03.
Zia e Krent andavam por entre os armazéns industriais até chegar nos destroços do que foi saqueado.
Sendo antigos ladrões, sabiam identificar os procedimentos utilizados para invadir o local e, até mesmo, como os responsáveis não deixaram pistas. Entraram no armazém industrial que estava coberto de faixas amarelas e com peritos tirando fotos.
— Eles não estavam de brincadeira mesmo. — Krent analisou o local, cruzou os braços.
— Ainda acho que era para amedrontar, dar algum aviso para alguém, isso não faz sentido. — Zia parou na frente de uma pilha de cobertores queimados, tudo era muito suspeito.
— Não sabia que A.F.G.U tinha inimigos. — O homem abaixou a olhar algumas manchas no chão, parecia com óleo.
— Todos nós temos.— A garota deu de ombros, logo o ex-governante do planeta Alfa-52 se juntou aos dois.
— A Bex está dando uma entrevista ao J.U, estão querendo saber se já tem suspeitos. — Vox parou ao lado deles, também pensava que tinha algo errado, mas era difícil de explicar.
— Ela odeia dar entrevistas, o Kell está junto pelo menos?—Questionou Krent, Vox assentiu. — Assim ela não se arrepende depois do que vai falar.
— Verdade, mas tenho certeza que estão culpando os desamparados, eles precisam jogar a culpa nos que mais sofrem. — Zia negou com a cabeça enquanto falava. Os outros dois assentiram.
— Isso está longe de acabar. — Vox pronunciou e os três veem Roy Queen também se aproximar, o ex-contrabandista parecia abatido, entretanto, andava até os seus companheiros de maneira confiante.
— Uma testemunha contou-me que um dos culpados usava uma jaqueta com símbolo de Europa, então, lembrei daquela gangue que ocasionalmente, realiza trabalhos para as grandes corporações, talvez pode ser um deles, certo? — Roy explicou, e correu os olhos por todo o lugar, estava bem destruído, janelas em cacos no chão, alguns cantos queimados e tudo quebrado ou revirado. Ele franziu a testa notando como tudo estava devastado.
— Pode ter sido isso, vi marcas de óleo, eles usam aquelas máquinas mais antigas para os seus trabalhos. Ainda deixam vestígios. — Krent afirmou, os outros concordam com a cabeça.
A cada minuto que passava as coisas pareciam mais confusas.
Algumas horas depois, a equipe de Rebecca estava reunida novamente próximo a sua nave. Era hora de seguir as possíveis pistas pelo quadrante, e tentar resolver isso antes que outra base fosse destruída.
— Parabéns pelas pistas que encontraram, bom trabalho aos quatro. — Rebecca sorriu, acreditava que reforço positivo era bom para incentivar eles. — Eu vou organizar as pistas e passar uma tarefa para vocês, onde vão ficar com uma parte para investigar. Conto com a discrição de vocês, tá bom?
Eles assentiram, juntos entraram no elevador principal indo diretamente para a sala de comando. Cada um seguiu para seu lugar, Bex sentou na sua cadeira, deixando o seu corpo amolecer após horas andando e falando com as pessoas. Era tão entediante ser neutra e tão exaustivo fingir que tudo estava sob controle. Ela suspirou quando Krent levantou voo com a nave, era um alívio deixar aquele planeta.
Sentiu o seu bracelete vibrar, o colocou próximo do seu rosto para conseguir ler a mensagem.
Está tudo bem? Te vi na tv.
Jane
Nem tanto, mas vai melhorar.
Bex
Sinto muito.
Acha que foi os desamparados?
Jane
Não, mas tudo aponta que sim.
Bex
Aquilo foi estranho, qualquer coisa estou aqui.
Jane
Eu sei, sou muito sortuda, te amo. Saudades.
Bex
Eu também te amo.
Vem me ver quando tiver tempo.
Saudades.
Jane
Vou sim, desculpe por não ir sempre.
As coisas estão tensas.
Mas logo eu vou.
Bex
Está tudo bem.
Só vem quando puder.
Beijos.
Jane
Beijos.
Bex
Rebecca parou de dar atenção ao bracelete e seguiu para o seu escritório, deixou a sala de comando em passos calmos, indo pelo corredor que foi se iluminando enquanto ela andava. Passou por algumas portas e entrou na última. Viu seu computador, respirou fundo antes de organizar as pistas e separar as missões para a equipe. Seria um longo dia.
☆☆☆
Roy levantou o olhar na direção do extraterrestre verde, bem maior do que ele e coberto de tatuagens. O homem usava uma bandana preta na testa e a parte dos joelhos de suas calças estavam rasgadas propositalmente. O ex-contrabandista tentava achar uma maneira de se aproximar, achar uma estratégia para falar com ele. Até que lembrou da pessoa que está o acompanhando essa tarefa.
Seu olhar parou sob Zia, que estava entediada por esperar sentada na cadeira daquela lanchonete. Ela percebeu o olhar dele em cima do seu corpo e fez uma careta não entendendo porque Roy a encarava tanto. O amarelo sorriu de lado.
— O que sua mente já está arquitetando? — Zia virou o corpo na direção dele, que deu de ombros e continuou sorrindo.
— Está na hora de usar as armas que a natureza lhe deu, Zia. — Roy a encarou, a garota demorou alguns segundos para entender o que ele queria dizer e, por fim, concordou com a cabeça, segurando o riso.
— Deixa comigo, senhor Queen. — A mulher se levantou, saindo da lanchonete e dez minutos depois, voltou diferente. Sua roupa estava mais ousada, a calça que antes usava foi substituída por uma saia jeans colada ao seu corpo, a blusa de manga longa preta foi trocada por uma branca de alça que marcava seus seios. Antes seu cabelo estava preso, mas agora estava solto e caía por seus ombros. Ela estava atraindo atenção de todos presentes, inclusive, do alvo deles. Zia sentou ao lado do alvo e para disfarçar pediu um café. O homem deixou seu olhar cair pelo corpo dela sem disfarçar que a admirava, Zia sorriu. O peixe caiu na isca.
— O que uma moça tão atraente faz aqui? — Perguntou o alvo, Roy ergueu a sobrancelha, vendo que estava dando certo os planos dos dois agentes. Entretanto, ficou totalmente alerta. Com esse tipo de gente não pode vacilar.
— O mesmo que você. — Zia simulou indiferença, não olhando para o homem enquanto falava. A garçonete serviu seu café em uma xícara branca.
— Está tentando se manter acordada depois de uma noite agitada? — O homem sorriu e ela franziu a sobrancelha, desta vez, o encarou.
— Pelo visto, você está. — Zia jogou o cabelo para trás, deixando a região de seu pescoço amostra. — Foi devido ao trabalho?
— Você é uma garota bem esperta. — Ele sorriu, inclinando-se na direção dela, Zia recuou levemente, porém, continuava sorrindo. — Sim, foi pelo meu trabalho.
— E no que trabalha? — Questionou, ele afastou-se dela, apoiando seu braço no balcão. Zia sentia que quase perdeu a oportunidade.
— Um pouco de tudo. Dependendo da minha necessidade, geralmente, não tenho dia ou noite certa para trabalhar. — respondeu, quase se ouviu um suspiro aliviado vindo dela. Roy continuava a encarar a cena. Tentando entender o que eles diziam.
— Parece ser uma vida muito interessante. — Riu falsamente, ainda encarando ele. — Gostei da sua jaqueta. — Zia olhou de relance para o desenho de Júpiter bordado nas costas da jaqueta, o homem ergueu a sobrancelha e voltou a se aproximar dela.
— É da família que faço parte, somos um grupo ainda mais animado, você parece ser uma pessoa que poderia gostar do que fazemos. — O alvo ousou se aproximar, e tirou o cabelo dela que voltara para seu ombro. Zia segurou o riso, ele estava caindo mesmo.
— Ah, mas o que vocês fazem nessa família? — Se fez de desentendida, usando todo o seu conhecimento em atuação.
— Trabalhamos com os grandes. — Sorriu, supondo que assim estava ganhando a garota.
— Grandes? Está falando das corporações? — Questionou Zia, ele assentiu. — Quais, por exemplo?
— A União das Galáxias é a que sempre pede os nossos serviços e a que paga melhor também. — O homem explicou, tomando mais um gole de café, entretanto, notou que desde o café da garota foi servido, ela nem tocou na xícara. Isso fez seu instinto apitar. Percebeu que falou mais do que devia para uma desconhecida que acabara de ver. E que nem sabia o nome. Tratou de se levantar e deixar o dinheiro para pagar o que consumiu.
Zia estranhou ele querer ir embora assim, mas continuou calma.
— Espera, onde vai? — Segurou no braço dele, o olhando debaixo para cima. — Nós ainda nem nos divertimos.
— Muito tentadora, gracinha. Mas eu já percebi o que está fazendo. — Ele segurou no rosto dela e, mordeu os lábios, estava excitado, mas não ao ponto de morrer por uma transa. — Fazer o que quero com você, seria um prazer, mas não vale a minha cabeça. Talvez consiga na próxima, tente comigo bêbado. — Riu e Zia se levantou, tirando a arma de sua cintura, apontando na direção do peito dele, o homem fez um sinal de rendição ainda sorrindo.
Roy também se levantou e apontou sua arma para a cabeça do sujeito.
— Pode continuar falando sobre o que estava, meu caro. — O ex-contrabandista se aproximou enquanto apontava a arma, o sujeito ergueu a sobrancelha. — Foi um dos responsáveis pela destruição da base da A.F.G.U no planeta Orion-80? — Roy perguntou, o homem riu.
Rapidamente, jogou o banco que estava sentado na direção dos dois agentes que se surpreenderam com a atitude dele, se afastando, tendo esse tempo, pegou as duas armas que estavam na sua jaqueta apontando para cada um e disparou tiros em sequência.
Roy derrubou uma mesa no chão, a virando e fazendo de escudo para que ele e Zia pudessem atirar no homem.
Esse, por sua vez, continuou atirando e foi indo na direção da janela, mirou no vidro, que se espatifou diante de seus olhos. Roy saiu de trás da mesa, pois sabia que ele tentaria fugir, o homem disparou mais uma sequência de tiros antes de pular para fora da lanchonete usando a mesa próxima da janela.
Os dois agentes também pularam a janela, correndo atrás do sujeito que era rápido, a garota deu a volta pela outra rua e conseguiu acertar no sujeito, mesmo machucado, acertou um tiro em Roy, que corria logo atrás dele, o ex-contrabandista desviou do outro e estava quase o alcançando, entretanto, uma moto parou próxima dele e o sujeito montou na garupa rapidamente, o que estava pilotando acelerou os deixando a ver poeira.
— Porra, não acredito que esse desgraçado fugiu — Roy reclamou, segurando o braço que levou o tiro.
— Isso é o de menos, Roy, você se machucou. — Zia parou ao lado dele, analisando seu ferimento. Ele deu de ombros.
— Eu estou bem, vamos voltar para a 000789, acredito que temos outra pista. — o ex-contrabandista seguiu para a nave cápsula, que foi utilizada para que eles chegassem em Marte. A garota o seguiu.
— Pensa que foi a União das Galáxias? — Questionou Zia, Roy não tinha uma expressão.
— Talvez, a descrição batia e o que ele falou também. E pelo visto, eles são um grupo onde sempre tem alguém por perto. — Roy concluiu, Zia assentiu.
— Estamos longe de resolver isso. — Os dois agentes seguiram para a nave, tinham um pouco de esperança agora.
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