sobre Richard. Ela nem pôde tentar proteger seu amigo. Engoliu em seco para evitar as lágrimas e finalmente entrou na construção.
Assim que seu corpo estava totalmente dentro, alguém a derrubou com uma rasteira.
Rebecca se levantou e viu outro agente, esse era mais alto, mas nada que a preocupasse. Deixou que ele desse o primeiro passo e notou como ele era lento, antes que o homem pudesse fazer qualquer outra contra ela, Rebecca o derrubou no chão, o fazendo perder o equilíbrio sobre os degraus da entrada, pisando em seu sapato e o empurrando com toda sua força. Atirou duas vezes em seu peito, finalizando a ameaça.
Já voltando a procurar Jordan, um som de zumbido perambulou por seus ouvidos, parecia que uma explosão estava prestes a acontecer, antes que a garota pudesse sair do prédio, uma parte da ala superior explodiu e Bex caiu no chão com o impacto.
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