Capítulo 6 - ᘏ ƲєямєƖнσ თ
Dafne ficou furiosa, mas sabia que qualquer demonstração de sentimentos não ia adiantar nada e resolveu tentar manter a calma até o momento certo que ela pudesse atacá-lo. Não sabia o que fazer para ajudar sua amiga feiticeira e nem quis pensar no que aconteceria quando a rainha Ariadne ao descobrir que o plano não saiu da maneira que ela queria e quando passasse o tempo determinado sem as devidas notícias... Será que a soberana daria pela ausência das duas a tempo de evitar uma tragédia bem pior do que imaginava.
— E o que pretende fazer comigo? Já disse que não pretende me entregar as autoridades dos nossos reinos...
— Não, não vou fazer isso. Seus olhos voltaram a examinar o corpo de Dafne e ela abaixou a cabeça. — Sabe que fica ainda mais deslumbrante com esse rubor no rosto? Devo admitir que tencionava entregá-la aos soberanos desse mundo, mas isso foi antes de ter dado uma boa olhada em você. Quero descobrir por que me deixa dessa maneira estranha.
De repente, ele se aproximou e, com a arrogância de um rei, pegou em seu queixo e levantou-lhe o rosto. Dafne ficou furiosa. Tentou se desvencilhar dele, mas foi inútil. O Decaído tomou-a nos braços com força e beijou-lhe os lábios impetuosamente. Ela ficou tão confusa que sequer reagiu. Nem podia reagir, mesmo que tentasse. Quando a soltou, ele disse: — Então gostou, não? As fêmeas de suas espécies geralmente gostam...
— Seu estúpido arrogante! Olhou-o de cima a baixo e perguntando com raiva em cada palavra que pronunciava: — Quem está pensando que é? Apanhou a manga de sua própria roupa e limpou os lábios, mas ele não se abalou. Apenas a observava, como se cada gesto dela o deixasse hipnotizado.
— Como ia dizendo, inicialmente pensei em entregá-la as autoridades desse reino, por tentativa de assassinato e terrorismo contra um aliado dos cinco reinos. E nesse caso a soberana que ambos veneram seria amplamente investigada. Talvez até acusada de alto traição. Poderíamos até mesmo ser motivo para uma nova guerra entre os reinos. Mas agora, minha Dafne...
— Não sou sua Dafne!
— Mas será em breve. Sabe, filha do fogo, resolvi ficar com você e não com Effie. E acho que saí ganhando, pois aquela princesa boba não tem o seu temperamento. Nunca dividi meu travesseiro com uma fêmea que tentasse me enfrentar; acho que a experiência será interessante e instrutiva. A maioria das fêmeas eram enviadas a mim como presentes de seus soberanos.
Dafne o olhou abismada e ele sorriu de lado com satisfação.
— É notório por seu semblante que tal fato era desconhecido para você. Isso mesmo, os governantes de cada reino sempre me envio as suas melhores fêmeas na esperança de me comprar. Jamais irei voltar a serviço nenhum reino como no passado!
Mesmo que sentisse o sangue fervendo, Dafne achou melhor manter a cabeça fria e não perder o pouco da Calma que lhe restava. Tentou mudar de assunto, ele só poderia estar mentindo.
E perguntou ao Decaído por que tinha desconfiado do vinho.
— Somente um idiota teria tomado aquele vinho. Era só cheirar para perceber que ele estava enfeitiçado. Além disso, já estava desconfiado antes mesmo de ela me servir o vinho.
— Estava? Dafne não parecia surpresa.
— Claro! Fiquei muito intrigado com o convite da conselheira real; a coisa mais fácil do mundo era deduzir que havia algum plano para se livrar de mim. Não sabe quantas vezes já tentaram me tornar aliado ou apenas me fazer desaparecer...
— É, o plano era muito ruim. Fiquei espantada quando soube que você tinha concordado em ir. Dafne sorriu sem perceber, o que o deixou intrigado e fascinado mais ainda.
— Espantada mas não desconfiada? Ora, parece que você não é muito mais inteligente que sua amiga feiticeira boba. Provocou ele a olhando fixamente.
— Karina não é boba! Dafne ficou furiosa, mas queria saber o resto da história. — Por favor, continue. Enfrentou o olhar dele sem demonstrar medo.
O ser mexeu a cabeça e deu mais um passo em sua direção. Quando mais ele a observava mais fascinado e intrigado ficava,
— Quer saber como plano de vocês fracassou? Ele sorriu satisfeito com a inteligência e ousadia da pequena fêmea a sua frente. — Bem, depois que subi do vortex de energia fiquei ainda mais alerta; ouvi sua amiga feiticeira cochichando com alguém, embora não conseguisse entender o que dizia. Provavelmente estava lhe contando que eu estava dentro disso aqui; e deveria estar também se vangloriando do fato de eu ter aceito a bebida que ela havia me oferecido sem desconfiar de nada... que bebia só para me divertir a custas das duas.
— Você bebeu? Ela ficou assustada e não acreditou. Mas como ele se mantinha calmo e sério ao lhe contar tal fato. — Eu imaginei que havia jogado fora e... Mas como ser isso? O feitiço é muito forte!
— Na verdade eu não sei nada sobre isso. Feitiços e venenos desse nível não funciona no meu organismo!
Dafne olhava para ele e imaginava quanto deveria achá-las infantis em esperar que uma coisa dessas tivesse dado certo.
Com certeza outra mentira desse ser estranho e arrogante. Impossível qualquer ser dentro dos cinco reinos ser imune a um feitiço que até os soberanos temiam.
— Seu desejo criminoso de levar a princesa Effie com você requeria uma reação drástica. Ia lhe dizer mais coisas, mas foi interrompida por uma gostosa gargalhada do Decaído.
— Reação drástica? Duas fêmeas de classe inferior achando que poderiam me submeter e dominar!
Ele riu novamente e Dafne ficou furiosa, pensando numa boa maneira de responder ao seu comentário grosseiro. Mas, antes que pudesse falar alguma coisa, Apolo de Orco deixou o vortex e a prendeu no interior dele. Ela podia vê-lo do lado de fora voando a frente do vortex, e o cone de energia agora enegrecida apenas o seguia como um escravo obediente.
Singraram as águas escuras do alto mar que separavam os dois reinos durante horas, a uma velocidade inimaginável para a maioria dos domadores de vortex. O Decaído permaneceu em silêncio o tempo todo e não voltou a entrar dentro do cone de energia. Parecia estar alheio e perdido em seus próprios pensamentos.
Furiosa, Dafne de Gosmel batia com todas as suas forças contra o campo energético sem conseguir nada, de tempos em tempos, gritando para que Apolo De Orco voltasse para pegar Karina. Estava apavorada com a ideia de sua amiga passar a noite na ilha sozinha e a mercê de diversos perigos desconhecidos.
Mas o Decaído não deu a menor importância aos apelos dela, que sentia cada vez mais raiva dele.
O vortex parou de repente e, pouco depois, a passagem se abriu; ela pôde ver areia através da abertura e percebeu que haviam chegado a uma praia.
— Chegamos. Venha! Ele lhe ordenou.
— Aonde vai me levar? Dafne engoliu em seco o medo que sentiu.
— Para os meus domínios... Ou melhor minha morada secreta.
— Sua morada?
— Não veio aqui para fazer perguntas! Eu estava falando sério quando disse que ia trocar a princesa por você... Não, não me interrompa! Ordenou ele sem esperar pela resposta mal criada dela. Que com certeza viria. — Você pediu por isso, e todos que estavam envolvidos também. Sua amiga feiticeira ficará na ilha e você vai comigo para minha morada. Seja bem-vinda aos meus domínios, como minha prisioneira; e vai ficar lá até que eu me canse de você... Entendeu?!
— Você não pode fazer isso! É um crime, você será caçado como um ser das trevas e...
— Não sei por que já que fazia mais de 500 anos que os reinos me enviam fêmeas com o propósito de me manter longe de seus domínios. O medo deles é engraçado, sabia? Em meus domínios... Ele lhe explicou com calma e uma frieza. — Ninguém terá a coragem e nem a audácia de entrar. Tenho minha própria lei, e ninguém se mete comigo a Eras, pois todos conhecem muito bem minha história.
— Não acredito que possam viver sem justiça nem lei; isso não seria tolerado hoje em dia. Os reinos jamais...
— A quem está tentando convencer? A você ou a mim? Esse foi o acordo para me manter longe dos conflitos dos soberanos. O meu poder pode decidir uma guerra! Afirmou sem se preocupar com nada.
— Eu o odeio! Dafne enfrentou o decaído, apesar de saber que seria perigoso aumentar a raiva dele. — Não posso acreditar que queira a mim no lugar da próxima soberana do reino do ar!
— Não? Levantou as sobrancelhas. — Pensei que já tivesse deixado minhas intenções bem claras, Dafne de Gosmel. Perdi a princesa por que essa foi a minha vontade, mas como já lhe disse antes, acho que saí ganhando com essa troca.
Seus olhos negros olhavam demoradamente para ela outra vez e Dafne se lembrou de ter ouvido falar que essa raça desconhecida era a mais sensual do mundo. De um apetite voraz e violento. Será que era por isso que as fêmeas eram encontradas todas mortas?
Apolo olhou para a lua que saia por detrás de algumas nuvens e afirmou com impaciência: — Venha. Vamos no meu próprio vortex agora até Decathlon, e ficaremos por lá até amanhã. Quando amanhecer, continuaremos a viagem em uma de minhas carruagens.
— Parece que já tem tudo planejado. Como poderia saber que...
— Parece, não. Realmente planejei tudo isso... Quer tentar descobrir como? Ou você se esqueceu de que eu ia trazer a princesa amanhã? Meus planos não mudaram; apenas o dia e as fêmeas são diferentes, só isso. Ou eu esteja mentindo como essa sua cabeça imaginou desde o começo.
— Você é desprezível! Gostaria de ser um Nefilin, para poder matá-lo!
— Fala como um autêntico deles na verdade. Respondeu com calma. — Quem sabe se eu me unisse com você... Se me deseja tanto assim... Podemos trocar fluídos antes do planejado. Disse sem se virar na direção dela.
— União? Com você! Troca de fluídos? Nem morta ouviu?!... A arrogância de Apolo de Orco a estava deixando fora de si; nunca havia encontrado um ser tão petulante assim em toda a sua vida. Nem os soberanos dos cinco reinos ousavam ser tão...
— Pare de me comparar com os seus reis e rainhas insignificantes!
Ao ouvir essas palavras Dafne se assustou novamente. Seria possível que esse ser desconhecido a poucos passos dela também conseguia ler mentes.
Ele parecia absolutamente calmo e, apontando um lugar, bem à sua frente, lhe disse: — Venha aqui.
— Por que iria? Olhava para ele, desafiante.
— Venha aqui fêmea! Ele repetiu ordenando, olhando profundamente em seus olhos de fogo. — Eu disse... Venha... Aqui. Seu tom de voz era suave, mas implacável. — Se não me obedecer, Dafne de Gosmel, vai se arrepender amargamente. Eu lhe juro!...
Ela não se deixou intimidar e permaneceu numa atitude de desafio. Era necessário que ele soubesse que não poderia dominá-la, a não ser pela força física.
Não se moveu, nem quando percebeu que ele se aproximava; o Decaído colocou uma de suas mãos em seu pescoço e ela fechou os olhos, pensando que talvez aquele fosse o final de tudo. Mesmo assim não emitiu um som sequer, nem mesmo quando ele apertou sua garganta com força e a levantou sobre o solo. De repente ele a soltou e, quando abriu os olhos, viu o Decaído parado à sua frente, olhando fixamente para ela.
— Pelos Deuses, como você é diferente das outras fêmeas! Admiro sua coragem, filha do fogo; de onde ela vem afinal? Quem é você na realidade?
— A história da minha vida não lhe interessa. Dafne respondeu tranquilamente.
— Pelo que vejo nem você mesma sabe quem é na realidade! Afirmou ele sem se afastar dela.
— Que tal falarmos de coisas importantes? Essa ideia de me levar para seus domínios é absurda! Entendo seu desejo de vingança, mas se tiver um pouco de senso de justiça, terá que concordar que merecia que nossa soberana tentasse afastá-lo de sua filha de qualquer jeito.
Apolo continuava olhando atentamente para Dafne, e pela primeira vez prestava um pouco de atenção em suas palavras.
— O que a fez achar que a princesa merecia todo o risco que correu por ela?
— Foi o povo que me acolheu. Além disso Karina é uma grande amiga minha. Era meu dever ajudar o reino e nossa soberana.
— Bobagens! Escuto de sua boca pura e simples Bobagens! Mesmo a feiticeira não deveria ter se arriscado tanto assim; aquela princesa não vale tudo isso. Ela se atirou em meus braços como todas as outras. Deixei bem claro que não havia a menor possibilidade de nos unirmos... Nunca. Mesmo assim, ela continuou brincando com fogo. Finalmente convidei-a a vir comigo e ficar, sem nenhum compromisso, até quando eu quisesse. E a princesa aceitou sem nem pensar duas vezes. Com certeza a mando de sua própria soberana. Aprenda outra lição valiosa o quanto antes filha do fogo, não confie tanto assim na realeza. Eles são podres e só pensam em seus próprios interesses. Além do mais a sua soberana me deve e muito, mais do que possa imaginar.
Ao dizer essas últimas palavras ele fechou os punhos e dava para sentir o ódio fluir por todo o seus corpo.
Aquele ser carregava muito ódio dentro de si. Mas por que? Qual era o segredo oculto dele?
Não precisou que ele continuasse. Dafne sabia que estava falando a verdade. Ela bem que tinha imaginado a possibilidade da princesa estar apaixonada mesmo, e disposta a tudo. O Decaído não era tão culpado como Karina pensava. Todos no reino sabiam o quanto Effie era caprichosa e mimada pela rainha. Nada lhe era negado, caso contrário muitas vidas eram ceifadas. Outra coisa que Dafne não concordava...
— Este Alforge é seu? Ele lhe perguntou, apontando para uma pequena bolsa que estava no meio das almofadas no fundo do vortex. — Não, é de Karina. Dafne tremeu, ao pensar na amiga sozinha numa ilha deserta amaldiçoada pelos deuses antigos. Pelos Deuses, em que grande confusão haviam se metido! Como acabaria essa história?
— Então pegue a sua guerreira do fogo, e venha. Disse ele. — Mas lembre-se está sem seus poderes. Pois eu possuo o Arcano supremo, aprendi a manipular a magia a inúmeros séculos. Vamos pular deste vortex para o meu, o Dark Sun, que está nos esperando bem aqui do nosso lado. Um aviso: não tente gritar. Vou estrangulá-la se fizer algum ruído ou chamar a atenção de alguém. Estamos na rota de outros vortex e não tenho tempo de arranjar brigas por sua causa... E acredite os seres daqui podem ser pior que eu!
Mas Dafne não se sentiu intimidada; pretendia escapar e aquela lhe parecia uma ótima oportunidade.
Sentiu a brisa suave em seu rosto assim desceram do atual vortex; seu coração bateu mais forte quando viu que os dois vortex estavam bastante longe da praia agora. Viu dois seres entrando e saindo do imenso vortex do Decaído. Mordendo os lábios, teve de admitir que não poderia fugir ainda. Como ele havia descobrindo seu plano inicial e afastando ambos tão rapidamente da praia?
— Ande logo. Se está pensando em se atirar na água porque prefere a morte a ficar comigo, saiba que é perda de tempo; eu só teria o trabalho de recolhê-la e levá-la para dentro outra vez. Os Abissais e eu temos interesses em comum!
Dafne olhou para ele. A luz da lua começava a mudar, Apolo parecia mais um monstro do que um ser desse mundo. Droga! A quem ela queria enganar a beleza dessa criatura era inigualável. Ela ainda tentou ganhar tempo.
— E este vortex? Pertence a uma amiga de Karina, não pode simplesmente deixá-lo aí.
— Por que não? Respondeu com arrogância. — Não foi minha a ideia de pedir vortex emprestados para fazer aventuras em alto-mar. Todos sabem que essa região é muito perigosa para virem aqui a passeio. Agora sabe o quanto foram idiotas!!!
Dafne observava o brilho poderoso do vortex que o Decaído possuía, ele era tão grande e confortável como os da realeza dos cinco reinos, e ainda por cima era repleto de divisórias, e ele havia lhe destinado uma. Em outras circunstâncias, bem que apreciaria tudo isso, mas não conseguia deixar de pensar que estava nas mãos daquele ser desconhecido. Mais uma vez seus pensamentos se voltaram para a amiga, sozinha num pequeno e rochoso pedaço de areia perdido em alto-mar. Mas achou melhor parar de pensar nisso, pois entre ela e Karina, era difícil saber quem estava em pior situação naquele momento.
Dafne se virou, espantada ao perceber que ele havia entrado onde ela estava, sem ao menos avisar de sua chegada. Ele entrava e saia quando queria, e isso a deixava irritada mais ainda.
— O que você quer agora? Ela perguntou.
— Não se dirija a mim dessa maneira, Dafne de Gosmel. Parece que ainda tem muito o que aprender.
— Por quanto tempo acha que pode me manter como sua prisioneira?
— Já lhe disse que vai ficar até que eu me canse de você. Os olhos negros a olhavam com insolência. — Vai achar tudo o que precisa para sua toalete do outro lado; e as suas novas vestimentas estão ali. As peças... íntimas estão também a sua disposição.
— Então é aqui que traz suas fêmeas para acasalar? Dafne perguntou, tão insolente quanto ele.
— Você me deixou intrigado, Dafne. Nunca conheci uma fêmea como você. Não tem medo?
— Ficaria contente se eu estivesse com medo?
— Não sei; uma das, coisas que mais admiro é a coragem, principalmente em uma fêmea. As outras eram obrigadas a irem a minha presença, eu podia ver e sentir os seus medos e receios.
— Devo ficar lisonjeada com isso, Decaído? Saber do que você provoca nas fêmeas antes de matá-las.
— Chame-me por Apolo de Orco como antes. Deu um sorriso. — Meu nome é o de um personagem mitológico.
— Sei disso.
— Então já leu algo da mitologia antiga e perdida?
— Sim, pouca coisa.
— E também já leu a respeito de Decathlon não é?
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