Capítulo 4 - Passos
Os dois estavam acomodados no pequeno cais de madeira que havia sido construído à beira do lago, ela se sentara no chão rescontando - se a grade de proteção. Os dois conversaram ali por algumas horas, até que o silêncio amistoso os cercou, mas tudo estava bem entre eles.
- Obrigado. - Klaus admirava a paisagem perfeita, as colinas ao redor do lago límpido, que refletia o céu azul turquesa. O dia estava frio ainda, porém o céu limpo das nuvens críticas.
- Eu fiz por causa da amizade entre você e meu irmão. Lembro me de nós três brincando à beira desse lago, são ótimas memórias. Eu queria você aqui comigo, mas mamãe quase me fez desistir. Só que eu sou teimosa.
- Tony teria gostado disso. - Eles sorriram cúmplices pela primeira vez desde que se conheciam, quando era crianças Klaus era sério e distante sempre evitando qualquer proximidade com ela.
- E a mãe do Igor?
- Não. Ela não gostava de nada nesse lugar. Ela... queria ir para o Rio de Janeiro e fazer fama, ou sei lá o que.
- Ela quem saiu perdendo. O Igor é um garoto incrível. E seus pais são ótimos. Você está fazendo um excelente trabalho.
- Não sei...
- Ela é uma egoísta sem tamanho. É preciso ter coragem pra lutar como você, criar um filho sozinho, ainda que com a ajuda dos pais, com dores pelo corpo todo e ainda encontrar em si fé e foco pra continuar. Essa sou eu te aplaudindo de pé. - Elizabeth se pois de pé diante dele batendo palmas, como quem aplaude um espetáculo, arrancando dele um largo sorriso.
- Ela finalmente ligou, dias atrás, querendo que eu assine os papéis do divórcio. Eu acho justo que ela siga em frente, não quero fazê - la afundar.
- O que? Não acredito no que estou ouvindo! - Ela disse, indignada com as mãos na cintura.
- O que a verdade a incomoda? - Ele sorriu amargo para a incredulidade dela estampada em seu rosto.
- Meu querido. Vou lhe dizer a verdade: Esta mulher não sabe o que está perdendo, você é melhor do que muitos homens por aí. É fiel, forte e responsável. Querido, ela está perdendo um homem, que muitas mulheres estão implorando ao santíssimo Deus!
- Besteira. Que mulher seria louca de ter um relacionamento com uma âncora, como eu? E, o que eu faria com ela? Levaria ela pra minha vida amarga e vazia? Não, obrigado. - A cada palavra, que Klaus dizia era acompanhada por um balançar de cabeça, da mulher a sua frente. Agora, com os olhos em chamas.
- Essas não são palavras suas. - Houve um silêncio incômodo entre eles por alguns minutos. - Foi ela, sua ex? Deus do céu! Eu quero moer ela com minhas próprias mãos!
- Deixa isso pra lá.
- Não. - Andando de um lado para o outro, Elizabeth começou a se parecer uma onça furiosa. - Quando vocês vão se encontrar?
- Em poucas horas. Por quê?
- Vamos sair agora. Vamos passar as próximas horas cuidando de você. - Ela sorria como uma vilã de desenho animado, que havia bolado o mais perfeito dos planos.
- Não. Eu não...
- Escuta. Tudo o que eu disse é verdade. E, por isso eu não vou deixar você ir a esse "encontro" com sua ex, com essa aparência derrotada. Vamos valorizar você, na aparência. Por que no conteúdo, meu amor. Você arrasa! Além, do mais, se meu irmão estivesse aqui faria o mesmo.
- Não.
- O que foi? - Sorrindo maliciosa, ela deu um passo à frente para olhar fundo em seus olhos claros. - Está com medinho soldado?
As três horas seguidas foram passadas num salão de beleza, onde Elizabeth havia conseguido (milagrosamente), uma vaga para seu amigo ouriço.
Sim, esse foi o apelido que ela pois em Klaus, não era só por causa da barba espessa e o cabelo longo, mas também pelo humor áspero e corrosivo o qual desejava sobre todos ao seu redor, mantendo as pessoas afastadas.
Ele fez o caminho de volta para a cidade calado, na certa pesando que não deveria ter sedido às provocaçoes, mas seu ego inflamou na hora, que ouvira tais palavras. Sua cabeça voava a mil, com a expectativa de encontrar sua ex, a mãe do seu menino e que os abandonará, para viver um sonho. Sua única certeza, é que gostaria de estar melhor, do que aparentava, sendo assim seguiu o fluxo.
Elizabeth, no entanto, quase explodia de euforia! Abandonou seu amigo ouriço raivoso nas mãos dos profissionais de beleza, que agradecidamente, fizeram uma reserva de última hora para Klaus. Limpeza de de pele, manicure e um novo corte de cabelo enquanto ela vasculhava as lojas, em busca de roupas modernas, que externasse o homem forte adormecido em seu interior. Ela não gostava daquela postura acuada que seu amigo assumirá como proteção, desde que o viu sentiu que algo nele estava perdido, algo que a encantava desde a infância, que a fizera até ter sonhos românticos com ele dizendo...
Coisas de menina ridícula! Seu intuito era fazê - lo dar valor a si mesmo, começando por sua aparência, para só então confrontar a megera da sua ex.
Klaus se vestiu na sala da gerente do salão onde havia um grande sofá, lá ele pode se vestir mais à vontade, tendo em vista que não poderia ficar de pé. Mas, conseguirá depois de muitas quedas desenvolver inúmeras habilidades extras para se vestir sozinho, ser um cadeirante não era problema, o problema são as pessoas classificando os outros, como um total incapaz. Todos têm seus limites. Ele terminou de vestir o blazer que ela comprara, e se olhou no espelho arrumando os cabelos recém cortados.
- Estou pronto, Elizabeth. - Sua voz era segura e firme.
- Vou entrar. - Disse, abrindo a porta para se depara com um homem fabuloso. Seu olhar se transformara, estavam seguros e levemente divertidos, observando sua reação, a postura atrevida do moleque metido a soldado, estava de volta. Ela lhe Sorriu orgulhosa por poder fazer algo de tão valioso pelo amigo do seu irmão. - Olá, soldado.
- Tenente. - Apos corrigi - la abriu um belo sorriso maroto, que a fez tremer como a menina de anos atrás. - Olha eu sei que tudo isso custou muito caro...
- Não diga mais nenhuma palavra! Eu tinha umas economias guardadas. Pra uma pessoa sozinha, é fácil economizar. - Disse, cruzando os braços abaixo dos seios pra bloquear as emoções desenfreadas.
- Mas, não é justo. Eu posso...
- Não... Não pode. O que? Eu não posso te dar um presente de Natal? - Ela se posicionou atrás dele pronta para empurrar a cadeira de rodas. - Agora, chega de conversa mole... Vamos bater de frente com aquela jararaca, que um dia você chamou de esposa.
- Me parece, que você, já nutre um amor sincero por ela... - Ambos gargalharam das zombarias.
Uma vez na praça de alimentação do shopping, Klaus pediu que Elizabeth ficasse sentada um pouco distante da mesa onde conversaria com sua ex, sentiu uma certa irritação em seu tom de voz, porém ela se concordou sem protestos. Demorou mais de uma hora para sua chegada, era absurdo, que houvesse tão pouco comprometimento daquela mulher, afinal tudo o que seria tratado naquela conversa, dizia respeito ao futuro do seu filho. Quanto ao relacionamento deles? Ela já havia superado, havia muito tempo.
- Minha Santa alta costura parisiense! - Sua ex estava diante dele com sua postura de modelo manequim impecável, usando couro sob medida, bem maquiada. Parecia ter acabado de sair da capa da revista Marie Claire.
- Como vai, Lídia?
- Como vê? Estou ótima. Você ainda na mesma, né? - Ela pousou sue olhar de desdém sobre a cadeira e as pernas dele, por um instante antes de voltar ao seu rosto. Porém, em sua direcao estavão um par de olhos frios.
- Não estou melhor do que você imagina. Mas, não foi para falar sobre mim, que você marcou este encontro, não é? - Ela balançou, os braceletes de ouro como uma cascavel avisando do perigo. Então, mantendo o olhar firme nos dele, arrancou uma pasta preta da bolsa importada. Klaus abriu, e estudou os papéis em silêncio por um tempo indeterminado.
- Você tem certeza disso? O divórcio eu concordo, mas você vai passa a guarda definitiva do Benjamim pra mim. Um dia pode se arrepender.
- Estou seguindo meu sonho. Nunca pedi para ser mãe. Você sabe.
- O que digo, quando ele perguntar por você?
- Diga, que eu morri.
- Eu não posso fazer isso. - Klaus trancou os dente nervoso.
- Ora... Tantas são as mães, que morrem pelo mundo! Acredite em mim, será melhor assim.
- Você está fora de si. Dê uma chance ao menino, venha comigo conheça - o, e verá que ele é um menino forte e inteligente. Eu duvido que você não se apaixone. Depois voltamos a este assunto. - Ele devolveu os papéis a ela. Lídia tinha uma expressão furiosa no rosto bem maquiado.
- Eu não o quero! Não, quero nada que venha desse fim de mundo e muito menos de você, meu noivo me espera em São Paulo e vim aqui pessoalmente para agir de forma amigável! Por favor, não dificulte as coisas. - Ela bateu com o punho fechado sobre a mesa furiosa, algumas pessoas curiosas assistiam a cena. A mulher abaixou o tom de voz a um mero sussurro. - Vou ao toallet.
E o deixou ali atônito. Como não pôde notar, que essa era sua real face? Ele a amará tanto, a ponto de ser cego? Lidia era mesquinha e futil nas suas escolhas. Ainda divagava, quando uma pequena mão com dedos finos, deslizou por seus ombros largos, capturando sua atenção.
- Querido, você está bem? - Elizabeth estava de pé a sua frente visivelmente preocupada.
- Sim... Eu só estou perplexo. - Como se acordasse de um transe. - O que você faz aqui?
- Eu só estava...
- Depois nós falamos, vai. - Ela saiu sem dizer mais nada. Porém, ao chegar ao lado de uma loja se voltou para trás e a jararaca estava de volta à mesa esbravejando palavras de ordem. Enquanto, Klaus estava com o rosto inexpressivo. Elizabeth travou os dentes, isso não poderia ficar assim jeito! Ninguém trataria seu amigo daquele jeito...
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- Você nunca me fez feliz! E, depois do acidente, só me puxou para baixo! Esse lugar não é pra mim, eu mereço mais... E, você não vai me prender aqui nesse fim de mundo, com essa conversa mole sentimental! - Ligia sempre fora adepta a grandes espetaculos, por isso não poupou a voz, praguejanto em todos os ouvidos a injustiça que lhe fazia seu ex marido.
- Ser uma boa mãe, não é sentimentalismo. - Klaus queimava por dentro, porém quando falará, sua voz saiu controlada.
- Você quer me prender ao seu lado, onde nenhuma mulher pode ser feliz! Nesta sua vida vazia de plan...
- Querido! - Uma mulher alta de logos cabelos negros, surgiu como que por mágica, se atirando no colo de Klaus. Este tão surpreso, quanto todos que assistiam, ficou imóvel.
- O que você está fazendo? - Klaus indagou. A mulher sorriu abraçando ele, colando - se ainda mais a ele seu corpo.
- Confia em mim. - Elizabeth sussurrou em seu ouvido, depois se afastou sorrindo.
- Posso saber quem é você? - Sem resposta, os dois pareciam alheios aos seus gritos. - Ei,... Ei... fulaninha! Essa é uma conversa particular.
- Desculpa... Eu não consegui, esperar pelo meu amor no cinema.
- Amor? Mas, ele é...
- O melhor homem do mundo? - Voltando se para ele, num impulso ela o beijou. Lento e profundo, como desejou fazer desde a primeira vez que se descobriu mulher. O mundo parou e por alguns instantes se esquecera de onde estavam. - Você já acabou?
- Sim. - A voz dele foi um sussurro, suas mãos apoiavam as costas dela. - Eu acho que sim. Tenho certeza que não chegaremos a lugar algum discutindo.
- Espera, aí! Quem é essa mulher? - Ligia fervia confusa.
- Eu sou a namorada do Klaus. - Elizabeth não desviou o olhar dele nem por um minuto.
- Não é possível.
- E por quê? - Finalmente a olhou, e ao fazê - lo fez a mulher a sua frente dar um salto para trás.
- Klaus é como uma planta ornamental é bonito como enfeite, porém incapaz de produzir algo bom.
- Está enganada. Ele é perfeitamente capaz de fazer uma mulher feliz, a não ser que ela seja fútil e vazia.
- Chega de discussão. Isso não está indo a lugar nenhum. - Klaus interrompeu antes que Ligia pudesse responder. - Você disse que tinha pressa, pois fique à vontade para partir.
Ele apontou os papéis assinados, tanto os do divórcio quanto os que, diziam que Klaus era o único guardião legal de Benjamim. Ela estava livre, nenhuma obrigação materna lhe seria cobrada, pois de bom grado havia aberto mão desse direito legalmente.
- Mas, quando? Não importa! O que realmente importa, é que eu estou seguindo pra uma nova vida.
- Boa sorte. - Elizabeth desdenhou.
- Sorte é para os fracos, como vocês. Aliás, vocês sim vão precisam de sorte.
- Não. Eu já achei a minha garota, agora sim tenho tudo o que preciso. - Klaus sorriu, e voltou a beijar a mulher sentada em seu colo, esta correspondeu abrindo se para a boca quente que lhe era oferecida.
Ligia saiu como um foguete, sob olhares de curiosos, que repudiaram suas palavras absurdas e sorriam felizes com o casal na praça de alimentação do shopping entregues as carícias.
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